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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

Filhos da Ressurreição

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Filhos da Ressurreição

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08/11/2013 00:00 - Atualizado em 08/11/2013 14:16

Filhos da Ressurreição 0

08/11/2013 00:00 - Atualizado em 08/11/2013 14:16

Filhos da Ressurreição / Arqrio

A liturgia que celebramos é sempre louvor ao Pai que, em seu Filho ressuscitado, nos faz participar de sua glória. Cristo ressuscitado está no meio de nós e Ele é a nossa festa. É por Ele e para comemorar a ressurreição d’Ele que celebramos o domingo. Mas, ao olharmos para o ressuscitado, é nossa própria ressurreição que entrevemos. Ao celebrarmos a sua Páscoa é a certeza da nossa Páscoa que renovamos.

A palavra que hoje ouvimos no início da nossa liturgia é uma palavra dinâmica. Isso nós percebemos na segunda leitura, quando o apóstolo nos convida a orar para que “a Palavra do Senhor continue o seu caminho e seja glorificada”. Nós glorificamos hoje nessa liturgia com nosso incenso, nossas palmas e, sobretudo, com nossos ouvidos atentos, a Palavra de Deus. E ela, a palavra, continua o seu caminho, gerando em nós os mesmos sentimentos de Cristo (cf. Fl 2,5-11).

Hoje, a Liturgia da Palavra nos faz lançar um olhar para a Ressurreição que nós aguardamos. O apóstolo Paulo nos ensina que, se Cristo ressuscitou, também nós ressuscitaremos com Ele. A fé na Ressurreição, nós já a encontramos no AT. A primeira leitura que ouvimos nos apresenta o martírio dos sete irmãos macabeus. Estes jovens proclamam solenemente sua fé na Ressurreição quando dizem: “O Rei do mundo nos fará ressurgir para uma vida eterna, a nós que morremos por suas leis!” (2Mc 7,9), e ainda: “Do céu recebi estes membros, e é por causa de suas leis que os desprezo, pois espero recebê-los novamente” (2Mc 7,11).

Essa esperança na vida futura e na ressurreição dos mortos é-nos confirmada pelo próprio Cristo. Nesta passagem do Evangelho, o Senhor é interrogado pelos saduceus, que negam a existência da ressurreição.

Os saduceus apresentam a Cristo o caso da mulher cujo marido havia morrido sem lhe deixar filhos. Os irmãos do seu marido, cumprindo a lei do levirato prevista em Dt 25, um a um tentam dar ao irmão falecido uma descendência. Todos os sete irmãos, todavia, morrem sem deixar uma descendência e, por fim, morre também a mulher. Os saduceus propõem então a Cristo a questão fundamental: de quem ela será mulher na outra vida?

A pergunta dos saduceus exprime não somente a sua descrença na ressurreição, mas também o seu erro em achar que a vida futura consistiria em mera cópia desta vida presente. Jesus responde aos saduceus não somente afirmando a ressurreição como uma realidade de fé, mas ainda dando-lhes um precioso ensinamento sobre o que significa a vida futura. Jesus afirma solenemente: “Os filhos deste século casam-se e dão-se em casamento; mas os que forem julgados dignos de ter parte no outro século e na ressurreição dos mortos, nem eles se casam, nem elas se dão em casamento; pois nem mesmo podem morrer: são semelhantes aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição”.

Jesus afirma a ressurreição e explica em que consiste a vida futura: seremos semelhantes aos anjos, filhos de Deus, filhos da ressurreição. A vida futura não consiste nesta vida melhorada. O que teremos na outra vida é algo, como diz Paulo, que os nossos olhos não viram, os nossos ouvidos não ouviram e nunca subiu ao nosso coração. Lá, no século vindouro, nós encontraremos o que verdadeiramente corresponde à nossa essência. Lá nós seremos saciados. E com que seremos saciados: a visão de Deus. Não foi isso por acaso o que proclamou o salmista quando disse: “ao despertar eu me saciarei com tua imagem”? Ao lermos esse salmo em chave neotestamentária, eis o que encontramos: a certeza a respeito da ressurreição. Sim, entraremos no sono da morte, mas seremos despertados, chamados pelo nome, e nós, que nunca encontramos nesse mundo a verdadeira saciedade, seremos saciados pela visão de Deus. Tantas vezes reclamamos que algo nos falta. Em tudo sentimos que nunca chegamos à saciedade. Às vezes até procuramos a saciedade em coisas humanas e mesmo pecaminosas, incapazes de nos saciar. Sentimos em nós uma fome e uma sede que nada neste mundo pode extinguir. Que alegria, nós que assim vivemos, ouvirmos hoje essa palavra que nos dá a certeza de sermos saciados, na vida futura, com a visão de Deus. “Ao despertar, eu me saciarei com tua imagem!”

“Ao despertar!” Sim, Deus nos erguerá, nos despertará do sono da morte. A fé na ressurreição é essencial para nós. Quem não crê na ressurreição ou vive sem esperança, porque desanima diante desse mundo de morte; ou, considerando-se somente cidadão deste mundo, não se converte, e se deixa moldar pelo espírito deste século.

A fé na ressurreição alimenta a nossa esperança; a expectativa da vida futura nos faz não querer nos conformarmos com este século, porque percebemos que somos “filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição”.

Participaremos plenamente da glória de Deus; viveremos para contemplá-lo e adorá-lo, pois seremos como os anjos. Nessa palavra se baseia também o carisma do celibato e da virgindade consagrada. Vivemos já aqui o que será a vida futura. Nessa palavra, também os casados percebem que o seu matrimônio não é a realidade última, nem um fim em si mesmo, mas um meio de colaborar aqui com a obra da criação em vista da realidade última que é o reino para o qual nos encaminhamos.

“Somos filhos da ressurreição.” Cristo não somente nos garantiu pela sua palavra a ressurreição, mas Ele nos gerou para essa nova vida com a sua própria ressurreição. Porque Ele ressuscitou, também nós ressuscitaremos. Esta é a nossa certeza e a causa da nossa esperança em Cristo Jesus. E enquanto aguardamos o cumprimento da sua promessa, seguimos a recomendação do apóstolo, pedindo também: “orai por nós, para que a Palavra do Senhor continue o seu caminho, e seja glorificada”, e oramos por vós para que “o Senhor conduza os vossos corações para o amor a Deus e a perseverança de Cristo”, até que, ao despertar, a visão da sua imagem nos sacie!

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Filhos da Ressurreição / Arqrio

Filhos da Ressurreição

08/11/2013 00:00 - Atualizado em 08/11/2013 14:16

A liturgia que celebramos é sempre louvor ao Pai que, em seu Filho ressuscitado, nos faz participar de sua glória. Cristo ressuscitado está no meio de nós e Ele é a nossa festa. É por Ele e para comemorar a ressurreição d’Ele que celebramos o domingo. Mas, ao olharmos para o ressuscitado, é nossa própria ressurreição que entrevemos. Ao celebrarmos a sua Páscoa é a certeza da nossa Páscoa que renovamos.

A palavra que hoje ouvimos no início da nossa liturgia é uma palavra dinâmica. Isso nós percebemos na segunda leitura, quando o apóstolo nos convida a orar para que “a Palavra do Senhor continue o seu caminho e seja glorificada”. Nós glorificamos hoje nessa liturgia com nosso incenso, nossas palmas e, sobretudo, com nossos ouvidos atentos, a Palavra de Deus. E ela, a palavra, continua o seu caminho, gerando em nós os mesmos sentimentos de Cristo (cf. Fl 2,5-11).

Hoje, a Liturgia da Palavra nos faz lançar um olhar para a Ressurreição que nós aguardamos. O apóstolo Paulo nos ensina que, se Cristo ressuscitou, também nós ressuscitaremos com Ele. A fé na Ressurreição, nós já a encontramos no AT. A primeira leitura que ouvimos nos apresenta o martírio dos sete irmãos macabeus. Estes jovens proclamam solenemente sua fé na Ressurreição quando dizem: “O Rei do mundo nos fará ressurgir para uma vida eterna, a nós que morremos por suas leis!” (2Mc 7,9), e ainda: “Do céu recebi estes membros, e é por causa de suas leis que os desprezo, pois espero recebê-los novamente” (2Mc 7,11).

Essa esperança na vida futura e na ressurreição dos mortos é-nos confirmada pelo próprio Cristo. Nesta passagem do Evangelho, o Senhor é interrogado pelos saduceus, que negam a existência da ressurreição.

Os saduceus apresentam a Cristo o caso da mulher cujo marido havia morrido sem lhe deixar filhos. Os irmãos do seu marido, cumprindo a lei do levirato prevista em Dt 25, um a um tentam dar ao irmão falecido uma descendência. Todos os sete irmãos, todavia, morrem sem deixar uma descendência e, por fim, morre também a mulher. Os saduceus propõem então a Cristo a questão fundamental: de quem ela será mulher na outra vida?

A pergunta dos saduceus exprime não somente a sua descrença na ressurreição, mas também o seu erro em achar que a vida futura consistiria em mera cópia desta vida presente. Jesus responde aos saduceus não somente afirmando a ressurreição como uma realidade de fé, mas ainda dando-lhes um precioso ensinamento sobre o que significa a vida futura. Jesus afirma solenemente: “Os filhos deste século casam-se e dão-se em casamento; mas os que forem julgados dignos de ter parte no outro século e na ressurreição dos mortos, nem eles se casam, nem elas se dão em casamento; pois nem mesmo podem morrer: são semelhantes aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição”.

Jesus afirma a ressurreição e explica em que consiste a vida futura: seremos semelhantes aos anjos, filhos de Deus, filhos da ressurreição. A vida futura não consiste nesta vida melhorada. O que teremos na outra vida é algo, como diz Paulo, que os nossos olhos não viram, os nossos ouvidos não ouviram e nunca subiu ao nosso coração. Lá, no século vindouro, nós encontraremos o que verdadeiramente corresponde à nossa essência. Lá nós seremos saciados. E com que seremos saciados: a visão de Deus. Não foi isso por acaso o que proclamou o salmista quando disse: “ao despertar eu me saciarei com tua imagem”? Ao lermos esse salmo em chave neotestamentária, eis o que encontramos: a certeza a respeito da ressurreição. Sim, entraremos no sono da morte, mas seremos despertados, chamados pelo nome, e nós, que nunca encontramos nesse mundo a verdadeira saciedade, seremos saciados pela visão de Deus. Tantas vezes reclamamos que algo nos falta. Em tudo sentimos que nunca chegamos à saciedade. Às vezes até procuramos a saciedade em coisas humanas e mesmo pecaminosas, incapazes de nos saciar. Sentimos em nós uma fome e uma sede que nada neste mundo pode extinguir. Que alegria, nós que assim vivemos, ouvirmos hoje essa palavra que nos dá a certeza de sermos saciados, na vida futura, com a visão de Deus. “Ao despertar, eu me saciarei com tua imagem!”

“Ao despertar!” Sim, Deus nos erguerá, nos despertará do sono da morte. A fé na ressurreição é essencial para nós. Quem não crê na ressurreição ou vive sem esperança, porque desanima diante desse mundo de morte; ou, considerando-se somente cidadão deste mundo, não se converte, e se deixa moldar pelo espírito deste século.

A fé na ressurreição alimenta a nossa esperança; a expectativa da vida futura nos faz não querer nos conformarmos com este século, porque percebemos que somos “filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição”.

Participaremos plenamente da glória de Deus; viveremos para contemplá-lo e adorá-lo, pois seremos como os anjos. Nessa palavra se baseia também o carisma do celibato e da virgindade consagrada. Vivemos já aqui o que será a vida futura. Nessa palavra, também os casados percebem que o seu matrimônio não é a realidade última, nem um fim em si mesmo, mas um meio de colaborar aqui com a obra da criação em vista da realidade última que é o reino para o qual nos encaminhamos.

“Somos filhos da ressurreição.” Cristo não somente nos garantiu pela sua palavra a ressurreição, mas Ele nos gerou para essa nova vida com a sua própria ressurreição. Porque Ele ressuscitou, também nós ressuscitaremos. Esta é a nossa certeza e a causa da nossa esperança em Cristo Jesus. E enquanto aguardamos o cumprimento da sua promessa, seguimos a recomendação do apóstolo, pedindo também: “orai por nós, para que a Palavra do Senhor continue o seu caminho, e seja glorificada”, e oramos por vós para que “o Senhor conduza os vossos corações para o amor a Deus e a perseverança de Cristo”, até que, ao despertar, a visão da sua imagem nos sacie!

Padre Fábio Siqueira
Autor

Padre Fábio Siqueira

Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida