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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Creio que és o Filho de Deus

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29/03/2020 00:00

Creio que és o Filho de Deus 0

29/03/2020 00:00

A quaresma deste ano de 2020 nos pede seguir por caminhos de penitência que não esperávamos, mas que com fé e confiança queremos trilhá-lo. Permanecemos unidos em oração por este momento de calamidade que estamos vivenciando, fazendo cada vez mais vivos os objetivos da campanha da fraternidade, que nos chamam a um especial compromisso com a vida, inspirados na passagem do bom samaritano que, ao ver o homem caído e ferido à beira do caminho, Viu, sentiu compaixão e cuidou dele (Lc 10, 33-34).

Com este domingo, fechamos as três grandes “catequeses batismais” do Evangelho de João, que conduzem a liturgia da Quaresma. São: a história da Samaritana (Jo 4), a do cego de nascença (Jo 9) e a de Lázaro (Jo 11). Neste final de semana, o assunto é a história de Lázaro (João 11), que anuncia a vida nova do cristão, e a ressurreição trazida por Cristo, ele que é a ressurreição e a vida.

Na primeira leitura, a profecia de Ezequiel (Ez 37,12-14) nos anuncia a promessa de ressurreição: a primeira delas em todo o Antigo Testamento. A promessa de abrir as vossas sepulturas ilumina a realidade física que será relatada no milagre narrado no Evangelho e traz também uma dimensão espiritual que será realizada ao longo da vida cristã, seja pelo sacramento do batismo, seja pelo sacramento da reconciliação ou também pela realidade da conversão, onde a ressurreição da alma acontece. Vale a pena citar a referência que o Catecismo (n. 715) faz a esta passagem, falando da renovação dos corações pela ação do Espírito: Segundo estas promessas, nos ‘últimos tempos’ o Espírito do Senhor há de renovar o coração dos homens, gravando neles uma lei nova; reunirá e reconciliará os povos dispersos e divididos; transformará a primeira criação e Deus habitará nela com os homens, na paz.

Como resposta a esta proclamação da primeira leitura, o salmo vem apresentar como oração um grito de esperança e confiança: No Senhor ponho a minha esperança, espero em sua Palavra. A iniciativa na ordem da Graça é sempre de Deus. Mesmo contando com a colaboração humana, que consiste em esperar e confiar, a iniciativa da salvação e do dom da fé é sempre de Deus. Por isso o salmista coloca sua confiança na ação de Deus. Vale relembrar aqui uma importante oração da tradição da Igreja que assim diz: “Inspirai as nossas ações, Senhor, e as acompanhai com vossa ajuda, para que cada uma de nossas palavras e atos tenha em Vós seu início e em Vós o seu cumprimento”.

Já a segunda leitura, a Carta aos Romanos (Rm 8,8-11), anuncia a vida segundo o Espírito, referindo-se à vida nova de conversão de todo cristão. Este Espírito é quem há de trazer a vida da alma para todos aqueles que o pedirem com fé. São João Crisóstomo, ao comentar esta passagem da Carta aos Romanos, assim diz: «É necessário nos submetermos ao Espírito, nos rendermos de coração e nos esforçarmos para manter a carne em seu devido lugar. Dessa maneira, nossa carne se tornará espiritual. Pelo contrário, se nos rendermos à vida confortável, isso traria nossa alma ao nível da carne e a tornaria carnal. Com o Espírito, se pertence a Cristo, a alma é possuída por Cristo. Com o Espírito a carne é crucificada e experimentamos o sabor de uma vida imortal”. (Commentarii in Romanos 13).

O Evangelho (Jo 11, 1-45) narra o episódio da Ressurreição de Lázaro. Este importante relato mostra a realização de um dos milagres mais importantes realizado por Jesus, onde vem mostrar o poder que Jesus tem sobre a morte, dando prova de sua divindade, confirmando a fé dos seus discípulos e manifestando-se como Ressurreição e Vida.

Aqui encontraremos uma das definições mais importantes que Cristo deu de si mesmo, ao apresentar-se como Ressurreição e Vida. Cristo é a Ressurreição porque sua vitória é a causa de da ressurreição dos homens. Cristo abre para nós as portas da eternidade. O milagre que será realizado na vida do amigo Lázaro é sinal deste poder vivificador de Cristo. Ao mostra-se como Vida, Cristo não se refere somente à vida futura, mas também à vida da Graça, a vida no Espírito.

O prefácio da Celebração Eucarística de hoje já aponta para o tema central tratado pelo Evangelho: O Senhor Jesus Cristo, Verdadeiro Homem, chorou o amigo Lázaro. Deus vivo e eterno, Ele o ressuscitou tirando-o do túmulo. Compadecendo-se da humanidade que jaz na morte do pecado, por seus santos mistérios Ele nos eleva ao Reino da vida nova. Somos chamados a ressuscitar com Cristo. Cremos na vida eterna e na ressurreição da carne. Mas enquanto não chega o nosso momento, somos chamados a viver uma vida de homens e mulheres novos no dia a dia de nossas vidas.
O Senhor vem ao nosso encontro no meio dos desesperos da nossa vida. O pecado, que nos leva à morte e à separação de Deus, é vencido por Aquele que é a verdadeira vida.

Essa certeza deve nos animar cada vez mais em nossa vida, a certeza de que a última palavra sempre é dada pelo poder e pela ação de Deus que pode todas as coisas. Confiemos no poder de Deus.

Anunciemos, principalmente através do cuidado com o outro esta realidade que o Senhor nos traz. Ser batizado é estar com Cristo e viver uma nova vida. Estando às vésperas da semana santa, saibamos caminhar e viver com alegria, generosidade e disponibilidade esse tempo favorável e esse tempo de luta que estamos enfrentando.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro


 
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Creio que és o Filho de Deus

29/03/2020 00:00

A quaresma deste ano de 2020 nos pede seguir por caminhos de penitência que não esperávamos, mas que com fé e confiança queremos trilhá-lo. Permanecemos unidos em oração por este momento de calamidade que estamos vivenciando, fazendo cada vez mais vivos os objetivos da campanha da fraternidade, que nos chamam a um especial compromisso com a vida, inspirados na passagem do bom samaritano que, ao ver o homem caído e ferido à beira do caminho, Viu, sentiu compaixão e cuidou dele (Lc 10, 33-34).

Com este domingo, fechamos as três grandes “catequeses batismais” do Evangelho de João, que conduzem a liturgia da Quaresma. São: a história da Samaritana (Jo 4), a do cego de nascença (Jo 9) e a de Lázaro (Jo 11). Neste final de semana, o assunto é a história de Lázaro (João 11), que anuncia a vida nova do cristão, e a ressurreição trazida por Cristo, ele que é a ressurreição e a vida.

Na primeira leitura, a profecia de Ezequiel (Ez 37,12-14) nos anuncia a promessa de ressurreição: a primeira delas em todo o Antigo Testamento. A promessa de abrir as vossas sepulturas ilumina a realidade física que será relatada no milagre narrado no Evangelho e traz também uma dimensão espiritual que será realizada ao longo da vida cristã, seja pelo sacramento do batismo, seja pelo sacramento da reconciliação ou também pela realidade da conversão, onde a ressurreição da alma acontece. Vale a pena citar a referência que o Catecismo (n. 715) faz a esta passagem, falando da renovação dos corações pela ação do Espírito: Segundo estas promessas, nos ‘últimos tempos’ o Espírito do Senhor há de renovar o coração dos homens, gravando neles uma lei nova; reunirá e reconciliará os povos dispersos e divididos; transformará a primeira criação e Deus habitará nela com os homens, na paz.

Como resposta a esta proclamação da primeira leitura, o salmo vem apresentar como oração um grito de esperança e confiança: No Senhor ponho a minha esperança, espero em sua Palavra. A iniciativa na ordem da Graça é sempre de Deus. Mesmo contando com a colaboração humana, que consiste em esperar e confiar, a iniciativa da salvação e do dom da fé é sempre de Deus. Por isso o salmista coloca sua confiança na ação de Deus. Vale relembrar aqui uma importante oração da tradição da Igreja que assim diz: “Inspirai as nossas ações, Senhor, e as acompanhai com vossa ajuda, para que cada uma de nossas palavras e atos tenha em Vós seu início e em Vós o seu cumprimento”.

Já a segunda leitura, a Carta aos Romanos (Rm 8,8-11), anuncia a vida segundo o Espírito, referindo-se à vida nova de conversão de todo cristão. Este Espírito é quem há de trazer a vida da alma para todos aqueles que o pedirem com fé. São João Crisóstomo, ao comentar esta passagem da Carta aos Romanos, assim diz: «É necessário nos submetermos ao Espírito, nos rendermos de coração e nos esforçarmos para manter a carne em seu devido lugar. Dessa maneira, nossa carne se tornará espiritual. Pelo contrário, se nos rendermos à vida confortável, isso traria nossa alma ao nível da carne e a tornaria carnal. Com o Espírito, se pertence a Cristo, a alma é possuída por Cristo. Com o Espírito a carne é crucificada e experimentamos o sabor de uma vida imortal”. (Commentarii in Romanos 13).

O Evangelho (Jo 11, 1-45) narra o episódio da Ressurreição de Lázaro. Este importante relato mostra a realização de um dos milagres mais importantes realizado por Jesus, onde vem mostrar o poder que Jesus tem sobre a morte, dando prova de sua divindade, confirmando a fé dos seus discípulos e manifestando-se como Ressurreição e Vida.

Aqui encontraremos uma das definições mais importantes que Cristo deu de si mesmo, ao apresentar-se como Ressurreição e Vida. Cristo é a Ressurreição porque sua vitória é a causa de da ressurreição dos homens. Cristo abre para nós as portas da eternidade. O milagre que será realizado na vida do amigo Lázaro é sinal deste poder vivificador de Cristo. Ao mostra-se como Vida, Cristo não se refere somente à vida futura, mas também à vida da Graça, a vida no Espírito.

O prefácio da Celebração Eucarística de hoje já aponta para o tema central tratado pelo Evangelho: O Senhor Jesus Cristo, Verdadeiro Homem, chorou o amigo Lázaro. Deus vivo e eterno, Ele o ressuscitou tirando-o do túmulo. Compadecendo-se da humanidade que jaz na morte do pecado, por seus santos mistérios Ele nos eleva ao Reino da vida nova. Somos chamados a ressuscitar com Cristo. Cremos na vida eterna e na ressurreição da carne. Mas enquanto não chega o nosso momento, somos chamados a viver uma vida de homens e mulheres novos no dia a dia de nossas vidas.
O Senhor vem ao nosso encontro no meio dos desesperos da nossa vida. O pecado, que nos leva à morte e à separação de Deus, é vencido por Aquele que é a verdadeira vida.

Essa certeza deve nos animar cada vez mais em nossa vida, a certeza de que a última palavra sempre é dada pelo poder e pela ação de Deus que pode todas as coisas. Confiemos no poder de Deus.

Anunciemos, principalmente através do cuidado com o outro esta realidade que o Senhor nos traz. Ser batizado é estar com Cristo e viver uma nova vida. Estando às vésperas da semana santa, saibamos caminhar e viver com alegria, generosidade e disponibilidade esse tempo favorável e esse tempo de luta que estamos enfrentando.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro


 
Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro