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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Sal e luz

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07/02/2020 18:01

Sal e luz 0

07/02/2020 18:01

Uma vez concluída a etapa do ciclo do Natal, os nossos olhos se voltam para o ciclo pascal que se inicia com a Quaresma. Enquanto isso, o Tempo Comum continua a nos alimentar com a Liturgia de cada dia, e já chegamos ao 5º domingo desse tempo. A Liturgia tem nos apresentado frequentemente nos últimos domingos o tema da Luz, a Luz que é Jesus Cristo e que deve brilhar nos corações e nas vidas de todos os homens. Também neste Domingo, o quinto do Tempo Comum, quando vamos continuar a leitura do Sermão da Montanha, a partir do relato de São Mateus (no domingo anterior não lemos o início, devido à festa da Apresentação do Senhor), a presença do simbolismo da luz vai se fazer notar. Na semana passada, quando tivemos uma celebração especial, com a Festa da Apresentação do Senhor, este foi apresentado como Luz para todas as nações, segundo a Oração de Simeão. Neste domingo, o Sermão da Montanha prossegue apresentando sua proposta, mostrando quem é esse Homem Novo, este que acolhe Jesus Cristo, que vive caminhando com Ele e como este é chamado a viver neste mundo.

Somos convidados a ver este Novo Homem, que é chamado a seguir o Verbo que se fez carne e que é Luz para iluminar as nações. O Evangelho (Mt 5,13-16) contempla dois temas para nossa reflexão e para aprofundar nossa vivência do seguimento de Jesus: Vós sois o sal da terra e vós sois a Luz do Mundo. A Palavra de Deus vem nos apresentar uma nova perspectiva em relação à Luz do Mundo, que é Cristo: temos o chamado não só de sermos iluminados por Cristo, mas também de iluminar a vida das pessoas que encontrarmos e dos caminhos que trilharmos, não por nossa própria capacidade, mas deixando que a nossa configuração com Cristo produza isso em nós. Podemos utilizar a analogia da Lua: a Lua não tem luz própria. Ela reflete a luz do sol. Assim, nós cristãos: seremos Sal da Terra e Luz do mundo a partir daquilo que a Graça de Deus realizar em nós. Só poderemos comunicar essa Luz se estivermos próximos dessa Luz e deixarmos que essa Graça transforme nossas vidas. Só assim daremos sentido à vida da sociedade: iluminando-a com a Luz de Cristo.

Quando olhamos para a outra imagem apresentada pelo Evangelho, a imagem do sal: Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens (Mt 5, 13).

Isso nos recorda de que o sal serve para conservar e para dar sabor aos alimentos. Se a Igreja não assume continuamente sua missão de dar sentido e sabor à vida dos homens a partir da Herança de Cristo, não existe mais sentido em sua existência. Vira uma mera instituição humana, uma ONG.
“Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim, num candeeiro, onde brilha para todos que estão na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus (Mt 5, 14-16).

O Senhor nos dá uma grande missão que humanamente falando não seríamos capazes de realizá-la. Mas, pela Graça de Deus e pela ação do Espírito, poderemos levar adiante a obra que o Senhor espera de nós e nos confia. Deus faz com que as coisas aconteçam em nossa vida, para que os homens de hoje e sempre percebam que a vida vale a pena ser vivida, quando ela tem sabor e é iluminada. Nossa missão evangelizadora está exatamente aí: não permanecermos escondidos, mas que sejamos comunicadores da boa nova da salvação. A Igreja enquanto continuadora da Encarnação, vai espalhando as maravilhas de Deus em meio aos homens.

A Palavra de Deus também nos fala por meio da leitura do livro do profeta Isaías (Is 58, 7-10), que nossa vida precisa de gestos concretos, para que possa se tornar salda terra e luz do mundo:

Assim, diz o Senhor: Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. Então, invocarás o Senhor e Ele te atenderá, pedirás socorro, e Ele dirá: 'Eis-me aqui'. Se destruíres teus instrumentos de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa; se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia.

São apresentados gestos concretos de amor ao próximo, que manifestam a identidade dos bem-aventurados, daqueles que configuram suas vidas a Cristo. O que fizermos ao menos de nossos irmãos, estamos fazendo ao próprio Cristo. O Brilho da Luz de Cristo em nós vem como consequência de irmos ao Seu encontro na pessoa do pobre e do necessitado, é a consequência do Evangelho.

No refrão do Salmo de resposta, Salmo 11, assim proclamamos:

Uma luz brilha nas trevas para o justo, permanece para sempre o bem que fez. E o Salmo continua dizendo: Ele é correto, generoso e compassivo, como luz brilha nas trevas para os justos. Feliz o homem caridoso e prestativo, que resolve seus negócios com justiça. Porque jamais vacilará o homem reto, sua lembrança permanece eternamente.

A Palavra de Deus é muito clara para nós: somos chamados a seguir Jesus Cristo, viver uma vida de conversão e de fraternidade. É nossa missão sermos portadores do bem, já que são tantos os que conhecemos e que testemunhamos como semeadores do mal. É curioso observar que desde o início a Igreja teve uma atenção especial com os pobres e necessitados, sendo esta atitude consequência da ação da Graça em nós, consequência do amor de Deus para conosco.

A Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 2,1-5), segunda leitura deste domingo nos ilumina:

Irmãos, quando fui à vossa cidade anunciar-vos o mistério de Deus, não recorri a uma linguagem elevada ou ao prestígio da sabedoria humana. Pois, entre vós, não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. Aliás, eu estive junto de vós, com fraqueza e receio, e muito tremor. Também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria dos homens.

O poder de Deus se manifesta e aparece na simplicidade de vida e na simplicidade das palavras. Que pela simplicidade de vida sejamos sal da terra e luz do mundo e que a Palavra de Deus permeie toda a nossa vida.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro

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07/02/2020 18:01

Uma vez concluída a etapa do ciclo do Natal, os nossos olhos se voltam para o ciclo pascal que se inicia com a Quaresma. Enquanto isso, o Tempo Comum continua a nos alimentar com a Liturgia de cada dia, e já chegamos ao 5º domingo desse tempo. A Liturgia tem nos apresentado frequentemente nos últimos domingos o tema da Luz, a Luz que é Jesus Cristo e que deve brilhar nos corações e nas vidas de todos os homens. Também neste Domingo, o quinto do Tempo Comum, quando vamos continuar a leitura do Sermão da Montanha, a partir do relato de São Mateus (no domingo anterior não lemos o início, devido à festa da Apresentação do Senhor), a presença do simbolismo da luz vai se fazer notar. Na semana passada, quando tivemos uma celebração especial, com a Festa da Apresentação do Senhor, este foi apresentado como Luz para todas as nações, segundo a Oração de Simeão. Neste domingo, o Sermão da Montanha prossegue apresentando sua proposta, mostrando quem é esse Homem Novo, este que acolhe Jesus Cristo, que vive caminhando com Ele e como este é chamado a viver neste mundo.

Somos convidados a ver este Novo Homem, que é chamado a seguir o Verbo que se fez carne e que é Luz para iluminar as nações. O Evangelho (Mt 5,13-16) contempla dois temas para nossa reflexão e para aprofundar nossa vivência do seguimento de Jesus: Vós sois o sal da terra e vós sois a Luz do Mundo. A Palavra de Deus vem nos apresentar uma nova perspectiva em relação à Luz do Mundo, que é Cristo: temos o chamado não só de sermos iluminados por Cristo, mas também de iluminar a vida das pessoas que encontrarmos e dos caminhos que trilharmos, não por nossa própria capacidade, mas deixando que a nossa configuração com Cristo produza isso em nós. Podemos utilizar a analogia da Lua: a Lua não tem luz própria. Ela reflete a luz do sol. Assim, nós cristãos: seremos Sal da Terra e Luz do mundo a partir daquilo que a Graça de Deus realizar em nós. Só poderemos comunicar essa Luz se estivermos próximos dessa Luz e deixarmos que essa Graça transforme nossas vidas. Só assim daremos sentido à vida da sociedade: iluminando-a com a Luz de Cristo.

Quando olhamos para a outra imagem apresentada pelo Evangelho, a imagem do sal: Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens (Mt 5, 13).

Isso nos recorda de que o sal serve para conservar e para dar sabor aos alimentos. Se a Igreja não assume continuamente sua missão de dar sentido e sabor à vida dos homens a partir da Herança de Cristo, não existe mais sentido em sua existência. Vira uma mera instituição humana, uma ONG.
“Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim, num candeeiro, onde brilha para todos que estão na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus (Mt 5, 14-16).

O Senhor nos dá uma grande missão que humanamente falando não seríamos capazes de realizá-la. Mas, pela Graça de Deus e pela ação do Espírito, poderemos levar adiante a obra que o Senhor espera de nós e nos confia. Deus faz com que as coisas aconteçam em nossa vida, para que os homens de hoje e sempre percebam que a vida vale a pena ser vivida, quando ela tem sabor e é iluminada. Nossa missão evangelizadora está exatamente aí: não permanecermos escondidos, mas que sejamos comunicadores da boa nova da salvação. A Igreja enquanto continuadora da Encarnação, vai espalhando as maravilhas de Deus em meio aos homens.

A Palavra de Deus também nos fala por meio da leitura do livro do profeta Isaías (Is 58, 7-10), que nossa vida precisa de gestos concretos, para que possa se tornar salda terra e luz do mundo:

Assim, diz o Senhor: Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. Então, invocarás o Senhor e Ele te atenderá, pedirás socorro, e Ele dirá: 'Eis-me aqui'. Se destruíres teus instrumentos de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa; se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia.

São apresentados gestos concretos de amor ao próximo, que manifestam a identidade dos bem-aventurados, daqueles que configuram suas vidas a Cristo. O que fizermos ao menos de nossos irmãos, estamos fazendo ao próprio Cristo. O Brilho da Luz de Cristo em nós vem como consequência de irmos ao Seu encontro na pessoa do pobre e do necessitado, é a consequência do Evangelho.

No refrão do Salmo de resposta, Salmo 11, assim proclamamos:

Uma luz brilha nas trevas para o justo, permanece para sempre o bem que fez. E o Salmo continua dizendo: Ele é correto, generoso e compassivo, como luz brilha nas trevas para os justos. Feliz o homem caridoso e prestativo, que resolve seus negócios com justiça. Porque jamais vacilará o homem reto, sua lembrança permanece eternamente.

A Palavra de Deus é muito clara para nós: somos chamados a seguir Jesus Cristo, viver uma vida de conversão e de fraternidade. É nossa missão sermos portadores do bem, já que são tantos os que conhecemos e que testemunhamos como semeadores do mal. É curioso observar que desde o início a Igreja teve uma atenção especial com os pobres e necessitados, sendo esta atitude consequência da ação da Graça em nós, consequência do amor de Deus para conosco.

A Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 2,1-5), segunda leitura deste domingo nos ilumina:

Irmãos, quando fui à vossa cidade anunciar-vos o mistério de Deus, não recorri a uma linguagem elevada ou ao prestígio da sabedoria humana. Pois, entre vós, não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. Aliás, eu estive junto de vós, com fraqueza e receio, e muito tremor. Também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria dos homens.

O poder de Deus se manifesta e aparece na simplicidade de vida e na simplicidade das palavras. Que pela simplicidade de vida sejamos sal da terra e luz do mundo e que a Palavra de Deus permeie toda a nossa vida.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro

Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro