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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

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13/09/2020 01:48

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13/09/2020 01:48

Estamos no mês de setembro e nestes próximos dias iremos celebrar a Exaltação da Santa Cruz, e em seguida a festa de Nossa Senhora das Dores. Por este motivo é que a coleta para os lugares santos, que é realizada na sexta-feira santa foi transferida pelo Papa Francisco para este final de semana. As Igrejas do mundo inteiro ajudam a conservar as igrejas presentes na Terra Santa e as obras sociais lá realizadas por meio desta coleta que faremos neste final de semana.

O mês de setembro é o mês dedicado à Palavra de Deus, como já recordamos em outras oportunidades. Neste ano, o livro recomendado para a nossa reflexão mais intensa neste mês é o Livro do Deuteronômio, livro que tem como um dos pontos centrais a Aliança de Deus com seu povo e o lema proposto pela CNBB é a passagem “Abre tua mão para o teu irmão” (Dt 15,11), passagem que em consonância com o tema da Campanha da Fraternidade deste ano e que traz à nossa reflexão o fato de que não pode existir um verdadeiro povo de Deus sem que neste haja um especial cuidado com o próximo. Todos fomos testemunhas das ações caritativas da Igreja nestes tempos concretos de pandemia. A realidade da fé deve sempre estar marcado pela atenção às necessidades do outro e ao cuidado deste. Aproveitemos com mais intensidade todos os meios que são colocados à nossa disposição para que aprofundemos nossa intimidade com a Palavra de Deus.

Desde o início deste mês, quando vivenciamos o Dia de Oração pelo cuidado da criação, estamos unidos aos cristãos orientais vivenciado o “tempo da Criação” que vai até o dia 4 de outubro, neste ano com o Jubileu da Terra: novos ritmos, nova esperança. Este tempo também se insere dentro do ano da Laudato Si, no seu quinto aniversário de assinatura.

Neste 24º Domingo do Tempo Comum, a Palavra de Deus vai falar sobre o perdão e a reconciliação. No Evangelho (Mt 18,21-35), Pedro faz uma pergunta: "Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?". Jesus vai responder que se deve perdoar sempre: setenta vezes sete – é a linguagem simbólica usada por Jesus para indicar a constante realidade do perdão. O verdadeiro rosto de Deus é o do Pai misericordioso e que mostra que é esse o caminho da vida cristã! Com a medida que medirdes, sereis medidos.

O Senhor Jesus nos adverte que o perdão deve ser dado sempre porque o coração do Pai, como o do rei da parábola, é assim: cheio de compaixão, capaz de perdoar toda a dívida. Jesus começa dizendo que o Reino dos Céus é assim: o reinado de um rei que é Pai e perdoa. Ora, o Pai somente reina no coração de quem perdoa como ele mesmo perdoa, como ele mesmo nos perdoou e acolheu em Jesus, que morreu e ressuscitou para ser o perdão de Deus para nós! Eis o que é a Igreja: o espaço, o ambiente no qual o reinado de Deus deve manifestar-se no mundo; lugar da misericórdia, do acolhimento, do amor, do perdão, da esperança que não desiste, da doçura aprendida e bebida daquele Coração aberto na cruz.

Perdoar agrada muito a Deus porque nos faz semelhantes a Ele. Deus perdoa sempre! Não importa quantas vezes peçamos perdão e nem importa se são os pecados de sempre, se estamos arrependidos o Senhor nos perdoará. É o que experimentamos no sacramento do perdão e da alegria, na confissão. Santo Agostinho, pensando no pecado de Judas, escreveu: “se ele tivesse orado em nome de Cristo teria pedido perdão, se tivesse pedido perdão teria esperança, se tivesse esperança teria esperado na misericórdia e não teria se enforcado desesperadamente”. Não temos motivo para desesperar-nos.

O Evangelho mostra que todos somos devedores de Deus e não cobradores de nossos irmãos! E na oração do “Pai nosso”, damos a Deus o metro para medir o perdão que d’Ele esperamos! “Perdoai a nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido!” Sejamos generosos no perdão em nossa vida diária e não nos esqueçamos, perdoamos sempre porque Deus perdoa sempre. Peçamos essa Graça ao Senhor.

A primeira leitura (Eclo 27,33-28,9) apresenta que o mundo antigo era um mundo de guerras e vinganças e os Israelitas, perseguidos, mujitas vezes desejavam a vingança contra seus inimigos. Mas o profeta recorda que “o rancor e a raiva são coisas detestáveis! (…) Pensa na Aliança do Altíssimo e não leves em conta a falta alheia!”

Na segunda leitura (Rm 14,7-9) o Apóstolo Paulo recorda-nos que pertencemos ao Senhor e, por isso, vivemos em paz para a glória do próprio Deus! Deus não alimenta o ódio, mas o perdão! O perdão é a expressão maior do amor. É aceitar e querer bem ao próximo assim como ele é; é agir como Deus; é agir a exemplo de Cristo. Perdoando, é para o Senhor que vivemos e para o Senhor que morremos (cf. Rm 14, 7-9).

Somos convidados pelo Senhor a sempre viver e praticar o perdão. Deus é misericordioso e assim também devemos agir com misericórdia diante de nossos do nosso próximo. Perdoar é um ato de acolher e de amar. Por isso, olhando para Jesus saibamos apreender a ser sinal de misericórdia para tantos que vivem no rancor e no ódio. Como diante de Deus experimentamos a misericórdia, assim devemos também agir uns com os outros. Isso supõe fé, supõe abertura à Graça do Senhor e a coragem de viver contra a corrente, pois vivemos em uma sociedade de vingança e de grande intolerância em relação ao próximo. Não sucumbamos à tentação de perdoar momentaneamente, mas arquivar as faltas testemunhadas sempre que seja possível ou se apresente uma situação de contrariedade em relação à pessoa perdoada. Que a experiência do amor e da misericórdia de Deus faça com que distribuamos este amor e esta misericórdia para o mundo.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro


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13/09/2020 01:48

Estamos no mês de setembro e nestes próximos dias iremos celebrar a Exaltação da Santa Cruz, e em seguida a festa de Nossa Senhora das Dores. Por este motivo é que a coleta para os lugares santos, que é realizada na sexta-feira santa foi transferida pelo Papa Francisco para este final de semana. As Igrejas do mundo inteiro ajudam a conservar as igrejas presentes na Terra Santa e as obras sociais lá realizadas por meio desta coleta que faremos neste final de semana.

O mês de setembro é o mês dedicado à Palavra de Deus, como já recordamos em outras oportunidades. Neste ano, o livro recomendado para a nossa reflexão mais intensa neste mês é o Livro do Deuteronômio, livro que tem como um dos pontos centrais a Aliança de Deus com seu povo e o lema proposto pela CNBB é a passagem “Abre tua mão para o teu irmão” (Dt 15,11), passagem que em consonância com o tema da Campanha da Fraternidade deste ano e que traz à nossa reflexão o fato de que não pode existir um verdadeiro povo de Deus sem que neste haja um especial cuidado com o próximo. Todos fomos testemunhas das ações caritativas da Igreja nestes tempos concretos de pandemia. A realidade da fé deve sempre estar marcado pela atenção às necessidades do outro e ao cuidado deste. Aproveitemos com mais intensidade todos os meios que são colocados à nossa disposição para que aprofundemos nossa intimidade com a Palavra de Deus.

Desde o início deste mês, quando vivenciamos o Dia de Oração pelo cuidado da criação, estamos unidos aos cristãos orientais vivenciado o “tempo da Criação” que vai até o dia 4 de outubro, neste ano com o Jubileu da Terra: novos ritmos, nova esperança. Este tempo também se insere dentro do ano da Laudato Si, no seu quinto aniversário de assinatura.

Neste 24º Domingo do Tempo Comum, a Palavra de Deus vai falar sobre o perdão e a reconciliação. No Evangelho (Mt 18,21-35), Pedro faz uma pergunta: "Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?". Jesus vai responder que se deve perdoar sempre: setenta vezes sete – é a linguagem simbólica usada por Jesus para indicar a constante realidade do perdão. O verdadeiro rosto de Deus é o do Pai misericordioso e que mostra que é esse o caminho da vida cristã! Com a medida que medirdes, sereis medidos.

O Senhor Jesus nos adverte que o perdão deve ser dado sempre porque o coração do Pai, como o do rei da parábola, é assim: cheio de compaixão, capaz de perdoar toda a dívida. Jesus começa dizendo que o Reino dos Céus é assim: o reinado de um rei que é Pai e perdoa. Ora, o Pai somente reina no coração de quem perdoa como ele mesmo perdoa, como ele mesmo nos perdoou e acolheu em Jesus, que morreu e ressuscitou para ser o perdão de Deus para nós! Eis o que é a Igreja: o espaço, o ambiente no qual o reinado de Deus deve manifestar-se no mundo; lugar da misericórdia, do acolhimento, do amor, do perdão, da esperança que não desiste, da doçura aprendida e bebida daquele Coração aberto na cruz.

Perdoar agrada muito a Deus porque nos faz semelhantes a Ele. Deus perdoa sempre! Não importa quantas vezes peçamos perdão e nem importa se são os pecados de sempre, se estamos arrependidos o Senhor nos perdoará. É o que experimentamos no sacramento do perdão e da alegria, na confissão. Santo Agostinho, pensando no pecado de Judas, escreveu: “se ele tivesse orado em nome de Cristo teria pedido perdão, se tivesse pedido perdão teria esperança, se tivesse esperança teria esperado na misericórdia e não teria se enforcado desesperadamente”. Não temos motivo para desesperar-nos.

O Evangelho mostra que todos somos devedores de Deus e não cobradores de nossos irmãos! E na oração do “Pai nosso”, damos a Deus o metro para medir o perdão que d’Ele esperamos! “Perdoai a nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido!” Sejamos generosos no perdão em nossa vida diária e não nos esqueçamos, perdoamos sempre porque Deus perdoa sempre. Peçamos essa Graça ao Senhor.

A primeira leitura (Eclo 27,33-28,9) apresenta que o mundo antigo era um mundo de guerras e vinganças e os Israelitas, perseguidos, mujitas vezes desejavam a vingança contra seus inimigos. Mas o profeta recorda que “o rancor e a raiva são coisas detestáveis! (…) Pensa na Aliança do Altíssimo e não leves em conta a falta alheia!”

Na segunda leitura (Rm 14,7-9) o Apóstolo Paulo recorda-nos que pertencemos ao Senhor e, por isso, vivemos em paz para a glória do próprio Deus! Deus não alimenta o ódio, mas o perdão! O perdão é a expressão maior do amor. É aceitar e querer bem ao próximo assim como ele é; é agir como Deus; é agir a exemplo de Cristo. Perdoando, é para o Senhor que vivemos e para o Senhor que morremos (cf. Rm 14, 7-9).

Somos convidados pelo Senhor a sempre viver e praticar o perdão. Deus é misericordioso e assim também devemos agir com misericórdia diante de nossos do nosso próximo. Perdoar é um ato de acolher e de amar. Por isso, olhando para Jesus saibamos apreender a ser sinal de misericórdia para tantos que vivem no rancor e no ódio. Como diante de Deus experimentamos a misericórdia, assim devemos também agir uns com os outros. Isso supõe fé, supõe abertura à Graça do Senhor e a coragem de viver contra a corrente, pois vivemos em uma sociedade de vingança e de grande intolerância em relação ao próximo. Não sucumbamos à tentação de perdoar momentaneamente, mas arquivar as faltas testemunhadas sempre que seja possível ou se apresente uma situação de contrariedade em relação à pessoa perdoada. Que a experiência do amor e da misericórdia de Deus faça com que distribuamos este amor e esta misericórdia para o mundo.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro


Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro