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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

Homilia - 2ª Semana do Saltério

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Homilia - 2ª Semana do Saltério

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05/01/2020 19:47

Homilia - 2ª Semana do Saltério 0

05/01/2020 19:47

“Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo”
 
Ainda neste clima que o tempo do Natal nos proporciona, celebramos hoje a Solenidade da Epifania do Senhor. O que vem a ser esta festa? A palavra Epifania, de origem grega, significa “manifestação”. Era uma palavra usada no mundo grego para designar a vinda do soberano à determinada cidade. Esta se tornou, também, a palavra que os cristãos começaram a usar para designar a vinda do Verdadeiro Soberano, do Desejado das Nações, a vinda do Cristo, nosso Senhor e Salvador, que “manifestou-se” a todas as nações na simplicidade da gruta de Belém.

Cristo é aquele que veio para realizar a profecia que hoje a liturgia da Palavra nos apresenta. Na primeira leitura, o profeta Isaías nos diz “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor. Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti (cf. Is 60,1-2).” Cristo é a luz que ilumina Jerusalém. Ele é o rei cantado pelo Salmo 71 que também hoje a Igreja coloca em nossos lábios. Ele é o rei que vem governar os povos com justiça e julgar com equidade os pobres. Cristo é aquele ao qual “todas as nações da terra hão de adorar”.

A segunda leitura, um trecho da carta de São Paulo aos Efésios, nos fala do “mistério”, que é o “plano salvífico de Deus”, antes oculto e agora plenamente manifesto. Esse “mistério” é o próprio Cristo. Seu anúncio, sua Páscoa, a inserção de todos os homens no projeto salvífico do Pai, a abertura das portas da eternidade para todos aqueles que por ela quiserem, pela fé, passar: eis o “mistério” de Deus, seu eterno plano de amor, que agora nos foi revelado em Cristo. A Solenidade da Epifania do Senhor nos faz contemplar esse mistério, no rosto ainda infantil de Nosso Salvador.
O evangelho nos apresenta os magos, que veem no céu um sinal do Rei-Divino que acaba de nascer. Guiados pela estrela, eles vão até Jerusalém e indagam ao rei a respeito deste “novo rei”: “Nós vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.” Esse é o desejo que está no coração dos magos do oriente: adorar o Novo Rei. 

Herodes, no entanto, teme perder o seu reinado. Consulta seus escribas e aponta o caminho até onde deve nascer o novo rei. A estrela continua a conduzir os magos até a gruta de Belém. Ao verem de novo a luz da estrela o coração dos magos se encheu “de uma alegria muito grande”. Ao entrarem na casa e ao verem o menino com Maria, sua mãe, ajoelharam-se diante dele “e o adoraram”. Os povos pagãos, representados na figura destes três magos, adoram o Deus Único e Verdadeiro. Eles abrem seus tesouros e oferecem místicos presentes: ouro, para o rei; incenso, porque esse menino é Deus; mirra, porque Ele vai morrer pelos nossos pecados.

Ao fazer uma leitura espiritual destes textos percebemos as realidades divinas que nos são manifestadas. A Igreja é a verdadeira Jerusalém, que é chamada pelo profeta Isaías a ser luz, porque apareceu sobre ela a glória do Senhor. A Igreja é a luz dos povos porque nela está Aquele que é a Luz. A glória de Deus se manifesta na Igreja. A terra está envolvida em trevas e nuvens escuras cobrem os povos, como ouvimos o profeta dizer. Neste contexto, a Igreja aparece como a estrela que conduziu os magos. Ela reflete a luz do Cristo. Ela reflete uma luz que recebe de um outro astro. E, se deixasse de refletir essa luz, cairia nas trevas. Ela reflete a luz do Cristo, e nunca deixará de refletir essa luz porque Cristo a ela se uniu definitivamente. 

Na tradição cristã, Maria também é designada como uma estrela. Existe um hino antigo onde nós cantamos Ave Maris Stella, Salve Estrela do Mar. Maria reflete a luz d’Aquele que nasceu das suas entranhas. Maria reflete para nós a luz do Salvador. E cada um de nós, cristãos, Igreja viva do Senhor, devemos ser como Maria. Também nós não possuímos uma luz própria. Por isso, precisamos estar sempre voltados para o Cristo, porque Ele é o verdadeiro sol que nasceu das alturas. Precisamos receber sempre da sua luz para podermos ser iluminados e para refletirmos a sua luz, a fim de sermos como a estrela que conduziu os magos; a fim de podermos não com um esplendor nosso, mas como reflexos luminosos da luz do Cristo, apontar o caminho que conduz ao Salvador. 

O Evangelho que hoje nos é proposto nos relata a palavra dos magos: “Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo”. Depois o evangelista nos narra que esse desejo se transformou numa atitude verdadeira de adoração: “Viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram.” Precisamos aprender com estes magos a adorar o Senhor. A oração cristã é, sobretudo, adoração. Devemos pedir ao Espírito Santo que nos ensine a adorar o Senhor. A nossa oração é muitas vezes caracterizada pelo pedir ou pelo suplicar perdão. Essas são também formas de oração. Contudo, a mais sublime delas é a adoração; é o prostrar-se diante de Deus para adorá-lo por aquilo o que Ele é. Na adoração nós não condicionamos a nossa oração. A adoração não está movida pelo desejo de se alcançar algo, mas é um místico reconhecimento de que estamos diante de uma presença que nos supera, de um mistério que não podemos abarcar na sua totalidade com nossa inteligência e, por isso, simplesmente nos prostramos e reconhecemos sua grandeza.

Hoje, adoremos o Senhor. Vamos à assembleia cristã para isso, para adorá-lo! Abramos ao Senhor o místico presente da adoração: ela é um presente para Deus. Que grande graça, podermos oferecer a Deus nosso presente! Não deixemos de fazê-lo. Abramos o tesouro do nosso coração e como os magos vindos do oriente, ofereçamos em Espírito e em Verdade a nossa adoração, a fim de sermos inundados pela luz d’Aquele que nasceu para iluminar a todos quanto andavam nas trevas.

Padre Fábio Siqueira
Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida


 
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05/01/2020 19:47

“Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo”
 
Ainda neste clima que o tempo do Natal nos proporciona, celebramos hoje a Solenidade da Epifania do Senhor. O que vem a ser esta festa? A palavra Epifania, de origem grega, significa “manifestação”. Era uma palavra usada no mundo grego para designar a vinda do soberano à determinada cidade. Esta se tornou, também, a palavra que os cristãos começaram a usar para designar a vinda do Verdadeiro Soberano, do Desejado das Nações, a vinda do Cristo, nosso Senhor e Salvador, que “manifestou-se” a todas as nações na simplicidade da gruta de Belém.

Cristo é aquele que veio para realizar a profecia que hoje a liturgia da Palavra nos apresenta. Na primeira leitura, o profeta Isaías nos diz “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor. Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti (cf. Is 60,1-2).” Cristo é a luz que ilumina Jerusalém. Ele é o rei cantado pelo Salmo 71 que também hoje a Igreja coloca em nossos lábios. Ele é o rei que vem governar os povos com justiça e julgar com equidade os pobres. Cristo é aquele ao qual “todas as nações da terra hão de adorar”.

A segunda leitura, um trecho da carta de São Paulo aos Efésios, nos fala do “mistério”, que é o “plano salvífico de Deus”, antes oculto e agora plenamente manifesto. Esse “mistério” é o próprio Cristo. Seu anúncio, sua Páscoa, a inserção de todos os homens no projeto salvífico do Pai, a abertura das portas da eternidade para todos aqueles que por ela quiserem, pela fé, passar: eis o “mistério” de Deus, seu eterno plano de amor, que agora nos foi revelado em Cristo. A Solenidade da Epifania do Senhor nos faz contemplar esse mistério, no rosto ainda infantil de Nosso Salvador.
O evangelho nos apresenta os magos, que veem no céu um sinal do Rei-Divino que acaba de nascer. Guiados pela estrela, eles vão até Jerusalém e indagam ao rei a respeito deste “novo rei”: “Nós vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.” Esse é o desejo que está no coração dos magos do oriente: adorar o Novo Rei. 

Herodes, no entanto, teme perder o seu reinado. Consulta seus escribas e aponta o caminho até onde deve nascer o novo rei. A estrela continua a conduzir os magos até a gruta de Belém. Ao verem de novo a luz da estrela o coração dos magos se encheu “de uma alegria muito grande”. Ao entrarem na casa e ao verem o menino com Maria, sua mãe, ajoelharam-se diante dele “e o adoraram”. Os povos pagãos, representados na figura destes três magos, adoram o Deus Único e Verdadeiro. Eles abrem seus tesouros e oferecem místicos presentes: ouro, para o rei; incenso, porque esse menino é Deus; mirra, porque Ele vai morrer pelos nossos pecados.

Ao fazer uma leitura espiritual destes textos percebemos as realidades divinas que nos são manifestadas. A Igreja é a verdadeira Jerusalém, que é chamada pelo profeta Isaías a ser luz, porque apareceu sobre ela a glória do Senhor. A Igreja é a luz dos povos porque nela está Aquele que é a Luz. A glória de Deus se manifesta na Igreja. A terra está envolvida em trevas e nuvens escuras cobrem os povos, como ouvimos o profeta dizer. Neste contexto, a Igreja aparece como a estrela que conduziu os magos. Ela reflete a luz do Cristo. Ela reflete uma luz que recebe de um outro astro. E, se deixasse de refletir essa luz, cairia nas trevas. Ela reflete a luz do Cristo, e nunca deixará de refletir essa luz porque Cristo a ela se uniu definitivamente. 

Na tradição cristã, Maria também é designada como uma estrela. Existe um hino antigo onde nós cantamos Ave Maris Stella, Salve Estrela do Mar. Maria reflete a luz d’Aquele que nasceu das suas entranhas. Maria reflete para nós a luz do Salvador. E cada um de nós, cristãos, Igreja viva do Senhor, devemos ser como Maria. Também nós não possuímos uma luz própria. Por isso, precisamos estar sempre voltados para o Cristo, porque Ele é o verdadeiro sol que nasceu das alturas. Precisamos receber sempre da sua luz para podermos ser iluminados e para refletirmos a sua luz, a fim de sermos como a estrela que conduziu os magos; a fim de podermos não com um esplendor nosso, mas como reflexos luminosos da luz do Cristo, apontar o caminho que conduz ao Salvador. 

O Evangelho que hoje nos é proposto nos relata a palavra dos magos: “Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo”. Depois o evangelista nos narra que esse desejo se transformou numa atitude verdadeira de adoração: “Viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram.” Precisamos aprender com estes magos a adorar o Senhor. A oração cristã é, sobretudo, adoração. Devemos pedir ao Espírito Santo que nos ensine a adorar o Senhor. A nossa oração é muitas vezes caracterizada pelo pedir ou pelo suplicar perdão. Essas são também formas de oração. Contudo, a mais sublime delas é a adoração; é o prostrar-se diante de Deus para adorá-lo por aquilo o que Ele é. Na adoração nós não condicionamos a nossa oração. A adoração não está movida pelo desejo de se alcançar algo, mas é um místico reconhecimento de que estamos diante de uma presença que nos supera, de um mistério que não podemos abarcar na sua totalidade com nossa inteligência e, por isso, simplesmente nos prostramos e reconhecemos sua grandeza.

Hoje, adoremos o Senhor. Vamos à assembleia cristã para isso, para adorá-lo! Abramos ao Senhor o místico presente da adoração: ela é um presente para Deus. Que grande graça, podermos oferecer a Deus nosso presente! Não deixemos de fazê-lo. Abramos o tesouro do nosso coração e como os magos vindos do oriente, ofereçamos em Espírito e em Verdade a nossa adoração, a fim de sermos inundados pela luz d’Aquele que nasceu para iluminar a todos quanto andavam nas trevas.

Padre Fábio Siqueira
Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida


 
Padre Fábio Siqueira
Autor

Padre Fábio Siqueira

Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida