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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Santa Dulce dos Pobres

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20/10/2019 00:00

Santa Dulce dos Pobres 0

20/10/2019 00:00

No decorrer do Sínodo da Pan Amazônia, que, entre outros assuntos, aprofunda o nosso cuidado eclesial com a casa comum, acontece na Praça de São Pedro um momento solene: o Santo Padre, Papa Francisco, inscreve neste dia 13 de outubro de 2019 o nome da Beata Irmã Dulce dos Pobres, no século Maria Rita de Souza Lopes Pontes, no catálogo dos santos da Igreja Católica.
 
Irmã Dulce nasceu em 26 de março de 1914, em Salvador, Bahia. Mesmo antes de ingressar na vida religiosa, ela já acolhia as pessoas mais desfavorecidas em sua casa, na Rua da Independência, 61, na capital da Bahia. Em 8 de fevereiro de 1933, logo após se formar professora primária (1932), Maria Rita entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Em 13 de agosto de 1933, após o tempo de noviciado, ela fez sua primeira profissão religiosa (e, mais tarde os votos perpétuos), tomando o hábito de freira e recebendo o nome de Irmã Dulce, em homenagem a sua mãe, aos 19 anos de idade. Em 1934 regressou a Salvador. Sua primeira missão como religiosa foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação, na Cidade Baixa, além de também assistir as comunidades pobres da região.

Irmã Dulce inaugurou em maio de 1939 o Colégio Santo Antônio, voltado para os operários e seus filhos. Fundou a União dos Trabalhadores de São Francisco, um movimento operário cristão. No mesmo ano, para abrigar doentes que recolhia nas ruas, Irmã Dulce invadiu cinco casas na Ilha do Rato, em Salvador. Depois de ser expulsa do lugar, teve que peregrinar durante muito tempo, instalando os doentes em vários locais, até transformar em albergue o galinheiro do Convento de Santo Antônio, que mais tarde deu origem ao Hospital Santo Antônio, centro de um complexo médico, social e educacional que continua atendendo aos pobres. Mesmo com a saúde frágil, Irmã Dulce construiu e manteve uma das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do país — as Obras Sociais Irmã Dulce – OSID.

Não poderia deixar de manifestar a providencial ajuda do meu venerado predecessor, o Cardeal Eugenio de Araújo Sales, que sendo Administrador Apostólico de São Salvador da Bahia, tomou providências para que a Superiora da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus concedesse a exclaustração da Irmã Dulce, para que ela assumisse a administração das Obras Sociais e os custos das mesmas. Irmã Dulce contou sempre com a proteção e o incentivo de Dom Eugênio que mesmo quando foi transferido para o Rio de Janeiro mantinha viva e próxima ligação com o Anjo Bom da Bahia. O que é de Deus, como disse Dom Eugênio na época, deve ser incentivado e a vida e a obra de Irmã Dulce em favor dos pobres, das crianças, dos abandonados e dos doentes é graça de Deus na sua vida digna de ser imitada. Imitar Irmã Dulce e ajudar as suas obras é graça de Deus!

Preocupada com os mais necessitados Santa Dulce cuidou das crianças e ajudou aos pobres e desvalidos. De fisionomia franzina nunca esmoreceu ao pedir esmolas e doações em favor de suas obras. Ela não só pregou o Evangelho. Ela testemunhou com sua vida a compaixão de um coração que se preocupa com a saúde dos que estão doentes e que acolhe as crianças e os pobres, dando-lhes dignidade. Fundou o Hospital Santo Antônio e o Centro Educacional Santo Antônio, formando a OSID. No seu Hospital todos os mais necessitados eram recebidos e tinham tratamento humanizado e a presença carinhosa de Santa Dulce a consolá-los.

Na viagem apostólica do Papa ao Brasil, em 1980, o Papa São João Paulo II recebeu a Irmã Dulce no altar. Ao abraçá-la, no rápido encontro, sem imaginar que um dia se tornariam santos aos olhos da Igreja, o Papa e a freira pouco conversaram. Ela ouviu de sua santidade uma mensagem de incentivo e ganhou um presente. São João Paulo tirou do bolso um objeto. Era um terço. Entregou-lhe e disse: “Continue, Irmã Dulce. Continue...”.

Faleceu com piedosa assistência do Cardeal Lucas Moreira Neves, OP, então Arcebispo Primaz, em 13 de março de 1992, no Convento de Santo Antônio. Ato contínuo a sua morte, a Bahia e o Brasil já clamavam para que a Igreja reconhecesse a santidade do Anjo Bom da Bahia.

O Papa Bento XVI inscreveu-a no catálogo dos Beatos: “Ao saudar os peregrinos de língua portuguesa, desejo também associar-me à alegria dos pastores e fiéis congregados em São Salvador da Bahia para a beatificação da Irmã Dulce Lopes Pontes, que deixou atrás de si um prodigioso rasto de caridade ao serviço dos últimos, levando o Brasil inteiro a ver nela ‘a mãe dos desamparados’ ”.

A santidade de Irmã Dulce foi solidificada ao ajudar os outros: pobres, crianças, órfãos, doentes, marginalizados, alcoólatras, drogados e todos os que vivem à margem da sociedade. Ela colocou a mão na massa e as suas Obras Sociais, excelência em atendimento do SUS, no Brasil, é um testemunho vivo e eloquente de que fazer o bem, sem nada querer, é a página mais bonita de nosso Evangelho.

Contemplando a vida e as obras de Santa Dulce dos Pobres poderíamos compará-la como a ‘Madre Teresa do Brasil’, pelas semelhanças do seu testemunho cristão com Santa Teresa de Calcutá, sendo um conforto para os pobres e um exame de consciência para os ricos.

O milagre que a levou à canonização é a cura milagrosa de José Maurício Bragança Moreira, que ficou cego por causa de um glaucoma grave. Ao sofrer de conjuntivite, colocou uma pequena imagem da Irmã Dulce sobre os olhos, pedindo a sua intercessão. Quando acordou, voltou a ver de novo.
Agora queremos, como brasileiros e brasileiras, agradecer à Mãe Igreja, que apresenta Santa Dulce como modelo de acolhida e de cuidado com os excluídos, pobres e abandonados.

A vida de Santa Dulce dos Pobres pode ser resumida na página evangélica: “Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele. Então, abriu a boca e lhes ensinava, dizendo: ‘Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim’ ” (Cf. Mt 5, 1-11).

Esta página das bem-aventuranças é um resumo da vida de Santa Dulce dos Pobres. Se vivermos todas estas virtudes evangélicas que Santa Dulce dos Pobres testemunhou e viveu no cotidiano, iremos fazer caridade e acolher os pobres, dando-lhes dignidade, como ensina o legado do Anjo Bom do Brasil.

A 13 de outubro de cada ano, com muita gratidão, recorramos a Santa Dulce dos Pobres. Que ela nos inspire a socorrer os pobres e ter uma vida modesta, sempre procurando auxiliar quem bate em nossas portas.

Santo é quem faz a vontade de Deus entre nós – foi essa a vida que Santa Dulce escolheu, estar ao lado de quem mais precisa. Neste tempo de grande emoção, exaltamos com a mais profunda fé e alegria a Canonização de Santa Dulce dos Pobres, presidida pelo Papa Francisco, como grande inspiração para o Sínodo Pan-Amazônico e para toda a Igreja. Um momento inspirador que aproxima os brasileiros dos desígnios de Deus! Santa Dulce dos Pobres, rogai por nós!
 
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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No decorrer do Sínodo da Pan Amazônia, que, entre outros assuntos, aprofunda o nosso cuidado eclesial com a casa comum, acontece na Praça de São Pedro um momento solene: o Santo Padre, Papa Francisco, inscreve neste dia 13 de outubro de 2019 o nome da Beata Irmã Dulce dos Pobres, no século Maria Rita de Souza Lopes Pontes, no catálogo dos santos da Igreja Católica.
 
Irmã Dulce nasceu em 26 de março de 1914, em Salvador, Bahia. Mesmo antes de ingressar na vida religiosa, ela já acolhia as pessoas mais desfavorecidas em sua casa, na Rua da Independência, 61, na capital da Bahia. Em 8 de fevereiro de 1933, logo após se formar professora primária (1932), Maria Rita entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Em 13 de agosto de 1933, após o tempo de noviciado, ela fez sua primeira profissão religiosa (e, mais tarde os votos perpétuos), tomando o hábito de freira e recebendo o nome de Irmã Dulce, em homenagem a sua mãe, aos 19 anos de idade. Em 1934 regressou a Salvador. Sua primeira missão como religiosa foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação, na Cidade Baixa, além de também assistir as comunidades pobres da região.

Irmã Dulce inaugurou em maio de 1939 o Colégio Santo Antônio, voltado para os operários e seus filhos. Fundou a União dos Trabalhadores de São Francisco, um movimento operário cristão. No mesmo ano, para abrigar doentes que recolhia nas ruas, Irmã Dulce invadiu cinco casas na Ilha do Rato, em Salvador. Depois de ser expulsa do lugar, teve que peregrinar durante muito tempo, instalando os doentes em vários locais, até transformar em albergue o galinheiro do Convento de Santo Antônio, que mais tarde deu origem ao Hospital Santo Antônio, centro de um complexo médico, social e educacional que continua atendendo aos pobres. Mesmo com a saúde frágil, Irmã Dulce construiu e manteve uma das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do país — as Obras Sociais Irmã Dulce – OSID.

Não poderia deixar de manifestar a providencial ajuda do meu venerado predecessor, o Cardeal Eugenio de Araújo Sales, que sendo Administrador Apostólico de São Salvador da Bahia, tomou providências para que a Superiora da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus concedesse a exclaustração da Irmã Dulce, para que ela assumisse a administração das Obras Sociais e os custos das mesmas. Irmã Dulce contou sempre com a proteção e o incentivo de Dom Eugênio que mesmo quando foi transferido para o Rio de Janeiro mantinha viva e próxima ligação com o Anjo Bom da Bahia. O que é de Deus, como disse Dom Eugênio na época, deve ser incentivado e a vida e a obra de Irmã Dulce em favor dos pobres, das crianças, dos abandonados e dos doentes é graça de Deus na sua vida digna de ser imitada. Imitar Irmã Dulce e ajudar as suas obras é graça de Deus!

Preocupada com os mais necessitados Santa Dulce cuidou das crianças e ajudou aos pobres e desvalidos. De fisionomia franzina nunca esmoreceu ao pedir esmolas e doações em favor de suas obras. Ela não só pregou o Evangelho. Ela testemunhou com sua vida a compaixão de um coração que se preocupa com a saúde dos que estão doentes e que acolhe as crianças e os pobres, dando-lhes dignidade. Fundou o Hospital Santo Antônio e o Centro Educacional Santo Antônio, formando a OSID. No seu Hospital todos os mais necessitados eram recebidos e tinham tratamento humanizado e a presença carinhosa de Santa Dulce a consolá-los.

Na viagem apostólica do Papa ao Brasil, em 1980, o Papa São João Paulo II recebeu a Irmã Dulce no altar. Ao abraçá-la, no rápido encontro, sem imaginar que um dia se tornariam santos aos olhos da Igreja, o Papa e a freira pouco conversaram. Ela ouviu de sua santidade uma mensagem de incentivo e ganhou um presente. São João Paulo tirou do bolso um objeto. Era um terço. Entregou-lhe e disse: “Continue, Irmã Dulce. Continue...”.

Faleceu com piedosa assistência do Cardeal Lucas Moreira Neves, OP, então Arcebispo Primaz, em 13 de março de 1992, no Convento de Santo Antônio. Ato contínuo a sua morte, a Bahia e o Brasil já clamavam para que a Igreja reconhecesse a santidade do Anjo Bom da Bahia.

O Papa Bento XVI inscreveu-a no catálogo dos Beatos: “Ao saudar os peregrinos de língua portuguesa, desejo também associar-me à alegria dos pastores e fiéis congregados em São Salvador da Bahia para a beatificação da Irmã Dulce Lopes Pontes, que deixou atrás de si um prodigioso rasto de caridade ao serviço dos últimos, levando o Brasil inteiro a ver nela ‘a mãe dos desamparados’ ”.

A santidade de Irmã Dulce foi solidificada ao ajudar os outros: pobres, crianças, órfãos, doentes, marginalizados, alcoólatras, drogados e todos os que vivem à margem da sociedade. Ela colocou a mão na massa e as suas Obras Sociais, excelência em atendimento do SUS, no Brasil, é um testemunho vivo e eloquente de que fazer o bem, sem nada querer, é a página mais bonita de nosso Evangelho.

Contemplando a vida e as obras de Santa Dulce dos Pobres poderíamos compará-la como a ‘Madre Teresa do Brasil’, pelas semelhanças do seu testemunho cristão com Santa Teresa de Calcutá, sendo um conforto para os pobres e um exame de consciência para os ricos.

O milagre que a levou à canonização é a cura milagrosa de José Maurício Bragança Moreira, que ficou cego por causa de um glaucoma grave. Ao sofrer de conjuntivite, colocou uma pequena imagem da Irmã Dulce sobre os olhos, pedindo a sua intercessão. Quando acordou, voltou a ver de novo.
Agora queremos, como brasileiros e brasileiras, agradecer à Mãe Igreja, que apresenta Santa Dulce como modelo de acolhida e de cuidado com os excluídos, pobres e abandonados.

A vida de Santa Dulce dos Pobres pode ser resumida na página evangélica: “Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele. Então, abriu a boca e lhes ensinava, dizendo: ‘Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim’ ” (Cf. Mt 5, 1-11).

Esta página das bem-aventuranças é um resumo da vida de Santa Dulce dos Pobres. Se vivermos todas estas virtudes evangélicas que Santa Dulce dos Pobres testemunhou e viveu no cotidiano, iremos fazer caridade e acolher os pobres, dando-lhes dignidade, como ensina o legado do Anjo Bom do Brasil.

A 13 de outubro de cada ano, com muita gratidão, recorramos a Santa Dulce dos Pobres. Que ela nos inspire a socorrer os pobres e ter uma vida modesta, sempre procurando auxiliar quem bate em nossas portas.

Santo é quem faz a vontade de Deus entre nós – foi essa a vida que Santa Dulce escolheu, estar ao lado de quem mais precisa. Neste tempo de grande emoção, exaltamos com a mais profunda fé e alegria a Canonização de Santa Dulce dos Pobres, presidida pelo Papa Francisco, como grande inspiração para o Sínodo Pan-Amazônico e para toda a Igreja. Um momento inspirador que aproxima os brasileiros dos desígnios de Deus! Santa Dulce dos Pobres, rogai por nós!
 
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro