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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Tempo de conversão

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08/03/2020 00:00

Tempo de conversão 0

08/03/2020 00:00

A conversão é fruto de uma das virtudes quaresmais que é a penitência. Esta indica mudança de vida: entrarmos de um jeito na Quaresma (chamados à conversão) e sairmos de outro (com o coração transformado). Deixarmos de lado aqueles pecados que trazemos e entregá-los na cruz onde Jesus Cristo deu a vida por nós, e que celebramos, especialmente, na Sexta-feira Santa. E ressuscitar com Ele para uma vida nova na Páscoa, lavados pela água do batismo (cujas promessas renovaremos no sábado santo) e transformados como homens novos. 

O essencial deste tempo quaresmal que iniciamos na Quarta-feira de Cinzas é o convite à penitência. Por isso, os sacerdotes usam os paramentos na cor roxa, convidando-nos para este tempo de conversão. Toda a liturgia da Igreja se simplifica para que possamos nos concentrar no que é essencial. A Igreja nos recomenda, de modo especial, que façamos a confissão auricular para podermos celebrar de coração puro a Páscoa. Na vida todos devem ter o direito a uma outra chance e deixar os erros passados para trás, construindo, assim, uma nova história. Deus faz conosco, nos reconstrói na nossa ferida e nos dá uma nova chance, para voltarmos e fazer diferente. Esse é o caminho de conversão.

É proporcionado a nós os 40 dias para refletirmos os caminhos que estamos andando e trilhar novos. Por isso, a palavra conversão. Escolhemos um novo caminho para a nossa vida livre da mancha do pecado, visando à santidade. E essa é a proposta desse tempo quaresmal. Isso é conversão. Mudarmos o caminho. Tomarmos a direção proposta pelo próprio Cristo. Pois Ele mesmo é o caminho, a verdade e a vida.

A conversão pode ser definida como um ato consciente de uma pessoa regenerada, no qual ela se volta para Deus em arrependimento e fé. Observe que há dois movimentos presentes na conversão: um movimento de afastamento do pecado, caracterizado pelo arrependimento, e um movimento de aproximação de Deus, caracterizado pela fé. Deus fica feliz quando nos arrependemos de nossos pecados, nos confessamos diante do sacerdote e buscamos uma vida nova.

O Papa Francisco nos pede que retomemos o costume noturno do exame de consciência: “Fazer todas as noites o ‘exame de consciência’ como uma oração, para averiguar se o que nos moveu durante o dia foi ‘o espírito de Deus ou o espírito do mundo’. É um exercício decisivo na nossa ‘luta espiritual’ que nos leva a ‘ compreender o coração’ e ‘o sentido de Cristo’, sugeriu o Papa, recordando que ‘o coração do homem é como um campo de batalha’ no qual se enfrentam continuamente ‘o espírito de Deus, que nos leva às obras boas, à caridade, à fraternidade e o espírito do mundo’ que, ao contrário, ‘nos leva à vaidade, ao orgulho, à suficiência, ao mexerico’”. (cf. http://www.vatican.va/content/francesco/pt/cotidie/2018/documents/papa-francesco-cotidie_20180904_exame-consciencia.html, último acesso em 14 de fevereiro de 2020.)

A conversão deve ser contínua, porém, existem momentos importantes e decisivos de tomada de consciência e de presença da graça de Deus: lembremos do que aconteceu com Paulo no caminho para Damasco. O que acontece com São Paulo é uma mudança de postura, de perseguidor a Cristo de quem ele se torna seguidor. “Enquanto isso, Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao príncipe dos sacerdotes e pediu-lhes cartas para as sinagogas de Damasco, com a finalidade de levar presos a Jerusalém todos os homens e mulheres que seguissem essa doutrina. Durante a viagem, estando já em Damasco, subitamente o cercou uma luz resplandecente vinda do céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’. Saulo então diz: ‘Quem és, Senhor?’. Respondeu Ele: ‘Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão’. Trêmulo e atônito, disse Saulo: ‘Senhor, que queres que eu faça?’ respondeu-lhe o Senhor: ‘Levanta-te, entra na cidade, aí te será dito o que deves fazer'”. (Cf At 9)

Ele tem uma visão teofânica, ou seja, ele sente a presença de Deus em sua vida, do Senhor o chamando para uma nova vida, deixando de lado a vida de pecado e promíscua, para uma nova vida na Graça de Deus. Assim é Deus conosco, nos toma pela mão e nos conduz para um caminho de conversão. Ou assim como Paulo, Deus enviou alguém para tomá-lo pela mão e mostrar o caminho da salvação. Acontece conosco também: aparecem pessoas que são instrumentos de Deus na nossa vida e nos encaminham para o caminho de conversão.

Assim como aconteceu com São Paulo, muitos podem não acreditar na nossa mudança, mas o que mais importa é que Deus saiba a mudança que ocorreu em nós e o nosso esforço para que essa mudança de vida acontecesse.

Gostaria de compartilhar um exame de consciência para que olhando para dentro de cada um de nós procuremos uma confissão bem-feita e uma mudança de vida na busca da vivência da santidade. Por isso, acesse o endereço https://www.comshalom.org/exame-de-consciencia/ e faça uma excelente preparação para a sua confissão auricular.

Portanto, fiquemos firmes em Deus. Se tem algo para mudar em nós, que aconteça agora neste tempo propício em que somos chamados à conversão, à mudança de vida. Que no final dessa Santa Quaresma possamos ser pessoas novas, transformadas pela graça de Deus. Aproximemo-nos sem medo do Sacramento da Confissão, para nos libertamos dos nossos pecados.

Assim, sendo pautados pelas virtudes quaresmais do jejum, oração e esmola, se abra para nós o caminho de conversão que Deus nos proporciona.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ




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08/03/2020 00:00

A conversão é fruto de uma das virtudes quaresmais que é a penitência. Esta indica mudança de vida: entrarmos de um jeito na Quaresma (chamados à conversão) e sairmos de outro (com o coração transformado). Deixarmos de lado aqueles pecados que trazemos e entregá-los na cruz onde Jesus Cristo deu a vida por nós, e que celebramos, especialmente, na Sexta-feira Santa. E ressuscitar com Ele para uma vida nova na Páscoa, lavados pela água do batismo (cujas promessas renovaremos no sábado santo) e transformados como homens novos. 

O essencial deste tempo quaresmal que iniciamos na Quarta-feira de Cinzas é o convite à penitência. Por isso, os sacerdotes usam os paramentos na cor roxa, convidando-nos para este tempo de conversão. Toda a liturgia da Igreja se simplifica para que possamos nos concentrar no que é essencial. A Igreja nos recomenda, de modo especial, que façamos a confissão auricular para podermos celebrar de coração puro a Páscoa. Na vida todos devem ter o direito a uma outra chance e deixar os erros passados para trás, construindo, assim, uma nova história. Deus faz conosco, nos reconstrói na nossa ferida e nos dá uma nova chance, para voltarmos e fazer diferente. Esse é o caminho de conversão.

É proporcionado a nós os 40 dias para refletirmos os caminhos que estamos andando e trilhar novos. Por isso, a palavra conversão. Escolhemos um novo caminho para a nossa vida livre da mancha do pecado, visando à santidade. E essa é a proposta desse tempo quaresmal. Isso é conversão. Mudarmos o caminho. Tomarmos a direção proposta pelo próprio Cristo. Pois Ele mesmo é o caminho, a verdade e a vida.

A conversão pode ser definida como um ato consciente de uma pessoa regenerada, no qual ela se volta para Deus em arrependimento e fé. Observe que há dois movimentos presentes na conversão: um movimento de afastamento do pecado, caracterizado pelo arrependimento, e um movimento de aproximação de Deus, caracterizado pela fé. Deus fica feliz quando nos arrependemos de nossos pecados, nos confessamos diante do sacerdote e buscamos uma vida nova.

O Papa Francisco nos pede que retomemos o costume noturno do exame de consciência: “Fazer todas as noites o ‘exame de consciência’ como uma oração, para averiguar se o que nos moveu durante o dia foi ‘o espírito de Deus ou o espírito do mundo’. É um exercício decisivo na nossa ‘luta espiritual’ que nos leva a ‘ compreender o coração’ e ‘o sentido de Cristo’, sugeriu o Papa, recordando que ‘o coração do homem é como um campo de batalha’ no qual se enfrentam continuamente ‘o espírito de Deus, que nos leva às obras boas, à caridade, à fraternidade e o espírito do mundo’ que, ao contrário, ‘nos leva à vaidade, ao orgulho, à suficiência, ao mexerico’”. (cf. http://www.vatican.va/content/francesco/pt/cotidie/2018/documents/papa-francesco-cotidie_20180904_exame-consciencia.html, último acesso em 14 de fevereiro de 2020.)

A conversão deve ser contínua, porém, existem momentos importantes e decisivos de tomada de consciência e de presença da graça de Deus: lembremos do que aconteceu com Paulo no caminho para Damasco. O que acontece com São Paulo é uma mudança de postura, de perseguidor a Cristo de quem ele se torna seguidor. “Enquanto isso, Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao príncipe dos sacerdotes e pediu-lhes cartas para as sinagogas de Damasco, com a finalidade de levar presos a Jerusalém todos os homens e mulheres que seguissem essa doutrina. Durante a viagem, estando já em Damasco, subitamente o cercou uma luz resplandecente vinda do céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’. Saulo então diz: ‘Quem és, Senhor?’. Respondeu Ele: ‘Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão’. Trêmulo e atônito, disse Saulo: ‘Senhor, que queres que eu faça?’ respondeu-lhe o Senhor: ‘Levanta-te, entra na cidade, aí te será dito o que deves fazer'”. (Cf At 9)

Ele tem uma visão teofânica, ou seja, ele sente a presença de Deus em sua vida, do Senhor o chamando para uma nova vida, deixando de lado a vida de pecado e promíscua, para uma nova vida na Graça de Deus. Assim é Deus conosco, nos toma pela mão e nos conduz para um caminho de conversão. Ou assim como Paulo, Deus enviou alguém para tomá-lo pela mão e mostrar o caminho da salvação. Acontece conosco também: aparecem pessoas que são instrumentos de Deus na nossa vida e nos encaminham para o caminho de conversão.

Assim como aconteceu com São Paulo, muitos podem não acreditar na nossa mudança, mas o que mais importa é que Deus saiba a mudança que ocorreu em nós e o nosso esforço para que essa mudança de vida acontecesse.

Gostaria de compartilhar um exame de consciência para que olhando para dentro de cada um de nós procuremos uma confissão bem-feita e uma mudança de vida na busca da vivência da santidade. Por isso, acesse o endereço https://www.comshalom.org/exame-de-consciencia/ e faça uma excelente preparação para a sua confissão auricular.

Portanto, fiquemos firmes em Deus. Se tem algo para mudar em nós, que aconteça agora neste tempo propício em que somos chamados à conversão, à mudança de vida. Que no final dessa Santa Quaresma possamos ser pessoas novas, transformadas pela graça de Deus. Aproximemo-nos sem medo do Sacramento da Confissão, para nos libertamos dos nossos pecados.

Assim, sendo pautados pelas virtudes quaresmais do jejum, oração e esmola, se abra para nós o caminho de conversão que Deus nos proporciona.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ




Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro