Arquidiocese do Rio de Janeiro

29º 22º

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

“Convertei-vos e crede no Evangelho”

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do e-mail.
E-mail enviado com sucesso.

10 de Maio de 2024

“Convertei-vos e crede no Evangelho”

Se você encontrou erro neste texto ou nesta página, por favor preencha os campos abaixo. O link da página será enviado automaticamente a ArqRio.

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do erro.
Erro relatado com sucesso, obrigado.

17/02/2021 03:31

“Convertei-vos e crede no Evangelho” 0

17/02/2021 03:31

Na quarta-feira, dia 17 de fevereiro, iniciamos o tempo da Quaresma com a celebração da quarta-feira de Cinzas. A quarta-feira de Cinzas nos recorda que viemos do pó e para o pó voltaremos, e nos faz um convite para a conversão, ou seja, mudar as nossas atitudes, em relação a nós mesmos, aos irmãos e a Deus.

As cinzas que são postas nas nossas cabeças durante a celebração da missa, nos chamam a atenção para a penitência. Isso nos reporta ao Antigo Testamento, quando o povo de Deus se cobria com sacos e punha cinzas na cabeça em sinal de penitência e reparação de seus pecados diante de Deus.

Neste ano, por causa da pandemia da Covid-19, segundo disposição da Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos: “Feita a oração de bênção das cinzas e depois de as ter aspergido com água benta sem dizer nada - precisa a nota -, o sacerdote, voltado para os presentes, diz uma só vez para todos a fórmula que se encontra no Missal Romano: ‘Convertei-vos e crede no Evangelho’, ou ‘Lembra-te que és pó da terra e ao pó hás de voltar’ (nota: fórmulas do missal).” Depois, prossegue a nota, “o sacerdote lava as mãos, coloca a máscara protegendo o nariz e a boca, e impõe as cinzas a todos os presentes que se aproximam dele, ou, se for mais conveniente, aproxima-se ele do lugar daqueles que estão de pé. O sacerdote pega nas cinzas e deixa-as cair sobre a cabeça de cada um, sem dizer nada”. Dessa forma não se toca na pessoa evitando contaminações.
(https://www.vaticannews.va/.../congregacao-culto-divino..., último acesso em 01 de fevereiro de 2021.)

A celebração da quarta-feira de cinzas, que abre o tempo quaresmal, nos convida à prática da penitência, da oração e do jejum. O tempo da quaresma é um tempo de reflexão, um tempo de retiro de espiritual, em que nos recordamos os dias que Jesus ficou no deserto sofrendo as tentações, os anos que o povo de Deus passou no deserto até chegar à terra prometida e recordamos, ainda, a passagem da morte para vida.

A quarta-feira de Cinzas é um dia em que devemos ir à missa, é um dia de preceito. Se quisermos iniciar bem a nossa Quaresma, devemos participar dessa celebração. Em algumas cidades não os feriados e em todas não terão as emendas dos feriados, e, por isso, muitas pessoas trabalharão normalmente nesses e na própria Quarta-feira de Cinzas, porém devemos encontrar um momento para irmos à missa e iniciar bem a nossa Quaresma. Para os que estão impedidos terá sempre o recurso dos meios de comunicação.

A Igreja no Brasil inicia na Quarta-feira de Cinzas a Campanha da Fraternidade (criada por D. Eugênio Salles), que norteia todo o período quaresmal e nos convida para uma sincera conversão em relação a Deus e ao nosso próximo. A Campanha da Fraternidade esse ano será ecumênica e terá como tema: “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e como lema um trecho da carta de São Paulo aos Efésios: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2, 14). Temos muito a nos converter para o verdadeiro diálogo e para a busca da unidade.

Somos chamados à conversão que nos conduz ao diálogo e à cultura do encontro. Devemos nos unir em um único objetivo que é construir uma cultura de paz e chamar as pessoas para uma sincera conversão, com elas mesmas e com o próximo que as rodeiam. O tempo da Quaresma, que é um tempo de conversão e de mudança de vida, é um tempo propício para mudarmos essa atitude, e se eu estou bem com o meu próximo, eu estou bem com Deus. Como nos diz São João: não adianta dizer que amamos a Deus, mas odiamos o próximo, pois seremos mentirosos e enganando a nós mesmos e a Deus.

Lembramos ainda que na quarta-feira de Cinzas deve-se fazer jejum (18 a 60 anos) e abster-se de carne (a partir dos 14 anos), em vista do início do tempo de penitência, conversão e oração que é a quaresma, tendo como seu princípio nos preparar para a maior celebração do calendário cristão, que é a Páscoa. No Brasil toda sexta-feira é dia de penitência que pode ser realizada de modos diversos.

As cinzas simbolizam a morte, assim como os ramos (bentos do ano passado), que eram vivos, secaram, foram queimados e se tornaram cinzas. Um dia todos nós iremos morrer e o nosso corpo material irá se decompor e virar pó, e o espiritual ressuscitará para a vida eterna. Esse é o destino do corpo de todo ser humano. As cinzas simbolizam, também, a nossa morte para o pecado e uma sincera conversão a Deus.

Na celebração da Quarta-feira de Cinzas, somos convidados a refletir sobre a morte e a importância da salvação. Somente quem é salvo terá a vida eterna, ressuscitando no fim dos tempos. A morte não precisa ser o fim, mas para isso, é preciso arrependimento. Por isso, a celebração da Quarta-feira de Cinzas é um convite para nos arrependermos de nossos pecados e trilhar um caminho de santidade, com o objetivo principal de alcançarmos a vida eterna.

A Quarta-feira de Cinzas serve para voltar a atenção para as coisas eternas, as coisas de Deus. Uma vida de comunhão com Deus e obediência aos seus mandamentos. Devemos fazer o possível para construirmos o Reino de Deus aqui na terra e vivê-lo de maneira plena no céu.

Que possamos vivenciar de maneira plena o período quaresmal e preparar o nosso coração para uma sincera conversão a Deus e ao próximo, e que possamos nos lembrar que somos seres mortais e devemos salvaguardar a nossa vida do mal, tendo como meta final a vida eterna.

Que Deus nos abençoe e nos ajude a trilhar um caminho da conversão que conduz à santidade e a colocarmos em prática tudo aquilo que o período quaresmal nos propõe como meta de vida. Que ao final do período quaresmal, possamos ter a certeza de ter morrido para o pecado e ressuscitado com Cristo para a vida eterna e assim renovarmos os nossos compromissos batismais na noite da vigília pascal.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ


Leia os comentários

Deixe seu comentário

Resposta ao comentário de:

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do comentário.
Comentário enviado para aprovação.

“Convertei-vos e crede no Evangelho”

17/02/2021 03:31

Na quarta-feira, dia 17 de fevereiro, iniciamos o tempo da Quaresma com a celebração da quarta-feira de Cinzas. A quarta-feira de Cinzas nos recorda que viemos do pó e para o pó voltaremos, e nos faz um convite para a conversão, ou seja, mudar as nossas atitudes, em relação a nós mesmos, aos irmãos e a Deus.

As cinzas que são postas nas nossas cabeças durante a celebração da missa, nos chamam a atenção para a penitência. Isso nos reporta ao Antigo Testamento, quando o povo de Deus se cobria com sacos e punha cinzas na cabeça em sinal de penitência e reparação de seus pecados diante de Deus.

Neste ano, por causa da pandemia da Covid-19, segundo disposição da Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos: “Feita a oração de bênção das cinzas e depois de as ter aspergido com água benta sem dizer nada - precisa a nota -, o sacerdote, voltado para os presentes, diz uma só vez para todos a fórmula que se encontra no Missal Romano: ‘Convertei-vos e crede no Evangelho’, ou ‘Lembra-te que és pó da terra e ao pó hás de voltar’ (nota: fórmulas do missal).” Depois, prossegue a nota, “o sacerdote lava as mãos, coloca a máscara protegendo o nariz e a boca, e impõe as cinzas a todos os presentes que se aproximam dele, ou, se for mais conveniente, aproxima-se ele do lugar daqueles que estão de pé. O sacerdote pega nas cinzas e deixa-as cair sobre a cabeça de cada um, sem dizer nada”. Dessa forma não se toca na pessoa evitando contaminações.
(https://www.vaticannews.va/.../congregacao-culto-divino..., último acesso em 01 de fevereiro de 2021.)

A celebração da quarta-feira de cinzas, que abre o tempo quaresmal, nos convida à prática da penitência, da oração e do jejum. O tempo da quaresma é um tempo de reflexão, um tempo de retiro de espiritual, em que nos recordamos os dias que Jesus ficou no deserto sofrendo as tentações, os anos que o povo de Deus passou no deserto até chegar à terra prometida e recordamos, ainda, a passagem da morte para vida.

A quarta-feira de Cinzas é um dia em que devemos ir à missa, é um dia de preceito. Se quisermos iniciar bem a nossa Quaresma, devemos participar dessa celebração. Em algumas cidades não os feriados e em todas não terão as emendas dos feriados, e, por isso, muitas pessoas trabalharão normalmente nesses e na própria Quarta-feira de Cinzas, porém devemos encontrar um momento para irmos à missa e iniciar bem a nossa Quaresma. Para os que estão impedidos terá sempre o recurso dos meios de comunicação.

A Igreja no Brasil inicia na Quarta-feira de Cinzas a Campanha da Fraternidade (criada por D. Eugênio Salles), que norteia todo o período quaresmal e nos convida para uma sincera conversão em relação a Deus e ao nosso próximo. A Campanha da Fraternidade esse ano será ecumênica e terá como tema: “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e como lema um trecho da carta de São Paulo aos Efésios: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2, 14). Temos muito a nos converter para o verdadeiro diálogo e para a busca da unidade.

Somos chamados à conversão que nos conduz ao diálogo e à cultura do encontro. Devemos nos unir em um único objetivo que é construir uma cultura de paz e chamar as pessoas para uma sincera conversão, com elas mesmas e com o próximo que as rodeiam. O tempo da Quaresma, que é um tempo de conversão e de mudança de vida, é um tempo propício para mudarmos essa atitude, e se eu estou bem com o meu próximo, eu estou bem com Deus. Como nos diz São João: não adianta dizer que amamos a Deus, mas odiamos o próximo, pois seremos mentirosos e enganando a nós mesmos e a Deus.

Lembramos ainda que na quarta-feira de Cinzas deve-se fazer jejum (18 a 60 anos) e abster-se de carne (a partir dos 14 anos), em vista do início do tempo de penitência, conversão e oração que é a quaresma, tendo como seu princípio nos preparar para a maior celebração do calendário cristão, que é a Páscoa. No Brasil toda sexta-feira é dia de penitência que pode ser realizada de modos diversos.

As cinzas simbolizam a morte, assim como os ramos (bentos do ano passado), que eram vivos, secaram, foram queimados e se tornaram cinzas. Um dia todos nós iremos morrer e o nosso corpo material irá se decompor e virar pó, e o espiritual ressuscitará para a vida eterna. Esse é o destino do corpo de todo ser humano. As cinzas simbolizam, também, a nossa morte para o pecado e uma sincera conversão a Deus.

Na celebração da Quarta-feira de Cinzas, somos convidados a refletir sobre a morte e a importância da salvação. Somente quem é salvo terá a vida eterna, ressuscitando no fim dos tempos. A morte não precisa ser o fim, mas para isso, é preciso arrependimento. Por isso, a celebração da Quarta-feira de Cinzas é um convite para nos arrependermos de nossos pecados e trilhar um caminho de santidade, com o objetivo principal de alcançarmos a vida eterna.

A Quarta-feira de Cinzas serve para voltar a atenção para as coisas eternas, as coisas de Deus. Uma vida de comunhão com Deus e obediência aos seus mandamentos. Devemos fazer o possível para construirmos o Reino de Deus aqui na terra e vivê-lo de maneira plena no céu.

Que possamos vivenciar de maneira plena o período quaresmal e preparar o nosso coração para uma sincera conversão a Deus e ao próximo, e que possamos nos lembrar que somos seres mortais e devemos salvaguardar a nossa vida do mal, tendo como meta final a vida eterna.

Que Deus nos abençoe e nos ajude a trilhar um caminho da conversão que conduz à santidade e a colocarmos em prática tudo aquilo que o período quaresmal nos propõe como meta de vida. Que ao final do período quaresmal, possamos ter a certeza de ter morrido para o pecado e ressuscitado com Cristo para a vida eterna e assim renovarmos os nossos compromissos batismais na noite da vigília pascal.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ


Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro