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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Imaculada Conceição

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08/12/2019 00:00

Imaculada Conceição 0

08/12/2019 00:00

Neste final de semana em que celebraríamos o segundo domingo do Advento, teremos a celebração de uma festa mariana que prevalece sobre o domingo: A Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Mesmo sendo celebrada no lugar da liturgia indicada para o segundo domingo do Advento, se insere muito bem dentro do contexto da preparação para a vinda do Senhor em nossa carne, a celebração do santo Natal. 

A Igreja acredita que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua concepção, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha do pecado original (Pio XI, Bula de proclamação do Dogma da Imaculada Conceição, 08 de dezembro de 1854).

A crença na Imaculada Conceição de Maria existe desde o princípio da Igreja. O Catecismo da Igreja Católica (n. 492) nos recorda que “este esplendor de uma «santidade de todo singular», com que foi enriquecida desde o primeiro instante da sua conceição, vem-lhe totalmente de Cristo: foi remida dum modo mais sublime, em atenção aos méritos de seu Filho. Mais que toda e qualquer outra pessoa criada, o Pai a “encheu de toda a espécie de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo” (Ef 1, 3). “N'Ele a escolheu antes da criação do mundo, para ser, na caridade, santa e irrepreensível na sua presença” (Ef 1, 4).

Os Padres da tradição oriental chamam a Mãe de Deus a toda santa, celebram-na como imune de toda a mancha de pecado, visto que o próprio Espírito Santo a modelou e dela fez uma nova criatura (Lumen Gentium 30). Pela graça de Deus, Maria manteve-se pura de todo o pecado pessoal ao longo de toda a vida.

Ao nos prepararmos para o Senhor que veio, vem e virá, nada melhor do que contemplar a vida e a missão de Maria e aprender dela a como preparar os caminhos do Senhor para que Ele possa encontrar em nós morada digna.

Deus preparou aquela que seria a Mãe do Verbo que iria se encarnar com um privilégio extraordinário: ser concebida sem a mancha do pecado original, fato que dá nome à solenidade de hoje, a Imaculada Conceição de Maria, sempre tendo em vista os méritos de Cristo. Por aceitar ser a mãe do Filho de Deus pela ação do Espírito Santo, será concebida sem o pecado original, preparando assim o seu seio para acolher e gerar o Verbo de Deus. Grande dom e grande graça que ressalta a centralidade de Jesus. Todas as prerrogativas Marianas têm uma dimensão cristológica. Esse é um pouco do mistério que celebramos neste final de semana: O Altíssimo que prepara sua morada em meio aos homens.

Se de um lado nos preparamos para a vinda do Senhor no final dos tempos, nos preparamos para celebrar o Senhor que veio habitar no meio de nós através do mistério do Natal, se nos preparamos para acolher o Senhor que vem sempre em nossas vidas, o exemplo de Maria se apresenta como uma grande oportunidade para nos conduzir neste caminho: assim como ela recebeu o dom de Deus ao nascer Imaculada, ela também disse seu sim ao plano de Deus dirigido a ela: Eis aqui a Serva do Senhor! Cumpra-se em mim a Tua Palavra! É Dom, é Graça e é também responsabilidade em nossa resposta.

Comentando este fato, o Catecismo (n. 494) ainda nos recorda:
Ao anúncio de que dará à luz “o Filho do Altíssimo”, sem conhecer homem, pela virtude do Espírito Santo, Maria respondeu pela “obediência da fé” (Rm 1, 5), certa de que “a Deus nada é impossível”: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). Assim, dando o seu consentimento à palavra de Deus, Maria tornou-se Mãe de Jesus. E aceitando de todo o coração, sem que nenhum pecado a retivesse, a vontade divina da salvação, entregou-se totalmente à pessoa e à obra do seu Filho para servir, na dependência d'Ele e com Ele, pela graça de Deus, o mistério da redenção.

Maria recebeu uma grande Graça, ao mesmo tempo que foi magnânima em sua resposta e entrega ao plano de Deus. Nossa predestinação à santidade fica prefigurada na ação de Deus em Maria, ao mesmo tempo em que o chamado à santidade no dia a dia e nas realidades mais ordinárias torna-se novamente presente. Somos chamados a dizer nosso sim e colocar em prática o dom que recebemos, como bem nos recorda a segunda leitura (Ef 1, 3-6.11-12) da solenidade de hoje, tirada da carta aos Efésios:
Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão da sua vontade, para o louvor da sua glória e da graça com que ele nos cumulou no seu Bem-amado. Nele também nós recebemos a nossa parte. Segundo o projeto daquele que conduz tudo conforme a decisão de sua vontade, nós fomos predestinados a sermos, para o louvor de sua glória, os que de antemão colocaram a sua esperança em Cristo.

Chamados a ser filhos no Filho, somos também chamados a trilhar um caminho de santidade e justiça diante de Deus. O sim que somos chamados a responder vem animado pelo sim de Maria, conforma presentado no Evangelho de hoje, tirado de S. Lucas (Lc 1, 26-38):
O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria O anjo entrou onde ela estava e disse: 'Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!' Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo, então, disse-lhe: 'Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim'. Maria perguntou ao anjo: 'Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?' O anjo respondeu: 'O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, porque para Deus nada é impossível'. Maria, então, disse: 'Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!' E o anjo retirou-se.

O Evangelho nos narra o mistério da Graça, da Escolha e da resposta. S. Bernardo, ao comentar belamente este episódio do Evangelho, assim diz: O anjo retirou-se no momento sublime da ação do Espírito Santo na vida de Maria, fazendo conceber o Verbo de Deus. Maria que dá o seu sim para que o eterno possa habitar no tempo: O Verbo se fez carne e veio habitar no meio de nós. Para isso Deus preparou Maria, com sua Concepção Imaculada.
Na primeira leitura desta solenidade celebrada neste domingo (Gn 3,9-15.20), relata as consequências do pecado na vida da humanidade:
Depois que Adão comeu do fruto da árvore, o Senhor Deus o chamou, dizendo: "Onde estás?" E ele respondeu: "Ouvi tua voz no jardim, e fiquei com medo porque estava nu; e me escondi".

Adão que foge da presença de Deus porque havia sucumbido à tentação de querer ser como Deus. Após a queda, coloca a culpa em Eva, que por sua vez a coloca na serpente. A partir daí as consequências do pecado começam a ser apresentadas. Sabemos que, a partir disso, Cristo vem para assumir toda a nossa vida. Mesmo sem ter pecado, assume os nossos pecados para nos resgatar e abrir as portas da eternidade. Vale aqui relembrar o comentário que Santo Irineu de Lyon faz sobre essa passagem, trazendo a figura tão rica de significados de Maria, a Nova Eva: se pela desobediência de uma mulher veio a condenação, pela obediência da Filha de Sião veio a salvação aos homens. Maria desata o nó que Eva havia atado com sua desobediência.

Cabe então a nós dizer também o nosso sim. Que nossa contemplação do mistério da Imaculada Conceição, juntamente com nossa preparação para a vinda do Senhor, incentive nosso desejo e nossa busca de santidade, nos colocando com uma maior diligência em preparar os caminhos do Senhor. Assim como o Senhor chamou Maria, o Senhor também nos chama, hoje, aqui e agora!

Neste tempo do advento que estamos vivenciando, somos chamados a olhar para a Mãe, contemplar toda a escolha que Deus fez dela.

Nestes tempos complexos que vivenciamos, cabe estar atentos ao chamado de Deus para cada um de nós e estar atentos aos sinais da presença dele no meio de nós. Que possamos pedir o dom da fé para permanecermos firmes, em meio a tantos ateísmos, a tantas formas de violência que nos afligem, em meio a tanto ódio declarado àqueles que não creem, peçamos o dom da perseverança na fé, ao mesmo tempo que peçamos o dom de poder responder o sim generoso ao chamado do Senhor onde e quando ele nos chamar.

O advento é também um tempo favorável para a contemplação das maravilhas que o Senhor tem realizado no meio de nós. E como consequência disso, como nos recorda a campanha para a evangelização, que possamos renovar nossas atitudes de cuidar: cuidar das pessoas, cuidar da missão evangelizadora: cuido da missão evangelizadora, cuido dos pobres e cuido do anúncio da Palavra.

Não podemos deixar de agradecer a Deus por intercessão da Virgem Imaculada pela ordenação presbiteral dos nossos 20 diáconos neste sábado, 07 de dezembro. Que Maria possa ir sustentando a cada dia mais sua oferta sacerdotal.
Quero também dar graças a Deus pelos meus 45 anos de ordenação presbiteral celebrados também no dia 07 de dezembro. Dou graças a Deus pelo dom do chamado e peço que rezem por mim, para que possa responder com mais generosidade a cada dia ao dom que o Senhor me confiou.

Se tudo é dom e graça do Senhor, isso supõe também nossa disponibilidade em relação aos planos de Deus, para que o Reino de Deus aconteça em nossa sociedade. Que agradecidos pelo motivo da celebração deste dia, vivamos intensamente nosso tempo do Advento!

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
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Imaculada Conceição

08/12/2019 00:00

Neste final de semana em que celebraríamos o segundo domingo do Advento, teremos a celebração de uma festa mariana que prevalece sobre o domingo: A Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Mesmo sendo celebrada no lugar da liturgia indicada para o segundo domingo do Advento, se insere muito bem dentro do contexto da preparação para a vinda do Senhor em nossa carne, a celebração do santo Natal. 

A Igreja acredita que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua concepção, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha do pecado original (Pio XI, Bula de proclamação do Dogma da Imaculada Conceição, 08 de dezembro de 1854).

A crença na Imaculada Conceição de Maria existe desde o princípio da Igreja. O Catecismo da Igreja Católica (n. 492) nos recorda que “este esplendor de uma «santidade de todo singular», com que foi enriquecida desde o primeiro instante da sua conceição, vem-lhe totalmente de Cristo: foi remida dum modo mais sublime, em atenção aos méritos de seu Filho. Mais que toda e qualquer outra pessoa criada, o Pai a “encheu de toda a espécie de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo” (Ef 1, 3). “N'Ele a escolheu antes da criação do mundo, para ser, na caridade, santa e irrepreensível na sua presença” (Ef 1, 4).

Os Padres da tradição oriental chamam a Mãe de Deus a toda santa, celebram-na como imune de toda a mancha de pecado, visto que o próprio Espírito Santo a modelou e dela fez uma nova criatura (Lumen Gentium 30). Pela graça de Deus, Maria manteve-se pura de todo o pecado pessoal ao longo de toda a vida.

Ao nos prepararmos para o Senhor que veio, vem e virá, nada melhor do que contemplar a vida e a missão de Maria e aprender dela a como preparar os caminhos do Senhor para que Ele possa encontrar em nós morada digna.

Deus preparou aquela que seria a Mãe do Verbo que iria se encarnar com um privilégio extraordinário: ser concebida sem a mancha do pecado original, fato que dá nome à solenidade de hoje, a Imaculada Conceição de Maria, sempre tendo em vista os méritos de Cristo. Por aceitar ser a mãe do Filho de Deus pela ação do Espírito Santo, será concebida sem o pecado original, preparando assim o seu seio para acolher e gerar o Verbo de Deus. Grande dom e grande graça que ressalta a centralidade de Jesus. Todas as prerrogativas Marianas têm uma dimensão cristológica. Esse é um pouco do mistério que celebramos neste final de semana: O Altíssimo que prepara sua morada em meio aos homens.

Se de um lado nos preparamos para a vinda do Senhor no final dos tempos, nos preparamos para celebrar o Senhor que veio habitar no meio de nós através do mistério do Natal, se nos preparamos para acolher o Senhor que vem sempre em nossas vidas, o exemplo de Maria se apresenta como uma grande oportunidade para nos conduzir neste caminho: assim como ela recebeu o dom de Deus ao nascer Imaculada, ela também disse seu sim ao plano de Deus dirigido a ela: Eis aqui a Serva do Senhor! Cumpra-se em mim a Tua Palavra! É Dom, é Graça e é também responsabilidade em nossa resposta.

Comentando este fato, o Catecismo (n. 494) ainda nos recorda:
Ao anúncio de que dará à luz “o Filho do Altíssimo”, sem conhecer homem, pela virtude do Espírito Santo, Maria respondeu pela “obediência da fé” (Rm 1, 5), certa de que “a Deus nada é impossível”: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). Assim, dando o seu consentimento à palavra de Deus, Maria tornou-se Mãe de Jesus. E aceitando de todo o coração, sem que nenhum pecado a retivesse, a vontade divina da salvação, entregou-se totalmente à pessoa e à obra do seu Filho para servir, na dependência d'Ele e com Ele, pela graça de Deus, o mistério da redenção.

Maria recebeu uma grande Graça, ao mesmo tempo que foi magnânima em sua resposta e entrega ao plano de Deus. Nossa predestinação à santidade fica prefigurada na ação de Deus em Maria, ao mesmo tempo em que o chamado à santidade no dia a dia e nas realidades mais ordinárias torna-se novamente presente. Somos chamados a dizer nosso sim e colocar em prática o dom que recebemos, como bem nos recorda a segunda leitura (Ef 1, 3-6.11-12) da solenidade de hoje, tirada da carta aos Efésios:
Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão da sua vontade, para o louvor da sua glória e da graça com que ele nos cumulou no seu Bem-amado. Nele também nós recebemos a nossa parte. Segundo o projeto daquele que conduz tudo conforme a decisão de sua vontade, nós fomos predestinados a sermos, para o louvor de sua glória, os que de antemão colocaram a sua esperança em Cristo.

Chamados a ser filhos no Filho, somos também chamados a trilhar um caminho de santidade e justiça diante de Deus. O sim que somos chamados a responder vem animado pelo sim de Maria, conforma presentado no Evangelho de hoje, tirado de S. Lucas (Lc 1, 26-38):
O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria O anjo entrou onde ela estava e disse: 'Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!' Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo, então, disse-lhe: 'Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim'. Maria perguntou ao anjo: 'Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?' O anjo respondeu: 'O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, porque para Deus nada é impossível'. Maria, então, disse: 'Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!' E o anjo retirou-se.

O Evangelho nos narra o mistério da Graça, da Escolha e da resposta. S. Bernardo, ao comentar belamente este episódio do Evangelho, assim diz: O anjo retirou-se no momento sublime da ação do Espírito Santo na vida de Maria, fazendo conceber o Verbo de Deus. Maria que dá o seu sim para que o eterno possa habitar no tempo: O Verbo se fez carne e veio habitar no meio de nós. Para isso Deus preparou Maria, com sua Concepção Imaculada.
Na primeira leitura desta solenidade celebrada neste domingo (Gn 3,9-15.20), relata as consequências do pecado na vida da humanidade:
Depois que Adão comeu do fruto da árvore, o Senhor Deus o chamou, dizendo: "Onde estás?" E ele respondeu: "Ouvi tua voz no jardim, e fiquei com medo porque estava nu; e me escondi".

Adão que foge da presença de Deus porque havia sucumbido à tentação de querer ser como Deus. Após a queda, coloca a culpa em Eva, que por sua vez a coloca na serpente. A partir daí as consequências do pecado começam a ser apresentadas. Sabemos que, a partir disso, Cristo vem para assumir toda a nossa vida. Mesmo sem ter pecado, assume os nossos pecados para nos resgatar e abrir as portas da eternidade. Vale aqui relembrar o comentário que Santo Irineu de Lyon faz sobre essa passagem, trazendo a figura tão rica de significados de Maria, a Nova Eva: se pela desobediência de uma mulher veio a condenação, pela obediência da Filha de Sião veio a salvação aos homens. Maria desata o nó que Eva havia atado com sua desobediência.

Cabe então a nós dizer também o nosso sim. Que nossa contemplação do mistério da Imaculada Conceição, juntamente com nossa preparação para a vinda do Senhor, incentive nosso desejo e nossa busca de santidade, nos colocando com uma maior diligência em preparar os caminhos do Senhor. Assim como o Senhor chamou Maria, o Senhor também nos chama, hoje, aqui e agora!

Neste tempo do advento que estamos vivenciando, somos chamados a olhar para a Mãe, contemplar toda a escolha que Deus fez dela.

Nestes tempos complexos que vivenciamos, cabe estar atentos ao chamado de Deus para cada um de nós e estar atentos aos sinais da presença dele no meio de nós. Que possamos pedir o dom da fé para permanecermos firmes, em meio a tantos ateísmos, a tantas formas de violência que nos afligem, em meio a tanto ódio declarado àqueles que não creem, peçamos o dom da perseverança na fé, ao mesmo tempo que peçamos o dom de poder responder o sim generoso ao chamado do Senhor onde e quando ele nos chamar.

O advento é também um tempo favorável para a contemplação das maravilhas que o Senhor tem realizado no meio de nós. E como consequência disso, como nos recorda a campanha para a evangelização, que possamos renovar nossas atitudes de cuidar: cuidar das pessoas, cuidar da missão evangelizadora: cuido da missão evangelizadora, cuido dos pobres e cuido do anúncio da Palavra.

Não podemos deixar de agradecer a Deus por intercessão da Virgem Imaculada pela ordenação presbiteral dos nossos 20 diáconos neste sábado, 07 de dezembro. Que Maria possa ir sustentando a cada dia mais sua oferta sacerdotal.
Quero também dar graças a Deus pelos meus 45 anos de ordenação presbiteral celebrados também no dia 07 de dezembro. Dou graças a Deus pelo dom do chamado e peço que rezem por mim, para que possa responder com mais generosidade a cada dia ao dom que o Senhor me confiou.

Se tudo é dom e graça do Senhor, isso supõe também nossa disponibilidade em relação aos planos de Deus, para que o Reino de Deus aconteça em nossa sociedade. Que agradecidos pelo motivo da celebração deste dia, vivamos intensamente nosso tempo do Advento!

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro