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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Iniciando o novo ano

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01/01/2018 00:00

Iniciamos o ano com a solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria no dia 1º de janeiro quando celebramos também o Dia Mundial da Paz. Neste ano novo de 2018, o Papa Francisco escolheu o tema: “Migrantes e Refugiados: homens e mulheres em busca da paz”.  Com espírito de misericórdia, o Santo Padre convida em sua mensagem, a abraçar todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental. A Igreja, que tem como missão anunciar o Cristo como luz do mundo, quer ser uma Igreja de todos, em particular, a Igreja dos pobres” (Retirado do site: https://w2.vatican.va/…/hf_j-xxiii_spe_19621011_opening-cou…. acesso pela última vez em: 01/11/2017).

E isso marca e determina radicalmente a Igreja em sua totalidade: quando os pobres e excluídos se tornam o centro da Igreja: eles dão direção e sentido a tudo o que legitimamente e necessariamente constitui a realidade concreta da Igreja: sua pregação e ação, suas estruturas administrativas, culturais, dogmáticas, teológicas.

Os fundamentos teológicos são claros: “deriva da nossa fé em Jesus Cristo” (EG, 186), “deriva da própria obra libertadora da graça em cada um de nós” (EG, 188). Não é uma questão meramente opcional. É algo constitutivo da fé cristã (EG, 48). Por isso mesmo, os cristãos e as comunidades cristãs “são chamados, em todo lugar e circunstância, a ouvir o clamor dos pobres” (EG, 191) e a “ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres.” (EG, 187). (Retirado do site: https://w2.vatican.va/…/papa-francesco_esortazione-ap_20131…. acesso pela última vez em: 01/11/2017).

Recordando os exemplos do pobrezinho de Assis, o Papa Francisco nos ensina: “assumamos, pois, o exemplo de São Francisco, testemunha da pobreza genuína. Ele, precisamente por ter os olhos fixos em Cristo, soube reconhecê-Lo e servi-Lo nos pobres. Por conseguinte, se desejamos dar o nosso contributo eficaz para a mudança da história, gerando verdadeiro desenvolvimento, é necessário escutar o grito dos pobres e comprometermo-nos a erguê-los do seu estado de marginalização”. (Retirado do site: https://w2.vatican.va/…/papa-francesco_20170613_messaggio-i…. acesso pela última vez: 01/11/2017).

No mundo contemporâneo, há muita dificuldade em identificar claramente a pobreza. Porém, o Papa Francisco alerta que a “pobreza nos interpela todos os dias com os seus inúmeros rostos marcados pelo sofrimento, pela marginalização, pela opressão, pela violência, pelas torturas e a prisão, pela guerra, pela privação da liberdade e da dignidade, pela ignorância e pelo analfabetismo, pela emergência sanitária e pela falta de trabalho, pelo tráfico de pessoas e pela escravidão, pelo exílio e a miséria, pela migração forçada. A pobreza tem o rosto de mulheres, homens e crianças explorados para vis interesses, espezinhados pelas lógicas perversas do poder e do dinheiro. Como é impiedoso e nunca completo o elenco que se é constrangido a elaborar à vista da pobreza, fruto da injustiça social, da miséria moral, da avidez de poucos e da indiferença generalizada!” (Retirado do site: https://w2.vatican.va/…/papa-francesco_20170613_messaggio-i…. acesso pela última vez: 01/11/2017).

Preocupado com a situação dos mais desprovidos, independentemente do tempo e das circunstâncias,  o Papa Francisco nos recorda que os “os pobres não são um problema” e nos exorta: “não amemos com palavras, mas com obras”. Neste sentido, impressiona-nos a mensagem de Cristo, nos Evangelhos, fundada totalmente no amor aos irmãos, na caridade e na partilha. Além das vezes que o Divino Mestre fala do amor que devemos ter para com Deus que é Pai quando Ele sempre nos apresenta como o doador de tudo, que nos ama a ponto de dar o Filho a morte par para a salvação dos homens Ele reafirma o primeiro mandamento do amor a Deus, logo, a seguir completa-o o amor ao próximo. Ilustra-o na Parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37).

As cartas do apóstolo João insistem no mesmo aspecto catequético e com clareza apostólica, afirma que aquele que diz amar a Deus e não amar a seus irmãos é um mentiroso. E continua que é muito fácil proclamar que amamos a Deus, a quem não vemos, mas se desprezamos os irmãos que estão ao nosso lado, onde estão a caridade, onde estão o amor? (1Jo.4,20).

Paulo, na sua Carta aos Coríntios (1Cor 13), proclama e exalta a caridade (partilha). Quase sabemos de cor o texto maravilhoso. Somos levados a interpretar esse hino como o amor ao Pai Celeste. Mas, o apóstolo fala da excelência do amor entre os irmãos. Ainda que eu falasse todas as línguas dos anjos, ou tivesse toda a ciência, sem a caridade seria um bronze que soa e cujo som se perde nas quebradas dos montes. Logo a seguir nos ensina em que consiste a caridade: na paciência, na humildade, no fazer o bem, na longanimidade, na partilha da dor e da alegria com os irmãos, no perdão tão difícil. E conclui pela perenidade do amor e da caridade. Tudo cessa quando vier a perfeição, exceto a caridade, pela qual seremos medidos.

No episódio da multiplicação dos pães, Jesus sacia a multidão. Demos um passo em frente: de onde nasce o convite que Jesus faz aos discípulos para que tirem eles mesmos a fome à multidão? Nasce de dois motivos: em primeiro lugar da turba que, seguindo Jesus, se encontra em campo aberto, longe de lugares habitados, enquanto se faz noite; e, depois, da preocupação dos discípulos que pedem a Jesus para despedir as pessoas para que vá para as terras vizinhas para encontrar alimento e alojamento (cf. Lc 9,12). Diante da necessidade da multidão, eis a solução dos discípulos: que cada um pense em si próprio; despedir a multidão! Quantas vezes nós, cristãos, temos esta tentação. Mas a solução de Jesus vai noutro sentido, um sentido que surpreende os discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Fica claro o milagre, mas, também a partilha. Partilhar significa doar e entregar. Somos convidados a partilhar! Olhemos para os pobres de nossa comunidade para assim ajuda-los. Quanto a caridade e a partilha dizia o patrono da caridade e dos pobres: “dez vezes irão aos pobres, dez vezes encontrarão a Deus” (São Vicente de Paulo).

Com esses sentimento de partilha e sonhando e trabalhando por um mundo mais justo e humano desejamos a todos que possamos construir um mundo melhor neste novo ano de 2018.

 

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Iniciamos o ano com a solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria no dia 1º de janeiro quando celebramos também o Dia Mundial da Paz. Neste ano novo de 2018, o Papa Francisco escolheu o tema: “Migrantes e Refugiados: homens e mulheres em busca da paz”.  Com espírito de misericórdia, o Santo Padre convida em sua mensagem, a abraçar todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental. A Igreja, que tem como missão anunciar o Cristo como luz do mundo, quer ser uma Igreja de todos, em particular, a Igreja dos pobres” (Retirado do site: https://w2.vatican.va/…/hf_j-xxiii_spe_19621011_opening-cou…. acesso pela última vez em: 01/11/2017).

E isso marca e determina radicalmente a Igreja em sua totalidade: quando os pobres e excluídos se tornam o centro da Igreja: eles dão direção e sentido a tudo o que legitimamente e necessariamente constitui a realidade concreta da Igreja: sua pregação e ação, suas estruturas administrativas, culturais, dogmáticas, teológicas.

Os fundamentos teológicos são claros: “deriva da nossa fé em Jesus Cristo” (EG, 186), “deriva da própria obra libertadora da graça em cada um de nós” (EG, 188). Não é uma questão meramente opcional. É algo constitutivo da fé cristã (EG, 48). Por isso mesmo, os cristãos e as comunidades cristãs “são chamados, em todo lugar e circunstância, a ouvir o clamor dos pobres” (EG, 191) e a “ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres.” (EG, 187). (Retirado do site: https://w2.vatican.va/…/papa-francesco_esortazione-ap_20131…. acesso pela última vez em: 01/11/2017).

Recordando os exemplos do pobrezinho de Assis, o Papa Francisco nos ensina: “assumamos, pois, o exemplo de São Francisco, testemunha da pobreza genuína. Ele, precisamente por ter os olhos fixos em Cristo, soube reconhecê-Lo e servi-Lo nos pobres. Por conseguinte, se desejamos dar o nosso contributo eficaz para a mudança da história, gerando verdadeiro desenvolvimento, é necessário escutar o grito dos pobres e comprometermo-nos a erguê-los do seu estado de marginalização”. (Retirado do site: https://w2.vatican.va/…/papa-francesco_20170613_messaggio-i…. acesso pela última vez: 01/11/2017).

No mundo contemporâneo, há muita dificuldade em identificar claramente a pobreza. Porém, o Papa Francisco alerta que a “pobreza nos interpela todos os dias com os seus inúmeros rostos marcados pelo sofrimento, pela marginalização, pela opressão, pela violência, pelas torturas e a prisão, pela guerra, pela privação da liberdade e da dignidade, pela ignorância e pelo analfabetismo, pela emergência sanitária e pela falta de trabalho, pelo tráfico de pessoas e pela escravidão, pelo exílio e a miséria, pela migração forçada. A pobreza tem o rosto de mulheres, homens e crianças explorados para vis interesses, espezinhados pelas lógicas perversas do poder e do dinheiro. Como é impiedoso e nunca completo o elenco que se é constrangido a elaborar à vista da pobreza, fruto da injustiça social, da miséria moral, da avidez de poucos e da indiferença generalizada!” (Retirado do site: https://w2.vatican.va/…/papa-francesco_20170613_messaggio-i…. acesso pela última vez: 01/11/2017).

Preocupado com a situação dos mais desprovidos, independentemente do tempo e das circunstâncias,  o Papa Francisco nos recorda que os “os pobres não são um problema” e nos exorta: “não amemos com palavras, mas com obras”. Neste sentido, impressiona-nos a mensagem de Cristo, nos Evangelhos, fundada totalmente no amor aos irmãos, na caridade e na partilha. Além das vezes que o Divino Mestre fala do amor que devemos ter para com Deus que é Pai quando Ele sempre nos apresenta como o doador de tudo, que nos ama a ponto de dar o Filho a morte par para a salvação dos homens Ele reafirma o primeiro mandamento do amor a Deus, logo, a seguir completa-o o amor ao próximo. Ilustra-o na Parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37).

As cartas do apóstolo João insistem no mesmo aspecto catequético e com clareza apostólica, afirma que aquele que diz amar a Deus e não amar a seus irmãos é um mentiroso. E continua que é muito fácil proclamar que amamos a Deus, a quem não vemos, mas se desprezamos os irmãos que estão ao nosso lado, onde estão a caridade, onde estão o amor? (1Jo.4,20).

Paulo, na sua Carta aos Coríntios (1Cor 13), proclama e exalta a caridade (partilha). Quase sabemos de cor o texto maravilhoso. Somos levados a interpretar esse hino como o amor ao Pai Celeste. Mas, o apóstolo fala da excelência do amor entre os irmãos. Ainda que eu falasse todas as línguas dos anjos, ou tivesse toda a ciência, sem a caridade seria um bronze que soa e cujo som se perde nas quebradas dos montes. Logo a seguir nos ensina em que consiste a caridade: na paciência, na humildade, no fazer o bem, na longanimidade, na partilha da dor e da alegria com os irmãos, no perdão tão difícil. E conclui pela perenidade do amor e da caridade. Tudo cessa quando vier a perfeição, exceto a caridade, pela qual seremos medidos.

No episódio da multiplicação dos pães, Jesus sacia a multidão. Demos um passo em frente: de onde nasce o convite que Jesus faz aos discípulos para que tirem eles mesmos a fome à multidão? Nasce de dois motivos: em primeiro lugar da turba que, seguindo Jesus, se encontra em campo aberto, longe de lugares habitados, enquanto se faz noite; e, depois, da preocupação dos discípulos que pedem a Jesus para despedir as pessoas para que vá para as terras vizinhas para encontrar alimento e alojamento (cf. Lc 9,12). Diante da necessidade da multidão, eis a solução dos discípulos: que cada um pense em si próprio; despedir a multidão! Quantas vezes nós, cristãos, temos esta tentação. Mas a solução de Jesus vai noutro sentido, um sentido que surpreende os discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Fica claro o milagre, mas, também a partilha. Partilhar significa doar e entregar. Somos convidados a partilhar! Olhemos para os pobres de nossa comunidade para assim ajuda-los. Quanto a caridade e a partilha dizia o patrono da caridade e dos pobres: “dez vezes irão aos pobres, dez vezes encontrarão a Deus” (São Vicente de Paulo).

Com esses sentimento de partilha e sonhando e trabalhando por um mundo mais justo e humano desejamos a todos que possamos construir um mundo melhor neste novo ano de 2018.

 

Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro