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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Chamados à santidade

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04/11/2017 00:00

Chamados à santidade 0

04/11/2017 00:00

Iniciamos o mês de novembro com os olhos voltados para o nosso fim último. De um lado, ao celebramos o dia de finados, ou seja, a comemoração de todos os fiéis defuntos, recordamos a nossa situação humana e a necessidade de intercessão pelos falecidos. De outro lado recordamos que o nosso fim último é Deus: somos todos chamados à santidade. No Brasil, essa solenidade passa do dia 1º de novembro (calendário universal) para o domingo seguinte, que, neste ano, substitui o 31º domingo do tempo comum. É um momento celebrativo importante para que não esqueçamos o para que fomos criados: para estar com Deus pela fé neste mundo e um dia estar com Ele no céu.

“Sede, pois, perfeitos como vosso pai celestial é perfeito” (Mt 5, 48). Jesus dirige estas palavras não somente aos Apóstolos, mas a todos os que de verdade queiram ser seus discípulos. O Mestre chama todos à santidade sem distinção de idade, profissão, raça ou condição social. Não há seguidores de Cristo sem vocação cristã, sem uma chamada pessoal à santidade. Deus nos escolheu para sermos santos e imaculados na sua presença, dirá São Paulo aos primeiros cristãos de Éfeso; e para conseguirmos esta meta, é necessário que nos empenhemos num esforço que se prolongará por todos os nossos dias aqui na terra: O justo justifique-se mais e o santo mais e mais se santifique.

Esta doutrina do chamado universal à santidade nos diz o Concílio Ecumênico Vaticano II: “todos os cristãos, seja qual for sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor, cada um no seu caminho, à perfeição da santidade pela qual é perfeito o próprio Pai” (Cf. Lumen Gentium, 11). A nossa fé nos ensina que somente Deus é Santo. Na Bíblia, "santo" significa literalmente, "separado". Deus é aquele que é separado, absolutamente diferente de tudo quanto exista no céu e na terra: Ele é único, Ele é absoluto, Ele sozinho se basta, sozinho é pleno, sozinho é infinitamente feliz. Ele é Deus! Por isso, Santo, em sentido absoluto, é somente o Deus uno e trino, Pai, Filho e Espírito Santo. A Jesus, o Filho eterno feito homem, nós proclamamos em cada missa: "Só vós sois o Santo"; ao Pai nós dizemos: "Na verdade, ó Pai, vós sois Santo e fonte de toda santidade"; ao Espírito nós chamamos de Santo.

É assim que todo cristão é um santificado, um separado para Deus. Mas, esta santidade que já possuímos deve, contudo, aparecer no nosso modo de viver, nas nossas ações e atitudes. E o modelo de toda santidade é Jesus, o Bem-aventurado. Ele, o Filho, foi totalmente aberto para o Pai no Espírito Santo e, por isso, foi totalmente pobre, totalmente manso, totalmente puro e abandonado a Deus no pranto, na fome de justiça e na misericórdia. Então, ser santo, é ser como Jesus, deixando-se guiar e transformar pelo seu Espírito em direção ao Pai. Esta santidade é um processo que dura a vida toda e somente será pleno na glória. São João nos fala disso na segunda leitura de hoje: "Quando Cristo se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é"(cf.1Jo 3,2b).

O Evangelho deste domingo (Mt 5,1-12a) nos apresenta as Bem-aventuranças. Elas são proclamações de salvação para aqueles que aderem à comunidade de fé. Todos os santos sempre foram e são contemporaneamente, embora em medida diversa, pobres de espírito, mansos, aflitos, famintos e sequiosos de justiça, misericordiosos, puros de coração, artífices de paz e perseguidos pela causa do Evangelho. E assim devemos ser também nós. Além disso, na base desta página evangélica é evidente que a bem-aventurança cristã, como sinônimo de santidade, não está separada de um eventual sofrimento ou pelo menos de dificuldade.

A expressão “pobres em espírito” nada tem a ver com a carência intelectual, mas a atitude daqueles que não contam com a riqueza e o poder e, além de se contentar com uma vida simples e confiante em Deus, preferem viver pobres do que participar da exploração. Nesse sentido, eles são muito semelhantes aos entristecidos, aos mansos (o povo simples, em oposição aos truculentos; o Salmo 37, 11 lhes promete a posse da terra!). Quanto aos que têm fome “de justiça”, esta justiça não é apenas a justiça social (essa também!), mas a busca da vontade de Deus em tudo.

Procuremos vier neste mundo a santidade de vida e de estado. Ser santo é possível nesta sociedade confusa em que vivemos e esta deve ser a meta e a vocação de todos os batizados. A santidade ensina o Papa Francisco, “é a face mais bela da Igreja, a face mais bela: é redescobrir-se em comunhão com Deus, na plenitude da sua vida e do seu amor. Entende-se, então, que a santidade não é uma prerrogativa somente de alguns: a santidade é um dom que é oferecido a todos, ninguém excluído, pelo qual constitui o caráter distintivo de cada cristão”. Segundo o Papa, “para ser santos, não é preciso necessariamente ser bispo, padre ou religioso: não, todos somos chamados a nos tornarmos santos! Tantas vezes, depois, somos tentados a pensar que a santidade seja reservada somente àqueles que têm a possibilidade de destacar-se dos assuntos ordinários, por dedicar-se exclusivamente à oração. Mas não é assim!”. “Mas, o que é a santidade? Não é “fechar os olhos e fazer cara de imagem”, mas viver “com amor” e oferecer “o próprio testemunho cristão nas ocupações de cada dia que somos chamados a  tornar-nos santos. E cada um nas condições e no estado de vida em que se encontra”. (Cf. audiência geral de 19 de novembro de 2014).

Contudo, olhemos para o céu: lá estão Pedro e Paulo, lá estão os Apóstolos, lá estão os mártires de Cristo, os santos pastores e doutores, lá estão as santas virgens e os santos homens, lá estão tantos e tantos – uns, conhecidos e reconhecidos pela Igreja publicamente, outros, cujo nome somente Deus conhece; lá está a Santíssima e Bem-aventurada sempre Virgem Maria, Mãe e discípula perfeita do Cristo, toda plena do Espírito, toda obediente ao Pai. Eles chegaram lá, eles intercedem por nós, eles são nossos modelos, eles nos esperam.

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04/11/2017 00:00

Iniciamos o mês de novembro com os olhos voltados para o nosso fim último. De um lado, ao celebramos o dia de finados, ou seja, a comemoração de todos os fiéis defuntos, recordamos a nossa situação humana e a necessidade de intercessão pelos falecidos. De outro lado recordamos que o nosso fim último é Deus: somos todos chamados à santidade. No Brasil, essa solenidade passa do dia 1º de novembro (calendário universal) para o domingo seguinte, que, neste ano, substitui o 31º domingo do tempo comum. É um momento celebrativo importante para que não esqueçamos o para que fomos criados: para estar com Deus pela fé neste mundo e um dia estar com Ele no céu.

“Sede, pois, perfeitos como vosso pai celestial é perfeito” (Mt 5, 48). Jesus dirige estas palavras não somente aos Apóstolos, mas a todos os que de verdade queiram ser seus discípulos. O Mestre chama todos à santidade sem distinção de idade, profissão, raça ou condição social. Não há seguidores de Cristo sem vocação cristã, sem uma chamada pessoal à santidade. Deus nos escolheu para sermos santos e imaculados na sua presença, dirá São Paulo aos primeiros cristãos de Éfeso; e para conseguirmos esta meta, é necessário que nos empenhemos num esforço que se prolongará por todos os nossos dias aqui na terra: O justo justifique-se mais e o santo mais e mais se santifique.

Esta doutrina do chamado universal à santidade nos diz o Concílio Ecumênico Vaticano II: “todos os cristãos, seja qual for sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor, cada um no seu caminho, à perfeição da santidade pela qual é perfeito o próprio Pai” (Cf. Lumen Gentium, 11). A nossa fé nos ensina que somente Deus é Santo. Na Bíblia, "santo" significa literalmente, "separado". Deus é aquele que é separado, absolutamente diferente de tudo quanto exista no céu e na terra: Ele é único, Ele é absoluto, Ele sozinho se basta, sozinho é pleno, sozinho é infinitamente feliz. Ele é Deus! Por isso, Santo, em sentido absoluto, é somente o Deus uno e trino, Pai, Filho e Espírito Santo. A Jesus, o Filho eterno feito homem, nós proclamamos em cada missa: "Só vós sois o Santo"; ao Pai nós dizemos: "Na verdade, ó Pai, vós sois Santo e fonte de toda santidade"; ao Espírito nós chamamos de Santo.

É assim que todo cristão é um santificado, um separado para Deus. Mas, esta santidade que já possuímos deve, contudo, aparecer no nosso modo de viver, nas nossas ações e atitudes. E o modelo de toda santidade é Jesus, o Bem-aventurado. Ele, o Filho, foi totalmente aberto para o Pai no Espírito Santo e, por isso, foi totalmente pobre, totalmente manso, totalmente puro e abandonado a Deus no pranto, na fome de justiça e na misericórdia. Então, ser santo, é ser como Jesus, deixando-se guiar e transformar pelo seu Espírito em direção ao Pai. Esta santidade é um processo que dura a vida toda e somente será pleno na glória. São João nos fala disso na segunda leitura de hoje: "Quando Cristo se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é"(cf.1Jo 3,2b).

O Evangelho deste domingo (Mt 5,1-12a) nos apresenta as Bem-aventuranças. Elas são proclamações de salvação para aqueles que aderem à comunidade de fé. Todos os santos sempre foram e são contemporaneamente, embora em medida diversa, pobres de espírito, mansos, aflitos, famintos e sequiosos de justiça, misericordiosos, puros de coração, artífices de paz e perseguidos pela causa do Evangelho. E assim devemos ser também nós. Além disso, na base desta página evangélica é evidente que a bem-aventurança cristã, como sinônimo de santidade, não está separada de um eventual sofrimento ou pelo menos de dificuldade.

A expressão “pobres em espírito” nada tem a ver com a carência intelectual, mas a atitude daqueles que não contam com a riqueza e o poder e, além de se contentar com uma vida simples e confiante em Deus, preferem viver pobres do que participar da exploração. Nesse sentido, eles são muito semelhantes aos entristecidos, aos mansos (o povo simples, em oposição aos truculentos; o Salmo 37, 11 lhes promete a posse da terra!). Quanto aos que têm fome “de justiça”, esta justiça não é apenas a justiça social (essa também!), mas a busca da vontade de Deus em tudo.

Procuremos vier neste mundo a santidade de vida e de estado. Ser santo é possível nesta sociedade confusa em que vivemos e esta deve ser a meta e a vocação de todos os batizados. A santidade ensina o Papa Francisco, “é a face mais bela da Igreja, a face mais bela: é redescobrir-se em comunhão com Deus, na plenitude da sua vida e do seu amor. Entende-se, então, que a santidade não é uma prerrogativa somente de alguns: a santidade é um dom que é oferecido a todos, ninguém excluído, pelo qual constitui o caráter distintivo de cada cristão”. Segundo o Papa, “para ser santos, não é preciso necessariamente ser bispo, padre ou religioso: não, todos somos chamados a nos tornarmos santos! Tantas vezes, depois, somos tentados a pensar que a santidade seja reservada somente àqueles que têm a possibilidade de destacar-se dos assuntos ordinários, por dedicar-se exclusivamente à oração. Mas não é assim!”. “Mas, o que é a santidade? Não é “fechar os olhos e fazer cara de imagem”, mas viver “com amor” e oferecer “o próprio testemunho cristão nas ocupações de cada dia que somos chamados a  tornar-nos santos. E cada um nas condições e no estado de vida em que se encontra”. (Cf. audiência geral de 19 de novembro de 2014).

Contudo, olhemos para o céu: lá estão Pedro e Paulo, lá estão os Apóstolos, lá estão os mártires de Cristo, os santos pastores e doutores, lá estão as santas virgens e os santos homens, lá estão tantos e tantos – uns, conhecidos e reconhecidos pela Igreja publicamente, outros, cujo nome somente Deus conhece; lá está a Santíssima e Bem-aventurada sempre Virgem Maria, Mãe e discípula perfeita do Cristo, toda plena do Espírito, toda obediente ao Pai. Eles chegaram lá, eles intercedem por nós, eles são nossos modelos, eles nos esperam.

Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro