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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Foi a mim que fizestes

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27/11/2017 15:08 - Atualizado em 27/11/2017 15:33

Foi a mim que fizestes 0

27/11/2017 15:08 - Atualizado em 27/11/2017 15:33

Estamos na última semana do ano litúrgico e repercutindo a solenidade de domingo passado, quando a Igreja contempla, adora e proclama o seu Senhor, Jesus Cristo, como Rei e Senhor do universo! Depois de termos percorrido todo o Ano Litúrgico, começando lá atrás, com o Advento que nos preparava para o Natal; depois de termos atravessado a penitência quaresmal e o júbilo pascal, depois das trinta e três semanas do longo Tempo Comum, eis-nos agora, ao final do ano da Igreja, proclamando que o Senhor do universo, o Rei do tempo e da eternidade é o Cristo nosso Deus!

A solenidade foi instituída no Ano Jubilar de 1925 pelo Papa Pio XI com a Carta Encíclica “Quas Primas” (QP), com o qual coincidiu o 16º centenário do Concílio de Nicéia, que proclamara a divindade do Filho de Deus; este Concílio inseriu também na fórmula de fé as palavras: “cujo reino não terá fim”, afirmando assim a dignidade real de Cristo (cf. QP 2).

Nós realmente acreditamos com todo o coração e confessamos com toda convicção que Jesus Cristo – e só ele! – é Rei: Rei do universo, Rei da história, Rei da humanidade, Rei da vida de cada pessoa humana. Ele é Rei porque é Deus feito homem, é, como diz a Escritura, aquele “através de quem e para quem todas as coisas foram criadas, no céu e na terra… Tudo foi criado através dele e para ele… Ele é o Primogênito dentre os mortos” (Cl 1,1518).

Cristo Rei anuncia a Verdade e essa Verdade é a luz que ilumina o caminho amoroso que Ele traçou com sua Via Crucie, para o Reino de Deus. "Tu o dizes: eu sou rei. Para isso nasci e para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade escuta minha voz." (Jo 18, 37). Jesus nos revela sua missão reconciliadora de anunciar a verdade ante o engano do pecado. Assim como o demônio tentou Eva com enganos e mentiras, agora Deus mesmo se faz homem e devolve à humanidade a possibilidade de retornar ao Reino, quando qual Cordeiro se sacrifica amorosamente na cruz.

Cristo Rei foi uma das últimas celebrações instituída pelo Papa Pio XI, na época em que o mundo passava pelo pós-guerra de 1917. Este Pontífice instituiu essa festa para que todas as coisas culminassem na plenitude em Cristo Senhor, simbolizado no que diz o Apocalipse: “Eu sou o Alfa e o Ômega, Principio e Fim de todas as coisas.” (Ap1, 8).

Diante da realidade da história recente vemos como é importante que Cristo Reine nos corações, relacionamentos e na sociedade. O século passado foi marcado pelo fascismo na Itália, pelo nazismo na Alemanha, pelo comunismo na Rússia, pelo marxismo-ateu, pela crise econômica, pelos governos ditatoriais que solaparam toda a Europa, pela perseguição religiosa, pelo liberalismo e outros que levavam o mundo e o povo a afastar-se de Deus, da religião e da fé, e chegou-se também a 2ª Guerra Mundial.

A primeira leitura desta solenidade (Ez  34, 11-12.15-17) recorda que o Povo de Israel, por negligência de seus pastores, afastou-se da Palavra de Deus, e terminou no Exílio na Babilônia. Ezequiel é o Profeta que acompanhou o Povo no exílio, onde anunciou o perdão e a libertação. Deus é bom!

A segunda leitura (1Cor 15,20-26.28) traz à reflexão que pelo pecado de Adão e Eva, todos estamos no exílio, longe de Deus; mas pela virtude de Jesus Ressuscitado, todos fomos perdoados e alegrados com a promessa de nossa ressurreição, igualmente, gloriosa como a Ressurreição de Jesus!

No Evangelho (Mt 25,31-46) Jesus recorda sobre o que seremos julgados. O ator principal é o “Filho do Homem”, aquele ser humano que recebe de Deus plenos poderes sobre o mundo, conforme a visão de Dn 7,13-14. É o próprio Jesus. Ele vem com a glória de Deus e reúne diante de si todos os povos. Como um rei, tendo a última palavra em seu reino, ele vai julgar “todos os povos”.

Assim como um pastor, ao anoitecer, separa os cordeiros dos bodes, para que passem a noite em ambientes diferentes, o rei-juiz separa os bons dos maus. Os dons, ele os faz entrar na sua alegria, porque lhe deram comida, bebida, hospedagem, roupa, assistência na prisão... E eles perguntaram: “Senhor, não sabemos nada disso1”. Então responde: “O que fizestes ao mais pequeno desses meus irmãos (os famintos, sedentos etc.), foi a mim que o fizestes”. E os maus, ele os condena, porque não fizeram essas boas ações. Tampouco estes têm consciência de quando foi que não trataram bem o rei. E ele responde: “ O que deixastes de fazer a um desses mais pequenos irmãos, foi a mim que não fizestes”.

É na caridade gratuita, que se encontra o critério pelo qual Jesus julga “todos os povos”. Na perspectiva dos israelitas, o julgamento se pauta segundo a observância da Lei de Moisés. Mas Jesus veio mostrar que o anuncio ao Reino é para além dos limites do Judaísmo. O que mais agrada a Deus é o amor efetivo que demonstramos para com seus filhos, especialmente os mais insignificantes, os mais pequenos.

 

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Foi a mim que fizestes

27/11/2017 15:08 - Atualizado em 27/11/2017 15:33

Estamos na última semana do ano litúrgico e repercutindo a solenidade de domingo passado, quando a Igreja contempla, adora e proclama o seu Senhor, Jesus Cristo, como Rei e Senhor do universo! Depois de termos percorrido todo o Ano Litúrgico, começando lá atrás, com o Advento que nos preparava para o Natal; depois de termos atravessado a penitência quaresmal e o júbilo pascal, depois das trinta e três semanas do longo Tempo Comum, eis-nos agora, ao final do ano da Igreja, proclamando que o Senhor do universo, o Rei do tempo e da eternidade é o Cristo nosso Deus!

A solenidade foi instituída no Ano Jubilar de 1925 pelo Papa Pio XI com a Carta Encíclica “Quas Primas” (QP), com o qual coincidiu o 16º centenário do Concílio de Nicéia, que proclamara a divindade do Filho de Deus; este Concílio inseriu também na fórmula de fé as palavras: “cujo reino não terá fim”, afirmando assim a dignidade real de Cristo (cf. QP 2).

Nós realmente acreditamos com todo o coração e confessamos com toda convicção que Jesus Cristo – e só ele! – é Rei: Rei do universo, Rei da história, Rei da humanidade, Rei da vida de cada pessoa humana. Ele é Rei porque é Deus feito homem, é, como diz a Escritura, aquele “através de quem e para quem todas as coisas foram criadas, no céu e na terra… Tudo foi criado através dele e para ele… Ele é o Primogênito dentre os mortos” (Cl 1,1518).

Cristo Rei anuncia a Verdade e essa Verdade é a luz que ilumina o caminho amoroso que Ele traçou com sua Via Crucie, para o Reino de Deus. "Tu o dizes: eu sou rei. Para isso nasci e para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade escuta minha voz." (Jo 18, 37). Jesus nos revela sua missão reconciliadora de anunciar a verdade ante o engano do pecado. Assim como o demônio tentou Eva com enganos e mentiras, agora Deus mesmo se faz homem e devolve à humanidade a possibilidade de retornar ao Reino, quando qual Cordeiro se sacrifica amorosamente na cruz.

Cristo Rei foi uma das últimas celebrações instituída pelo Papa Pio XI, na época em que o mundo passava pelo pós-guerra de 1917. Este Pontífice instituiu essa festa para que todas as coisas culminassem na plenitude em Cristo Senhor, simbolizado no que diz o Apocalipse: “Eu sou o Alfa e o Ômega, Principio e Fim de todas as coisas.” (Ap1, 8).

Diante da realidade da história recente vemos como é importante que Cristo Reine nos corações, relacionamentos e na sociedade. O século passado foi marcado pelo fascismo na Itália, pelo nazismo na Alemanha, pelo comunismo na Rússia, pelo marxismo-ateu, pela crise econômica, pelos governos ditatoriais que solaparam toda a Europa, pela perseguição religiosa, pelo liberalismo e outros que levavam o mundo e o povo a afastar-se de Deus, da religião e da fé, e chegou-se também a 2ª Guerra Mundial.

A primeira leitura desta solenidade (Ez  34, 11-12.15-17) recorda que o Povo de Israel, por negligência de seus pastores, afastou-se da Palavra de Deus, e terminou no Exílio na Babilônia. Ezequiel é o Profeta que acompanhou o Povo no exílio, onde anunciou o perdão e a libertação. Deus é bom!

A segunda leitura (1Cor 15,20-26.28) traz à reflexão que pelo pecado de Adão e Eva, todos estamos no exílio, longe de Deus; mas pela virtude de Jesus Ressuscitado, todos fomos perdoados e alegrados com a promessa de nossa ressurreição, igualmente, gloriosa como a Ressurreição de Jesus!

No Evangelho (Mt 25,31-46) Jesus recorda sobre o que seremos julgados. O ator principal é o “Filho do Homem”, aquele ser humano que recebe de Deus plenos poderes sobre o mundo, conforme a visão de Dn 7,13-14. É o próprio Jesus. Ele vem com a glória de Deus e reúne diante de si todos os povos. Como um rei, tendo a última palavra em seu reino, ele vai julgar “todos os povos”.

Assim como um pastor, ao anoitecer, separa os cordeiros dos bodes, para que passem a noite em ambientes diferentes, o rei-juiz separa os bons dos maus. Os dons, ele os faz entrar na sua alegria, porque lhe deram comida, bebida, hospedagem, roupa, assistência na prisão... E eles perguntaram: “Senhor, não sabemos nada disso1”. Então responde: “O que fizestes ao mais pequeno desses meus irmãos (os famintos, sedentos etc.), foi a mim que o fizestes”. E os maus, ele os condena, porque não fizeram essas boas ações. Tampouco estes têm consciência de quando foi que não trataram bem o rei. E ele responde: “ O que deixastes de fazer a um desses mais pequenos irmãos, foi a mim que não fizestes”.

É na caridade gratuita, que se encontra o critério pelo qual Jesus julga “todos os povos”. Na perspectiva dos israelitas, o julgamento se pauta segundo a observância da Lei de Moisés. Mas Jesus veio mostrar que o anuncio ao Reino é para além dos limites do Judaísmo. O que mais agrada a Deus é o amor efetivo que demonstramos para com seus filhos, especialmente os mais insignificantes, os mais pequenos.

 

Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro