27 de Abril de 2025
Fake news e jornalismo de paz
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Para os que já ouviram, mas não conhecem bem o significado de fake news, “é o termo que indica aquelas fontes que inventam todas as informações, disseminam conteúdo enganoso, distorcem de forma exagerada as notícias verdadeiras”. Esta é uma afirmação feita pela professora de comunicação e mídia Melissa Zimdars, do Merrimack College, em Massachusetts, nos Estados Unidos. Esta realidade expressa bem o nosso tempo, e se tornou motivos de estudos comportamentais e tecnológicos das causas deste fenômeno.
Papa Francisco na sua mensagem para o 52° Dia Mundial para as Comunicações Sociais, apresentada, a cada ano, tradicionalmente, no Dia de São Francisco de Sales, escolheu também este tema tão importante igualmente para a Igreja. Nos convidou a meditar sobre “Fake news e jornalismo de paz”. Recordou que a prática e a essência do verdadeiro comunicador, de forma especial o jornalista, deve ser sempre a busca da verdade e sua propagação para a construção de uma sociedade capaz de discernir e tomar as suas decisões livremente.
O Papa deixa claro que um jornalismo de paz não significa “um jornalismo bonzinho, que negue a existência de problemas graves e assuma tons melífluos”, mas convida a fazer um jornalismo sem fingimentos, hostil às falsidades, a slogans sensacionais e a declarações bombásticas”.
Segundo ele, o verdadeiro jornalismo deve sempre recordar que“é feito por pessoas para as pessoas e considerado como serviço a todas as pessoas, especialmente àquelas – e no mundo, são a maioria – que não têm voz; um jornalismo que não se limite a queimar notícias, mas se comprometa na busca das causas reais dos conflitos, para favorecer a sua compreensão das raízes e a sua superação através do aviamento de processos virtuosos; um jornalismo empenhado a indicar soluções alternativas às escaladas do clamor e da violência verbal”.
Com o intuito de destacar a importância desta cultura de paz, convidamos alguns profissionais comunicadores nacionais e internacionais para nos dizer, de modo especial, baseados na própria profissão, o que é este jornalismo de paz:
Ilze Scamparini, vaticanista, correspondente da TV Globo – “O jornalismo de paz é aquele com o qual, nós que escolhemos essa profissão, sempre sonhamos, que é o jornalismo justo, mas não só, é o jornalismo ético, mas não só, é o jornalismo livre e democrático, mas não só, é acima de tudo um jornalismo de bom senso. Se um jornalista consegue em cada matéria que fizer respeitar isso, eu acho que a profissão vale a pena.”
Gerson Camarotti, jornalista, escritor e comentarista político da Globo News e CBN, Brasília – “O fake news é o antagonismo do jornalismo de paz. O ideal é um jornalismo que busque a verdade. Quando vejo, neste tempo, notícias falsas circulando, as fake news, ou seja, notícias que são colocadas intencionalmente para deturpar, para modificar e mentir sobre a realidade, sobre a notícia verdadeira, me recordo muito quando estava me formando nos anos 90 e fui conversar com o arcebispo emérito da minha cidade Dom Helder Câmara, pedindo conselho. Assim ele me disse: “Olha Camarotti, o jornalismo era a profissão do meu pai, profissão do meu avô; o jornalismo tem que ser fonte de verdade”. É isto que busco na minha profissão: tentar passar a verdade e ir em busca da verdade para noticiar; é a melhor forma de se ter um jornalismo de paz. Às vezes é uma verdade incômoda, como por exemplo do Brasil, que vive um tempo de escândalos de corrupção, mas o papel do jornalista é dar uma dimensão correta, a notícia verdadeira sobre o que está acontecendo no país. Mesmo que seja uma notícia difícil, quando ela busca a verdade, ela se torna um jornalismo de paz. A busca da verdade é a melhor forma de se fazer jornalismo, um jornalismo de paz.”
Verônica Machado (Koca Machado), professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), publicitária e sócia executiva do grupo Sal, Rio de Janeiro: “Os preceitos do jornalismo da paz são os mesmos do jornalismo raiz: apuração dos fatos através de fontes confiáveis. Na era do conhecimento, as pessoas estão se contentando com informações rasas e fúteis. Acredito que o jornalismo da paz é a tentativa do resgate ético da informação.”
Fernando Morgado, professor, consultor, palestrante e escritor nas áreas de marketing, inteligência de mercado e comunicação, professor das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha) e da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Rio de Janeiro: “Mais do que informar, o jornalismo também forma, também educa. Mais do que registrar os movimentos sociais, de certa maneira participa deles. A responsabilidade é muito grande, por isso jornalismo de paz é quando você exerce esta atividade de relatar os fatos com responsabilidade, sobretudo visando a intenção de desenvolver a sociedade, de fazer um mundo melhor, para que o jornalismo possa inspirar as pessoas a evoluírem e criarem aquilo que é maior e tão importante, que é a cultura de paz. Uma cultura contra o ódio, contra os conflitos, e que forma com responsabilidade e gera a reflexão de maneira adequada. O jornalismo pode ter uma contribuição decisiva para o desenvolvimento do mundo como um todo.”
Padre Sergio Tapia, professor de Public Speaking e Media Relations na Universidade Santa Croce, Roma: “Definitivamente quando se escreve, se pode fazer para irritar as pessoas, acentuando um conflito, ou se pode escrever para provocar a paz. Nos dois casos, o risco de utilizar notícias falsas com o propósito de acentuar um conflito ou provocar a paz é uma tentação. O verdadeiro jornalismo de paz é aquele que apresenta informações verdadeiras e que deixa a liberdade aos leitores, para que possam formar a própria opinião.”
Fake news e jornalismo de paz
13/05/2018 00:00
Para os que já ouviram, mas não conhecem bem o significado de fake news, “é o termo que indica aquelas fontes que inventam todas as informações, disseminam conteúdo enganoso, distorcem de forma exagerada as notícias verdadeiras”. Esta é uma afirmação feita pela professora de comunicação e mídia Melissa Zimdars, do Merrimack College, em Massachusetts, nos Estados Unidos. Esta realidade expressa bem o nosso tempo, e se tornou motivos de estudos comportamentais e tecnológicos das causas deste fenômeno.
Papa Francisco na sua mensagem para o 52° Dia Mundial para as Comunicações Sociais, apresentada, a cada ano, tradicionalmente, no Dia de São Francisco de Sales, escolheu também este tema tão importante igualmente para a Igreja. Nos convidou a meditar sobre “Fake news e jornalismo de paz”. Recordou que a prática e a essência do verdadeiro comunicador, de forma especial o jornalista, deve ser sempre a busca da verdade e sua propagação para a construção de uma sociedade capaz de discernir e tomar as suas decisões livremente.
O Papa deixa claro que um jornalismo de paz não significa “um jornalismo bonzinho, que negue a existência de problemas graves e assuma tons melífluos”, mas convida a fazer um jornalismo sem fingimentos, hostil às falsidades, a slogans sensacionais e a declarações bombásticas”.
Segundo ele, o verdadeiro jornalismo deve sempre recordar que“é feito por pessoas para as pessoas e considerado como serviço a todas as pessoas, especialmente àquelas – e no mundo, são a maioria – que não têm voz; um jornalismo que não se limite a queimar notícias, mas se comprometa na busca das causas reais dos conflitos, para favorecer a sua compreensão das raízes e a sua superação através do aviamento de processos virtuosos; um jornalismo empenhado a indicar soluções alternativas às escaladas do clamor e da violência verbal”.
Com o intuito de destacar a importância desta cultura de paz, convidamos alguns profissionais comunicadores nacionais e internacionais para nos dizer, de modo especial, baseados na própria profissão, o que é este jornalismo de paz:
Ilze Scamparini, vaticanista, correspondente da TV Globo – “O jornalismo de paz é aquele com o qual, nós que escolhemos essa profissão, sempre sonhamos, que é o jornalismo justo, mas não só, é o jornalismo ético, mas não só, é o jornalismo livre e democrático, mas não só, é acima de tudo um jornalismo de bom senso. Se um jornalista consegue em cada matéria que fizer respeitar isso, eu acho que a profissão vale a pena.”
Gerson Camarotti, jornalista, escritor e comentarista político da Globo News e CBN, Brasília – “O fake news é o antagonismo do jornalismo de paz. O ideal é um jornalismo que busque a verdade. Quando vejo, neste tempo, notícias falsas circulando, as fake news, ou seja, notícias que são colocadas intencionalmente para deturpar, para modificar e mentir sobre a realidade, sobre a notícia verdadeira, me recordo muito quando estava me formando nos anos 90 e fui conversar com o arcebispo emérito da minha cidade Dom Helder Câmara, pedindo conselho. Assim ele me disse: “Olha Camarotti, o jornalismo era a profissão do meu pai, profissão do meu avô; o jornalismo tem que ser fonte de verdade”. É isto que busco na minha profissão: tentar passar a verdade e ir em busca da verdade para noticiar; é a melhor forma de se ter um jornalismo de paz. Às vezes é uma verdade incômoda, como por exemplo do Brasil, que vive um tempo de escândalos de corrupção, mas o papel do jornalista é dar uma dimensão correta, a notícia verdadeira sobre o que está acontecendo no país. Mesmo que seja uma notícia difícil, quando ela busca a verdade, ela se torna um jornalismo de paz. A busca da verdade é a melhor forma de se fazer jornalismo, um jornalismo de paz.”
Verônica Machado (Koca Machado), professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), publicitária e sócia executiva do grupo Sal, Rio de Janeiro: “Os preceitos do jornalismo da paz são os mesmos do jornalismo raiz: apuração dos fatos através de fontes confiáveis. Na era do conhecimento, as pessoas estão se contentando com informações rasas e fúteis. Acredito que o jornalismo da paz é a tentativa do resgate ético da informação.”
Fernando Morgado, professor, consultor, palestrante e escritor nas áreas de marketing, inteligência de mercado e comunicação, professor das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha) e da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Rio de Janeiro: “Mais do que informar, o jornalismo também forma, também educa. Mais do que registrar os movimentos sociais, de certa maneira participa deles. A responsabilidade é muito grande, por isso jornalismo de paz é quando você exerce esta atividade de relatar os fatos com responsabilidade, sobretudo visando a intenção de desenvolver a sociedade, de fazer um mundo melhor, para que o jornalismo possa inspirar as pessoas a evoluírem e criarem aquilo que é maior e tão importante, que é a cultura de paz. Uma cultura contra o ódio, contra os conflitos, e que forma com responsabilidade e gera a reflexão de maneira adequada. O jornalismo pode ter uma contribuição decisiva para o desenvolvimento do mundo como um todo.”
Padre Sergio Tapia, professor de Public Speaking e Media Relations na Universidade Santa Croce, Roma: “Definitivamente quando se escreve, se pode fazer para irritar as pessoas, acentuando um conflito, ou se pode escrever para provocar a paz. Nos dois casos, o risco de utilizar notícias falsas com o propósito de acentuar um conflito ou provocar a paz é uma tentação. O verdadeiro jornalismo de paz é aquele que apresenta informações verdadeiras e que deixa a liberdade aos leitores, para que possam formar a própria opinião.”
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