Arquidiocese do Rio de Janeiro

29º 22º

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 09/05/2024

09 de Maio de 2024

Dai a Deus o que é de Deus

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do e-mail.
E-mail enviado com sucesso.

09 de Maio de 2024

Dai a Deus o que é de Deus

Se você encontrou erro neste texto ou nesta página, por favor preencha os campos abaixo. O link da página será enviado automaticamente a ArqRio.

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do erro.
Erro relatado com sucesso, obrigado.

21/10/2017 00:00

Dai a Deus o que é de Deus 0

21/10/2017 00:00

Neste XXIX Domingo do Tempo Comum celebramos o Dia Mundial das Missões e da Obra Pontifícia da Infância Missionária. Neste mês no Brasil o tema tem sido “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída” como o lema: “Juntos na missão permanente”. O Papa Francisco nos enviou uma mensagem para este dia com o tema: “A Missão no coração da fé cristã”. Aqui no Rio de Janeiro, os jovens vivem o Dia Nacional da Juventude refletindo sobre um tema ligado à Campanha da Fraternidade: “Juventude em defesa da vida dos povos e da mãe terra”, com o lema “Os humildes herdarão a terra”. Isso no dia seguinte à grande Assembleia Arquidiocesana do Meio Ambiente concluindo as assembleias vicariais sobre o tema dando prosseguimento ao aprofundamento da questão ecológica em nossa região de mata atlântica.

A liturgia deste domingo é muito clara na frase de Jesus: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22, 21b). Jesus é muito hábil em sua resposta. O Mestre da Justiça diz que é preciso devolver a cada um o que lhe pertence. O povo pertence a Deus. Só Deus pode ser considerado Senhor das pessoas e do mundo, e ninguém mais, pois em cada um foi estampada a imagem do Deus da liberdade e da vida. Jesus afirma que acima de qualquer poder humano está Deus e seu povo, criado à sua imagem e semelhança.

Na primeira leitura (Is 45, 1.4-6) o profeta Isaías narra que Ciro, rei dos persas, derrubou o império babilônico e possibilitou ao povo israelita, que estava cativo, voltar para a sua terra, reconstruir o templo e a cidade de Jerusalém.

A Carta aos Tessalonicenses (1Ts 1, 1-5b) é o primeiro escrito do Novo Testamento. Paulo ali chega 20 anos depois da morte de Jesus e anuncia o Evangelho e organiza um pequeno grupo. Ele ficou aí poucas semanas, pois teve que fugir devido à perseguição. Mais tarde, Timóteo traz notícias da comunidade para Paulo que se encontra em Corinto narrando o caminho feito por essa comunidade.

No Evangelho (Mt 22, 15-21) os fariseus procuraram motivos para condenar Jesus, cujo sucesso os relega ao segundo plano. Para lhe armar uma cilada, eles convocam os partidários do rei Herodes. Dirigem a Jesus uma pergunta bem difícil, pois, eles querem saber o parecer de Jesus frente os tributos. Tratava-se do imposto pessoal que todo judeu pagava para desfrutar o estatuto especial que os judeus tinham no Império Romano. Caso Jesus respondesse “sim”, os fariseus o acusariam como inimigo do povo judeu subjugado pelos romanos. Caso respondesse “não”, passaria por subversivo aos olhos do poder romano. Jesus pede então que lhe mostrem a moeda com a qual se paga o imposto. Pergunta de quem é a figura e o texto gravados na moeda. Eles responderam: “De Cesár”. Jesus então retruca, deixando-os perplexos: “Pagai a César o que cabe a César, e a Deus, o que cabe a Deus”.

O verbo usado no texto original significa: “devolver, pagar, tributar”. Em relação a César, é como se Jesus dissesse: “Paguem-lhe o que merece!” Mas que é que ele merece? Jesus tinha sido interpelado a respeito de uma questão bem específica: o pagamento da taxa que dava direito ao estatuto protegido do judeu no Império Romano. Mandando mostrar uma moeda, Jesus quer lembrar que eles logram do Império Romano a moeda que lhes permite participar do sistema romano. Então paguem aquilo que lhes assegura essa participação. Devolvam a César o que acham que ele merece.

No que diz respeito o que concerne a Deus, a resposta de Jesus é mais difícil! Pois devolver a Deus o que Ele merece é impossível! Somos incapazes de lhe pagar. Apenas podemos agradecer. O “Sacrifício” e o culto são as maneiras tradicionais de expressar nossa gratidão e, também, de pedir o que precisamos, embora Deus não precise ser lembrado disso (Mt 6, 7-8). O Verbo “tributar, devolver” é usado com frequência para falar dos sacrifícios e do louvor devidos a Deus.

A resposta de Jesus desmascara a hipocrisia dos seus interpelantes, que aproveitam o sistema do Império Romano e, entretanto, fazem de conta que se opõem a ele por razões religiosas e nacionais. Jesus também lembra a importância do “tributo” devido a Deus, o que não parece interessar aos interpelantes. Assim, é o que há de mais importante: o tributo de nossa vida honesta, vivida no amor fraterno e na justiça.

A grande tentação nossa é colocar no lugar de Deus os tantos césares da vida. Os grandes do mundo – grandes pelo poder, ou pela riqueza, ou pelo sucesso – não se acham divinos, sem reconhecer, como Ciro, na primeira leitura de hoje, que tudo vem de Deus, que estamos em suas mãos, que tudo é, misteriosamente, fruto da sua providência?

Somos convidados a servir ao Senhor. O Senhor nos chama a sermos testemunhas do seu amor e de seu Reino. Por isso, temos que colocá-lo em primeiro lugar na nossa vida como nos diz São Bento na Regra: “nada antepor a Cristo”.

Neste dia mundial das missões recordemos o que nos diz o Papa Francisco: “As Obras Missionárias Pontifícias são um instrumento precioso para suscitar em cada comunidade cristã o desejo de sair das próprias fronteiras e das próprias seguranças, fazendo-se ao largo a fim de anunciar o Evangelho a todos. Através duma espiritualidade missionária profunda vivida dia-a-dia e dum esforço constante de formação e animação missionária, envolvem-se adolescentes, jovens, adultos, famílias, sacerdotes, religiosos e religiosas, bispos para que, em cada um, cresça um coração missionário. Promovido pela Obra da Propagação da Fé, o Dia Mundial das Missões é a ocasião propícia para o coração missionário das comunidades cristãs participar, com a oração, com o testemunho da vida e com a comunhão dos bens, na resposta às graves e vastas necessidades da evangelização.”

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Leia os comentários

Deixe seu comentário

Resposta ao comentário de:

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do comentário.
Comentário enviado para aprovação.

Dai a Deus o que é de Deus

21/10/2017 00:00

Neste XXIX Domingo do Tempo Comum celebramos o Dia Mundial das Missões e da Obra Pontifícia da Infância Missionária. Neste mês no Brasil o tema tem sido “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída” como o lema: “Juntos na missão permanente”. O Papa Francisco nos enviou uma mensagem para este dia com o tema: “A Missão no coração da fé cristã”. Aqui no Rio de Janeiro, os jovens vivem o Dia Nacional da Juventude refletindo sobre um tema ligado à Campanha da Fraternidade: “Juventude em defesa da vida dos povos e da mãe terra”, com o lema “Os humildes herdarão a terra”. Isso no dia seguinte à grande Assembleia Arquidiocesana do Meio Ambiente concluindo as assembleias vicariais sobre o tema dando prosseguimento ao aprofundamento da questão ecológica em nossa região de mata atlântica.

A liturgia deste domingo é muito clara na frase de Jesus: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22, 21b). Jesus é muito hábil em sua resposta. O Mestre da Justiça diz que é preciso devolver a cada um o que lhe pertence. O povo pertence a Deus. Só Deus pode ser considerado Senhor das pessoas e do mundo, e ninguém mais, pois em cada um foi estampada a imagem do Deus da liberdade e da vida. Jesus afirma que acima de qualquer poder humano está Deus e seu povo, criado à sua imagem e semelhança.

Na primeira leitura (Is 45, 1.4-6) o profeta Isaías narra que Ciro, rei dos persas, derrubou o império babilônico e possibilitou ao povo israelita, que estava cativo, voltar para a sua terra, reconstruir o templo e a cidade de Jerusalém.

A Carta aos Tessalonicenses (1Ts 1, 1-5b) é o primeiro escrito do Novo Testamento. Paulo ali chega 20 anos depois da morte de Jesus e anuncia o Evangelho e organiza um pequeno grupo. Ele ficou aí poucas semanas, pois teve que fugir devido à perseguição. Mais tarde, Timóteo traz notícias da comunidade para Paulo que se encontra em Corinto narrando o caminho feito por essa comunidade.

No Evangelho (Mt 22, 15-21) os fariseus procuraram motivos para condenar Jesus, cujo sucesso os relega ao segundo plano. Para lhe armar uma cilada, eles convocam os partidários do rei Herodes. Dirigem a Jesus uma pergunta bem difícil, pois, eles querem saber o parecer de Jesus frente os tributos. Tratava-se do imposto pessoal que todo judeu pagava para desfrutar o estatuto especial que os judeus tinham no Império Romano. Caso Jesus respondesse “sim”, os fariseus o acusariam como inimigo do povo judeu subjugado pelos romanos. Caso respondesse “não”, passaria por subversivo aos olhos do poder romano. Jesus pede então que lhe mostrem a moeda com a qual se paga o imposto. Pergunta de quem é a figura e o texto gravados na moeda. Eles responderam: “De Cesár”. Jesus então retruca, deixando-os perplexos: “Pagai a César o que cabe a César, e a Deus, o que cabe a Deus”.

O verbo usado no texto original significa: “devolver, pagar, tributar”. Em relação a César, é como se Jesus dissesse: “Paguem-lhe o que merece!” Mas que é que ele merece? Jesus tinha sido interpelado a respeito de uma questão bem específica: o pagamento da taxa que dava direito ao estatuto protegido do judeu no Império Romano. Mandando mostrar uma moeda, Jesus quer lembrar que eles logram do Império Romano a moeda que lhes permite participar do sistema romano. Então paguem aquilo que lhes assegura essa participação. Devolvam a César o que acham que ele merece.

No que diz respeito o que concerne a Deus, a resposta de Jesus é mais difícil! Pois devolver a Deus o que Ele merece é impossível! Somos incapazes de lhe pagar. Apenas podemos agradecer. O “Sacrifício” e o culto são as maneiras tradicionais de expressar nossa gratidão e, também, de pedir o que precisamos, embora Deus não precise ser lembrado disso (Mt 6, 7-8). O Verbo “tributar, devolver” é usado com frequência para falar dos sacrifícios e do louvor devidos a Deus.

A resposta de Jesus desmascara a hipocrisia dos seus interpelantes, que aproveitam o sistema do Império Romano e, entretanto, fazem de conta que se opõem a ele por razões religiosas e nacionais. Jesus também lembra a importância do “tributo” devido a Deus, o que não parece interessar aos interpelantes. Assim, é o que há de mais importante: o tributo de nossa vida honesta, vivida no amor fraterno e na justiça.

A grande tentação nossa é colocar no lugar de Deus os tantos césares da vida. Os grandes do mundo – grandes pelo poder, ou pela riqueza, ou pelo sucesso – não se acham divinos, sem reconhecer, como Ciro, na primeira leitura de hoje, que tudo vem de Deus, que estamos em suas mãos, que tudo é, misteriosamente, fruto da sua providência?

Somos convidados a servir ao Senhor. O Senhor nos chama a sermos testemunhas do seu amor e de seu Reino. Por isso, temos que colocá-lo em primeiro lugar na nossa vida como nos diz São Bento na Regra: “nada antepor a Cristo”.

Neste dia mundial das missões recordemos o que nos diz o Papa Francisco: “As Obras Missionárias Pontifícias são um instrumento precioso para suscitar em cada comunidade cristã o desejo de sair das próprias fronteiras e das próprias seguranças, fazendo-se ao largo a fim de anunciar o Evangelho a todos. Através duma espiritualidade missionária profunda vivida dia-a-dia e dum esforço constante de formação e animação missionária, envolvem-se adolescentes, jovens, adultos, famílias, sacerdotes, religiosos e religiosas, bispos para que, em cada um, cresça um coração missionário. Promovido pela Obra da Propagação da Fé, o Dia Mundial das Missões é a ocasião propícia para o coração missionário das comunidades cristãs participar, com a oração, com o testemunho da vida e com a comunhão dos bens, na resposta às graves e vastas necessidades da evangelização.”

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro