Arquidiocese do Rio de Janeiro

34º 22º

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” Mt 5,8

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do e-mail.
E-mail enviado com sucesso.

17 de Maio de 2024

“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” Mt 5,8

Se você encontrou erro neste texto ou nesta página, por favor preencha os campos abaixo. O link da página será enviado automaticamente a ArqRio.

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do erro.
Erro relatado com sucesso, obrigado.

04/11/2018 01:00

“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” Mt 5,8 0

04/11/2018 01:00

Celebramos hoje a Solenidade de Todos os Santos. Como afirma a coleta desta Eucaristia, hoje o Senhor nos dá “celebrar numa só festa os méritos de todos os Santos”. Nós cremos na “Comunhão dos Santos”, que nada mais é do que a união mística entre aqueles que já estão na bem-aventurança, aqueles que se purificam a fim de nela penetrar e nós, que militamos sob o estandarte de Cristo. Nós também somos “santos”. A Solenidade de hoje se torna uma provocação a fim de refletirmos sobre este chamado fundamental que Deus faz a cada um de nós e que está na raiz de nossa vocação cristã: o chamado à santidade.

Cristo vem nos apresentar uma grande boa-nova. Esta boa-nova é a certeza de que é Ele quem nos santifica. Ao homem era impossível alcançar a verdadeira santidade. Cristo no-la concedeu assumindo a nossa natureza e nos aproximando definitivamente de Deus. N’Ele, em Cristo, nós já fomos santificados.

Se já fomos por Cristo santificados então o que nos resta fazer? Será que não precisamos fazer mais nada? Devemos ser apenas receptores passivos da santificação que nos foi oferecida? A santidade que nos foi dada em Cristo precisa ser manifestada, para que se torne sacramento da santidade que é, em primeiro lugar, santidade do próprio Cristo. A nossa vida de santidade deve ser uma epifania, uma manifestação da santidade de Cristo em nós.

A fim de que possamos descobrir em nós e manifestar ao mundo a santidade de Cristo que nós recebemos, o Evangelho que hoje ouvimos é como que um conteúdo programático de vida cristã. A liturgia, nos ensina a Sacrosanctum Concilium n. 7, realiza a “santificação do homem”, por isso nela nós ouvimos a Palavra de Deus que nos santifica e nos purifica, a fim de que possamos ser cada vez mais um sinal claro e manifesto da santidade do Cristo.

Cristo está, qual novo Moisés, na Montanha, e ensina aos homens a Lei Nova. Estamos diante das bem-aventuranças. As bem-aventuranças são disposições do coração para que o homem possa viver a Lei dada por Deus a Moisés no Sinai. Vamos ver um pouco mais adiante o encontro de Jesus com o jovem que quer ser “perfeito”. Jesus lhe aponta o caminho dos mandamentos e o manda depois vender tudo o que tem. Mas, antes de viver os mandamentos, antes de pôr em prática a lei, norma de vida, é precisa criar no coração as disposições necessárias para que a prática da Lei possa produzir os efeitos desejados por Deus.

Essas disposições de fundo nos são apresentadas por Jesus como a pobreza de Espírito, a mansidão, o ter fome e sede de justiça, a misericórdia, a pureza de coração e a promoção da paz. Todas essas classes de pessoas são bem-aventuradas e a cada uma delas é concedida uma promessa de salvação. Todas são convidadas a entrar na alegria de Deus e a encherem o seu coração de esperança, aguardando a recompensa que será dada nos céus.

Poderíamos nos deter sobre cada uma das bem-aventuranças, mas gostaria de refletir hoje sobre a pureza de coração. Para os puros de coração é prometida a visão de Deus. Vejamos que o Senhor nos convida não somente a uma pureza corporal. A pureza corporal é uma consequência da pureza de coração. Se alguém possui o coração puro, também o seu corpo se tornará puro, porque manifestamos exteriormente aquilo o que temos em nosso coração. Não é isso que o Senhor nos ensina quando diz que “a boca fala daquilo o que o coração está cheio”?

Se queremos ver a Deus devemos buscar a pureza de coração. Devemos ter um coração simples, livre da duplicidade. Devemos buscar com o nosso coração uma só coisa e não muitas coisas. Devemos buscar com o nosso coração somente o bem por excelência que é Deus, porque n’Ele encontraremos todos os outros bens dos quais necessitamos. Buscamos a pureza de coração porque queremos “ver a Deus”. Quem é puro de coração de uma certa forma já contempla Deus aqui, porque começa a ter sobre o mundo e os homens um pouco do olhar de Deus. Todavia, é sobretudo a visão beatífica que aguardamos. Aquele dia no qual nos apresentaremos diante do Senhor, diante do seu trono, trazendo as nossas vestes alvejadas no Sangue do Cordeiro, aquele dia no qual nós agitaremos as nossas palmas, como sinal da nossa vitória.

Essa é a visão de João na primeira leitura. O vidente de Patmos está numa liturgia, no Dia do Senhor, e contempla coisas maravilhosas. Hoje a visão de João se realiza para nós, embora ainda em figura. Também somos essa multidão de santos, que trajamos espiritualmente a veste branca do nosso batismo e nos apresentamos diante do trono do Cordeiro, agitando os ramos espirituais que trazemos, nós que também chegamos aqui vindos da grande tribulação na qual vivemos durante a nossa semana. Mas, o que nos anima é a certeza, a nós que hoje celebramos numa só festa todos os santos, a certeza de que nós estaremos também unidos a estes a quem hoje celebramos, trajando nossas vestes brancas, alvejadas no sangue do Cordeiro e estaremos diante do trono do Senhor da glória e Ele será, então, “tudo em todos”.

Enquanto aguardamos esse dia, nos consolemos com a Palavra do Apóstolo João que nos anima na segunda leitura que hoje ouvimos com o texto da sua primeira carta. João nos apresenta qual deve ser o motivo da nossa alegria: “Sermos chamados Filhos de Deus!” João nos comunica isso como certeza: “Nós o somos!” João nos transmite o motivo da nossa esperança: “Nem sequer se manifestou o que seremos (...) quando Jesus se manifestar seremos semelhantes a Ele porque o veremos tal como Ele é.” A visão plena do Cristo, realizará em nós a epifania plena da santidade que Ele nos concedeu. Enquanto caminhamos nesta vida, na alegria de sermos filhos de Deus e no desejo de ser para o mundo sacramento dessa santidade recebida do Cristo como Dom, voltemos o nosso olhar para Ele e o contemplemos, porque é contemplando-o que nós vamos deixando aflorar em nós a verdadeira santidade que Ele nos ofertou como dom.

Uma geração que contempla o Senhor: “É assim a geração dos que procuram o Senhor!” Sejamos essa geração: a geração dos que buscam o Senhor! Contemplemos o Cristo e a contemplação fará resplandecer em nós a face d’Aquele que nos santificou pela sua morte e ressurreição.

Leia os comentários

Deixe seu comentário

Resposta ao comentário de:

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do comentário.
Comentário enviado para aprovação.

“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” Mt 5,8

04/11/2018 01:00

Celebramos hoje a Solenidade de Todos os Santos. Como afirma a coleta desta Eucaristia, hoje o Senhor nos dá “celebrar numa só festa os méritos de todos os Santos”. Nós cremos na “Comunhão dos Santos”, que nada mais é do que a união mística entre aqueles que já estão na bem-aventurança, aqueles que se purificam a fim de nela penetrar e nós, que militamos sob o estandarte de Cristo. Nós também somos “santos”. A Solenidade de hoje se torna uma provocação a fim de refletirmos sobre este chamado fundamental que Deus faz a cada um de nós e que está na raiz de nossa vocação cristã: o chamado à santidade.

Cristo vem nos apresentar uma grande boa-nova. Esta boa-nova é a certeza de que é Ele quem nos santifica. Ao homem era impossível alcançar a verdadeira santidade. Cristo no-la concedeu assumindo a nossa natureza e nos aproximando definitivamente de Deus. N’Ele, em Cristo, nós já fomos santificados.

Se já fomos por Cristo santificados então o que nos resta fazer? Será que não precisamos fazer mais nada? Devemos ser apenas receptores passivos da santificação que nos foi oferecida? A santidade que nos foi dada em Cristo precisa ser manifestada, para que se torne sacramento da santidade que é, em primeiro lugar, santidade do próprio Cristo. A nossa vida de santidade deve ser uma epifania, uma manifestação da santidade de Cristo em nós.

A fim de que possamos descobrir em nós e manifestar ao mundo a santidade de Cristo que nós recebemos, o Evangelho que hoje ouvimos é como que um conteúdo programático de vida cristã. A liturgia, nos ensina a Sacrosanctum Concilium n. 7, realiza a “santificação do homem”, por isso nela nós ouvimos a Palavra de Deus que nos santifica e nos purifica, a fim de que possamos ser cada vez mais um sinal claro e manifesto da santidade do Cristo.

Cristo está, qual novo Moisés, na Montanha, e ensina aos homens a Lei Nova. Estamos diante das bem-aventuranças. As bem-aventuranças são disposições do coração para que o homem possa viver a Lei dada por Deus a Moisés no Sinai. Vamos ver um pouco mais adiante o encontro de Jesus com o jovem que quer ser “perfeito”. Jesus lhe aponta o caminho dos mandamentos e o manda depois vender tudo o que tem. Mas, antes de viver os mandamentos, antes de pôr em prática a lei, norma de vida, é precisa criar no coração as disposições necessárias para que a prática da Lei possa produzir os efeitos desejados por Deus.

Essas disposições de fundo nos são apresentadas por Jesus como a pobreza de Espírito, a mansidão, o ter fome e sede de justiça, a misericórdia, a pureza de coração e a promoção da paz. Todas essas classes de pessoas são bem-aventuradas e a cada uma delas é concedida uma promessa de salvação. Todas são convidadas a entrar na alegria de Deus e a encherem o seu coração de esperança, aguardando a recompensa que será dada nos céus.

Poderíamos nos deter sobre cada uma das bem-aventuranças, mas gostaria de refletir hoje sobre a pureza de coração. Para os puros de coração é prometida a visão de Deus. Vejamos que o Senhor nos convida não somente a uma pureza corporal. A pureza corporal é uma consequência da pureza de coração. Se alguém possui o coração puro, também o seu corpo se tornará puro, porque manifestamos exteriormente aquilo o que temos em nosso coração. Não é isso que o Senhor nos ensina quando diz que “a boca fala daquilo o que o coração está cheio”?

Se queremos ver a Deus devemos buscar a pureza de coração. Devemos ter um coração simples, livre da duplicidade. Devemos buscar com o nosso coração uma só coisa e não muitas coisas. Devemos buscar com o nosso coração somente o bem por excelência que é Deus, porque n’Ele encontraremos todos os outros bens dos quais necessitamos. Buscamos a pureza de coração porque queremos “ver a Deus”. Quem é puro de coração de uma certa forma já contempla Deus aqui, porque começa a ter sobre o mundo e os homens um pouco do olhar de Deus. Todavia, é sobretudo a visão beatífica que aguardamos. Aquele dia no qual nos apresentaremos diante do Senhor, diante do seu trono, trazendo as nossas vestes alvejadas no Sangue do Cordeiro, aquele dia no qual nós agitaremos as nossas palmas, como sinal da nossa vitória.

Essa é a visão de João na primeira leitura. O vidente de Patmos está numa liturgia, no Dia do Senhor, e contempla coisas maravilhosas. Hoje a visão de João se realiza para nós, embora ainda em figura. Também somos essa multidão de santos, que trajamos espiritualmente a veste branca do nosso batismo e nos apresentamos diante do trono do Cordeiro, agitando os ramos espirituais que trazemos, nós que também chegamos aqui vindos da grande tribulação na qual vivemos durante a nossa semana. Mas, o que nos anima é a certeza, a nós que hoje celebramos numa só festa todos os santos, a certeza de que nós estaremos também unidos a estes a quem hoje celebramos, trajando nossas vestes brancas, alvejadas no sangue do Cordeiro e estaremos diante do trono do Senhor da glória e Ele será, então, “tudo em todos”.

Enquanto aguardamos esse dia, nos consolemos com a Palavra do Apóstolo João que nos anima na segunda leitura que hoje ouvimos com o texto da sua primeira carta. João nos apresenta qual deve ser o motivo da nossa alegria: “Sermos chamados Filhos de Deus!” João nos comunica isso como certeza: “Nós o somos!” João nos transmite o motivo da nossa esperança: “Nem sequer se manifestou o que seremos (...) quando Jesus se manifestar seremos semelhantes a Ele porque o veremos tal como Ele é.” A visão plena do Cristo, realizará em nós a epifania plena da santidade que Ele nos concedeu. Enquanto caminhamos nesta vida, na alegria de sermos filhos de Deus e no desejo de ser para o mundo sacramento dessa santidade recebida do Cristo como Dom, voltemos o nosso olhar para Ele e o contemplemos, porque é contemplando-o que nós vamos deixando aflorar em nós a verdadeira santidade que Ele nos ofertou como dom.

Uma geração que contempla o Senhor: “É assim a geração dos que procuram o Senhor!” Sejamos essa geração: a geração dos que buscam o Senhor! Contemplemos o Cristo e a contemplação fará resplandecer em nós a face d’Aquele que nos santificou pela sua morte e ressurreição.

Padre Fábio Siqueira
Autor

Padre Fábio Siqueira

Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida