02 de Fevereiro de 2025
Sal e luz
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Uma vez concluída a etapa do ciclo do Natal, os nossos olhos se voltam para o ciclo pascal que se inicia com a Quaresma. Enquanto isso, o Tempo Comum continua a nos alimentar com a Liturgia de cada dia, e já chegamos ao 5º domingo desse tempo. A Liturgia tem nos apresentado frequentemente nos últimos domingos o tema da Luz, a Luz que é Jesus Cristo e que deve brilhar nos corações e nas vidas de todos os homens. Também neste Domingo, o quinto do Tempo Comum, quando vamos continuar a leitura do Sermão da Montanha, a partir do relato de São Mateus (no domingo anterior não lemos o início, devido à festa da Apresentação do Senhor), a presença do simbolismo da luz vai se fazer notar. Na semana passada, quando tivemos uma celebração especial, com a Festa da Apresentação do Senhor, este foi apresentado como Luz para todas as nações, segundo a Oração de Simeão. Neste domingo, o Sermão da Montanha prossegue apresentando sua proposta, mostrando quem é esse Homem Novo, este que acolhe Jesus Cristo, que vive caminhando com Ele e como este é chamado a viver neste mundo.
Somos convidados a ver este Novo Homem, que é chamado a seguir o Verbo que se fez carne e que é Luz para iluminar as nações. O Evangelho (Mt 5,13-16) contempla dois temas para nossa reflexão e para aprofundar nossa vivência do seguimento de Jesus: Vós sois o sal da terra e vós sois a Luz do Mundo. A Palavra de Deus vem nos apresentar uma nova perspectiva em relação à Luz do Mundo, que é Cristo: temos o chamado não só de sermos iluminados por Cristo, mas também de iluminar a vida das pessoas que encontrarmos e dos caminhos que trilharmos, não por nossa própria capacidade, mas deixando que a nossa configuração com Cristo produza isso em nós. Podemos utilizar a analogia da Lua: a Lua não tem luz própria. Ela reflete a luz do sol. Assim, nós cristãos: seremos Sal da Terra e Luz do mundo a partir daquilo que a Graça de Deus realizar em nós. Só poderemos comunicar essa Luz se estivermos próximos dessa Luz e deixarmos que essa Graça transforme nossas vidas. Só assim daremos sentido à vida da sociedade: iluminando-a com a Luz de Cristo.
Quando olhamos para a outra imagem apresentada pelo Evangelho, a imagem do sal: Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens (Mt 5, 13).
Isso nos recorda de que o sal serve para conservar e para dar sabor aos alimentos. Se a Igreja não assume continuamente sua missão de dar sentido e sabor à vida dos homens a partir da Herança de Cristo, não existe mais sentido em sua existência. Vira uma mera instituição humana, uma ONG.
“Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim, num candeeiro, onde brilha para todos que estão na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus (Mt 5, 14-16).
O Senhor nos dá uma grande missão que humanamente falando não seríamos capazes de realizá-la. Mas, pela Graça de Deus e pela ação do Espírito, poderemos levar adiante a obra que o Senhor espera de nós e nos confia. Deus faz com que as coisas aconteçam em nossa vida, para que os homens de hoje e sempre percebam que a vida vale a pena ser vivida, quando ela tem sabor e é iluminada. Nossa missão evangelizadora está exatamente aí: não permanecermos escondidos, mas que sejamos comunicadores da boa nova da salvação. A Igreja enquanto continuadora da Encarnação, vai espalhando as maravilhas de Deus em meio aos homens.
A Palavra de Deus também nos fala por meio da leitura do livro do profeta Isaías (Is 58, 7-10), que nossa vida precisa de gestos concretos, para que possa se tornar salda terra e luz do mundo:
Assim, diz o Senhor: Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. Então, invocarás o Senhor e Ele te atenderá, pedirás socorro, e Ele dirá: 'Eis-me aqui'. Se destruíres teus instrumentos de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa; se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia.
São apresentados gestos concretos de amor ao próximo, que manifestam a identidade dos bem-aventurados, daqueles que configuram suas vidas a Cristo. O que fizermos ao menos de nossos irmãos, estamos fazendo ao próprio Cristo. O Brilho da Luz de Cristo em nós vem como consequência de irmos ao Seu encontro na pessoa do pobre e do necessitado, é a consequência do Evangelho.
No refrão do Salmo de resposta, Salmo 11, assim proclamamos:
Uma luz brilha nas trevas para o justo, permanece para sempre o bem que fez. E o Salmo continua dizendo: Ele é correto, generoso e compassivo, como luz brilha nas trevas para os justos. Feliz o homem caridoso e prestativo, que resolve seus negócios com justiça. Porque jamais vacilará o homem reto, sua lembrança permanece eternamente.
A Palavra de Deus é muito clara para nós: somos chamados a seguir Jesus Cristo, viver uma vida de conversão e de fraternidade. É nossa missão sermos portadores do bem, já que são tantos os que conhecemos e que testemunhamos como semeadores do mal. É curioso observar que desde o início a Igreja teve uma atenção especial com os pobres e necessitados, sendo esta atitude consequência da ação da Graça em nós, consequência do amor de Deus para conosco.
A Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 2,1-5), segunda leitura deste domingo nos ilumina:
Irmãos, quando fui à vossa cidade anunciar-vos o mistério de Deus, não recorri a uma linguagem elevada ou ao prestígio da sabedoria humana. Pois, entre vós, não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. Aliás, eu estive junto de vós, com fraqueza e receio, e muito tremor. Também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria dos homens.
O poder de Deus se manifesta e aparece na simplicidade de vida e na simplicidade das palavras. Que pela simplicidade de vida sejamos sal da terra e luz do mundo e que a Palavra de Deus permeie toda a nossa vida.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
Somos convidados a ver este Novo Homem, que é chamado a seguir o Verbo que se fez carne e que é Luz para iluminar as nações. O Evangelho (Mt 5,13-16) contempla dois temas para nossa reflexão e para aprofundar nossa vivência do seguimento de Jesus: Vós sois o sal da terra e vós sois a Luz do Mundo. A Palavra de Deus vem nos apresentar uma nova perspectiva em relação à Luz do Mundo, que é Cristo: temos o chamado não só de sermos iluminados por Cristo, mas também de iluminar a vida das pessoas que encontrarmos e dos caminhos que trilharmos, não por nossa própria capacidade, mas deixando que a nossa configuração com Cristo produza isso em nós. Podemos utilizar a analogia da Lua: a Lua não tem luz própria. Ela reflete a luz do sol. Assim, nós cristãos: seremos Sal da Terra e Luz do mundo a partir daquilo que a Graça de Deus realizar em nós. Só poderemos comunicar essa Luz se estivermos próximos dessa Luz e deixarmos que essa Graça transforme nossas vidas. Só assim daremos sentido à vida da sociedade: iluminando-a com a Luz de Cristo.
Quando olhamos para a outra imagem apresentada pelo Evangelho, a imagem do sal: Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens (Mt 5, 13).
Isso nos recorda de que o sal serve para conservar e para dar sabor aos alimentos. Se a Igreja não assume continuamente sua missão de dar sentido e sabor à vida dos homens a partir da Herança de Cristo, não existe mais sentido em sua existência. Vira uma mera instituição humana, uma ONG.
“Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim, num candeeiro, onde brilha para todos que estão na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus (Mt 5, 14-16).
O Senhor nos dá uma grande missão que humanamente falando não seríamos capazes de realizá-la. Mas, pela Graça de Deus e pela ação do Espírito, poderemos levar adiante a obra que o Senhor espera de nós e nos confia. Deus faz com que as coisas aconteçam em nossa vida, para que os homens de hoje e sempre percebam que a vida vale a pena ser vivida, quando ela tem sabor e é iluminada. Nossa missão evangelizadora está exatamente aí: não permanecermos escondidos, mas que sejamos comunicadores da boa nova da salvação. A Igreja enquanto continuadora da Encarnação, vai espalhando as maravilhas de Deus em meio aos homens.
A Palavra de Deus também nos fala por meio da leitura do livro do profeta Isaías (Is 58, 7-10), que nossa vida precisa de gestos concretos, para que possa se tornar salda terra e luz do mundo:
Assim, diz o Senhor: Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. Então, invocarás o Senhor e Ele te atenderá, pedirás socorro, e Ele dirá: 'Eis-me aqui'. Se destruíres teus instrumentos de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa; se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia.
São apresentados gestos concretos de amor ao próximo, que manifestam a identidade dos bem-aventurados, daqueles que configuram suas vidas a Cristo. O que fizermos ao menos de nossos irmãos, estamos fazendo ao próprio Cristo. O Brilho da Luz de Cristo em nós vem como consequência de irmos ao Seu encontro na pessoa do pobre e do necessitado, é a consequência do Evangelho.
No refrão do Salmo de resposta, Salmo 11, assim proclamamos:
Uma luz brilha nas trevas para o justo, permanece para sempre o bem que fez. E o Salmo continua dizendo: Ele é correto, generoso e compassivo, como luz brilha nas trevas para os justos. Feliz o homem caridoso e prestativo, que resolve seus negócios com justiça. Porque jamais vacilará o homem reto, sua lembrança permanece eternamente.
A Palavra de Deus é muito clara para nós: somos chamados a seguir Jesus Cristo, viver uma vida de conversão e de fraternidade. É nossa missão sermos portadores do bem, já que são tantos os que conhecemos e que testemunhamos como semeadores do mal. É curioso observar que desde o início a Igreja teve uma atenção especial com os pobres e necessitados, sendo esta atitude consequência da ação da Graça em nós, consequência do amor de Deus para conosco.
A Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 2,1-5), segunda leitura deste domingo nos ilumina:
Irmãos, quando fui à vossa cidade anunciar-vos o mistério de Deus, não recorri a uma linguagem elevada ou ao prestígio da sabedoria humana. Pois, entre vós, não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. Aliás, eu estive junto de vós, com fraqueza e receio, e muito tremor. Também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria dos homens.
O poder de Deus se manifesta e aparece na simplicidade de vida e na simplicidade das palavras. Que pela simplicidade de vida sejamos sal da terra e luz do mundo e que a Palavra de Deus permeie toda a nossa vida.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
Sal e luz
07/02/2020 18:01
Uma vez concluída a etapa do ciclo do Natal, os nossos olhos se voltam para o ciclo pascal que se inicia com a Quaresma. Enquanto isso, o Tempo Comum continua a nos alimentar com a Liturgia de cada dia, e já chegamos ao 5º domingo desse tempo. A Liturgia tem nos apresentado frequentemente nos últimos domingos o tema da Luz, a Luz que é Jesus Cristo e que deve brilhar nos corações e nas vidas de todos os homens. Também neste Domingo, o quinto do Tempo Comum, quando vamos continuar a leitura do Sermão da Montanha, a partir do relato de São Mateus (no domingo anterior não lemos o início, devido à festa da Apresentação do Senhor), a presença do simbolismo da luz vai se fazer notar. Na semana passada, quando tivemos uma celebração especial, com a Festa da Apresentação do Senhor, este foi apresentado como Luz para todas as nações, segundo a Oração de Simeão. Neste domingo, o Sermão da Montanha prossegue apresentando sua proposta, mostrando quem é esse Homem Novo, este que acolhe Jesus Cristo, que vive caminhando com Ele e como este é chamado a viver neste mundo.
Somos convidados a ver este Novo Homem, que é chamado a seguir o Verbo que se fez carne e que é Luz para iluminar as nações. O Evangelho (Mt 5,13-16) contempla dois temas para nossa reflexão e para aprofundar nossa vivência do seguimento de Jesus: Vós sois o sal da terra e vós sois a Luz do Mundo. A Palavra de Deus vem nos apresentar uma nova perspectiva em relação à Luz do Mundo, que é Cristo: temos o chamado não só de sermos iluminados por Cristo, mas também de iluminar a vida das pessoas que encontrarmos e dos caminhos que trilharmos, não por nossa própria capacidade, mas deixando que a nossa configuração com Cristo produza isso em nós. Podemos utilizar a analogia da Lua: a Lua não tem luz própria. Ela reflete a luz do sol. Assim, nós cristãos: seremos Sal da Terra e Luz do mundo a partir daquilo que a Graça de Deus realizar em nós. Só poderemos comunicar essa Luz se estivermos próximos dessa Luz e deixarmos que essa Graça transforme nossas vidas. Só assim daremos sentido à vida da sociedade: iluminando-a com a Luz de Cristo.
Quando olhamos para a outra imagem apresentada pelo Evangelho, a imagem do sal: Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens (Mt 5, 13).
Isso nos recorda de que o sal serve para conservar e para dar sabor aos alimentos. Se a Igreja não assume continuamente sua missão de dar sentido e sabor à vida dos homens a partir da Herança de Cristo, não existe mais sentido em sua existência. Vira uma mera instituição humana, uma ONG.
“Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim, num candeeiro, onde brilha para todos que estão na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus (Mt 5, 14-16).
O Senhor nos dá uma grande missão que humanamente falando não seríamos capazes de realizá-la. Mas, pela Graça de Deus e pela ação do Espírito, poderemos levar adiante a obra que o Senhor espera de nós e nos confia. Deus faz com que as coisas aconteçam em nossa vida, para que os homens de hoje e sempre percebam que a vida vale a pena ser vivida, quando ela tem sabor e é iluminada. Nossa missão evangelizadora está exatamente aí: não permanecermos escondidos, mas que sejamos comunicadores da boa nova da salvação. A Igreja enquanto continuadora da Encarnação, vai espalhando as maravilhas de Deus em meio aos homens.
A Palavra de Deus também nos fala por meio da leitura do livro do profeta Isaías (Is 58, 7-10), que nossa vida precisa de gestos concretos, para que possa se tornar salda terra e luz do mundo:
Assim, diz o Senhor: Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. Então, invocarás o Senhor e Ele te atenderá, pedirás socorro, e Ele dirá: 'Eis-me aqui'. Se destruíres teus instrumentos de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa; se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia.
São apresentados gestos concretos de amor ao próximo, que manifestam a identidade dos bem-aventurados, daqueles que configuram suas vidas a Cristo. O que fizermos ao menos de nossos irmãos, estamos fazendo ao próprio Cristo. O Brilho da Luz de Cristo em nós vem como consequência de irmos ao Seu encontro na pessoa do pobre e do necessitado, é a consequência do Evangelho.
No refrão do Salmo de resposta, Salmo 11, assim proclamamos:
Uma luz brilha nas trevas para o justo, permanece para sempre o bem que fez. E o Salmo continua dizendo: Ele é correto, generoso e compassivo, como luz brilha nas trevas para os justos. Feliz o homem caridoso e prestativo, que resolve seus negócios com justiça. Porque jamais vacilará o homem reto, sua lembrança permanece eternamente.
A Palavra de Deus é muito clara para nós: somos chamados a seguir Jesus Cristo, viver uma vida de conversão e de fraternidade. É nossa missão sermos portadores do bem, já que são tantos os que conhecemos e que testemunhamos como semeadores do mal. É curioso observar que desde o início a Igreja teve uma atenção especial com os pobres e necessitados, sendo esta atitude consequência da ação da Graça em nós, consequência do amor de Deus para conosco.
A Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 2,1-5), segunda leitura deste domingo nos ilumina:
Irmãos, quando fui à vossa cidade anunciar-vos o mistério de Deus, não recorri a uma linguagem elevada ou ao prestígio da sabedoria humana. Pois, entre vós, não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. Aliás, eu estive junto de vós, com fraqueza e receio, e muito tremor. Também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria dos homens.
O poder de Deus se manifesta e aparece na simplicidade de vida e na simplicidade das palavras. Que pela simplicidade de vida sejamos sal da terra e luz do mundo e que a Palavra de Deus permeie toda a nossa vida.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
Somos convidados a ver este Novo Homem, que é chamado a seguir o Verbo que se fez carne e que é Luz para iluminar as nações. O Evangelho (Mt 5,13-16) contempla dois temas para nossa reflexão e para aprofundar nossa vivência do seguimento de Jesus: Vós sois o sal da terra e vós sois a Luz do Mundo. A Palavra de Deus vem nos apresentar uma nova perspectiva em relação à Luz do Mundo, que é Cristo: temos o chamado não só de sermos iluminados por Cristo, mas também de iluminar a vida das pessoas que encontrarmos e dos caminhos que trilharmos, não por nossa própria capacidade, mas deixando que a nossa configuração com Cristo produza isso em nós. Podemos utilizar a analogia da Lua: a Lua não tem luz própria. Ela reflete a luz do sol. Assim, nós cristãos: seremos Sal da Terra e Luz do mundo a partir daquilo que a Graça de Deus realizar em nós. Só poderemos comunicar essa Luz se estivermos próximos dessa Luz e deixarmos que essa Graça transforme nossas vidas. Só assim daremos sentido à vida da sociedade: iluminando-a com a Luz de Cristo.
Quando olhamos para a outra imagem apresentada pelo Evangelho, a imagem do sal: Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens (Mt 5, 13).
Isso nos recorda de que o sal serve para conservar e para dar sabor aos alimentos. Se a Igreja não assume continuamente sua missão de dar sentido e sabor à vida dos homens a partir da Herança de Cristo, não existe mais sentido em sua existência. Vira uma mera instituição humana, uma ONG.
“Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim, num candeeiro, onde brilha para todos que estão na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus (Mt 5, 14-16).
O Senhor nos dá uma grande missão que humanamente falando não seríamos capazes de realizá-la. Mas, pela Graça de Deus e pela ação do Espírito, poderemos levar adiante a obra que o Senhor espera de nós e nos confia. Deus faz com que as coisas aconteçam em nossa vida, para que os homens de hoje e sempre percebam que a vida vale a pena ser vivida, quando ela tem sabor e é iluminada. Nossa missão evangelizadora está exatamente aí: não permanecermos escondidos, mas que sejamos comunicadores da boa nova da salvação. A Igreja enquanto continuadora da Encarnação, vai espalhando as maravilhas de Deus em meio aos homens.
A Palavra de Deus também nos fala por meio da leitura do livro do profeta Isaías (Is 58, 7-10), que nossa vida precisa de gestos concretos, para que possa se tornar salda terra e luz do mundo:
Assim, diz o Senhor: Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. Então, invocarás o Senhor e Ele te atenderá, pedirás socorro, e Ele dirá: 'Eis-me aqui'. Se destruíres teus instrumentos de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa; se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia.
São apresentados gestos concretos de amor ao próximo, que manifestam a identidade dos bem-aventurados, daqueles que configuram suas vidas a Cristo. O que fizermos ao menos de nossos irmãos, estamos fazendo ao próprio Cristo. O Brilho da Luz de Cristo em nós vem como consequência de irmos ao Seu encontro na pessoa do pobre e do necessitado, é a consequência do Evangelho.
No refrão do Salmo de resposta, Salmo 11, assim proclamamos:
Uma luz brilha nas trevas para o justo, permanece para sempre o bem que fez. E o Salmo continua dizendo: Ele é correto, generoso e compassivo, como luz brilha nas trevas para os justos. Feliz o homem caridoso e prestativo, que resolve seus negócios com justiça. Porque jamais vacilará o homem reto, sua lembrança permanece eternamente.
A Palavra de Deus é muito clara para nós: somos chamados a seguir Jesus Cristo, viver uma vida de conversão e de fraternidade. É nossa missão sermos portadores do bem, já que são tantos os que conhecemos e que testemunhamos como semeadores do mal. É curioso observar que desde o início a Igreja teve uma atenção especial com os pobres e necessitados, sendo esta atitude consequência da ação da Graça em nós, consequência do amor de Deus para conosco.
A Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 2,1-5), segunda leitura deste domingo nos ilumina:
Irmãos, quando fui à vossa cidade anunciar-vos o mistério de Deus, não recorri a uma linguagem elevada ou ao prestígio da sabedoria humana. Pois, entre vós, não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. Aliás, eu estive junto de vós, com fraqueza e receio, e muito tremor. Também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria dos homens.
O poder de Deus se manifesta e aparece na simplicidade de vida e na simplicidade das palavras. Que pela simplicidade de vida sejamos sal da terra e luz do mundo e que a Palavra de Deus permeie toda a nossa vida.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
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