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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

‘Por tudo dai graças’

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‘Por tudo dai graças’

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01/09/2017 12:29 - Atualizado em 01/09/2017 12:29

‘Por tudo dai graças’ 0

01/09/2017 12:29 - Atualizado em 01/09/2017 12:29

Todos os anos, a CNBB1 nos apresenta para o mês de setembro, mês da Bíblia, um livro da Sagrada Escritura, que deve ser estudado e meditado. Neste ano, somos convidados a nos aproximar do primeiro escrito do Novo Testamento, a primeira carta de São Paulo aos Tessalonicenses.2

O tema deste ano é “Para que n’Ele nossos povos tenham vida”, e o lema, “Anunciar o Evangelho e doar a própria vida”. É inspirado no tocante texto de 1Ts 2,8, que tão bem expressa o afeto do apóstolo por essa comunidade: “Tanto bem vos queríamos que desejávamos dar-vos não somente o evangelho de Deus, mas até e própria vida, de tanto amor que vos tínhamos.”

A cidade de Tessalônica foi fundada em 316-315 a.C. por Cassandro, general de Alexandre Magno. A cidade recebeu o nome de Tessalônica em homenagem à mulher de Cassandro, Thessalonikê, irmã de Alexandre Magno. Tessalônica, por ficar na desembocadura de três importantes rios3, era o porto principal da Macedônia. Foi conquistada pelos romanos em 168 a.C. e, mais tarde, eleita capital da grande província da Macedônia (146 a.C.).4

Paulo e Silas estiveram em Tessalônica durante a segunda viagem missionária do apóstolo, provavelmente em torno do ano 50 de nossa era.5 Lá encontraram uma forte comunidade judaica, em cuja sinagoga Paulo pregou durante três sábados (cf. At 17,1-3).6 Alguns acolheram a palavra de Paulo (cf. At 17,4), contudo eles tiveram de fugir por medo das agitações causadas pelos judeus (cf. At 17,5-9), e foram em direção à Bereia (cf. At 17,10). Eles partiram depois para Atenas (At 17, 15-34). Encontrando-se em Atenas com Timóteo, Paulo o enviou a Tessalônica e partiu para Corinto. Paulo permanece em Corinto 18 meses, e durante este período Timóteo desce de Tessalônica para Corinto para dar notícias da comunidade a Paulo, o que dá ensejo à carta (1 Ts 3,6), escrita provavelmente em torno do ano 51, pouco tempo depois de Paulo ter evangelizado a comunidade.7

A carta se divide em duas partes. Nos cc. 1-3 encontramos o relacionamento do apóstolo com a comunidade. Paulo começou felicitando os Tessalonicenses, que haviam se tornado “modelo” para os fiéis da região da Acaia (cf. 1Ts 1,7); falou da sua atuação missionária junto deles (cf. 1Ts 2,1-12) e elogiou o modo como eles viviam a fé, acolhendo sempre de bom coração a Palavra de Deus, “não como Palavra humana, mas como na verdade é, Palavra de Deus” (cf. 1Ts 2,13) que estava produzindo frutos e crescendo no meio dos Tessalonicenses. A primeira parte da carta é concluída com a alegria do apóstolo pelas notícias recebidas através de Timóteo (cf. 1Ts 3,8-13), notícias essas que o encheram de consolação (cf. 1Ts 3,7) e o fizeram render graças8 ao Senhor (cf. 1Ts 3,9).

A segunda parte da carta – os capítulos 4 e 5 – é mais exortativa. Ela tem como centro o tema da Parusia, do Dia do Senhor: cf. 1Ts 4,13 – 5,11. Paulo não quer que os Tessalonicenses fiquem tristes como “os que não têm esperança”. Em outro lugar na carta, Paulo elogiou a esperança dos irmãos dessa comunidade (cf. 1Ts 1,3), e queria  mesmo  manter viva e acesa a chama dessa esperança, fazendo-os olhar para a Parusia do Senhor. O termo “parusia” é um neologismo introduzido em nossa linguagem teológica. O termo vem do grego (parousia) e significa ‘vinda/estar presente’. Entre os gregos era utilizado para indicar a vinda do rei a uma determinada cidade, e Paulo o utilizou para indicar a vinda do Senhor, que foi repentina como um “ladrão na noite” (1Ts 5,2). Por isso, os fiéis deveriam estar preparados, vigiando sempre (cf. 1Ts 5,6).9

A carta termina com uma série de exortações do apóstolo. Entre elas encontramos uma que utilizamos como título deste breve artigo: “Por tudo dai graças...” (cf. 1Ts 5,18). Paulo utiliza aqui o verbo eucharisteo, de onde deriva o termo ‘eucaristia’, o qual utilizamos também para nomear nossas assembleias dominicais. Sim, em tudo devemos dar graças. Não somente devemos celebrar a cada domingo a Eucaristia, nossa ação de graças semanal, mas devemos deixar que a nossa vida se torne uma grande Eucaristia, uma grande ação de graças a Deus “por tudo e em tudo”, seja pelas alegrias, seja também e, sobretudo, nos momentos de dificuldade de nossa existência. Nossa ação de graças nos momentos difíceis e angustiantes revela a nossa fé no Senhor Ressuscitado e na sua vinda, que porá fim a toda lágrima (Cf. Ap 21,4), introduzindo-nos definitivamente em seu Reino eterno.

Que o estudo e, sobretudo, a meditação no texto da 1 Tessalonicenses possa iluminar o mês da Bíblia em nossas comunidades e aumentar o nosso gosto pela Palavra de Deus, a fim de que, para além deste mês, possamos continuar buscar cada vez mais conhecer as Sagradas Escrituras, pois como ensina São Jerônimo, ignorá-las é “ignorar o próprio Cristo”.


Referências:

1Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

2 Cf. BRODEUR, Scott Normand. Il cuore di Paolo è il cuore di Cristo. Primo volume. Roma: Gregorian & Biblical Press, 2014, p. 125.

3 Aliákmonas, Galikós e Axíos

4 Cf. BRODEUR, Scott Normand. Il cuore di Paolo è il cuore di Cristo. Primo volume. Roma: Gregorian & Biblical Press, 2014, p. 116.

5 Cf. BRODEUR, Scott Normand. Il cuore di Paolo è il cuore di Cristo. Primo volume. Roma: Gregorian & Biblical Press, 2014, p.

6 Cf. Rinaldo Fabris. Pablo, El Apóstol de las Gentes. San Pablo. pp. 248-252

7 Cf. BRODEUR, Scott Normand. Il cuore di Paolo è il cuore di Cristo. Primo volume. Roma: Gregorian & Biblical Press, 2014, p. 122.

8 Paulo utiliza, aqui, o termo grego eucharistia, que significa “ação de graças”.

9 VAN DEN BORN, A. Parusia. In: VAN DEN BORN, A. Dicionário Enciclopédico da Bíblia. Petrópolis: Vozes, 2004, c. 1123.

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01/09/2017 12:29 - Atualizado em 01/09/2017 12:29

Todos os anos, a CNBB1 nos apresenta para o mês de setembro, mês da Bíblia, um livro da Sagrada Escritura, que deve ser estudado e meditado. Neste ano, somos convidados a nos aproximar do primeiro escrito do Novo Testamento, a primeira carta de São Paulo aos Tessalonicenses.2

O tema deste ano é “Para que n’Ele nossos povos tenham vida”, e o lema, “Anunciar o Evangelho e doar a própria vida”. É inspirado no tocante texto de 1Ts 2,8, que tão bem expressa o afeto do apóstolo por essa comunidade: “Tanto bem vos queríamos que desejávamos dar-vos não somente o evangelho de Deus, mas até e própria vida, de tanto amor que vos tínhamos.”

A cidade de Tessalônica foi fundada em 316-315 a.C. por Cassandro, general de Alexandre Magno. A cidade recebeu o nome de Tessalônica em homenagem à mulher de Cassandro, Thessalonikê, irmã de Alexandre Magno. Tessalônica, por ficar na desembocadura de três importantes rios3, era o porto principal da Macedônia. Foi conquistada pelos romanos em 168 a.C. e, mais tarde, eleita capital da grande província da Macedônia (146 a.C.).4

Paulo e Silas estiveram em Tessalônica durante a segunda viagem missionária do apóstolo, provavelmente em torno do ano 50 de nossa era.5 Lá encontraram uma forte comunidade judaica, em cuja sinagoga Paulo pregou durante três sábados (cf. At 17,1-3).6 Alguns acolheram a palavra de Paulo (cf. At 17,4), contudo eles tiveram de fugir por medo das agitações causadas pelos judeus (cf. At 17,5-9), e foram em direção à Bereia (cf. At 17,10). Eles partiram depois para Atenas (At 17, 15-34). Encontrando-se em Atenas com Timóteo, Paulo o enviou a Tessalônica e partiu para Corinto. Paulo permanece em Corinto 18 meses, e durante este período Timóteo desce de Tessalônica para Corinto para dar notícias da comunidade a Paulo, o que dá ensejo à carta (1 Ts 3,6), escrita provavelmente em torno do ano 51, pouco tempo depois de Paulo ter evangelizado a comunidade.7

A carta se divide em duas partes. Nos cc. 1-3 encontramos o relacionamento do apóstolo com a comunidade. Paulo começou felicitando os Tessalonicenses, que haviam se tornado “modelo” para os fiéis da região da Acaia (cf. 1Ts 1,7); falou da sua atuação missionária junto deles (cf. 1Ts 2,1-12) e elogiou o modo como eles viviam a fé, acolhendo sempre de bom coração a Palavra de Deus, “não como Palavra humana, mas como na verdade é, Palavra de Deus” (cf. 1Ts 2,13) que estava produzindo frutos e crescendo no meio dos Tessalonicenses. A primeira parte da carta é concluída com a alegria do apóstolo pelas notícias recebidas através de Timóteo (cf. 1Ts 3,8-13), notícias essas que o encheram de consolação (cf. 1Ts 3,7) e o fizeram render graças8 ao Senhor (cf. 1Ts 3,9).

A segunda parte da carta – os capítulos 4 e 5 – é mais exortativa. Ela tem como centro o tema da Parusia, do Dia do Senhor: cf. 1Ts 4,13 – 5,11. Paulo não quer que os Tessalonicenses fiquem tristes como “os que não têm esperança”. Em outro lugar na carta, Paulo elogiou a esperança dos irmãos dessa comunidade (cf. 1Ts 1,3), e queria  mesmo  manter viva e acesa a chama dessa esperança, fazendo-os olhar para a Parusia do Senhor. O termo “parusia” é um neologismo introduzido em nossa linguagem teológica. O termo vem do grego (parousia) e significa ‘vinda/estar presente’. Entre os gregos era utilizado para indicar a vinda do rei a uma determinada cidade, e Paulo o utilizou para indicar a vinda do Senhor, que foi repentina como um “ladrão na noite” (1Ts 5,2). Por isso, os fiéis deveriam estar preparados, vigiando sempre (cf. 1Ts 5,6).9

A carta termina com uma série de exortações do apóstolo. Entre elas encontramos uma que utilizamos como título deste breve artigo: “Por tudo dai graças...” (cf. 1Ts 5,18). Paulo utiliza aqui o verbo eucharisteo, de onde deriva o termo ‘eucaristia’, o qual utilizamos também para nomear nossas assembleias dominicais. Sim, em tudo devemos dar graças. Não somente devemos celebrar a cada domingo a Eucaristia, nossa ação de graças semanal, mas devemos deixar que a nossa vida se torne uma grande Eucaristia, uma grande ação de graças a Deus “por tudo e em tudo”, seja pelas alegrias, seja também e, sobretudo, nos momentos de dificuldade de nossa existência. Nossa ação de graças nos momentos difíceis e angustiantes revela a nossa fé no Senhor Ressuscitado e na sua vinda, que porá fim a toda lágrima (Cf. Ap 21,4), introduzindo-nos definitivamente em seu Reino eterno.

Que o estudo e, sobretudo, a meditação no texto da 1 Tessalonicenses possa iluminar o mês da Bíblia em nossas comunidades e aumentar o nosso gosto pela Palavra de Deus, a fim de que, para além deste mês, possamos continuar buscar cada vez mais conhecer as Sagradas Escrituras, pois como ensina São Jerônimo, ignorá-las é “ignorar o próprio Cristo”.


Referências:

1Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

2 Cf. BRODEUR, Scott Normand. Il cuore di Paolo è il cuore di Cristo. Primo volume. Roma: Gregorian & Biblical Press, 2014, p. 125.

3 Aliákmonas, Galikós e Axíos

4 Cf. BRODEUR, Scott Normand. Il cuore di Paolo è il cuore di Cristo. Primo volume. Roma: Gregorian & Biblical Press, 2014, p. 116.

5 Cf. BRODEUR, Scott Normand. Il cuore di Paolo è il cuore di Cristo. Primo volume. Roma: Gregorian & Biblical Press, 2014, p.

6 Cf. Rinaldo Fabris. Pablo, El Apóstol de las Gentes. San Pablo. pp. 248-252

7 Cf. BRODEUR, Scott Normand. Il cuore di Paolo è il cuore di Cristo. Primo volume. Roma: Gregorian & Biblical Press, 2014, p. 122.

8 Paulo utiliza, aqui, o termo grego eucharistia, que significa “ação de graças”.

9 VAN DEN BORN, A. Parusia. In: VAN DEN BORN, A. Dicionário Enciclopédico da Bíblia. Petrópolis: Vozes, 2004, c. 1123.

Padre Fábio Siqueira
Autor

Padre Fábio Siqueira

Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida