Arquidiocese do Rio de Janeiro

29º 22º

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Missa do Crisma 2020

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do e-mail.
E-mail enviado com sucesso.

10 de Maio de 2024

Missa do Crisma 2020

Se você encontrou erro neste texto ou nesta página, por favor preencha os campos abaixo. O link da página será enviado automaticamente a ArqRio.

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do erro.
Erro relatado com sucesso, obrigado.

08/04/2020 13:06 - Atualizado em 08/04/2020 13:17

Missa do Crisma 2020 0

08/04/2020 13:06 - Atualizado em 08/04/2020 13:17

Antes de iniciar o Tríduo Pascal a Igreja celebra a “missa do Crisma, quando são abençoados e consagrados os santos óleos e os padres renovam seus compromissos. Neste ano, além das mudanças de datas que já são previstas para essa celebração, muitos optaram por transferir para uma data ainda não agendada devido a atual pandemia. É uma bela celebração da unidade diocesana. Aqui no Rio de Janeiro os padres irão participar de suas casas e dali renovarão seus compromissos. Será a primeira vez que eu presido a Santa Missa de Bênção dos Santos óleos em que o clero diocesano encontra-se virtualmente presente, unidos a nossa solicitude pastoral, junto com o povo de Deus, confiantes na graça do Pai, do Filho e do Espírito Santo a quem pedimos misericórdia do Pai para com a humanidade atônita com a pandemia do corona vírus.

Refletindo sobre a liturgia dessa missa, recordo do evangelista Lucas (cf. Lc 4,16-21) que nos anuncia o início da missão de Jesus na sinagoga de Nazaré, sua terra, fazendo uso do texto do profeta Isaías afirma: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação dos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar o ano da graça do Senhor” (cf. Lc 4,18). O projeto libertador do Mestre deve modelar o projeto de vida dos discípulos. Como escolhidos e enviados para colaborar mais intimamente com a missão de Jesus, temos hoje a oportunidade de rever nossa adesão e procurar sempre mais modelar nossa vida na palavra e no testemunho daquele que nos chamou e que segue à nossa frente apontando-nos o caminho.

Retomando as palavras do Profeta Isaías (cf. Is 61,1-3a.6a.8b-9), e aplicando-as a si mesmo, diz Jesus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção” (Lc 4, 18). Cristo Jesus é o Ungido do Pai, por excelência. Também nós cristãos fomos ungidos pelo Espírito de Cristo. Daí a riqueza do simbolismo que impregna esta celebração da Missa do Crisma. O óleo que hoje abençoamos, ao final desta celebração serão encaminhados para cada Paróquia de nossa Arquidiocese. Sinal de unidade e de renovação dos sinais.

Na vida quotidiana, o óleo é muitas vezes usado como lubrificante, perfume, alimento, para iluminação, com fins terapêuticos e estéticos, tendo cada um sua eficácia própria. O óleo penetra e impregna profundamente, dá beleza, brilho, agilidade e até protege da intensidade dos raios solares. Na Bíblia, o óleo é símbolo do Espírito Santo: é usado como consagração (Gn 28,18; Ex 30, 22-23; 40,9; 1Sm 10,1; 1Rs 19,16; Sl 45,8; At 10,38), como bênção (Sl 133,2), como cura (Mc 6,13; Lc 10,34; Tg 5,14), sinal de hospitalidade (Lc 8,36-50) símbolo do amor (Ct 1,12; Jo 12,1-8; Mc 14,3-9) e como conservação contra a corrupção (Mc 16,1; 14,3-9).

Com seu extraordinário sentido simbólico, o óleo faz-nos entender a grandeza do mistério que celebramos na fé: o santo Crisma (mistura de óleo e perfume) simboliza o próprio Espírito Santo com o qual Jesus foi consagrado para a missão messiânica. Como sabemos, Messias ou Cristo significa “ungido”. O óleo dos catecúmenos indica a fortaleza na luta da vida cristã. O óleo dos enfermos, usado pelos sacerdotes na unção dos doentes, é sinal de força, alívio, conforto, perdão e libertação.

O texto do Apocalipse que escutamos na segunda leitura (cf. Ap 1,5-8), recorda-nos que Deus fez de todos nós um novo e definitivo povo sacerdotal. O conceito de sacerdócio implica no de consagração, cujo sinal exterior é a unção com o óleo santo. Por isso a Igreja continua a consagrar o óleo que servirá para assinalar a fronte dos seus filhos e filhas. Conforme a tradição, nesta Missa iremos consagrar o Santo Crisma para significar o dom do Espírito Santo no Batismo, na Confirmação e na Ordem, além de o utilizarmos para consagração do altar e dedicação das igrejas. Abençoaremos também o óleo para os Catecúmenos e o dos Enfermos, sinais da força que liberta do mal e sustenta na provação da doença. Estes santos óleos, distribuídos para toda a nossa arquidiocese será sinal de unidade e fonte de bênçãos, para todos os que com ele forem ungidos.

O amados presbíteros hoje, virtualmente, renovam suas promessas sacerdotais. O Padre, homem escolhido entre homens e constituído em favor de todos, é discípulo missionário servidor do povo de Deus. E sustentado pela contínua busca da santidade de vida, é facilitador desse indispensável e inadiável encontro pessoal com o Cristo vivo, levando todos ao reconhecimento e à sabedoria de pautar a sua vida tendo Deus como seu centro e fonte inesgotável do seu sentido. O sacerdote, por isso mesmo, faz anteceder às suas muitas tarefas no labor de cada dia a serviço do povo, anunciando o Evangelho, o cuidado e o compromisso com a condição do seu ser. É a santidade de vida que alavanca, fecunda e torna exitoso o serviço prestado na condição própria de sacerdote.

O Papa Francisco pede coragem aos sacerdotes: “Coragem é outra palavra selecionada pelo Papa. É a palavra que Jesus diz aos discípulos quando, incrédulos e assustados, O veem caminhar sobre as águas. “O Senhor sabe que uma opção fundamental de vida exige coragem. Ele conhece os interrogativos, as dúvidas e as dificuldades que agitam o barco do nosso coração e, por isso, nos tranquiliza: «Não tenhas medo! Eu estou contigo».”
Diante de tantas tribulações que vivemos, e eu acrescento a pandemia do corona vírus, o Papa Francisco nos encoraja: a fé permite caminhar ao encontro do Senhor Ressuscitado e vencer as próprias tempestades. “Pois Ele estende-nos a mão, quando, por cansaço ou medo, corremos o risco de afundar e dá-nos o ardor necessário para viver a nossa vocação com alegria e entusiasmo. ” (cf. https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-03/mensagem-papa-francisco-dia-mundial-vocacoes-2020.html, último acesso em 23 de março de 2020)

A vida do presbítero está envolvida pelo mistério de Cristo. Nada explica suficientemente a vida do presbítero a não ser o mistério de Cristo. Neste sentido hoje é preciso insistir que o, antes de tudo, é e não simplesmente faz. Aqui poderíamos discorrer sobre o grande perigo na vida do presbítero da tentação do fazer muitas coisas, a tentação do ativismo. Com muita propriedade o presbítero pode atribuir a si aquelas palavras de São Paulo na Carta aos Colossenses: nossa vida está escondida com Cristo em Deus.

Contudo, que possamos com esta celebração, começarmos nesta tarde o sagrado Tríduo. Celebrar a Missa dos Santos óleos é celebrar a unidade diocesana. A Missa crismal, portanto, é quase epifania da Igreja, corpo de Cristo organicamente estruturado, que, em seus vários ministérios e carismas, exprime, pela graça do Espírito, os dons nupciais de Cristo à sua esposa peregrina no mundo (Ef 5,27).

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ


Leia os comentários

Deixe seu comentário

Resposta ao comentário de:

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do comentário.
Comentário enviado para aprovação.

Missa do Crisma 2020

08/04/2020 13:06 - Atualizado em 08/04/2020 13:17

Antes de iniciar o Tríduo Pascal a Igreja celebra a “missa do Crisma, quando são abençoados e consagrados os santos óleos e os padres renovam seus compromissos. Neste ano, além das mudanças de datas que já são previstas para essa celebração, muitos optaram por transferir para uma data ainda não agendada devido a atual pandemia. É uma bela celebração da unidade diocesana. Aqui no Rio de Janeiro os padres irão participar de suas casas e dali renovarão seus compromissos. Será a primeira vez que eu presido a Santa Missa de Bênção dos Santos óleos em que o clero diocesano encontra-se virtualmente presente, unidos a nossa solicitude pastoral, junto com o povo de Deus, confiantes na graça do Pai, do Filho e do Espírito Santo a quem pedimos misericórdia do Pai para com a humanidade atônita com a pandemia do corona vírus.

Refletindo sobre a liturgia dessa missa, recordo do evangelista Lucas (cf. Lc 4,16-21) que nos anuncia o início da missão de Jesus na sinagoga de Nazaré, sua terra, fazendo uso do texto do profeta Isaías afirma: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação dos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar o ano da graça do Senhor” (cf. Lc 4,18). O projeto libertador do Mestre deve modelar o projeto de vida dos discípulos. Como escolhidos e enviados para colaborar mais intimamente com a missão de Jesus, temos hoje a oportunidade de rever nossa adesão e procurar sempre mais modelar nossa vida na palavra e no testemunho daquele que nos chamou e que segue à nossa frente apontando-nos o caminho.

Retomando as palavras do Profeta Isaías (cf. Is 61,1-3a.6a.8b-9), e aplicando-as a si mesmo, diz Jesus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção” (Lc 4, 18). Cristo Jesus é o Ungido do Pai, por excelência. Também nós cristãos fomos ungidos pelo Espírito de Cristo. Daí a riqueza do simbolismo que impregna esta celebração da Missa do Crisma. O óleo que hoje abençoamos, ao final desta celebração serão encaminhados para cada Paróquia de nossa Arquidiocese. Sinal de unidade e de renovação dos sinais.

Na vida quotidiana, o óleo é muitas vezes usado como lubrificante, perfume, alimento, para iluminação, com fins terapêuticos e estéticos, tendo cada um sua eficácia própria. O óleo penetra e impregna profundamente, dá beleza, brilho, agilidade e até protege da intensidade dos raios solares. Na Bíblia, o óleo é símbolo do Espírito Santo: é usado como consagração (Gn 28,18; Ex 30, 22-23; 40,9; 1Sm 10,1; 1Rs 19,16; Sl 45,8; At 10,38), como bênção (Sl 133,2), como cura (Mc 6,13; Lc 10,34; Tg 5,14), sinal de hospitalidade (Lc 8,36-50) símbolo do amor (Ct 1,12; Jo 12,1-8; Mc 14,3-9) e como conservação contra a corrupção (Mc 16,1; 14,3-9).

Com seu extraordinário sentido simbólico, o óleo faz-nos entender a grandeza do mistério que celebramos na fé: o santo Crisma (mistura de óleo e perfume) simboliza o próprio Espírito Santo com o qual Jesus foi consagrado para a missão messiânica. Como sabemos, Messias ou Cristo significa “ungido”. O óleo dos catecúmenos indica a fortaleza na luta da vida cristã. O óleo dos enfermos, usado pelos sacerdotes na unção dos doentes, é sinal de força, alívio, conforto, perdão e libertação.

O texto do Apocalipse que escutamos na segunda leitura (cf. Ap 1,5-8), recorda-nos que Deus fez de todos nós um novo e definitivo povo sacerdotal. O conceito de sacerdócio implica no de consagração, cujo sinal exterior é a unção com o óleo santo. Por isso a Igreja continua a consagrar o óleo que servirá para assinalar a fronte dos seus filhos e filhas. Conforme a tradição, nesta Missa iremos consagrar o Santo Crisma para significar o dom do Espírito Santo no Batismo, na Confirmação e na Ordem, além de o utilizarmos para consagração do altar e dedicação das igrejas. Abençoaremos também o óleo para os Catecúmenos e o dos Enfermos, sinais da força que liberta do mal e sustenta na provação da doença. Estes santos óleos, distribuídos para toda a nossa arquidiocese será sinal de unidade e fonte de bênçãos, para todos os que com ele forem ungidos.

O amados presbíteros hoje, virtualmente, renovam suas promessas sacerdotais. O Padre, homem escolhido entre homens e constituído em favor de todos, é discípulo missionário servidor do povo de Deus. E sustentado pela contínua busca da santidade de vida, é facilitador desse indispensável e inadiável encontro pessoal com o Cristo vivo, levando todos ao reconhecimento e à sabedoria de pautar a sua vida tendo Deus como seu centro e fonte inesgotável do seu sentido. O sacerdote, por isso mesmo, faz anteceder às suas muitas tarefas no labor de cada dia a serviço do povo, anunciando o Evangelho, o cuidado e o compromisso com a condição do seu ser. É a santidade de vida que alavanca, fecunda e torna exitoso o serviço prestado na condição própria de sacerdote.

O Papa Francisco pede coragem aos sacerdotes: “Coragem é outra palavra selecionada pelo Papa. É a palavra que Jesus diz aos discípulos quando, incrédulos e assustados, O veem caminhar sobre as águas. “O Senhor sabe que uma opção fundamental de vida exige coragem. Ele conhece os interrogativos, as dúvidas e as dificuldades que agitam o barco do nosso coração e, por isso, nos tranquiliza: «Não tenhas medo! Eu estou contigo».”
Diante de tantas tribulações que vivemos, e eu acrescento a pandemia do corona vírus, o Papa Francisco nos encoraja: a fé permite caminhar ao encontro do Senhor Ressuscitado e vencer as próprias tempestades. “Pois Ele estende-nos a mão, quando, por cansaço ou medo, corremos o risco de afundar e dá-nos o ardor necessário para viver a nossa vocação com alegria e entusiasmo. ” (cf. https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-03/mensagem-papa-francisco-dia-mundial-vocacoes-2020.html, último acesso em 23 de março de 2020)

A vida do presbítero está envolvida pelo mistério de Cristo. Nada explica suficientemente a vida do presbítero a não ser o mistério de Cristo. Neste sentido hoje é preciso insistir que o, antes de tudo, é e não simplesmente faz. Aqui poderíamos discorrer sobre o grande perigo na vida do presbítero da tentação do fazer muitas coisas, a tentação do ativismo. Com muita propriedade o presbítero pode atribuir a si aquelas palavras de São Paulo na Carta aos Colossenses: nossa vida está escondida com Cristo em Deus.

Contudo, que possamos com esta celebração, começarmos nesta tarde o sagrado Tríduo. Celebrar a Missa dos Santos óleos é celebrar a unidade diocesana. A Missa crismal, portanto, é quase epifania da Igreja, corpo de Cristo organicamente estruturado, que, em seus vários ministérios e carismas, exprime, pela graça do Espírito, os dons nupciais de Cristo à sua esposa peregrina no mundo (Ef 5,27).

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ


Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro