27 de Abril de 2025
Perseguidos sim, mas nunca sozinhos
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Recentemente na Nicarágua, no último dia 10 de julho, no início da tarde, uma delegação da Igreja – composta, entre outros, pelo cardeal Leopoldo Brenes, o arcebispo de Manágua, o bispo auxiliar Silvio Báez e o núncio Stanislaw Waldemar Sommertag – partiu para a área de Carazo, na tentativa de acabar com a violência e as mortes.
Ao chegar a Diarimba, a caravana episcopal foi recebida com gritos, empurrões e insultos. Os bispos se dirigiram firmemente para a Basílica de São Sebastião, onde um grupo de franciscanos foi considerado ‘culpado’ por estar tratando dos feridos. A polícia e um grupo de pessoas cercaram a Igreja e, então, um grupo de homens encapuzados invadiu-a desencadeando o caos. Começaram a bater nos bispos e padres que estavam no local. A basílica foi destruída em grande parte, enquanto as manchas de sangue se espalhavam nas paredes e no chão. “Foi um ataque covarde”, disse o cardeal Brenes na sua conta do Twitter. “Com a violência, estamos andando em uma rua sem saída. Os problemas são resolvidos através da razão e do diálogo”, acrescentou Dom Báez, ferido no braço direito na agressão.
Cenas como estas têm se multiplicado em muitos lugares. Várias dioceses, conferências episcopais e congregações religiosas relatam momentos de tensão e, muitas das vezes, perseguições contra a Igreja e seus membros. Quando ela não é perseguida pela sua essência e pela sua natureza, ela é perseguida porque está ao lado dos que sofrem e, na maioria das vezes, é a única que é por eles, como vimos no relato anterior da Nicarágua. De qualquer modo ela estará sempre como uma voz profética a denunciar, defender, acolher e curar. Porém, a Igreja não é perseguida somente de forma cruenta e física, mas também pelas ideologias, pelas diversas calúnias contra o Papa e seus pastores, pelas ofensas e ingratidões dos que estão fora e dentro deste corpo eclesial.
Quando falamos de perseguição, é impossível não recordar as mensagens de Fátima, ‘altar do mundo’. De modo geral, é um erro pensar que a missão profética de Fátima tenha se concluído e, nesse sentido, podemos dizer que é errado referir-se à terceira parte do segredo de Fátima, o atentado contra o Papa, apenas sobre o Papa João Paulo II. Em 1917, Nossa Senhora anunciou uma paixão da Igreja, que seria revelada de diferentes maneiras, até o fim do mundo. Foi certamente a paixão do Papa João Paulo II, atingido pelo ataque de 1981, manchando sua alva batina de sangue. Mas pode-se legitimamente pensar também nos traços da paixão do Papa Paulo VI (1963-1978), atingido e entristecido com os ataques ultrajantes pós-conciliares, depois da publicação da encíclica Humanae Vitae, de 1968, sobre a correta regulação da natalidade. Foi também a paixão do Papa Bento XVI, ferido pelos crimes de pedofilia e a calúnia daqueles que manipularam os casos trágicos de abuso infantil para atacar diretamente o Papa. Não esquecendo dos diversos ataques por causa da sua renúncia, acusando-o de fraco, fechando os olhos a uma das maiores provas de humildade e amor à Igreja. É a paixão do Papa Francisco que, neste tempo de perseguições também midiáticas, sofre com a manipulação e instrumentalização de sua imagem e de sua fala em benefícios das intenções escusas, levando muitos fiéis ao erro e criando divisões dentro e fora da Igreja. Por fim, será a paixão do próximo papa em 50 ou cem anos, porque ser traída, caluniada e perseguida faz parte da natureza e da história da Igreja, não só de acordo com a profecia de Fátima, mas de acordo com a palavra profética do próprio Senhor Jesus: “Se eles me perseguiram, perseguirão também vocês” (Jo 15, 18).
Essa realidade de perseguição, seja ela ideológica, midiática ou física, pode nos causar um certo sentimento de revanchismo ou de vingança. Porém, nada deve roubar a paz daqueles que confiam em Deus. A promessa de Jesus – ‘as portas do inferno não prevalecerão’ na Igreja – inclui, sim, as experiências históricas de perseguição sofridas por Pedro e Paulo e as outras testemunhas do Evangelho, mas vai além, querendo assegurar proteção especialmente contra ameaças de natureza espiritual; de acordo com o que o próprio Paulo escreve na Carta aos Efésios: “Nossa batalha não é contra carne e sangue, mas contra os principados e potestades, contra os governantes deste mundo tenebroso, contra os maus espíritos que vivem nas regiões celestes” (Ef 6:12).
De fato, se pensarmos nos dois milênios da história da Igreja, podemos observar que – como o Senhor Jesus havia anunciado – as provações nunca faltaram para os cristãos e nunca faltarão. Por isso, somos convidados a assumir nossa vocação como batizados de, mesmo diante das provações, permanecermos fiéis e confiantes nas palavras do Senhor: “Eis que estarei convosco até o fim dos tempos”. E como os primeiros cristãos, que também eram perseguidos até a morte, rezar e lembrar mais uma vez que somos um único corpo pois, como disse o Papa Francisco, “um cristão que ora é um cristão protegido e sustentado, mas acima de tudo um cristão que não está sozinho”.
Perseguidos sim, mas nunca sozinhos
15/07/2018 00:00
Recentemente na Nicarágua, no último dia 10 de julho, no início da tarde, uma delegação da Igreja – composta, entre outros, pelo cardeal Leopoldo Brenes, o arcebispo de Manágua, o bispo auxiliar Silvio Báez e o núncio Stanislaw Waldemar Sommertag – partiu para a área de Carazo, na tentativa de acabar com a violência e as mortes.
Ao chegar a Diarimba, a caravana episcopal foi recebida com gritos, empurrões e insultos. Os bispos se dirigiram firmemente para a Basílica de São Sebastião, onde um grupo de franciscanos foi considerado ‘culpado’ por estar tratando dos feridos. A polícia e um grupo de pessoas cercaram a Igreja e, então, um grupo de homens encapuzados invadiu-a desencadeando o caos. Começaram a bater nos bispos e padres que estavam no local. A basílica foi destruída em grande parte, enquanto as manchas de sangue se espalhavam nas paredes e no chão. “Foi um ataque covarde”, disse o cardeal Brenes na sua conta do Twitter. “Com a violência, estamos andando em uma rua sem saída. Os problemas são resolvidos através da razão e do diálogo”, acrescentou Dom Báez, ferido no braço direito na agressão.
Cenas como estas têm se multiplicado em muitos lugares. Várias dioceses, conferências episcopais e congregações religiosas relatam momentos de tensão e, muitas das vezes, perseguições contra a Igreja e seus membros. Quando ela não é perseguida pela sua essência e pela sua natureza, ela é perseguida porque está ao lado dos que sofrem e, na maioria das vezes, é a única que é por eles, como vimos no relato anterior da Nicarágua. De qualquer modo ela estará sempre como uma voz profética a denunciar, defender, acolher e curar. Porém, a Igreja não é perseguida somente de forma cruenta e física, mas também pelas ideologias, pelas diversas calúnias contra o Papa e seus pastores, pelas ofensas e ingratidões dos que estão fora e dentro deste corpo eclesial.
Quando falamos de perseguição, é impossível não recordar as mensagens de Fátima, ‘altar do mundo’. De modo geral, é um erro pensar que a missão profética de Fátima tenha se concluído e, nesse sentido, podemos dizer que é errado referir-se à terceira parte do segredo de Fátima, o atentado contra o Papa, apenas sobre o Papa João Paulo II. Em 1917, Nossa Senhora anunciou uma paixão da Igreja, que seria revelada de diferentes maneiras, até o fim do mundo. Foi certamente a paixão do Papa João Paulo II, atingido pelo ataque de 1981, manchando sua alva batina de sangue. Mas pode-se legitimamente pensar também nos traços da paixão do Papa Paulo VI (1963-1978), atingido e entristecido com os ataques ultrajantes pós-conciliares, depois da publicação da encíclica Humanae Vitae, de 1968, sobre a correta regulação da natalidade. Foi também a paixão do Papa Bento XVI, ferido pelos crimes de pedofilia e a calúnia daqueles que manipularam os casos trágicos de abuso infantil para atacar diretamente o Papa. Não esquecendo dos diversos ataques por causa da sua renúncia, acusando-o de fraco, fechando os olhos a uma das maiores provas de humildade e amor à Igreja. É a paixão do Papa Francisco que, neste tempo de perseguições também midiáticas, sofre com a manipulação e instrumentalização de sua imagem e de sua fala em benefícios das intenções escusas, levando muitos fiéis ao erro e criando divisões dentro e fora da Igreja. Por fim, será a paixão do próximo papa em 50 ou cem anos, porque ser traída, caluniada e perseguida faz parte da natureza e da história da Igreja, não só de acordo com a profecia de Fátima, mas de acordo com a palavra profética do próprio Senhor Jesus: “Se eles me perseguiram, perseguirão também vocês” (Jo 15, 18).
Essa realidade de perseguição, seja ela ideológica, midiática ou física, pode nos causar um certo sentimento de revanchismo ou de vingança. Porém, nada deve roubar a paz daqueles que confiam em Deus. A promessa de Jesus – ‘as portas do inferno não prevalecerão’ na Igreja – inclui, sim, as experiências históricas de perseguição sofridas por Pedro e Paulo e as outras testemunhas do Evangelho, mas vai além, querendo assegurar proteção especialmente contra ameaças de natureza espiritual; de acordo com o que o próprio Paulo escreve na Carta aos Efésios: “Nossa batalha não é contra carne e sangue, mas contra os principados e potestades, contra os governantes deste mundo tenebroso, contra os maus espíritos que vivem nas regiões celestes” (Ef 6:12).
De fato, se pensarmos nos dois milênios da história da Igreja, podemos observar que – como o Senhor Jesus havia anunciado – as provações nunca faltaram para os cristãos e nunca faltarão. Por isso, somos convidados a assumir nossa vocação como batizados de, mesmo diante das provações, permanecermos fiéis e confiantes nas palavras do Senhor: “Eis que estarei convosco até o fim dos tempos”. E como os primeiros cristãos, que também eram perseguidos até a morte, rezar e lembrar mais uma vez que somos um único corpo pois, como disse o Papa Francisco, “um cristão que ora é um cristão protegido e sustentado, mas acima de tudo um cristão que não está sozinho”.
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