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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

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A Quaresma é o tempo litúrgico de conversão, que a Igreja nos convida a viver para nos preparar para a grande festa da Páscoa. É tempo para nos arrependermos de nossos pecados e de mudar algo de nós para sermos melhores e poder viver mais próximos de Cristo.

A Quaresma dura 40 dias; começa na Quarta-feira de Cinzas e termina na quinta-feira santa antes da Missa da Ceia do Senhor. Ao longo deste tempo, sobretudo na liturgia do domingo, fazemos um esforço para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que devemos viver como filhos de Deus.
Trata-se de um tempo privilegiado de conversão, combate espiritual, jejum e escuta da Palavra de Deus. A característica fundamental e indispensável da Quaresma é a renúncia de alimentos e o jejum! O número de 40 dias é importantíssimo, pois tem toda uma significação bíblica: a preparação para o encontro com Deus: os 40 dias do Dilúvio, os 40 dias de Moisés no Monte Sinai, os 40 anos de Israel no deserto, os 40 dias do caminho de Elias até o Sinai e, sobretudo, os 40 dias do Senhor Jesus no deserto, preparando sua vida pública. É digno de nota que o mesmo Jesus que entrou na penitência dos 40 dias aparece transfigurado com dois outros penitentes: Moisés e Elias! Por isso mesmo, o cuidado da Igreja de reservar exatos 40 dias para a penitência! É tão antigo que tem suas raízes na própria prática da Igreja apostólica.

A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa penitência. É um tempo de reflexão, de penitência, de conversão espiritual; tempo e preparação para o mistério pascal. A espiritualidade da Quaresma, depois de tudo o que foi dito, aparece em seu caráter essencialmente cristocêntrico-pascal-batismal. Na Vigília Pascal renovaremos as nossas promessas batismais. Este tempo litúrgico é caminho de fé-conversão para Cristo, que se faz servo obediente ao Pai até a morte de cruz. Na espiritualidade quaresmal, três pontos são ressaltados: 1- Oração, 2- Jejum e 3- Esmola, como ressalta a liturgia da Quarta-feira de Cinzas.

A oração – neste tempo os cristãos se dedicam mais à oração. Uma boa prática é rezar diariamente um salmo ou, para os mais generosos, rezar todo o saltério no decorrer dos 40 dias. Pode-se, também, rezar a Via-Sacra às sextas-feiras e a oração do Santo Rosário.

Jejum – na história da salvação é frequente o convite a jejuar. Já nas primeiras páginas da Sagrada Escritura o Senhor recomenda que o homem se abstenha de comer o fruto proibido: “Podes comer o fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas o da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás”. Dado que todos estamos entorpecidos pelo pecado e pelas suas consequências, o jejum é-nos oferecido como um meio para restabelecer a amizade com o Senhor. Assim fez Esdras antes da viagem de regresso do exílio à Terra Prometida, convidando o povo reunido a jejuar “para nos humilhar – diz – diante do nosso Deus”. O Onipotente ouviu a sua prece e garantiu os seus favores e a sua proteção.

Cada um deve escolher uma pequena prática penitencial para este tempo. Por exemplo: renunciar a um lanche diariamente, ou a uma sobremesa, não comer carne às sextas-feiras etc. Na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa os cristãos jejuam: o jejum nos faz recordar que somos frágeis e que a vida que temos é um dom de Deus, que deve ser vivida em união com Ele. Os mais generosos podem jejuar todas as sextas-feiras da Quaresma.

Esmola – a Quaresma é tempo de mais um forte empenho de caridade para com os irmãos. A liturgia fala de “assiduidade na caridade operante”, de “uma vitória sobre o nosso egoísmo que nos torne disponíveis às necessidades dos pobres” (parte do prefácio da Quaresma I e III). A verdadeira ascese exigida pelos textos bíblicos e eucológicos da Quaresma. Não há verdadeira conversão a Deus sem conversão ao amor fraterno (cf.1 Jo 4,20-21). A privação à qual o cristão é chamado durante a Quaresma, inclusive através do jejum corporal, exige que seja sentida como exigência da fé para tornar-se operante na caridade para com os irmãos. O jejum não tem significado em si mesmo, mas deve ser um sinal de toda uma atitude de justiça e caridade (cf. Is 1,16-17;58,6-7).

Contudo, Quaresma é um tempo propício para lutarmos contra os nossos defeitos e pecados mais arraigados. Podemos aproveitar esta época litúrgica para crescer em conhecimento próprio, fazendo um exame mais aprofundado da nossa vida para descobrir o que nos aproxima ou afasta de Deus. Depois, marcaremos metas palpáveis de melhora e nos esforçaremos por atingi-las. Se alguma vez falharmos, recorreremos com humildade e contrição ao Sacramento da Penitência, e recomeçaremos com alegria. Se fizermos a nossa parte, que é lutar sempre confiantes na ajuda de Deus, Ele não deixará de nos conceder as graças necessárias para uma verdadeira conversão.

Santa Quaresma para todos! Que possamos mortificando de nossos sentidos abrirmos para a graça de Deus em consonância com o que recomenda o nosso episcopado na Campanha da Fraternidade – Fraternidade e diálogo: compromisso de amor!

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ



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A Quaresma é o tempo litúrgico de conversão, que a Igreja nos convida a viver para nos preparar para a grande festa da Páscoa. É tempo para nos arrependermos de nossos pecados e de mudar algo de nós para sermos melhores e poder viver mais próximos de Cristo.

A Quaresma dura 40 dias; começa na Quarta-feira de Cinzas e termina na quinta-feira santa antes da Missa da Ceia do Senhor. Ao longo deste tempo, sobretudo na liturgia do domingo, fazemos um esforço para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que devemos viver como filhos de Deus.
Trata-se de um tempo privilegiado de conversão, combate espiritual, jejum e escuta da Palavra de Deus. A característica fundamental e indispensável da Quaresma é a renúncia de alimentos e o jejum! O número de 40 dias é importantíssimo, pois tem toda uma significação bíblica: a preparação para o encontro com Deus: os 40 dias do Dilúvio, os 40 dias de Moisés no Monte Sinai, os 40 anos de Israel no deserto, os 40 dias do caminho de Elias até o Sinai e, sobretudo, os 40 dias do Senhor Jesus no deserto, preparando sua vida pública. É digno de nota que o mesmo Jesus que entrou na penitência dos 40 dias aparece transfigurado com dois outros penitentes: Moisés e Elias! Por isso mesmo, o cuidado da Igreja de reservar exatos 40 dias para a penitência! É tão antigo que tem suas raízes na própria prática da Igreja apostólica.

A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa penitência. É um tempo de reflexão, de penitência, de conversão espiritual; tempo e preparação para o mistério pascal. A espiritualidade da Quaresma, depois de tudo o que foi dito, aparece em seu caráter essencialmente cristocêntrico-pascal-batismal. Na Vigília Pascal renovaremos as nossas promessas batismais. Este tempo litúrgico é caminho de fé-conversão para Cristo, que se faz servo obediente ao Pai até a morte de cruz. Na espiritualidade quaresmal, três pontos são ressaltados: 1- Oração, 2- Jejum e 3- Esmola, como ressalta a liturgia da Quarta-feira de Cinzas.

A oração – neste tempo os cristãos se dedicam mais à oração. Uma boa prática é rezar diariamente um salmo ou, para os mais generosos, rezar todo o saltério no decorrer dos 40 dias. Pode-se, também, rezar a Via-Sacra às sextas-feiras e a oração do Santo Rosário.

Jejum – na história da salvação é frequente o convite a jejuar. Já nas primeiras páginas da Sagrada Escritura o Senhor recomenda que o homem se abstenha de comer o fruto proibido: “Podes comer o fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas o da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás”. Dado que todos estamos entorpecidos pelo pecado e pelas suas consequências, o jejum é-nos oferecido como um meio para restabelecer a amizade com o Senhor. Assim fez Esdras antes da viagem de regresso do exílio à Terra Prometida, convidando o povo reunido a jejuar “para nos humilhar – diz – diante do nosso Deus”. O Onipotente ouviu a sua prece e garantiu os seus favores e a sua proteção.

Cada um deve escolher uma pequena prática penitencial para este tempo. Por exemplo: renunciar a um lanche diariamente, ou a uma sobremesa, não comer carne às sextas-feiras etc. Na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa os cristãos jejuam: o jejum nos faz recordar que somos frágeis e que a vida que temos é um dom de Deus, que deve ser vivida em união com Ele. Os mais generosos podem jejuar todas as sextas-feiras da Quaresma.

Esmola – a Quaresma é tempo de mais um forte empenho de caridade para com os irmãos. A liturgia fala de “assiduidade na caridade operante”, de “uma vitória sobre o nosso egoísmo que nos torne disponíveis às necessidades dos pobres” (parte do prefácio da Quaresma I e III). A verdadeira ascese exigida pelos textos bíblicos e eucológicos da Quaresma. Não há verdadeira conversão a Deus sem conversão ao amor fraterno (cf.1 Jo 4,20-21). A privação à qual o cristão é chamado durante a Quaresma, inclusive através do jejum corporal, exige que seja sentida como exigência da fé para tornar-se operante na caridade para com os irmãos. O jejum não tem significado em si mesmo, mas deve ser um sinal de toda uma atitude de justiça e caridade (cf. Is 1,16-17;58,6-7).

Contudo, Quaresma é um tempo propício para lutarmos contra os nossos defeitos e pecados mais arraigados. Podemos aproveitar esta época litúrgica para crescer em conhecimento próprio, fazendo um exame mais aprofundado da nossa vida para descobrir o que nos aproxima ou afasta de Deus. Depois, marcaremos metas palpáveis de melhora e nos esforçaremos por atingi-las. Se alguma vez falharmos, recorreremos com humildade e contrição ao Sacramento da Penitência, e recomeçaremos com alegria. Se fizermos a nossa parte, que é lutar sempre confiantes na ajuda de Deus, Ele não deixará de nos conceder as graças necessárias para uma verdadeira conversão.

Santa Quaresma para todos! Que possamos mortificando de nossos sentidos abrirmos para a graça de Deus em consonância com o que recomenda o nosso episcopado na Campanha da Fraternidade – Fraternidade e diálogo: compromisso de amor!

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ



Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro