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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

O Bom Pastor

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03/05/2020 17:25

O Bom Pastor 0

03/05/2020 17:25

Estamos celebrando o 4° domingo da páscoa, primeiro domingo do mês de Maio, mês que é conhecido em nossa caminhada de fé como mês de Maria, já que este mês vem marcado por duas celebrações marianas: a memória de Nossa Senhora de Fátima no dia 13 e a festa da Visitação de Maria a sua prima Isabel no dia 31. A presença de Maria marca nossa caminhada da vida Cristã e marca também a vida de todo o nosso povo, que tem na figura de Maria um forte instrumento de proximidade com Deus e de encontro com Cristo. Confiemos a Ela o mês que se inicia e todas as nossas necessidades.

O quarto da Páscoa é conhecido como o Domingo do Bom Pastor, dia em que temos a Jornada Mundial de oração pelas vocações sacerdotais e de especial consagração. Tal costume de atribuir este nome a este Domingo vem do fato de que no Quarto Domingo do Tempo Pascal dos anos A, B e C, temos a proclamação do cap. 10 do Evangelho de São João, Evangelho que apresenta o discurso de Jesus como Bom Pastor. Grande oportunidade de rezarmos de forma mais intensa por aqueles que tem por vocação configurar-se a Cristo Bom Pastor e a exercer atividades de pastoreio do Povo de Deus no seio da Igreja.

Como de costume, o Papa envia uma mensagem por ocasião desta data, oferecendo elementos que possam nos auxiliar a uma melhor vivência deste domingo temático. (Cf:http://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/vocations/documents/papa-francesco_20200308_57-messaggio-giornata-mondiale-vocazioni.html).

A mensagem deste ano é baseada no Evangelho de Mateus (Mt 14, 22-33), que relata o episódio da Tempestade acalmada, realçando a relação de Jesus com Pedro, que é convidado a caminhar sobre as águas. A mensagem tem como título As Palavras da Vocação, onde o papa, a partir do evangelho já citado, apresenta 4 termos que servem como que um compêndio para todo o povo de Deus em sua resposta ao chamado à vida cristã ou a uma vocação específica: tribulação, gratidão, coragem e louvor. A trajetória da vocação é marcada por lutas e dificuldades, tribulações, assim como a travessia do lago em meio à uma tempestade. Mesmo em meio a lutas, o coração do vocacionado é grato por saber que o caminho que Ele trilha é um caminho indicado por Deus e que nunca lhe faltará o auxílio necessário para tal. Em meio a esta tempestade, o Senhor se apresenta e enche de esperança, fazendo com que os discípulos tenham coragem de enfrentar a dificuldade e até mesmo de dar passos concretos de fé. Em meio a esta coragem que o Senhor nos dá, cabe-nos louvar como Maria no Magnificat, que louva o Senhor pelas maravilhas realizadas em sua existência concreta. Reafirmemos o fervor de nossas respostas ao chamado de Deus e intensifiquemos nossas orações pelas vocações.

O Evangelho deste Domingo (Jo 10, 1-10), apresenta o início do discurso de Jesus onde este se apresenta com Bom Pastor. Podemos perceber três partes neste evangelho: Jesus que apresenta a comparação entre os falsos pastores que são ladrões e aproveitadores e os verdadeiros pastores que existem para cuidar do bem das ovelhas, Jesus que se apresenta como Porta das Ovelhas e enfim Jesus que declara que veio para trazer vida e vida em abundância.

A imagem do pastoreio utilizada por Jesus era bastante conhecida no contexto cultural e religioso de sua época. Tal imagem é muitas vezes utilizadas em passagens do Antigo Testamento, onde vale a pena lembrar que Reis e Sacerdotes são frequentemente associados à figura do Pastor. Tal imagem vai ganhar destaque na Literatura dos profetas, onde havia sido prometido que Deus enviaria pastores segundo o seu coração e que Ele mesmo viria pastorear o seu rebanho (Ez.36).

O Evangelho faz também referência a um costume comum da atividade pastoril da época, fundamental para entendermos as imagens utilizadas no relato: era costume que os pastores juntassem num mesmo lugar o rebanho à noite, para que assim proteger as ovelhas dos mais variados perigos. O redil, nome dado a este lugar onde as variadas ovelhas se juntavam, era guardado por um porteiro, que só deixaria entrar ali os pastores conhecidos como responsáveis legítimos das ovelhas ali colocadas. A cada manhã, após receber a autorização do porteiro guardião, o pastor adentra a porta e entoa um som específico com o qual era reconhecido por suas ovelhas. Ao reconhecer sua voz, as ovelhas seguiam seu pastor, passando pela porta e sendo conduzidas em segurança para as pastagens do dia. Durante o dia, o pastor por várias vezes vai dirigindo sua voz às ovelhas para que assim elas não se desviem e sejam continuamente conduzidas ao melhor destino para cada uma delas. Jesus faz alusão àquele que não entra pela porta principal, o ladrão e assaltante, que não busca o bem da ovelha, mas somente o seu próprio bem, vindo para roubar e enganar.

Em meio a tantas vozes que ecoam em nossa sociedade, nas mídias digitais, propondo a cada dia novas verdades ou querendo desconstruir verdades seguras e estabelecidas, devemos renovar e fortalecer nossa capacidade de ouvir e reconhecer a voz segura, a voz do Bom Pastor, que é Cristo. O Bom Pastor muitas vezes vai dizer coisas que não queremos ouvir, mas tenhamos a segurança de que tudo o que vem de Cristo é sempre o melhor para nós.

Jesus se apresenta como a Porta, como ingresso para uma realidade de unidade, de fraternidade e segurança para se refugiar dos perigos da noite escura do pecado ou da existência. O Evangelho vai terminando com uma das passagens mais citadas para fundamentar o compromisso que o cristianismo tem com a defesa da vida em todas as suas circunstâncias: “Eu vim para que tenham vida e vida em abundância.” No contexto do tempo Pascal em que nos encontramos, deixemos que Jesus Ressuscitado, o Vivente, faça também de nós vidas novas. Caminhemos com Cristo em meio ao mundo.

A primeira Leitura (At 2,14a.36-41) tirada dos Atos dos Apóstolos, vai mostrar o discurso de Pedro no dia de Pentecostes, onde percebemos a coragem e o ardor com que Pedro anuncia os fatos acontecidos com Jesus. Aquele Pedro que outrora tinha negado, agora anuncia diante de multidões as maravilhas da Boa Nova do Evangelho. Assumindo a função de Pastor que lhe foi confiada por Cristo, ante a indagação sobre o que deveriam então fazer os que o escutavam, Pedro anuncia a mudança de vida e o voltar-se para o Bom Pastor que é Cristo, por meio do batismo e da conversão.

O salmo responsorial é o belíssimo e conhecido salmo 22, onde com um grito de fé e confiança o salmista declara Deus como seu Pastor e afirma que esse Pastor não lhe deixa faltar coisa alguma, mesmo que passe pelo vale da sombra da morte ou tenha que caminhar entre seus inimigos, ele não tem medo, pois sua segurança está em Deus, Onipotente e Próximo, o bom pastor de sua existência.

A segunda leitura (1Pd 2,20b-25) traz também palavras de Pedro, mas agora no contexto de sua primeira carta. Pedro, tomando o exemplo de Cristo em seu sofrimento, exorta os cristãos a viver na paciência antes as perseguições e tribulações, pois Cristo sofreu pacientemente e obediente, sabendo que o sofrimento foi transformado por Ele e pode agora se tornar instrumento de bem para cada um de nós. Cristo nos dá um exemplo para que sigamos seus passos e somos chamados a isso. Nós, que andávamos como ovelhas perdidas e enfermas, fomos curadas pelas chagas de Cristo e trazidas para a verdadeira vida. Deixemo-nos conduzir pelo Bom Pastor. Sabemos que não podemos ser pastores de nós mesmos. Que possamos então escolher o Bom Pastor para pastorear nossa existência.

Somos chamados a reconhecer se estamos atentos à Voz do Bom Pastor e se sabemos distinguir o que é vontade de Deus para nós em meio a tantos apelos e demandas que se apresentam ao nosso redor. Rezemos por todos aqueles que tem por vocação nos ajudar a ouvir a voz do Bom Pastor. Cristo passa em nossas vidas nos chamando a por em prática nossa vida batismal. Confiemos, no início deste mês de maio, nossas vidas e a vida de nossos pastores a Maria Santíssima, para que Ela nos prepare sempre o bom caminho no seguimento de Cristo Bom Pastor. Confiemos também a Ela todas as dores e sofrimentos dos momentos que estamos vivenciando. Deus abençoe e guarde a todos.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro


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03/05/2020 17:25

Estamos celebrando o 4° domingo da páscoa, primeiro domingo do mês de Maio, mês que é conhecido em nossa caminhada de fé como mês de Maria, já que este mês vem marcado por duas celebrações marianas: a memória de Nossa Senhora de Fátima no dia 13 e a festa da Visitação de Maria a sua prima Isabel no dia 31. A presença de Maria marca nossa caminhada da vida Cristã e marca também a vida de todo o nosso povo, que tem na figura de Maria um forte instrumento de proximidade com Deus e de encontro com Cristo. Confiemos a Ela o mês que se inicia e todas as nossas necessidades.

O quarto da Páscoa é conhecido como o Domingo do Bom Pastor, dia em que temos a Jornada Mundial de oração pelas vocações sacerdotais e de especial consagração. Tal costume de atribuir este nome a este Domingo vem do fato de que no Quarto Domingo do Tempo Pascal dos anos A, B e C, temos a proclamação do cap. 10 do Evangelho de São João, Evangelho que apresenta o discurso de Jesus como Bom Pastor. Grande oportunidade de rezarmos de forma mais intensa por aqueles que tem por vocação configurar-se a Cristo Bom Pastor e a exercer atividades de pastoreio do Povo de Deus no seio da Igreja.

Como de costume, o Papa envia uma mensagem por ocasião desta data, oferecendo elementos que possam nos auxiliar a uma melhor vivência deste domingo temático. (Cf:http://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/vocations/documents/papa-francesco_20200308_57-messaggio-giornata-mondiale-vocazioni.html).

A mensagem deste ano é baseada no Evangelho de Mateus (Mt 14, 22-33), que relata o episódio da Tempestade acalmada, realçando a relação de Jesus com Pedro, que é convidado a caminhar sobre as águas. A mensagem tem como título As Palavras da Vocação, onde o papa, a partir do evangelho já citado, apresenta 4 termos que servem como que um compêndio para todo o povo de Deus em sua resposta ao chamado à vida cristã ou a uma vocação específica: tribulação, gratidão, coragem e louvor. A trajetória da vocação é marcada por lutas e dificuldades, tribulações, assim como a travessia do lago em meio à uma tempestade. Mesmo em meio a lutas, o coração do vocacionado é grato por saber que o caminho que Ele trilha é um caminho indicado por Deus e que nunca lhe faltará o auxílio necessário para tal. Em meio a esta tempestade, o Senhor se apresenta e enche de esperança, fazendo com que os discípulos tenham coragem de enfrentar a dificuldade e até mesmo de dar passos concretos de fé. Em meio a esta coragem que o Senhor nos dá, cabe-nos louvar como Maria no Magnificat, que louva o Senhor pelas maravilhas realizadas em sua existência concreta. Reafirmemos o fervor de nossas respostas ao chamado de Deus e intensifiquemos nossas orações pelas vocações.

O Evangelho deste Domingo (Jo 10, 1-10), apresenta o início do discurso de Jesus onde este se apresenta com Bom Pastor. Podemos perceber três partes neste evangelho: Jesus que apresenta a comparação entre os falsos pastores que são ladrões e aproveitadores e os verdadeiros pastores que existem para cuidar do bem das ovelhas, Jesus que se apresenta como Porta das Ovelhas e enfim Jesus que declara que veio para trazer vida e vida em abundância.

A imagem do pastoreio utilizada por Jesus era bastante conhecida no contexto cultural e religioso de sua época. Tal imagem é muitas vezes utilizadas em passagens do Antigo Testamento, onde vale a pena lembrar que Reis e Sacerdotes são frequentemente associados à figura do Pastor. Tal imagem vai ganhar destaque na Literatura dos profetas, onde havia sido prometido que Deus enviaria pastores segundo o seu coração e que Ele mesmo viria pastorear o seu rebanho (Ez.36).

O Evangelho faz também referência a um costume comum da atividade pastoril da época, fundamental para entendermos as imagens utilizadas no relato: era costume que os pastores juntassem num mesmo lugar o rebanho à noite, para que assim proteger as ovelhas dos mais variados perigos. O redil, nome dado a este lugar onde as variadas ovelhas se juntavam, era guardado por um porteiro, que só deixaria entrar ali os pastores conhecidos como responsáveis legítimos das ovelhas ali colocadas. A cada manhã, após receber a autorização do porteiro guardião, o pastor adentra a porta e entoa um som específico com o qual era reconhecido por suas ovelhas. Ao reconhecer sua voz, as ovelhas seguiam seu pastor, passando pela porta e sendo conduzidas em segurança para as pastagens do dia. Durante o dia, o pastor por várias vezes vai dirigindo sua voz às ovelhas para que assim elas não se desviem e sejam continuamente conduzidas ao melhor destino para cada uma delas. Jesus faz alusão àquele que não entra pela porta principal, o ladrão e assaltante, que não busca o bem da ovelha, mas somente o seu próprio bem, vindo para roubar e enganar.

Em meio a tantas vozes que ecoam em nossa sociedade, nas mídias digitais, propondo a cada dia novas verdades ou querendo desconstruir verdades seguras e estabelecidas, devemos renovar e fortalecer nossa capacidade de ouvir e reconhecer a voz segura, a voz do Bom Pastor, que é Cristo. O Bom Pastor muitas vezes vai dizer coisas que não queremos ouvir, mas tenhamos a segurança de que tudo o que vem de Cristo é sempre o melhor para nós.

Jesus se apresenta como a Porta, como ingresso para uma realidade de unidade, de fraternidade e segurança para se refugiar dos perigos da noite escura do pecado ou da existência. O Evangelho vai terminando com uma das passagens mais citadas para fundamentar o compromisso que o cristianismo tem com a defesa da vida em todas as suas circunstâncias: “Eu vim para que tenham vida e vida em abundância.” No contexto do tempo Pascal em que nos encontramos, deixemos que Jesus Ressuscitado, o Vivente, faça também de nós vidas novas. Caminhemos com Cristo em meio ao mundo.

A primeira Leitura (At 2,14a.36-41) tirada dos Atos dos Apóstolos, vai mostrar o discurso de Pedro no dia de Pentecostes, onde percebemos a coragem e o ardor com que Pedro anuncia os fatos acontecidos com Jesus. Aquele Pedro que outrora tinha negado, agora anuncia diante de multidões as maravilhas da Boa Nova do Evangelho. Assumindo a função de Pastor que lhe foi confiada por Cristo, ante a indagação sobre o que deveriam então fazer os que o escutavam, Pedro anuncia a mudança de vida e o voltar-se para o Bom Pastor que é Cristo, por meio do batismo e da conversão.

O salmo responsorial é o belíssimo e conhecido salmo 22, onde com um grito de fé e confiança o salmista declara Deus como seu Pastor e afirma que esse Pastor não lhe deixa faltar coisa alguma, mesmo que passe pelo vale da sombra da morte ou tenha que caminhar entre seus inimigos, ele não tem medo, pois sua segurança está em Deus, Onipotente e Próximo, o bom pastor de sua existência.

A segunda leitura (1Pd 2,20b-25) traz também palavras de Pedro, mas agora no contexto de sua primeira carta. Pedro, tomando o exemplo de Cristo em seu sofrimento, exorta os cristãos a viver na paciência antes as perseguições e tribulações, pois Cristo sofreu pacientemente e obediente, sabendo que o sofrimento foi transformado por Ele e pode agora se tornar instrumento de bem para cada um de nós. Cristo nos dá um exemplo para que sigamos seus passos e somos chamados a isso. Nós, que andávamos como ovelhas perdidas e enfermas, fomos curadas pelas chagas de Cristo e trazidas para a verdadeira vida. Deixemo-nos conduzir pelo Bom Pastor. Sabemos que não podemos ser pastores de nós mesmos. Que possamos então escolher o Bom Pastor para pastorear nossa existência.

Somos chamados a reconhecer se estamos atentos à Voz do Bom Pastor e se sabemos distinguir o que é vontade de Deus para nós em meio a tantos apelos e demandas que se apresentam ao nosso redor. Rezemos por todos aqueles que tem por vocação nos ajudar a ouvir a voz do Bom Pastor. Cristo passa em nossas vidas nos chamando a por em prática nossa vida batismal. Confiemos, no início deste mês de maio, nossas vidas e a vida de nossos pastores a Maria Santíssima, para que Ela nos prepare sempre o bom caminho no seguimento de Cristo Bom Pastor. Confiemos também a Ela todas as dores e sofrimentos dos momentos que estamos vivenciando. Deus abençoe e guarde a todos.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro


Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro