Arquidiocese do Rio de Janeiro

29º 22º

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

O tempo está abreviado

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do e-mail.
E-mail enviado com sucesso.

10 de Maio de 2024

O tempo está abreviado

Se você encontrou erro neste texto ou nesta página, por favor preencha os campos abaixo. O link da página será enviado automaticamente a ArqRio.

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do erro.
Erro relatado com sucesso, obrigado.

21/01/2018 00:00 - Atualizado em 24/01/2018 11:39

O tempo está abreviado 0

21/01/2018 00:00 - Atualizado em 24/01/2018 11:39

Depois de termos celebrado a Solenidade de São Sebastião, padroeiro da Arquidiocese e da cidade, com grande devoção da gente carioca, celebramos neste final de semana o terceiro domingo do Tempo Comum, e acolhemos a Palavra dos inícios do Evangelho segundo Marcos. Hoje Jesus aparece inaugurando seu ministério público. Suas palavras são consoladoras: O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo! ” (cf. Mc 1,15) Eis! A esperança de Israel irá se realizar: o Messias, o Salvador esperado estava chegando para instaurar o Reino! Com Jesus, com sua Pessoa, seus gestos e sua pregação, o Reinado de Deus, a proximidade do Santo de Israel, seria realmente tocada pelo povo de Deus.

A primeira leitura (Jn 3,1-5.10) aduz que: “Levanta-te e põe-te a caminho (…) e anuncia a penitência à grande cidade de Nínive!” E os habitantes de Nínive – pagãos – acolheram a pregação e se salvaram! Na primeira leitura (Jonas), trata-se da pregação dirigida à “grande cidade” de Nínive, capital da Assíria. Diante da pregação, a população abandona o pecado e faz penitência, proclamando o jejum e vestindo-se de saco; e Deus, demonstrando sua misericórdia universal, poupa a cidade. Os pensamentos de Deus são de misericórdia e de salvação, mas os homens pensam em vingança. O Povo de Israel quer vingança contra quem o escravizara e Deus compassivo e misericordioso, oferece perdão e salvação! “Os meus pensamentos não são como os vossos pensamentos”.

A segunda leitura (1Cor 7,29-31) “O tempo é curto e a figura deste mundo passa!” Melhor, não há tempo a perder! O tempo da graça é agora! Não percamos o tempo precioso. Estamos diante de um paradoxo: Quem está casado, viva como se não o estivesse! É uma palavra forte, aparentemente em contraste com todas as coisas belas que, em outras circunstâncias, a Palavra de Deus nos disse sobre o matrimônio. Mas o contraste é somente aparente. Ela se atém apenas a explicar a palavra dita por Jesus aos saduceus, a respeito da mulher que tinha passado por sete maridos: “Neste mundo, homens e mulheres casam – se, mas os que forem julgados dignos de participar do mundo futuro e da ressurreição dos mortos não se casam…” (Lc20, 34s). É preciso criar-se uma consciência cristã capaz de fomentar desejos, intenções, hábitos, e comportamentos em total sintonia com o Evangelho de Cristo. E isto é tão urgente quanto “o tempo é breve” (1 Cor 7, 29), brevidade está fixada precisamente pela vinda de Cristo e da qual não fica mais que uma fase histórica, ou seja, a que separa o dia de hoje da sua última vinda.

No Evangelho (Mc 1,14-20) Jesus retoma a pregação do profeta Jonas: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!” Portanto, não há tempo a perder! Procuremos o caminho que leva à salvação! Para acolher Jesus, a condição primeira é a conversão, a mudança profunda de vida que exige, sobretudo, a luta contra o pecado e, consequentemente, a rejeição de tudo aquilo que o pode desviar do amor e da Lei de Deus. Uma conversão parecida à que Deus exigiu à cidade de Nínive, por meio da pregação de Jonas, e que os seus habitantes praticaram, abandonando “o seu mau caminho” (Jn 3, 10). Mc 1,15 como “fazei penitência” em vez de “convertei-vos”. Penitência tem que ver com pena, castigo. Conversão é dar nova virada à vida. O grego metanoia sugere uma mudança de mentalidade. Por trás disso está o hebraico shuv, “voltar” (a Deus), não por causa do medo, mas por causa da confiança no dom de Deus, o “reino de Deus”, que é o acontecer da vontade amorosa do Pai, como reza o pai-nosso: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade”. Onde reinam o amor e a justiça, conforme a vontade de Deus, acontece o reino de Deus.

O Reino sofre violência; violência do mundo, violência do nosso coração envelhecido pelo pecado, da nossa razão tanta vez fechada para a luz do Cristo. Por isso mesmo, logo após apresentar o apelo de Jesus, São Marcos nos fala da vocação dos quatro primeiros discípulos. Certamente, esse chamado deve ser compreendido de modo muito particular como referindo-se à vocação sacerdotal, que faz dos chamados “pescadores de homens”. Mas, esse chamamento indica também a vocação de todo cristão: seguir Jesus no caminho da vida. Nesse sentido, a lição é clara: seguir Jesus exige deixar tudo, deixar-se e colocar a vida em relação com o Senhor! Somente assim poderemos acolher o Reino!

Com a nossa Carta Pastoral que fizemos conhecer no dia de ontem, na festa de nosso glorioso Mártir São Sebastião, queremos clamar pelo fim da violência em nossa cidade e Estado. Isso acontecerá quando o coração da pessoa estiver convertido a Cristo. Por isso, somos convidados neste domingo a meditar sobre a nossa conversão e o nosso chamado diante de Deus, pois, devemos saber que aquele que é discípulo do Senhor deve constantemente viver numa busca de maior aproximação com Deus. Que a cada dia seja a oportunidade de ter um coração mais próximo ao coração de Cristo.

Leia os comentários

Deixe seu comentário

Resposta ao comentário de:

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do comentário.
Comentário enviado para aprovação.

O tempo está abreviado

21/01/2018 00:00 - Atualizado em 24/01/2018 11:39

Depois de termos celebrado a Solenidade de São Sebastião, padroeiro da Arquidiocese e da cidade, com grande devoção da gente carioca, celebramos neste final de semana o terceiro domingo do Tempo Comum, e acolhemos a Palavra dos inícios do Evangelho segundo Marcos. Hoje Jesus aparece inaugurando seu ministério público. Suas palavras são consoladoras: O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo! ” (cf. Mc 1,15) Eis! A esperança de Israel irá se realizar: o Messias, o Salvador esperado estava chegando para instaurar o Reino! Com Jesus, com sua Pessoa, seus gestos e sua pregação, o Reinado de Deus, a proximidade do Santo de Israel, seria realmente tocada pelo povo de Deus.

A primeira leitura (Jn 3,1-5.10) aduz que: “Levanta-te e põe-te a caminho (…) e anuncia a penitência à grande cidade de Nínive!” E os habitantes de Nínive – pagãos – acolheram a pregação e se salvaram! Na primeira leitura (Jonas), trata-se da pregação dirigida à “grande cidade” de Nínive, capital da Assíria. Diante da pregação, a população abandona o pecado e faz penitência, proclamando o jejum e vestindo-se de saco; e Deus, demonstrando sua misericórdia universal, poupa a cidade. Os pensamentos de Deus são de misericórdia e de salvação, mas os homens pensam em vingança. O Povo de Israel quer vingança contra quem o escravizara e Deus compassivo e misericordioso, oferece perdão e salvação! “Os meus pensamentos não são como os vossos pensamentos”.

A segunda leitura (1Cor 7,29-31) “O tempo é curto e a figura deste mundo passa!” Melhor, não há tempo a perder! O tempo da graça é agora! Não percamos o tempo precioso. Estamos diante de um paradoxo: Quem está casado, viva como se não o estivesse! É uma palavra forte, aparentemente em contraste com todas as coisas belas que, em outras circunstâncias, a Palavra de Deus nos disse sobre o matrimônio. Mas o contraste é somente aparente. Ela se atém apenas a explicar a palavra dita por Jesus aos saduceus, a respeito da mulher que tinha passado por sete maridos: “Neste mundo, homens e mulheres casam – se, mas os que forem julgados dignos de participar do mundo futuro e da ressurreição dos mortos não se casam…” (Lc20, 34s). É preciso criar-se uma consciência cristã capaz de fomentar desejos, intenções, hábitos, e comportamentos em total sintonia com o Evangelho de Cristo. E isto é tão urgente quanto “o tempo é breve” (1 Cor 7, 29), brevidade está fixada precisamente pela vinda de Cristo e da qual não fica mais que uma fase histórica, ou seja, a que separa o dia de hoje da sua última vinda.

No Evangelho (Mc 1,14-20) Jesus retoma a pregação do profeta Jonas: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!” Portanto, não há tempo a perder! Procuremos o caminho que leva à salvação! Para acolher Jesus, a condição primeira é a conversão, a mudança profunda de vida que exige, sobretudo, a luta contra o pecado e, consequentemente, a rejeição de tudo aquilo que o pode desviar do amor e da Lei de Deus. Uma conversão parecida à que Deus exigiu à cidade de Nínive, por meio da pregação de Jonas, e que os seus habitantes praticaram, abandonando “o seu mau caminho” (Jn 3, 10). Mc 1,15 como “fazei penitência” em vez de “convertei-vos”. Penitência tem que ver com pena, castigo. Conversão é dar nova virada à vida. O grego metanoia sugere uma mudança de mentalidade. Por trás disso está o hebraico shuv, “voltar” (a Deus), não por causa do medo, mas por causa da confiança no dom de Deus, o “reino de Deus”, que é o acontecer da vontade amorosa do Pai, como reza o pai-nosso: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade”. Onde reinam o amor e a justiça, conforme a vontade de Deus, acontece o reino de Deus.

O Reino sofre violência; violência do mundo, violência do nosso coração envelhecido pelo pecado, da nossa razão tanta vez fechada para a luz do Cristo. Por isso mesmo, logo após apresentar o apelo de Jesus, São Marcos nos fala da vocação dos quatro primeiros discípulos. Certamente, esse chamado deve ser compreendido de modo muito particular como referindo-se à vocação sacerdotal, que faz dos chamados “pescadores de homens”. Mas, esse chamamento indica também a vocação de todo cristão: seguir Jesus no caminho da vida. Nesse sentido, a lição é clara: seguir Jesus exige deixar tudo, deixar-se e colocar a vida em relação com o Senhor! Somente assim poderemos acolher o Reino!

Com a nossa Carta Pastoral que fizemos conhecer no dia de ontem, na festa de nosso glorioso Mártir São Sebastião, queremos clamar pelo fim da violência em nossa cidade e Estado. Isso acontecerá quando o coração da pessoa estiver convertido a Cristo. Por isso, somos convidados neste domingo a meditar sobre a nossa conversão e o nosso chamado diante de Deus, pois, devemos saber que aquele que é discípulo do Senhor deve constantemente viver numa busca de maior aproximação com Deus. Que a cada dia seja a oportunidade de ter um coração mais próximo ao coração de Cristo.

Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro