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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

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14/10/2017 00:00 - Atualizado em 18/10/2017 11:03

Convidados ao banquete 0

14/10/2017 00:00 - Atualizado em 18/10/2017 11:03

Celebramos neste final de semana o XXVIII domingo do tempo comum. Domingo passado a liturgia falava-nos da vinha; a liturgia deste domingo fala-nos de banquete! Na Sagrada Escritura, muitas vezes o Reino de Deus é comparado a um banquete! Na cultura oriental, o banquete é sinal de bênção, pois é lugar da convivência que dá gosto de existir, da fartura que garante a vida e do vinho que alegra o coração. É por isso que Jesus hoje nos diz que “o Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho”. Deus faz esse convite desde a criação do homem: pouco a pouco, ele foi preparando as núpcias do Cordeiro, Jesus nosso Senhor, com a humanidade!

Na primeira leitura (Is 25, 6-10ª) Deus nos fala: “O Senhor dará neste monte, para todos os povos, um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos. Ele removerá, neste monte, a ponta da cadeia que ligava todos os povos. O Senhor Deus dominará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces”. É um banquete suntuoso que revela a grandiosidade e a generosidade de quem o oferece. Numa terra cercada por desertos, é de admirar um banquete de carnes gordas regado com vinhos finos. Trata-se não somente de uma ocasião de grande alegria, mas também de uma manifestação de abundância e de muita fartura.

A segunda leitura (Fl 4, 12-14. 19-20) São Paulo nos mostra a realidade onde ele sabe viver na miséria e na abundância. Ele fica muito grato pela comunidade de filipenses que em meio a sua dificuldade na prisão estende a mão para ajudá-lo em suas necessidades materiais. São Paulo sabe que tudo pertence a Deus e que Deus é rico em bondade e misericórdia: “O meu Deus proverá esplendidamente com sua riqueza a todas as vossas necessidades, em Cristo Jesus” (Fl 4, 19).

O Evangelho (Mt 22, 1-10) nos conta a maneira como Jesus vê a realização do banquete. O rei organiza um banquete para o casamento de seu Filho. Jesus alude aqui uma das mais conhecidas figuras para representar o tempo do Messias o povo reunirá a Deus ou a seu Enviado, o Messias, numa nova aliança: “as núpcias messiânicas”.

Os primeiros convidados se recusam a participar. Inventam mil coisas: “foram-se um para seu campo, outro para seu negócio, e outros ainda agarraram os servos (que vieram convidá-los) e os maltrataram e mataram” (Mt 22,5). Não é difícil reconhecer nesta frase aquilo que aconteceu aos profetas, a Jesus e aos seus seguidores que ele mesmo enviou à “casa de Israel” (Mt 10,6). Diante da recusa dos primeiros convidados, porém, aquele que oferece o banquete manda convidar a qualquer um que se encontre pelas ruas e pelas praças. A recusa dos primeiros convidados não o compromete o plano de Deus. A aliança messiânica pode ser celebrada por todos aqueles que de boa vontade aceitam o convite de Deus. Os primeiros convidados eram os do povo de Israel; diante de sua recusa, todas as nações são convidadas.

A história não termina aqui. Também os novos convidados devem corresponder a determinados critérios. Devem usas traje conveniente que, em geral, era fornecido (Mt 22,11-13). Podemos achar isso um pouco estranho. Os servos do rei foram pelas estradas e campos convidar a todos que encontrassem, “bons e maus” (Mt 22, 10), e quando estes aceitam, são de repente, jogados fora por não terem o traje correspondente! De fato, até os maus podem, ser convidados, mas devem preparar-se para participar colocando a veste fornecida gratuitamente. A pregação da Boa Nova (Evangelho) começou com as palavras: “Convertei-vos”, isto é, mudai de vida (Mt 4,17). “Trajai uma veste nova, uma vida nova”.

O pré-requisito para participar do Reino de Deus, na hora em que ele é celebrado em sua plenitude, não é mais a pertença à uma etnia, como na aliança feita por intermédio de Moisés (Ex 19). O novo pré-requisito é a conversão pessoal. Sem esta, fica impossível participar da manifestação de Deus no mundo, simbolicamente representada pela imagem do banquete.

A adesão a Cristo requer uma resposta radical, que envolva a totalidade da vida. “Muitos são chamados, e poucos são escolhidos”: isso significa que o número dos que entraram na aliança é inferior ao dos chamados, por causa da superficialidade da resposta ao convite de Deus. Contudo, busquemos sempre responder o chamado que Deus nos faz. O primeiro grande chamado é a vivência do nosso Batismo. A cada dia o Senhor nos chama a sermos testemunhas de seu Reino neste mundo que tanto necessita de seu amor e de sua misericórdia.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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14/10/2017 00:00 - Atualizado em 18/10/2017 11:03

Celebramos neste final de semana o XXVIII domingo do tempo comum. Domingo passado a liturgia falava-nos da vinha; a liturgia deste domingo fala-nos de banquete! Na Sagrada Escritura, muitas vezes o Reino de Deus é comparado a um banquete! Na cultura oriental, o banquete é sinal de bênção, pois é lugar da convivência que dá gosto de existir, da fartura que garante a vida e do vinho que alegra o coração. É por isso que Jesus hoje nos diz que “o Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho”. Deus faz esse convite desde a criação do homem: pouco a pouco, ele foi preparando as núpcias do Cordeiro, Jesus nosso Senhor, com a humanidade!

Na primeira leitura (Is 25, 6-10ª) Deus nos fala: “O Senhor dará neste monte, para todos os povos, um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos. Ele removerá, neste monte, a ponta da cadeia que ligava todos os povos. O Senhor Deus dominará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces”. É um banquete suntuoso que revela a grandiosidade e a generosidade de quem o oferece. Numa terra cercada por desertos, é de admirar um banquete de carnes gordas regado com vinhos finos. Trata-se não somente de uma ocasião de grande alegria, mas também de uma manifestação de abundância e de muita fartura.

A segunda leitura (Fl 4, 12-14. 19-20) São Paulo nos mostra a realidade onde ele sabe viver na miséria e na abundância. Ele fica muito grato pela comunidade de filipenses que em meio a sua dificuldade na prisão estende a mão para ajudá-lo em suas necessidades materiais. São Paulo sabe que tudo pertence a Deus e que Deus é rico em bondade e misericórdia: “O meu Deus proverá esplendidamente com sua riqueza a todas as vossas necessidades, em Cristo Jesus” (Fl 4, 19).

O Evangelho (Mt 22, 1-10) nos conta a maneira como Jesus vê a realização do banquete. O rei organiza um banquete para o casamento de seu Filho. Jesus alude aqui uma das mais conhecidas figuras para representar o tempo do Messias o povo reunirá a Deus ou a seu Enviado, o Messias, numa nova aliança: “as núpcias messiânicas”.

Os primeiros convidados se recusam a participar. Inventam mil coisas: “foram-se um para seu campo, outro para seu negócio, e outros ainda agarraram os servos (que vieram convidá-los) e os maltrataram e mataram” (Mt 22,5). Não é difícil reconhecer nesta frase aquilo que aconteceu aos profetas, a Jesus e aos seus seguidores que ele mesmo enviou à “casa de Israel” (Mt 10,6). Diante da recusa dos primeiros convidados, porém, aquele que oferece o banquete manda convidar a qualquer um que se encontre pelas ruas e pelas praças. A recusa dos primeiros convidados não o compromete o plano de Deus. A aliança messiânica pode ser celebrada por todos aqueles que de boa vontade aceitam o convite de Deus. Os primeiros convidados eram os do povo de Israel; diante de sua recusa, todas as nações são convidadas.

A história não termina aqui. Também os novos convidados devem corresponder a determinados critérios. Devem usas traje conveniente que, em geral, era fornecido (Mt 22,11-13). Podemos achar isso um pouco estranho. Os servos do rei foram pelas estradas e campos convidar a todos que encontrassem, “bons e maus” (Mt 22, 10), e quando estes aceitam, são de repente, jogados fora por não terem o traje correspondente! De fato, até os maus podem, ser convidados, mas devem preparar-se para participar colocando a veste fornecida gratuitamente. A pregação da Boa Nova (Evangelho) começou com as palavras: “Convertei-vos”, isto é, mudai de vida (Mt 4,17). “Trajai uma veste nova, uma vida nova”.

O pré-requisito para participar do Reino de Deus, na hora em que ele é celebrado em sua plenitude, não é mais a pertença à uma etnia, como na aliança feita por intermédio de Moisés (Ex 19). O novo pré-requisito é a conversão pessoal. Sem esta, fica impossível participar da manifestação de Deus no mundo, simbolicamente representada pela imagem do banquete.

A adesão a Cristo requer uma resposta radical, que envolva a totalidade da vida. “Muitos são chamados, e poucos são escolhidos”: isso significa que o número dos que entraram na aliança é inferior ao dos chamados, por causa da superficialidade da resposta ao convite de Deus. Contudo, busquemos sempre responder o chamado que Deus nos faz. O primeiro grande chamado é a vivência do nosso Batismo. A cada dia o Senhor nos chama a sermos testemunhas de seu Reino neste mundo que tanto necessita de seu amor e de sua misericórdia.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro