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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Chamados à santidade

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03/11/2019 00:00

Chamados à santidade 0

03/11/2019 00:00

Com a celebração deste domingo, transferida do dia 1º, o nosso coração e o nosso pensamento se voltam para homens e mulheres que souberam viver uma profunda unidade com Deus. É um dia em que recordamos não apenas os santos canonizados, pois muitos deles já têm a sua festa própria ao longo do ano, mas, sobretudo, os santos anônimos e desconhecidos. Abrange todos aqueles que foram justificados pela fé em Cristo. Recordamos aqueles que vivem para sempre diante de Deus. É a solenidade de Todos os Santos. Quão feliz é a Igreja que pode contemplar tão grande dom no horizonte da história. São eles que transformam a sociedade.

O Mestre chama todos à santidade sem distinção de idade, profissão, raça ou condição social. Não há seguidores de Cristo sem vocação cristã que é a chamada pessoal à santidade. Deus nos escolheu para sermos santos e imaculados na sua presença, dirá São Paulo aos primeiros cristãos de Éfeso; e para conseguirmos esta meta, é necessário que nos empenhemos num esforço que se prolongará por todos os nossos dias aqui na terra: o justo justifique-se mais e o santo mais e mais se santifique.

Esta doutrina do chamado universal à santidade, nos diz o Concílio Ecumênico Vaticano II: “Todos os cristãos, seja qual for sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor, cada um no seu caminho, à perfeição da santidade pela qual é perfeito o próprio Pai” (Cf. “Lumen Gentium”, 11). Jesus convida todos os cristãos que estão absorvidos nas suas ocupações profissionais a encontrá-lo precisamente nessas ocupações, realizando-as com perfeição humana e, ao mesmo tempo, com sentido sobrenatural: oferecendo-as a Deus, vivendo nelas a caridade e o espírito de sacrifício, elevando no meio delas o coração a Deus.

A santidade – amor crescente por Deus e pelos outros – pode e deve ser adquirida através das coisas de todos os dias, e que se repetem muitas vezes numa aparente monotonia. “Para amar a Deus e servi-lo, não é necessário fazer coisas estranhas. Cristo pede a todos os homens, sem exceção, que sejam perfeitos como seu Pai celestial é perfeito” (cf. Mt 5, 48). Para a grande maioria dos homens, ser santo significa santificar o seu próprio trabalho, santificar-se no trabalho e santificar os outros com o trabalho, e assim encontrar a Deus no caminho da vida.

O Evangelho proclamado nesse dia é o das bem-aventuranças (cf. Mt 5, 1-12), visando ressaltar que a sua vivência total é o melhor caminho para se chegar à santidade. A prática das bem-aventuranças é a marca e o selo dos santos descrita por Jesus, para sublinhar a dinâmica da santidade.

Todos os santos sempre foram, e são contemporaneamente, embora em medida diversa, pobres de espírito, mansos, aflitos, famintos e sequiosos de justiça, misericordiosos, puros de coração, artífices de paz e perseguidos pela causa do Evangelho. E assim devemos ser também nós. Além disso, na base dessa página evangélica é evidente que a bem-aventurança cristã, como sinônimo de santidade, não está separada de um eventual sofrimento ou pelo menos de dificuldade.

Santos são os aflitos, que são impotentes diante de situações dramáticas, e não pretendem ter solução para tudo. Há muitos que não entendem a razão dos sofrimentos e se revoltam contra Deus. Jesus diz que os aflitos são felizes. De fato, se souberem aceitar com resignação as provas que Deus envia, se souberem sofrer com ânimo as misérias e dificuldades da vida, a recompensa será a consolação de Deus.

Santos são os famintos e sedentos de justiça, que não pactuam com a maldade, nem se deixam levar pela lógica da dominação. Deus mesmo haverá de realizar seu ideal e fazê-los contemplar o reino da justiça. Trata-se daquela justiça interior que torna o homem agradável a Deus, quando se esforça por cumprir sempre a vontade de Deus. O primeiro passo para conseguir a santidade é desejá-la. Por isso, Jesus diz que são felizes os que têm fome e sede de justiça, isto é, aqueles que realmente desejam ser santos. Mas é necessário que este desejo seja eficaz. Isto é, que empreguemos os meios necessários para consegui-lo.

A santidade é acessível a todos porque Deus quer que todos os homens e mulheres sejam santos, isto é, participem da sua Vida e do seu Amor. O Pai deseja que, através da ação do Espírito Santo em nós, nos pareçamos cada vez mais com o seu Filho Jesus Cristo. Em resumo, a santidade é o desenvolvimento da nossa filiação divina: “Desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como ele é” (Cf. 1 Jo 3, 2).

Somos todos chamados a ser santos! Respondamos com o nosso sim num caminho de conversão contínua a essa vocação universal de todos que deve animar a vida cotidiana de todos nós cristãos.
Santos e santas de Deus roguem por nós!

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ


 
 
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Chamados à santidade

03/11/2019 00:00

Com a celebração deste domingo, transferida do dia 1º, o nosso coração e o nosso pensamento se voltam para homens e mulheres que souberam viver uma profunda unidade com Deus. É um dia em que recordamos não apenas os santos canonizados, pois muitos deles já têm a sua festa própria ao longo do ano, mas, sobretudo, os santos anônimos e desconhecidos. Abrange todos aqueles que foram justificados pela fé em Cristo. Recordamos aqueles que vivem para sempre diante de Deus. É a solenidade de Todos os Santos. Quão feliz é a Igreja que pode contemplar tão grande dom no horizonte da história. São eles que transformam a sociedade.

O Mestre chama todos à santidade sem distinção de idade, profissão, raça ou condição social. Não há seguidores de Cristo sem vocação cristã que é a chamada pessoal à santidade. Deus nos escolheu para sermos santos e imaculados na sua presença, dirá São Paulo aos primeiros cristãos de Éfeso; e para conseguirmos esta meta, é necessário que nos empenhemos num esforço que se prolongará por todos os nossos dias aqui na terra: o justo justifique-se mais e o santo mais e mais se santifique.

Esta doutrina do chamado universal à santidade, nos diz o Concílio Ecumênico Vaticano II: “Todos os cristãos, seja qual for sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor, cada um no seu caminho, à perfeição da santidade pela qual é perfeito o próprio Pai” (Cf. “Lumen Gentium”, 11). Jesus convida todos os cristãos que estão absorvidos nas suas ocupações profissionais a encontrá-lo precisamente nessas ocupações, realizando-as com perfeição humana e, ao mesmo tempo, com sentido sobrenatural: oferecendo-as a Deus, vivendo nelas a caridade e o espírito de sacrifício, elevando no meio delas o coração a Deus.

A santidade – amor crescente por Deus e pelos outros – pode e deve ser adquirida através das coisas de todos os dias, e que se repetem muitas vezes numa aparente monotonia. “Para amar a Deus e servi-lo, não é necessário fazer coisas estranhas. Cristo pede a todos os homens, sem exceção, que sejam perfeitos como seu Pai celestial é perfeito” (cf. Mt 5, 48). Para a grande maioria dos homens, ser santo significa santificar o seu próprio trabalho, santificar-se no trabalho e santificar os outros com o trabalho, e assim encontrar a Deus no caminho da vida.

O Evangelho proclamado nesse dia é o das bem-aventuranças (cf. Mt 5, 1-12), visando ressaltar que a sua vivência total é o melhor caminho para se chegar à santidade. A prática das bem-aventuranças é a marca e o selo dos santos descrita por Jesus, para sublinhar a dinâmica da santidade.

Todos os santos sempre foram, e são contemporaneamente, embora em medida diversa, pobres de espírito, mansos, aflitos, famintos e sequiosos de justiça, misericordiosos, puros de coração, artífices de paz e perseguidos pela causa do Evangelho. E assim devemos ser também nós. Além disso, na base dessa página evangélica é evidente que a bem-aventurança cristã, como sinônimo de santidade, não está separada de um eventual sofrimento ou pelo menos de dificuldade.

Santos são os aflitos, que são impotentes diante de situações dramáticas, e não pretendem ter solução para tudo. Há muitos que não entendem a razão dos sofrimentos e se revoltam contra Deus. Jesus diz que os aflitos são felizes. De fato, se souberem aceitar com resignação as provas que Deus envia, se souberem sofrer com ânimo as misérias e dificuldades da vida, a recompensa será a consolação de Deus.

Santos são os famintos e sedentos de justiça, que não pactuam com a maldade, nem se deixam levar pela lógica da dominação. Deus mesmo haverá de realizar seu ideal e fazê-los contemplar o reino da justiça. Trata-se daquela justiça interior que torna o homem agradável a Deus, quando se esforça por cumprir sempre a vontade de Deus. O primeiro passo para conseguir a santidade é desejá-la. Por isso, Jesus diz que são felizes os que têm fome e sede de justiça, isto é, aqueles que realmente desejam ser santos. Mas é necessário que este desejo seja eficaz. Isto é, que empreguemos os meios necessários para consegui-lo.

A santidade é acessível a todos porque Deus quer que todos os homens e mulheres sejam santos, isto é, participem da sua Vida e do seu Amor. O Pai deseja que, através da ação do Espírito Santo em nós, nos pareçamos cada vez mais com o seu Filho Jesus Cristo. Em resumo, a santidade é o desenvolvimento da nossa filiação divina: “Desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como ele é” (Cf. 1 Jo 3, 2).

Somos todos chamados a ser santos! Respondamos com o nosso sim num caminho de conversão contínua a essa vocação universal de todos que deve animar a vida cotidiana de todos nós cristãos.
Santos e santas de Deus roguem por nós!

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ


 
 
Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro