09 de Maio de 2024
A alegria na liturgia do Advento
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No decorrer do ano litúrgico, há duas ocasiões em que celebramos os chamados “domingos da alegria”. Trata-se do 3º domingo do Advento e do 4º domingo da Quaresma. Eles assim ficaram conhecidos porque o introito (antífona da entrada) da Missa se iniciava com palavras cuja tradução era um convite à alegria: “Gaudete in Domino” (Alegrai-vos no Senhor), no Advento, e “Laetare Jerusalem” (Alegra-te, Jerusalém), na Quaresma. Por conta disso, a cor roxa dos paramentos, própria destes dois tempos, pode ser substituída pela cor rósea.
Assim, não é preciso dizer que a tônica da liturgia destes domingos é a alegria. Diz-se que tal alegria suaviza, atenua o tom rigoroso destes tempos de penitência. A explicação, contudo, deve ser bastante explícita, para não dar margem a dúvidas. Vamos nos concentrar no tempo que nos interessa, a saber, o Advento, que estamos vivendo.
É inegável o fato de que, na consecução histórica, o tempo do Advento serve como preparação imediata à celebração litúrgica do nascimento de Jesus. Assim, grosso modo, dizemos que o Advento prepara o Natal do Senhor. No entanto, sendo a Eucaristia a celebração nuclear da Igreja – e, por conseguinte, do ano litúrgico –, e sendo ela a celebração do mistério pascal de Jesus (Paixão, Morte e Ressurreição), como entender que celebramos a Ressurreição dAquele que está para nascer? Como conectar de forma serena e equilibrada pontos distantes da história do próprio Senhor em contexto celebrativo? Em suma, qual o sentido da alegria proposta pelo Advento?
Se entendemos que, quando celebramos o Natal do Senhor, não significa que “Jesus está nascendo agora” – caso contrário, não haveria sentido celebrar a Paixão, Morte e Ressurreição do Menino que acaba de nascer –, então fica mais claro o sentido da celebração litúrgica: enquanto esperamos a vinda do Senhor, anunciamos Sua morte, comendo do pão, bebendo do cálice, e recordando cada passo da história de amor construída por Deus para nos conceder a salvação. Celebrar o Natal, assim, é, mais do que apenas contemplar o Menino reclinado no presépio. É adorar o Senhor do tempo e da história que, na plenitude dos tempos, nasceu de uma mulher (Cf. Gl 4,4), assumindo em tudo nossa condição, menos o pecado (cf. Hb 4,15), para oferecer-se por nós e dar-nos a sua vida (cf. 1Ts 5,9-10).
Sob este ponto de vista, parece que a celebração do Natal se reveste do seu sentido mais pleno: não o celebramos para recordar a ternura de um Menino frágil, ou apenas para meditarmos sobre a humildade do Deus que se humilhou (cf. Fl 2,7), mas para celebrarmos a força da dignidade que recebemos pelo mistério da vida nova, conquistada para nós por Aquele que, se fazendo carne da nossa carne (cf. Gn 2,23), veio habitar entre nós (cf. Jo 1,14), para “realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação” e, dessa forma, aguardamos Sua volta, quando virá “conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos” (Prefácio do Advento, I).
Assim, compreendemos melhor o sentido do Domingo da Alegria: proclamar com São Paulo “O Senhor está próximo” (Fl 4,5) é muito mais que dizer “o Natal está chegando”. É proclamar: Deus se fez próximo de nós de tal forma que somos membros do Corpo de Cristo, unidos a Ele em uma só carne, de tal forma que homem nenhum pode separar (cf. Mt 19,6)! Que seja este o sentido de celebrarmos este domingo tão solene e bonito da liturgia do Advento.
A alegria na liturgia do Advento
17/12/2017 00:00
No decorrer do ano litúrgico, há duas ocasiões em que celebramos os chamados “domingos da alegria”. Trata-se do 3º domingo do Advento e do 4º domingo da Quaresma. Eles assim ficaram conhecidos porque o introito (antífona da entrada) da Missa se iniciava com palavras cuja tradução era um convite à alegria: “Gaudete in Domino” (Alegrai-vos no Senhor), no Advento, e “Laetare Jerusalem” (Alegra-te, Jerusalém), na Quaresma. Por conta disso, a cor roxa dos paramentos, própria destes dois tempos, pode ser substituída pela cor rósea.
Assim, não é preciso dizer que a tônica da liturgia destes domingos é a alegria. Diz-se que tal alegria suaviza, atenua o tom rigoroso destes tempos de penitência. A explicação, contudo, deve ser bastante explícita, para não dar margem a dúvidas. Vamos nos concentrar no tempo que nos interessa, a saber, o Advento, que estamos vivendo.
É inegável o fato de que, na consecução histórica, o tempo do Advento serve como preparação imediata à celebração litúrgica do nascimento de Jesus. Assim, grosso modo, dizemos que o Advento prepara o Natal do Senhor. No entanto, sendo a Eucaristia a celebração nuclear da Igreja – e, por conseguinte, do ano litúrgico –, e sendo ela a celebração do mistério pascal de Jesus (Paixão, Morte e Ressurreição), como entender que celebramos a Ressurreição dAquele que está para nascer? Como conectar de forma serena e equilibrada pontos distantes da história do próprio Senhor em contexto celebrativo? Em suma, qual o sentido da alegria proposta pelo Advento?
Se entendemos que, quando celebramos o Natal do Senhor, não significa que “Jesus está nascendo agora” – caso contrário, não haveria sentido celebrar a Paixão, Morte e Ressurreição do Menino que acaba de nascer –, então fica mais claro o sentido da celebração litúrgica: enquanto esperamos a vinda do Senhor, anunciamos Sua morte, comendo do pão, bebendo do cálice, e recordando cada passo da história de amor construída por Deus para nos conceder a salvação. Celebrar o Natal, assim, é, mais do que apenas contemplar o Menino reclinado no presépio. É adorar o Senhor do tempo e da história que, na plenitude dos tempos, nasceu de uma mulher (Cf. Gl 4,4), assumindo em tudo nossa condição, menos o pecado (cf. Hb 4,15), para oferecer-se por nós e dar-nos a sua vida (cf. 1Ts 5,9-10).
Sob este ponto de vista, parece que a celebração do Natal se reveste do seu sentido mais pleno: não o celebramos para recordar a ternura de um Menino frágil, ou apenas para meditarmos sobre a humildade do Deus que se humilhou (cf. Fl 2,7), mas para celebrarmos a força da dignidade que recebemos pelo mistério da vida nova, conquistada para nós por Aquele que, se fazendo carne da nossa carne (cf. Gn 2,23), veio habitar entre nós (cf. Jo 1,14), para “realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação” e, dessa forma, aguardamos Sua volta, quando virá “conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos” (Prefácio do Advento, I).
Assim, compreendemos melhor o sentido do Domingo da Alegria: proclamar com São Paulo “O Senhor está próximo” (Fl 4,5) é muito mais que dizer “o Natal está chegando”. É proclamar: Deus se fez próximo de nós de tal forma que somos membros do Corpo de Cristo, unidos a Ele em uma só carne, de tal forma que homem nenhum pode separar (cf. Mt 19,6)! Que seja este o sentido de celebrarmos este domingo tão solene e bonito da liturgia do Advento.
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