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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

É tempo de Quaresma

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06/03/2019 15:02 - Atualizado em 06/03/2019 15:03

É tempo de Quaresma 0

06/03/2019 15:02 - Atualizado em 06/03/2019 15:03

Iniciando a Quaresma com a celebração da quarta-feira de cinzas somos convidados a aprofundar a espiritualidade quaresmal para vivenciarmos esse itinerário que o Papa Francisco, em sua homilia ao abrir esse tempo favorável assim se referiu: “A Quaresma é o tempo para reencontrar a rota da vida. Com efeito, no caminho da vida, como em todos os caminhos, aquilo que verdadeiramente conta é não perder de vista a meta”. E ainda fez algumas perguntas: “No caminho da vida procuro a rota?” e, citando a Palavra de Deus chama a todos para que se “Voltem para mim, diz o Senhor.” E o Papa conclui: “para mim: o Senhor é a meta da nossa viagem no mundo. A rota deve ser ajustada na direção d’Ele”.

A Quaresma é esse tempo de recomeço, de volta, de retomada, de reviver a vida batismal. Nós renovaremos as promessas batismais na Vigília da Páscoa e esse ato não pode ser apenas ritual, deve estar inserido em nossa vida e conversão. Este é o tempo litúrgico de conversão, que a Igreja marca para nos preparar para a grande festa da Páscoa. É tempo para nos arrepender de nossos pecados celebrando o sacramento da penitência ou confissão deixando-nos conduzir por novos caminhos em Cristo.

A Quaresma dura 40 dias (excetuados os domingos): começa na quarta-feira de Cinzas e termina na quinta-feira da Semana Santa excluída a celebração da Ceia do Senhor, quando iniciaremos o tríduo pascal. Ao longo deste tempo, sobretudo, na liturgia do domingo, fazemos um esforço para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que devemos viver como filhos de Deus.

Trata-se de um tempo privilegiado de conversão, combate espiritual, jejum e escuta da Palavra de Deus. Entramos no “deserto” com Cristo, como recorda o Papa em sua mensagem para a quaresma, para fazer o mundo “voltar a ser aquele jardim da comunhão com Deus que era antes do pecado das origens”.  Estamos refazendo o caminho do Êxodo para que do inverno de nossos pecados passemos para a primavera dos novos tempos.

O número de quarenta é importantíssimo, pois tem toda uma significação bíblica. No passado era o tempo aproximado de uma geração. Encontramos muitas referências a esse número, mas recordo de algumas: os quarenta dias do Dilúvio (Gn 7,4), os quarenta dias de Moisés no Monte Sinai, os quarenta anos de Israel no deserto (Ex16,35; Nm 14,33; Dt 29,5; os quarenta anos do reinado de Davi (2Sm 5.4), os quarenta dias do caminho de Elias (1Rs 19,8) e, sobretudo, os quarenta dias do Senhor Jesus no deserto (Mt 4,3; Mc 1,13; Lc 4,2), preparando sua vida pública, mas também o tempo de Jesus entre Ressurreição e Ascensão (At 1,3). É digno de nota que o mesmo Jesus que entrou na penitência dos quarenta dias aparece transfigurado com dois outros penitentes: Moisés e Elias! Por isso mesmo, o cuidado da Igreja de reservar exatos quarenta dias para a penitência! É o tempo da Quaresma! É tão antigo que tem suas raízes na própria prática da Igreja apostólica.

A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa penitência. É um tempo de reflexão, de penitência, de conversão espiritual; tempo e preparação para o mistério pascal. A espiritualidade da Quaresma, depois de tudo o que foi dito, aparece em seu caráter essencialmente cristocêntrico-pascal-batismal. Este tempo litúrgico é caminho de fé-conversão para Cristo, que se faz servo obediente ao Pai até a morte de cruz. Na espiritualidade quaresmal, três pontos são ressaltados: 1- Oração, 2- Jejum e 3- Esmola como já comentamos outras vezes.

Na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa os cristãos fazem abstinência de carne e jejuam: o jejum nos faz recordar que somos frágeis e que a vida que temos é um dom de Deus, que deve ser vivida em união com ele. Somos convidados a fazer alguma penitência durante todas as sextas-feiras da Quaresma.

O Papa Francisco iniciou a sua homilia desta quarta-feira de cinzas conclamando a todos para entrarem neste tempo de coração aberto e contrito: «Toquem a trombeta em Sião, proclamem um jejum». Com esse versículo do livro do Profeta Joel, iniciou sua homilia, sublinhando que a “Quaresma tem início com um som estridente: o som duma trombeta que não acaricia os ouvidos, mas proclama um jejum. É um som intenso, que pretende abrandar o ritmo da nossa vida, sempre dominada pela pressa, mas muitas vezes não sabe bem para onde vai. É um apelo a deter-se para ir ao essencial, a jejuar do supérfluo que distrai. É um despertador da alma”, disse o Papa. E ainda acrescenta: “ao som desse despertador, segue-se a mensagem que o Senhor transmite pela boca do profeta, uma mensagem breve e premente: Voltem para Mim”.

A Quaresma é um tempo propício para lutarmos contra os nossos defeitos mais arraigados. Podemos aproveitar esta época litúrgica para crescer em conhecimento próprio, fazendo um exame mais aprofundado da nossa vida para descobrir o que nos aproxima ou afasta de Deus. Depois, marcaremos metas palpáveis de melhora e nos esforçaremos por atingi-las. Se alguma vez falharmos, recorreremos com humildade e contrição ao sacramento da Penitência e recomeçaremos com alegria. Se fizermos a nossa parte, que é lutar sempre confiantes na ajuda de Deus, Ele não deixará de nos conceder as graças necessárias para uma verdadeira conversão.

 

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É tempo de Quaresma

06/03/2019 15:02 - Atualizado em 06/03/2019 15:03

Iniciando a Quaresma com a celebração da quarta-feira de cinzas somos convidados a aprofundar a espiritualidade quaresmal para vivenciarmos esse itinerário que o Papa Francisco, em sua homilia ao abrir esse tempo favorável assim se referiu: “A Quaresma é o tempo para reencontrar a rota da vida. Com efeito, no caminho da vida, como em todos os caminhos, aquilo que verdadeiramente conta é não perder de vista a meta”. E ainda fez algumas perguntas: “No caminho da vida procuro a rota?” e, citando a Palavra de Deus chama a todos para que se “Voltem para mim, diz o Senhor.” E o Papa conclui: “para mim: o Senhor é a meta da nossa viagem no mundo. A rota deve ser ajustada na direção d’Ele”.

A Quaresma é esse tempo de recomeço, de volta, de retomada, de reviver a vida batismal. Nós renovaremos as promessas batismais na Vigília da Páscoa e esse ato não pode ser apenas ritual, deve estar inserido em nossa vida e conversão. Este é o tempo litúrgico de conversão, que a Igreja marca para nos preparar para a grande festa da Páscoa. É tempo para nos arrepender de nossos pecados celebrando o sacramento da penitência ou confissão deixando-nos conduzir por novos caminhos em Cristo.

A Quaresma dura 40 dias (excetuados os domingos): começa na quarta-feira de Cinzas e termina na quinta-feira da Semana Santa excluída a celebração da Ceia do Senhor, quando iniciaremos o tríduo pascal. Ao longo deste tempo, sobretudo, na liturgia do domingo, fazemos um esforço para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que devemos viver como filhos de Deus.

Trata-se de um tempo privilegiado de conversão, combate espiritual, jejum e escuta da Palavra de Deus. Entramos no “deserto” com Cristo, como recorda o Papa em sua mensagem para a quaresma, para fazer o mundo “voltar a ser aquele jardim da comunhão com Deus que era antes do pecado das origens”.  Estamos refazendo o caminho do Êxodo para que do inverno de nossos pecados passemos para a primavera dos novos tempos.

O número de quarenta é importantíssimo, pois tem toda uma significação bíblica. No passado era o tempo aproximado de uma geração. Encontramos muitas referências a esse número, mas recordo de algumas: os quarenta dias do Dilúvio (Gn 7,4), os quarenta dias de Moisés no Monte Sinai, os quarenta anos de Israel no deserto (Ex16,35; Nm 14,33; Dt 29,5; os quarenta anos do reinado de Davi (2Sm 5.4), os quarenta dias do caminho de Elias (1Rs 19,8) e, sobretudo, os quarenta dias do Senhor Jesus no deserto (Mt 4,3; Mc 1,13; Lc 4,2), preparando sua vida pública, mas também o tempo de Jesus entre Ressurreição e Ascensão (At 1,3). É digno de nota que o mesmo Jesus que entrou na penitência dos quarenta dias aparece transfigurado com dois outros penitentes: Moisés e Elias! Por isso mesmo, o cuidado da Igreja de reservar exatos quarenta dias para a penitência! É o tempo da Quaresma! É tão antigo que tem suas raízes na própria prática da Igreja apostólica.

A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa penitência. É um tempo de reflexão, de penitência, de conversão espiritual; tempo e preparação para o mistério pascal. A espiritualidade da Quaresma, depois de tudo o que foi dito, aparece em seu caráter essencialmente cristocêntrico-pascal-batismal. Este tempo litúrgico é caminho de fé-conversão para Cristo, que se faz servo obediente ao Pai até a morte de cruz. Na espiritualidade quaresmal, três pontos são ressaltados: 1- Oração, 2- Jejum e 3- Esmola como já comentamos outras vezes.

Na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa os cristãos fazem abstinência de carne e jejuam: o jejum nos faz recordar que somos frágeis e que a vida que temos é um dom de Deus, que deve ser vivida em união com ele. Somos convidados a fazer alguma penitência durante todas as sextas-feiras da Quaresma.

O Papa Francisco iniciou a sua homilia desta quarta-feira de cinzas conclamando a todos para entrarem neste tempo de coração aberto e contrito: «Toquem a trombeta em Sião, proclamem um jejum». Com esse versículo do livro do Profeta Joel, iniciou sua homilia, sublinhando que a “Quaresma tem início com um som estridente: o som duma trombeta que não acaricia os ouvidos, mas proclama um jejum. É um som intenso, que pretende abrandar o ritmo da nossa vida, sempre dominada pela pressa, mas muitas vezes não sabe bem para onde vai. É um apelo a deter-se para ir ao essencial, a jejuar do supérfluo que distrai. É um despertador da alma”, disse o Papa. E ainda acrescenta: “ao som desse despertador, segue-se a mensagem que o Senhor transmite pela boca do profeta, uma mensagem breve e premente: Voltem para Mim”.

A Quaresma é um tempo propício para lutarmos contra os nossos defeitos mais arraigados. Podemos aproveitar esta época litúrgica para crescer em conhecimento próprio, fazendo um exame mais aprofundado da nossa vida para descobrir o que nos aproxima ou afasta de Deus. Depois, marcaremos metas palpáveis de melhora e nos esforçaremos por atingi-las. Se alguma vez falharmos, recorreremos com humildade e contrição ao sacramento da Penitência e recomeçaremos com alegria. Se fizermos a nossa parte, que é lutar sempre confiantes na ajuda de Deus, Ele não deixará de nos conceder as graças necessárias para uma verdadeira conversão.

 

Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro