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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 09/05/2024

09 de Maio de 2024

O meu Reino não é deste mundo

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10/11/2017 15:57 - Atualizado em 10/11/2017 15:57

O meu Reino não é deste mundo 0

10/11/2017 15:57 - Atualizado em 10/11/2017 15:57

Em geral, os temas dos Evangelhos das Missas dominicais do mês de novembro têm um tom escatológico (do grego éschatos, as últimas coisas). A razão disso é simples: como caminhamos para o desfecho do Ano Litúrgico, e este se dá, enquanto celebração dominical, com a Solenidade de Cristo Rei, Aquele que é o Princípio e o Fim de todas as coisas, de alguma forma o final do ano litúrgico nos insere na dinâmica da celebração que, embora se “repita” ano após ano, nos leva, em uma crescente, até a consumação dos tempos, quando o Senhor voltar (a imagem mais cara à reflexão litúrgica não é a de ciclo fechado, mas de espirais, que, voltando ao mesmo ponto – a celebração dos mistérios centrais da fé –, é sempre diferente e nova, até o dia de contemplarmos o Senhor face a face no céu).

Assim, somos conduzidos, pelo ciclo das leituras dominicais, a voltar nosso olhar para as realidades futuras, lembrando que o Reino começou aqui, mas sua realização plena se dará na Parusia. O próprio ensinamento de Jesus foi assim. Ele não veio realizar o Reino como realidade pronta, acabada, definitiva, aqui na terra. Veio, sim, mostrar a irrupção de Deus na história dos homens (para o Judaísmo e o Cristianismo, a ação de Deus é concreta na história), mas tende para a consumação no final dos tempos, quando o Senhor voltar em poder e glória para julgar os vivos e os mortos.

Assim, nos acompanharão, neste e no próximo domingo (32º e 33º do Tempo Comum), duas perícopes interessantes, nas quais o Senhor mostra como é diferente a dinâmica do “Reino dos Céus” (expressão usada no texto de Mateus). Neste domingo aparece a parábola das dez virgens. Embora todas convidadas para o casamento, nem todas se prepararam convenientemente, trazendo óleo suficiente para aguardar a chegada do Noivo. O óleo, nesta passagem, é o símbolo da fidelidade e da perseverança. Cada um traz em si estas características, não podendo imputá-las ou requerê-las de outros. Apesar da escuta da Palavra ser comunitária, a fidelidade que dela brota é individual e intransferível. Assim, enquanto as virgens prudentes podem aguardar tranquilamente a chegada do Noivo e com ele entrar para as núpcias, as imprudentes precisam preencher suas lâmpadas, e acabam perdendo a oportunidade de celebrar as núpcias.

No próximo domingo, ouviremos a conhecida parábola dos talentos. O Reino de Deus, bem diferente das estruturas de governo que conhecemos na terra, tem uma lógica diferenciada. Nele, não se pensa jamais em guardar para si. Os talentos confiados “cada qual de acordo com a capacidade” (Mt 25,15), ou seja, Deus não exige nada que não possamos fazer; por outro lado, já que está ao nosso alcance, espera que sejamos capazes de frutificar com eles. Por mais que pareça “prudente”, é inadmissível a postura daquele que, tendo apenas um talento, não foi capaz de desenvolvê-lo. A questão aqui não é o número, mas a predisposição em realizar a finalidade com a qual lhe foi confiado o talento. Não importa quantos talentos o Senhor coloca em nossas mãos, mas o que fazemos com eles. Assim, participar do Reino significa acolher a graça do Senhor e fazê-la dar frutos de acordo com as suas potencialidades em nós.

Como podemos observar, Jesus nos orienta sobre o modo de acolher o Reino e colocar em prática seus ensinamentos, para que um dia possamos participar da sua alegria (Mt 25,21.23). Sejamos prudentes e ativos: aguardemos o Senhor e frutifiquemos com os talentos que Deus nos confiou. Ele acredita em nós!

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O meu Reino não é deste mundo

10/11/2017 15:57 - Atualizado em 10/11/2017 15:57

Em geral, os temas dos Evangelhos das Missas dominicais do mês de novembro têm um tom escatológico (do grego éschatos, as últimas coisas). A razão disso é simples: como caminhamos para o desfecho do Ano Litúrgico, e este se dá, enquanto celebração dominical, com a Solenidade de Cristo Rei, Aquele que é o Princípio e o Fim de todas as coisas, de alguma forma o final do ano litúrgico nos insere na dinâmica da celebração que, embora se “repita” ano após ano, nos leva, em uma crescente, até a consumação dos tempos, quando o Senhor voltar (a imagem mais cara à reflexão litúrgica não é a de ciclo fechado, mas de espirais, que, voltando ao mesmo ponto – a celebração dos mistérios centrais da fé –, é sempre diferente e nova, até o dia de contemplarmos o Senhor face a face no céu).

Assim, somos conduzidos, pelo ciclo das leituras dominicais, a voltar nosso olhar para as realidades futuras, lembrando que o Reino começou aqui, mas sua realização plena se dará na Parusia. O próprio ensinamento de Jesus foi assim. Ele não veio realizar o Reino como realidade pronta, acabada, definitiva, aqui na terra. Veio, sim, mostrar a irrupção de Deus na história dos homens (para o Judaísmo e o Cristianismo, a ação de Deus é concreta na história), mas tende para a consumação no final dos tempos, quando o Senhor voltar em poder e glória para julgar os vivos e os mortos.

Assim, nos acompanharão, neste e no próximo domingo (32º e 33º do Tempo Comum), duas perícopes interessantes, nas quais o Senhor mostra como é diferente a dinâmica do “Reino dos Céus” (expressão usada no texto de Mateus). Neste domingo aparece a parábola das dez virgens. Embora todas convidadas para o casamento, nem todas se prepararam convenientemente, trazendo óleo suficiente para aguardar a chegada do Noivo. O óleo, nesta passagem, é o símbolo da fidelidade e da perseverança. Cada um traz em si estas características, não podendo imputá-las ou requerê-las de outros. Apesar da escuta da Palavra ser comunitária, a fidelidade que dela brota é individual e intransferível. Assim, enquanto as virgens prudentes podem aguardar tranquilamente a chegada do Noivo e com ele entrar para as núpcias, as imprudentes precisam preencher suas lâmpadas, e acabam perdendo a oportunidade de celebrar as núpcias.

No próximo domingo, ouviremos a conhecida parábola dos talentos. O Reino de Deus, bem diferente das estruturas de governo que conhecemos na terra, tem uma lógica diferenciada. Nele, não se pensa jamais em guardar para si. Os talentos confiados “cada qual de acordo com a capacidade” (Mt 25,15), ou seja, Deus não exige nada que não possamos fazer; por outro lado, já que está ao nosso alcance, espera que sejamos capazes de frutificar com eles. Por mais que pareça “prudente”, é inadmissível a postura daquele que, tendo apenas um talento, não foi capaz de desenvolvê-lo. A questão aqui não é o número, mas a predisposição em realizar a finalidade com a qual lhe foi confiado o talento. Não importa quantos talentos o Senhor coloca em nossas mãos, mas o que fazemos com eles. Assim, participar do Reino significa acolher a graça do Senhor e fazê-la dar frutos de acordo com as suas potencialidades em nós.

Como podemos observar, Jesus nos orienta sobre o modo de acolher o Reino e colocar em prática seus ensinamentos, para que um dia possamos participar da sua alegria (Mt 25,21.23). Sejamos prudentes e ativos: aguardemos o Senhor e frutifiquemos com os talentos que Deus nos confiou. Ele acredita em nós!

Autor

Cristiano Holtz Peixoto

Editorialista do Jornal Testemunho de Fé