27 de Abril de 2025
Ecumenismo
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A cada ano, a Igreja celebra Pentecostes, a vinda do Espírito Santo que dá coragem e renova todas as coisas. Com isto clama, mais uma vez, os seus dons e a força para dar continuidade ao mandato de Cristo de anunciar o Evangelho a todas as pessoas. Neste tempo também somos chamados a uma reflexão importante enquanto cristãos, que é o ecumenismo. Ao realizá-lo devemos nos perguntar porque fazer o ecumenismo, por onde começar e como começar.
O ecumenismo começa exatamente, e disto depende, de maneira decisiva, dos encontros mais ou menos informais entre os cristãos que vivem nas Igrejas e comunidades eclesiais que estão separadas e que desejam enriquecer-se mutuamente com estes encontros. Porém, para que estes encontros enriquecedores aconteçam, primeiro é preciso o desejo do diálogo e também de conhecimento. O filósofo Otto F. Bollnow diz que isto só é possível se “as duas partes estarão dispostas a falar um com o outro em total franqueza no nível da essencialidade e da liberdade. Portanto, qualquer diálogo verdadeiro é sempre uma aposta e exige que os participantes sejam corajosos e capazes de superar sua autorreferencialidade natural.
Certamente que estes encontros mais ou menos informais devem servir de modelo para os encontros nos quais participam os chefes das Igrejas, proporcionando ainda mais esta possibilidade de encontro, troca e mútuo enriquecimento. Encontros nos quais o terreno tenha sido preparado pelos encontros menos oficiais. Ao longo deste percurso de encontros, criando relações amigáveis, a Igreja Católica estabeleceu diálogos com quase todas as Igrejas e comunidades eclesiais e continua a trazê-los adiante: com a Igreja Assíria do Oriente e as Igrejas Ortodoxas Orientais, como os coptas, armênios e sírios, com as Igrejas Ortodoxas de tradição bizantina e eslava, com as Igrejas e comunidades eclesiais nascidas da Reforma, como os luteranos e os reformados, com a Comunhão Anglicana Mundial, com os Veteros Católicos, com as várias Igrejas livres e as Comunidades evangélicas e pentecostais, que experimentaram um crescimento extraordinário, especialmente no século XX e no início do século XXI.
Podemos afirmar que o grande salto para um aprofundamento maior sobre este tema se deu com o Papa Joao XXIII e com o Concílio Vaticano II, que não por coincidência nasceu durante a semana de orações para a unidade dos cristãos. O Papa neste período tem como prioridade a renovação da Igreja Católica e a tentativa de recomposição da unidade entre os cristãos. Seguindo a mesma convicção veio o Papa Paulo VI, que no início da segunda sessão do Concílio sublinhou que a aproximação entre os cristãos e as igrejas separadas era uma das intenções principais. O mesmo Pontífice na promulgação do decreto sobre o ecumenismo, “Unitatis Redintegratio”, evidencia inequivocamente que não atribuiu um valor teológico menor ao Decreto sobre o ecumenismo, mas que, pelo contrário, o equiparou, em sua importância teológica, à Constituição dogmática sobre a Igreja “Lumen gentium”.
A importância sobre o ecumenismo foi promovida também pelos demais Papas que vieram em seguida. São João Paulo II na sua encíclica “Ut unum sint” sobre o empenho ecumênico, que forneceu ricas orientações para o futuro, disse que “o caminho ecumênico é o caminho da Igreja e pertence organicamente a sua vida e a sua ação”. Papa Bento XVI afirmou que o empenho principal do sucessor de Pedro é “aquele de trabalhar sem poupar energias para a reconstituição da unidade plena e visível de todos os seguidores de Cristo”. Por fim, Papa Francisco, que com o seu modo expressivo, constantemente nos recorda da importância de manter este percurso do diálogo e do encontro: “a unidade dos cristãos é um requisito essencial da nossa fé. Um requisito que brota do fundo de nosso ser como crentes em Jesus Cristo. Chamamos à unidade porque invocamos Cristo. Queremos viver a unidade, porque queremos seguir Cristo, viver o seu amor, gozar do mistério de sua unidade com o Pai, que é a essência do amor divino”.
Todo este movimento ecumênico começou quando se tomou consciência que era necessário passos de conversão, iniciados da consciência de pecado da divisão na Igreja. Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, explicou exatamente como pode ser esse caminho de conversão ao recordar: “Para representar esse pecado, não há uma mais emblemática imagem do que a do dano causado à integridade da túnica de Jesus, da qual a Bíblia, explicitamente, nos diz que foi costurado em uma única peça. É significativo que, na história da paixão, nem mesmo os soldados romanos se atreveram a rasgar este precioso vestuário do Jesus terreno: ‘Não vamos repartir a túnica. Vamos tirar a sorte para ver com quem fica’ (Jo 19,24). Assim, na história cristã, a túnica de Jesus poderia se tornar o símbolo da unidade da Igreja como Corpo de Cristo”.
Em nosso tempo, no mundo de hoje, é possível dar um testemunho de comunhão em Jesus Cristo – sustentável e ecumênica – somente se as Igrejas cristãs superarem as suas divisões e conseguirem viver a unidade em uma diversidade reconciliada. Ecumenismo e missão são, portanto, imprescindíveis; eles se exigem e se sustentam. Uma Igreja missionária é, por natureza, uma Igreja ecumênica, e uma Igreja empenhada ecumenicamente é o pressuposto de uma Igreja missionária. Peçamos ao Espírito Santo para que ao compartilharmos entre as Igrejas e comunidades eclesiais as experiências, as nossas opiniões, as nossas esperanças, tenhamos sempre os mesmos princípios iniciados no Concílio Vaticano II, que não são simples teorias ou troca de ideias e pensamentos, mas uma troca de dons que só enriquece.
Ecumenismo
20/05/2018 00:00
A cada ano, a Igreja celebra Pentecostes, a vinda do Espírito Santo que dá coragem e renova todas as coisas. Com isto clama, mais uma vez, os seus dons e a força para dar continuidade ao mandato de Cristo de anunciar o Evangelho a todas as pessoas. Neste tempo também somos chamados a uma reflexão importante enquanto cristãos, que é o ecumenismo. Ao realizá-lo devemos nos perguntar porque fazer o ecumenismo, por onde começar e como começar.
O ecumenismo começa exatamente, e disto depende, de maneira decisiva, dos encontros mais ou menos informais entre os cristãos que vivem nas Igrejas e comunidades eclesiais que estão separadas e que desejam enriquecer-se mutuamente com estes encontros. Porém, para que estes encontros enriquecedores aconteçam, primeiro é preciso o desejo do diálogo e também de conhecimento. O filósofo Otto F. Bollnow diz que isto só é possível se “as duas partes estarão dispostas a falar um com o outro em total franqueza no nível da essencialidade e da liberdade. Portanto, qualquer diálogo verdadeiro é sempre uma aposta e exige que os participantes sejam corajosos e capazes de superar sua autorreferencialidade natural.
Certamente que estes encontros mais ou menos informais devem servir de modelo para os encontros nos quais participam os chefes das Igrejas, proporcionando ainda mais esta possibilidade de encontro, troca e mútuo enriquecimento. Encontros nos quais o terreno tenha sido preparado pelos encontros menos oficiais. Ao longo deste percurso de encontros, criando relações amigáveis, a Igreja Católica estabeleceu diálogos com quase todas as Igrejas e comunidades eclesiais e continua a trazê-los adiante: com a Igreja Assíria do Oriente e as Igrejas Ortodoxas Orientais, como os coptas, armênios e sírios, com as Igrejas Ortodoxas de tradição bizantina e eslava, com as Igrejas e comunidades eclesiais nascidas da Reforma, como os luteranos e os reformados, com a Comunhão Anglicana Mundial, com os Veteros Católicos, com as várias Igrejas livres e as Comunidades evangélicas e pentecostais, que experimentaram um crescimento extraordinário, especialmente no século XX e no início do século XXI.
Podemos afirmar que o grande salto para um aprofundamento maior sobre este tema se deu com o Papa Joao XXIII e com o Concílio Vaticano II, que não por coincidência nasceu durante a semana de orações para a unidade dos cristãos. O Papa neste período tem como prioridade a renovação da Igreja Católica e a tentativa de recomposição da unidade entre os cristãos. Seguindo a mesma convicção veio o Papa Paulo VI, que no início da segunda sessão do Concílio sublinhou que a aproximação entre os cristãos e as igrejas separadas era uma das intenções principais. O mesmo Pontífice na promulgação do decreto sobre o ecumenismo, “Unitatis Redintegratio”, evidencia inequivocamente que não atribuiu um valor teológico menor ao Decreto sobre o ecumenismo, mas que, pelo contrário, o equiparou, em sua importância teológica, à Constituição dogmática sobre a Igreja “Lumen gentium”.
A importância sobre o ecumenismo foi promovida também pelos demais Papas que vieram em seguida. São João Paulo II na sua encíclica “Ut unum sint” sobre o empenho ecumênico, que forneceu ricas orientações para o futuro, disse que “o caminho ecumênico é o caminho da Igreja e pertence organicamente a sua vida e a sua ação”. Papa Bento XVI afirmou que o empenho principal do sucessor de Pedro é “aquele de trabalhar sem poupar energias para a reconstituição da unidade plena e visível de todos os seguidores de Cristo”. Por fim, Papa Francisco, que com o seu modo expressivo, constantemente nos recorda da importância de manter este percurso do diálogo e do encontro: “a unidade dos cristãos é um requisito essencial da nossa fé. Um requisito que brota do fundo de nosso ser como crentes em Jesus Cristo. Chamamos à unidade porque invocamos Cristo. Queremos viver a unidade, porque queremos seguir Cristo, viver o seu amor, gozar do mistério de sua unidade com o Pai, que é a essência do amor divino”.
Todo este movimento ecumênico começou quando se tomou consciência que era necessário passos de conversão, iniciados da consciência de pecado da divisão na Igreja. Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, explicou exatamente como pode ser esse caminho de conversão ao recordar: “Para representar esse pecado, não há uma mais emblemática imagem do que a do dano causado à integridade da túnica de Jesus, da qual a Bíblia, explicitamente, nos diz que foi costurado em uma única peça. É significativo que, na história da paixão, nem mesmo os soldados romanos se atreveram a rasgar este precioso vestuário do Jesus terreno: ‘Não vamos repartir a túnica. Vamos tirar a sorte para ver com quem fica’ (Jo 19,24). Assim, na história cristã, a túnica de Jesus poderia se tornar o símbolo da unidade da Igreja como Corpo de Cristo”.
Em nosso tempo, no mundo de hoje, é possível dar um testemunho de comunhão em Jesus Cristo – sustentável e ecumênica – somente se as Igrejas cristãs superarem as suas divisões e conseguirem viver a unidade em uma diversidade reconciliada. Ecumenismo e missão são, portanto, imprescindíveis; eles se exigem e se sustentam. Uma Igreja missionária é, por natureza, uma Igreja ecumênica, e uma Igreja empenhada ecumenicamente é o pressuposto de uma Igreja missionária. Peçamos ao Espírito Santo para que ao compartilharmos entre as Igrejas e comunidades eclesiais as experiências, as nossas opiniões, as nossas esperanças, tenhamos sempre os mesmos princípios iniciados no Concílio Vaticano II, que não são simples teorias ou troca de ideias e pensamentos, mas uma troca de dons que só enriquece.
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