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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 09/05/2024

09 de Maio de 2024

Natividade de Maria

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08/09/2018 00:00 - Atualizado em 09/09/2018 11:05

Natividade de Maria 0

08/09/2018 00:00 - Atualizado em 09/09/2018 11:05

No dia 8 de setembro celebramos a festa da Natividade de Nossa Senhora. Como quase todas as principais solenidades de Maria, a Natividade também é de origem oriental. Na Igreja latina, iniciou-se com o Papa Sérgio I no final do século VII. Originalmente era para ser a festa da dedicação da atual basílica de Sant’Ana em Jerusalém. A tradição oral indicava aquele lugar como a sede da humilde moradia de São Joaquim e Santa Ana da descendência de Davi.

É necessário procurar neste culto da Natividade de Maria uma verdade profunda: a vinda do homem-Deus na terra foi por muito tempo preparada pelo Pai durante os séculos.

A personalidade divina do Salvador supera infinitamente tudo o que a humanidade pode gerar, mas a história da humanidade foi como um nascimento lento e difícil das condições necessárias para a encarnação do Filho de Deus na História.

A devoção cristã, portanto, queria venerar as pessoas e eventos que prepararam o nascimento de Cristo no nível humano e no nível da graça: sua mãe, o nascimento dela, sua concepção, seus Pais e seus antepassados. Acreditar nos preparativos da encarnação significa acreditar na realidade da encarnação e reconhecer a necessidade da colaboração humana na implementação da salvação do mundo. A verdadeira devoção a Maria sempre se remete a Jesus Cristo.

A celebração honra o nascimento da Mãe de Deus, mas o verdadeiro significado a propósito deste evento é a encarnação da Palavra na história. De fato, Maria nasce, é amamentada e criada para ser a Mãe do Rei dos séculos, Mãe de Deus.

Portanto, toda a criação irá cantar de alegria, exultar e participar da alegria deste dia solene. Este é realmente o dia em que o Criador do universo construiu seu templo, hoje o dia em que, para um projeto estupendo, a criatura se torna a morada escolhida do seu Criador.

A genealogia é inspirada no primeiro livro das Crônicas, (Cf. Cr 1.34; 2,1-15; 3,1-18); e ao livro de Rute (cf. Rt 4, 18-22. Para o judeu, a história é expressa em termos de gênese, que significa de geração. Na Bíblia há apenas uma história: a de uma promessa feita por Deus a Abraão, Pai dos crentes (cf. Is 51,1-2), que ocorreu no tempo do Rei Davi (cf. Is 9,6; 11,1-9) e foi cumprida em Jesus Cristo (cf. Gl 3, 28-29).

O primeiro verso dessa passagem é o título da genealogia, ela também pode ser o título de todo o evangelho ao mesmo tempo. A expressão livro de gênese lembra o título do primeiro livro da Bíblia e sugere posteriormente que o evangelho é a história da nova criação. O evangelista São João se coloca na mesma linha, colocando no início do seu evangelho as palavras no princípio tiradas diretamente do livro de Gênesis. (cf. Gn 1,1).

O filho de Davi, Jesus cumpriu as promessas que Deus havia feito através dos profetas (cf. 2 Sm 7: 1, Is 7: 14ss). Como o filho de Abraão perfeitamente percebemos a promessa feita ao líder do Povo de Deus: "Em ti serão benditas todas as famílias da terra eu vos farei frutificar pois nações e reis sairão de ti." (cf. Gn 17: 6, cf. Gal 3: 8-29).

A genealogia destaca a continuidade entre a história de Israel e missão de Jesus e nos prepara para compreender o Evangelho, segundo a qual a Igreja fundada por Jesus é o verdadeiro Israel de Deus e herdeiro de todas as suas promessas (cf. Mt 1, 16-18).

A menção de mulheres na árvore da família de Jesus, é algo quase incomum no gênero de genealogia, destina-se, talvez, para preparar a presença decisiva e exclusiva de uma mulher, Maria, com o nascimento do Salvador.

De acordo com a sucessão de gerações anteriores, deveríamos ler assim: Jacó gerou José e José gerou Jesus. Lemos em vez disso: Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo. O verbo no original na voz passiva “foi gerado” (em sentido grego) expressa a ação de Deus, que será chamado explicitamente na seguinte passagem: "Aquilo que nela foi gerado é do Espírito Santo", (cf. Mt 1,20).

Na genealogia de Jesus Cristo, Mateus nos dá uma visão teológica da sucessão de gerações, agora, essa concepção continua apresentando o papel e a missão de José do ponto de vista do plano de Deus, José é um homem justo. Mateus destaca a identidade messiânica de Jesus afirmando sua descendência em Davi, a quem Deus havia prometido a um descendente que reinaria eternamente na casa de Jacó (cf. Lc 1.33; 2 Sm 7,16).

O nome de Jesus significa "Deus salva", a promessa de salvação contida no nome de Jesus é apresentada em termos espirituais como salvação dos pecados (cf. v. 21). Também para Lucas, a salvação trazida por Jesus consiste na remissão dos pecados (cf. Lc 1,17). Nestas palavras, há a clara rejeição de um messianismo terreno. Jesus não veio para conquistar o reino de Israel ou libertar sua nação da dominação estrangeira. A singularidade da aparência do anjo consiste no fato de que ocorre em um sonho. Mateus talvez apresente José de acordo com o modelo do patriarca José, vice-rei do Egito (cf. Gn 37,5ss).

O importante é que a aparição do anjo deixa claro que a diretriz vem de Deus, aqui encontramos a primeira citação do Antigo Testamento. Isto é precedido pela fórmula introdutória: "Tudo isso aconteceu para cumprir o que foi dito pelo Senhor através do profeta". Com essa expressão, Mateus quer nos dar a ideia do cumprimento das intenções de Deus contidas nas Escrituras. É importante notar que Deus falou através do profeta.

Jesus identificado como o Emanuel, Deus conosco, é uma razão central para o Evangelho de Mateus. Esta citação de Isaías forma uma inclusão com a última sentença do evangelho: "Eu estou contigo todos os dias até o fim do mundo" (cf. Mt 28,20).

A Natividade da Virgem Maria não é um aniversário como muitos outros, é a comemoração de uma grande personalidade na história, é o nascimento da Virgem Maria que é celebrado em vista do grande acontecimento salvífico: a vinda do Messias, Jesus Cristo, Nosso Senhor.   Maria é uma personalidade singular e de grande relevância histórica, porém ela sempre remete a Jesus.

Desde o primeiro momento da vida ela é totalmente disponível e transparente para Deus, ela é como um ícone radiante da bondade divina. Maria, com a totalidade de sua pessoa, é uma mensagem viva de Deus. Maria não pertence ao passado, ela é contemporânea a todas as gerações que a chamarão bem-aventurada. Com seu presente permanente em escutar a voz de Deus por meio do anjo, Maria transcende a história e está sempre presente na história.

A Virgem Maria nos diz de seu amor e sua disponibilidade ao Projeto de salvação.  A vida de Maria desde a sua natividade, do seu SIM guardam para nós um testemunho eloquente e corajoso, pois em Maria o grande anúncio da Encarnação se tornou resposta concreta e decidida, foi uma realidade transformadora: "Eis aqui a serva do Senhor". A Palavra se tornou carne em Maria. Maria, serva de Deus, tornou-se a "porta" pela qual Deus pôde entrar neste mundo.

De fato, não apenas a "porta" tornou-se a "morada" do Senhor, "casa viva", onde o Criador do mundo realmente viveu. Maria ofereceu sua carne para que o Filho de Deus se tornasse como nós. E aqui vem à mente a palavra com a qual, de acordo com a Carta aos Hebreus, Cristo começou sua vida humana dizendo ao Pai: "não quer sacrifícios nem ofertas, mas um corpo que você preparou para mim [...]. Então eu disse: Eis que venho, ó Deus, para fazer a tua vontade "(cf. Hb 10, 5-7).

Maria em tudo fez a vontade de Deus, tornando-se Mãe do Redentor: o verbo de Deus nela se fez carne - na verdade aqui há o encontro entre Deus e o homem, a união do céu e a terra, Deus o Criador e sua criatura. Deus se torna homem, Maria se torna casa viva do Senhor, templo ou morada onde habita o Altíssimo. E onde Deus habita, todos nós estamos em casa; onde Cristo habita, seus irmãos e irmãs não são estrangeiros.

São Francisco de Assis ao se referir a Virgem Mãe de Deus, gostava de chamá-la “Senhora Pobrezinha” virgem feito Igreja, uma igreja templo de portas sempre aberta a nos acolher. A mãe de Cristo é também nossa Mãe, Mãe de todos os que constituem a família de Jesus Cristo, com Cristo e com a Mãe, constituem a Sagrada Família de Deus neste Mundo.

Maria abriu a sua vida e a sua casa para nós porque, abrindo-se a Deus, abriu-se a toda humanidade. Ela oferece-nos a sua casa como o lar comum da única família de Deus. A fé nos dá um lar neste mundo, nos une em uma família. Pela fé somos todos irmãos e irmãs em Cristo, portanto, uma única família. A Casa de Nazaré não é uma relíquia do passado, ela nos fala no presente e nos provoca uma reflexão. Devemos nos perguntar se estamos realmente abertos ao Senhor se queremos oferecer-lhe a nossa vida para que seja morada em nós. 

A Casa de Nazaré conserva sempre um simbolismo muito precioso, ela é uma casa aberta, portanto, é como um convite, como um abraço aberto.  A casa de Nazaré esconde outra mensagem. Até agora, temos dito que Deus não é um Deus abstrato, puramente espiritual, ou uma presença distante de nós. Deus tem uma história de aliança e fidelidade para com o seu povo, uma história palpável. A fé nos faz habitar, mas também nos faz caminhar, e nesta perspectiva, a família de Nazaré mantém um importante ensinamento para todos nós.  

Inspirados em Maria a Mãe de Deus, toda a nossa ação pastoral, na força Espírito Santo, deve ser um anúncio de paz que vem de Deus. Maria, cuja Natividade celebramos. A beleza que salva e que faz da Igreja o ícone da Trindade na terra, este é o lugar de reconciliação e paz.

Neste dia em que a Igreja recorda a natividade de Maria, mãe de Jesus, filha de Joaquim e Ana, também entre os santos, peçamos a Virgem que interceda por nós e nos acompanhe na caminhada de fé. Que sejamos fieis a nossa missão de ser e fazer discípulos de Jesus Cristo todos os Povos da terra, assim como fez Maria desde Belém até o Calvário.  Maria acolheu o plano divino e Sua vontade, ela em tudo foi totalmente disponível, fez-se a serva do Senhor, inteiramente aberta a sua vontade. Celebrando a Natividade de Maria, recordemos Santo Agostinho: "O Altíssimo fundou esta cidade para nascer, da mesma forma que criou sua mãe para nascer dela”.

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Natividade de Maria

08/09/2018 00:00 - Atualizado em 09/09/2018 11:05

No dia 8 de setembro celebramos a festa da Natividade de Nossa Senhora. Como quase todas as principais solenidades de Maria, a Natividade também é de origem oriental. Na Igreja latina, iniciou-se com o Papa Sérgio I no final do século VII. Originalmente era para ser a festa da dedicação da atual basílica de Sant’Ana em Jerusalém. A tradição oral indicava aquele lugar como a sede da humilde moradia de São Joaquim e Santa Ana da descendência de Davi.

É necessário procurar neste culto da Natividade de Maria uma verdade profunda: a vinda do homem-Deus na terra foi por muito tempo preparada pelo Pai durante os séculos.

A personalidade divina do Salvador supera infinitamente tudo o que a humanidade pode gerar, mas a história da humanidade foi como um nascimento lento e difícil das condições necessárias para a encarnação do Filho de Deus na História.

A devoção cristã, portanto, queria venerar as pessoas e eventos que prepararam o nascimento de Cristo no nível humano e no nível da graça: sua mãe, o nascimento dela, sua concepção, seus Pais e seus antepassados. Acreditar nos preparativos da encarnação significa acreditar na realidade da encarnação e reconhecer a necessidade da colaboração humana na implementação da salvação do mundo. A verdadeira devoção a Maria sempre se remete a Jesus Cristo.

A celebração honra o nascimento da Mãe de Deus, mas o verdadeiro significado a propósito deste evento é a encarnação da Palavra na história. De fato, Maria nasce, é amamentada e criada para ser a Mãe do Rei dos séculos, Mãe de Deus.

Portanto, toda a criação irá cantar de alegria, exultar e participar da alegria deste dia solene. Este é realmente o dia em que o Criador do universo construiu seu templo, hoje o dia em que, para um projeto estupendo, a criatura se torna a morada escolhida do seu Criador.

A genealogia é inspirada no primeiro livro das Crônicas, (Cf. Cr 1.34; 2,1-15; 3,1-18); e ao livro de Rute (cf. Rt 4, 18-22. Para o judeu, a história é expressa em termos de gênese, que significa de geração. Na Bíblia há apenas uma história: a de uma promessa feita por Deus a Abraão, Pai dos crentes (cf. Is 51,1-2), que ocorreu no tempo do Rei Davi (cf. Is 9,6; 11,1-9) e foi cumprida em Jesus Cristo (cf. Gl 3, 28-29).

O primeiro verso dessa passagem é o título da genealogia, ela também pode ser o título de todo o evangelho ao mesmo tempo. A expressão livro de gênese lembra o título do primeiro livro da Bíblia e sugere posteriormente que o evangelho é a história da nova criação. O evangelista São João se coloca na mesma linha, colocando no início do seu evangelho as palavras no princípio tiradas diretamente do livro de Gênesis. (cf. Gn 1,1).

O filho de Davi, Jesus cumpriu as promessas que Deus havia feito através dos profetas (cf. 2 Sm 7: 1, Is 7: 14ss). Como o filho de Abraão perfeitamente percebemos a promessa feita ao líder do Povo de Deus: "Em ti serão benditas todas as famílias da terra eu vos farei frutificar pois nações e reis sairão de ti." (cf. Gn 17: 6, cf. Gal 3: 8-29).

A genealogia destaca a continuidade entre a história de Israel e missão de Jesus e nos prepara para compreender o Evangelho, segundo a qual a Igreja fundada por Jesus é o verdadeiro Israel de Deus e herdeiro de todas as suas promessas (cf. Mt 1, 16-18).

A menção de mulheres na árvore da família de Jesus, é algo quase incomum no gênero de genealogia, destina-se, talvez, para preparar a presença decisiva e exclusiva de uma mulher, Maria, com o nascimento do Salvador.

De acordo com a sucessão de gerações anteriores, deveríamos ler assim: Jacó gerou José e José gerou Jesus. Lemos em vez disso: Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo. O verbo no original na voz passiva “foi gerado” (em sentido grego) expressa a ação de Deus, que será chamado explicitamente na seguinte passagem: "Aquilo que nela foi gerado é do Espírito Santo", (cf. Mt 1,20).

Na genealogia de Jesus Cristo, Mateus nos dá uma visão teológica da sucessão de gerações, agora, essa concepção continua apresentando o papel e a missão de José do ponto de vista do plano de Deus, José é um homem justo. Mateus destaca a identidade messiânica de Jesus afirmando sua descendência em Davi, a quem Deus havia prometido a um descendente que reinaria eternamente na casa de Jacó (cf. Lc 1.33; 2 Sm 7,16).

O nome de Jesus significa "Deus salva", a promessa de salvação contida no nome de Jesus é apresentada em termos espirituais como salvação dos pecados (cf. v. 21). Também para Lucas, a salvação trazida por Jesus consiste na remissão dos pecados (cf. Lc 1,17). Nestas palavras, há a clara rejeição de um messianismo terreno. Jesus não veio para conquistar o reino de Israel ou libertar sua nação da dominação estrangeira. A singularidade da aparência do anjo consiste no fato de que ocorre em um sonho. Mateus talvez apresente José de acordo com o modelo do patriarca José, vice-rei do Egito (cf. Gn 37,5ss).

O importante é que a aparição do anjo deixa claro que a diretriz vem de Deus, aqui encontramos a primeira citação do Antigo Testamento. Isto é precedido pela fórmula introdutória: "Tudo isso aconteceu para cumprir o que foi dito pelo Senhor através do profeta". Com essa expressão, Mateus quer nos dar a ideia do cumprimento das intenções de Deus contidas nas Escrituras. É importante notar que Deus falou através do profeta.

Jesus identificado como o Emanuel, Deus conosco, é uma razão central para o Evangelho de Mateus. Esta citação de Isaías forma uma inclusão com a última sentença do evangelho: "Eu estou contigo todos os dias até o fim do mundo" (cf. Mt 28,20).

A Natividade da Virgem Maria não é um aniversário como muitos outros, é a comemoração de uma grande personalidade na história, é o nascimento da Virgem Maria que é celebrado em vista do grande acontecimento salvífico: a vinda do Messias, Jesus Cristo, Nosso Senhor.   Maria é uma personalidade singular e de grande relevância histórica, porém ela sempre remete a Jesus.

Desde o primeiro momento da vida ela é totalmente disponível e transparente para Deus, ela é como um ícone radiante da bondade divina. Maria, com a totalidade de sua pessoa, é uma mensagem viva de Deus. Maria não pertence ao passado, ela é contemporânea a todas as gerações que a chamarão bem-aventurada. Com seu presente permanente em escutar a voz de Deus por meio do anjo, Maria transcende a história e está sempre presente na história.

A Virgem Maria nos diz de seu amor e sua disponibilidade ao Projeto de salvação.  A vida de Maria desde a sua natividade, do seu SIM guardam para nós um testemunho eloquente e corajoso, pois em Maria o grande anúncio da Encarnação se tornou resposta concreta e decidida, foi uma realidade transformadora: "Eis aqui a serva do Senhor". A Palavra se tornou carne em Maria. Maria, serva de Deus, tornou-se a "porta" pela qual Deus pôde entrar neste mundo.

De fato, não apenas a "porta" tornou-se a "morada" do Senhor, "casa viva", onde o Criador do mundo realmente viveu. Maria ofereceu sua carne para que o Filho de Deus se tornasse como nós. E aqui vem à mente a palavra com a qual, de acordo com a Carta aos Hebreus, Cristo começou sua vida humana dizendo ao Pai: "não quer sacrifícios nem ofertas, mas um corpo que você preparou para mim [...]. Então eu disse: Eis que venho, ó Deus, para fazer a tua vontade "(cf. Hb 10, 5-7).

Maria em tudo fez a vontade de Deus, tornando-se Mãe do Redentor: o verbo de Deus nela se fez carne - na verdade aqui há o encontro entre Deus e o homem, a união do céu e a terra, Deus o Criador e sua criatura. Deus se torna homem, Maria se torna casa viva do Senhor, templo ou morada onde habita o Altíssimo. E onde Deus habita, todos nós estamos em casa; onde Cristo habita, seus irmãos e irmãs não são estrangeiros.

São Francisco de Assis ao se referir a Virgem Mãe de Deus, gostava de chamá-la “Senhora Pobrezinha” virgem feito Igreja, uma igreja templo de portas sempre aberta a nos acolher. A mãe de Cristo é também nossa Mãe, Mãe de todos os que constituem a família de Jesus Cristo, com Cristo e com a Mãe, constituem a Sagrada Família de Deus neste Mundo.

Maria abriu a sua vida e a sua casa para nós porque, abrindo-se a Deus, abriu-se a toda humanidade. Ela oferece-nos a sua casa como o lar comum da única família de Deus. A fé nos dá um lar neste mundo, nos une em uma família. Pela fé somos todos irmãos e irmãs em Cristo, portanto, uma única família. A Casa de Nazaré não é uma relíquia do passado, ela nos fala no presente e nos provoca uma reflexão. Devemos nos perguntar se estamos realmente abertos ao Senhor se queremos oferecer-lhe a nossa vida para que seja morada em nós. 

A Casa de Nazaré conserva sempre um simbolismo muito precioso, ela é uma casa aberta, portanto, é como um convite, como um abraço aberto.  A casa de Nazaré esconde outra mensagem. Até agora, temos dito que Deus não é um Deus abstrato, puramente espiritual, ou uma presença distante de nós. Deus tem uma história de aliança e fidelidade para com o seu povo, uma história palpável. A fé nos faz habitar, mas também nos faz caminhar, e nesta perspectiva, a família de Nazaré mantém um importante ensinamento para todos nós.  

Inspirados em Maria a Mãe de Deus, toda a nossa ação pastoral, na força Espírito Santo, deve ser um anúncio de paz que vem de Deus. Maria, cuja Natividade celebramos. A beleza que salva e que faz da Igreja o ícone da Trindade na terra, este é o lugar de reconciliação e paz.

Neste dia em que a Igreja recorda a natividade de Maria, mãe de Jesus, filha de Joaquim e Ana, também entre os santos, peçamos a Virgem que interceda por nós e nos acompanhe na caminhada de fé. Que sejamos fieis a nossa missão de ser e fazer discípulos de Jesus Cristo todos os Povos da terra, assim como fez Maria desde Belém até o Calvário.  Maria acolheu o plano divino e Sua vontade, ela em tudo foi totalmente disponível, fez-se a serva do Senhor, inteiramente aberta a sua vontade. Celebrando a Natividade de Maria, recordemos Santo Agostinho: "O Altíssimo fundou esta cidade para nascer, da mesma forma que criou sua mãe para nascer dela”.

Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro