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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

“É a paz que Ele vai anunciar...”

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“É a paz que Ele vai anunciar...”

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12/08/2017 17:46 - Atualizado em 12/08/2017 17:46

“É a paz que Ele vai anunciar...” 0

12/08/2017 17:46 - Atualizado em 12/08/2017 17:46

A Palavra de Deus vem hoje ao nosso encontro como um convite à fé. Somos interpelados, hoje, pela Palavra do Senhor, a fim de crermos que o “Deus da Paz” está conosco, sobretudo nos momentos de maior tribulação.

Na primeira leitura temos a figura do profeta Elias. Este trecho do Primeiro Livro dos Reis apresenta a dor profunda do profeta que está sendo perseguido. Elias orou e o céu se fechou por três anos provocando uma grande seca em Israel. Antes de orar novamente para que o Senhor retirasse a sua mão e a chuva voltasse a cair sobre a terra, Elias travou um combate terrível contra os profetas de Baal, protegidos pela rainha pagã Jezabel. Elias derrotou os falsos profetas, matou todos eles, e foi perseguido pela maldosa rainha que desejou impor a ele o mesmo destino dos profetas. 

O profeta andou 40 dias e 40 noites deserto adentro, assim como outrora o povo caminhou durante 40 anos no deserto, alimentando-se unicamente do pão que o Anjo do Senhor lhe ofereceu, como o povo foi alimentado por Deus pelo Maná, e chegou, finalmente, ao Horeb, ao monte de Deus. Ali Deus falou com o profeta. Diante da dor do profeta que se consumia de zelo pelo Senhor, o Senhor se compadeceu e prometeu passar diante dele. Muitos fenômenos extraordinários aconteceram: vento impetuoso, terremoto e fogo. Mas o Senhor não está nestes fenômenos. O Senhor está numa brisa suave. Elias sentiu a presença do Senhor na suave brisa, cobriu o seu rosto e se colocou à entrada da gruta, a fim de que o Senhor passasse diante dele. A presença do Senhor, no meio da perseguição, traz paz ao coração do profeta. A Palavra do Senhor dirigida ao coração do profeta lhe transmitiu segurança. Elias é como o salmista que diz: “Quero ouvir o que o Senhor irá falar: é a paz que Ele vai anunciar” (Cf. Sl 84,9). De fato, depois de dar muitas instruções ao profeta, o Senhor prometeu que sobrará em Israel um “resto”, homens que não se dobraram diante dos ídolos mudos (cf. 1Rs 19,18).

Uma cena semelhante nos é trazida pelo Evangelho. Estamos no Capítulo 14 de Mateus. Este capítulo se situa na quarta parte do Evangelho, na qual Jesus começou a falar da Igreja como primícias do Reino dos Céus. Neste longo trecho que vai do final do Capítulo 13 até o final do Capítulo 17, Jesus estava formando os seus discípulos, e vai terminar com um grande discurso comunitário no Capítulo 18. 

Depois da multiplicação dos pães, Jesus insistiu com os seus discípulos, a fim de que entrassem no barco e seguissem para o outro lado do mar. Enquanto seus discípulos partiam, Jesus se despediu das multidões e subiu ao monte, a fim de “orar a sós”. Jesus gosta de estar na intimidade com o Pai. Aqui está um gesto de Jesus o qual devemos imitar. Também nós devemos procurar no meio da agitação do nosso dia estar a sós com o Pai, a fim de ouvirmos a sua voz, porque, como nos diz o salmo, “é a paz que Ele vai anunciar” (Cf. Sl 84,9). Quando chegou a noite, a barca dos discípulos começou a ser agitada por muitas ondas. Eles ficaram apavorados. 

No meio desta confusão, Jesus veio, andando sobre as águas. Num primeiro momento os discípulos chegaram a pensar que era um fantasma, mas o próprio Senhor afastou o medo do coração deles dizendo: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” Pedro queria uma prova de que era o Senhor, e pediu-lhe para que Ele pudesse ir andando ao encontro do Senhor sobre as águas. Jesus lhe diz: “Vem!” E, confiando na Palavra de Cristo, Pedro caminhou sobre as águas. Mas, basta que uma pequena dúvida, um pequeno temor entrasse em seu coração para que começasse a afundar. Mas também aí o Senhor estava, e quando o apóstolo gritou por socorro – “Senhor, salva-me!” – , Cristo lhe estendeu a mão e lhe segurou, para que ele pudesse ser colocado novamente no barco. Jesus censurou a fraqueza da fé de Pedro. Finalmente, quando ambos entraram no barco, a tempestade se acalmou e todos fizeram a sua profissão de fé: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”

Caríssimos, temos diante dos nossos olhos uma imagem da Igreja. Mateus aproveitou esse episódio da vida de Jesus e dos seus discípulos a fim de transmitir à Igreja nascente um ensinamento. A Igreja navega no mar do mundo e é agitada por muitos ventos. Às vezes pensamos até mesmo que ela pode naufragar. Mas, quem está no leme da barca de Pedro é o próprio Cristo. É a presença do Senhor nesta barca que nos dá a certeza de que nela podemos velejar tranquilos, até o porto seguro que está nos céus. Aqui, dentro da barca de Pedro, embora sacudidos por ventos contrários, estamos protegidos, porque “aqu’Ele a quem os ventos e o mar obedecem” (cf. Mt 8,27; Lc 8,24) está conosco.

Podemos também tirar desse evangelho uma lição para a nossa vida. Enquanto velejamos no mar do mundo, sentimos muitas vezes a nossa vida ser sacudida por ventos contrários. Nesse sentido, a barca somos nós. Ficamos apavorados com tais ventos. Achamos que vamos naufragar. É no meio dessas tempestades que Cristo vem ao nosso encontro, caminhando muito tranquilo sobre as águas agitadas do mar da nossa vida. Também nós podemos como Pedro andar sobre as águas, se dermos ouvidos à voz do Senhor. Se confiarmos em sua Palavra, que nos diz também a nós “Vem!”, poderemos andar sobre as águas. Se, no meio do caminho, duvidarmos e sentirmos que estamos afundando, gritemos como Pedro: “Senhor, salva-me!” Ele sempre nos estenderá a mão e fará com que os ventos e o mar se acalmem. Devemos acolher em nossos corações o Cristo, a fim de que possamos velejar com segurança nos mares agitados do mundo. Devemos deixar que Ele esteja no leme da nossa vida e da nossa história, pois só assim encontraremos a paz que tanto buscamos. Devemos confiar na sua Palavra, a fim de que possamos até mesmo andar sobre as águas. Devemos confiar que suas mãos são firmes, e devemos segurar nelas, caso estejamos afundando. 

O Senhor está com a Sua Igreja; o Senhor está com cada um de nós. Ele é o nosso guarda, Aquele que nos protege, que nos traz a paz e que não permite que o nosso barco naufrague no meio das tempestades da nossa história. Ele é aqu’Ele que diz também a cada um de nós neste dia: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” É como se o Senhor estivesse dizendo: Não tenhais medo de mim, porque não sou um fantasma! Mas também é como se o Senhor dissesse: Não tenhais medo das tempestades e das ondas, porque sou eu, eu estou aqui para vos proteger e guardar! Coloquemos n’Ele toda a nossa confiança, e reconheçamos, como os passageiros dessa barca da qual nos fala o evangelho, que Ele é verdadeiramente o Filho de Deus, o nosso Salvador e Senhor pelos séculos dos séculos. Amém!

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“É a paz que Ele vai anunciar...”

12/08/2017 17:46 - Atualizado em 12/08/2017 17:46

A Palavra de Deus vem hoje ao nosso encontro como um convite à fé. Somos interpelados, hoje, pela Palavra do Senhor, a fim de crermos que o “Deus da Paz” está conosco, sobretudo nos momentos de maior tribulação.

Na primeira leitura temos a figura do profeta Elias. Este trecho do Primeiro Livro dos Reis apresenta a dor profunda do profeta que está sendo perseguido. Elias orou e o céu se fechou por três anos provocando uma grande seca em Israel. Antes de orar novamente para que o Senhor retirasse a sua mão e a chuva voltasse a cair sobre a terra, Elias travou um combate terrível contra os profetas de Baal, protegidos pela rainha pagã Jezabel. Elias derrotou os falsos profetas, matou todos eles, e foi perseguido pela maldosa rainha que desejou impor a ele o mesmo destino dos profetas. 

O profeta andou 40 dias e 40 noites deserto adentro, assim como outrora o povo caminhou durante 40 anos no deserto, alimentando-se unicamente do pão que o Anjo do Senhor lhe ofereceu, como o povo foi alimentado por Deus pelo Maná, e chegou, finalmente, ao Horeb, ao monte de Deus. Ali Deus falou com o profeta. Diante da dor do profeta que se consumia de zelo pelo Senhor, o Senhor se compadeceu e prometeu passar diante dele. Muitos fenômenos extraordinários aconteceram: vento impetuoso, terremoto e fogo. Mas o Senhor não está nestes fenômenos. O Senhor está numa brisa suave. Elias sentiu a presença do Senhor na suave brisa, cobriu o seu rosto e se colocou à entrada da gruta, a fim de que o Senhor passasse diante dele. A presença do Senhor, no meio da perseguição, traz paz ao coração do profeta. A Palavra do Senhor dirigida ao coração do profeta lhe transmitiu segurança. Elias é como o salmista que diz: “Quero ouvir o que o Senhor irá falar: é a paz que Ele vai anunciar” (Cf. Sl 84,9). De fato, depois de dar muitas instruções ao profeta, o Senhor prometeu que sobrará em Israel um “resto”, homens que não se dobraram diante dos ídolos mudos (cf. 1Rs 19,18).

Uma cena semelhante nos é trazida pelo Evangelho. Estamos no Capítulo 14 de Mateus. Este capítulo se situa na quarta parte do Evangelho, na qual Jesus começou a falar da Igreja como primícias do Reino dos Céus. Neste longo trecho que vai do final do Capítulo 13 até o final do Capítulo 17, Jesus estava formando os seus discípulos, e vai terminar com um grande discurso comunitário no Capítulo 18. 

Depois da multiplicação dos pães, Jesus insistiu com os seus discípulos, a fim de que entrassem no barco e seguissem para o outro lado do mar. Enquanto seus discípulos partiam, Jesus se despediu das multidões e subiu ao monte, a fim de “orar a sós”. Jesus gosta de estar na intimidade com o Pai. Aqui está um gesto de Jesus o qual devemos imitar. Também nós devemos procurar no meio da agitação do nosso dia estar a sós com o Pai, a fim de ouvirmos a sua voz, porque, como nos diz o salmo, “é a paz que Ele vai anunciar” (Cf. Sl 84,9). Quando chegou a noite, a barca dos discípulos começou a ser agitada por muitas ondas. Eles ficaram apavorados. 

No meio desta confusão, Jesus veio, andando sobre as águas. Num primeiro momento os discípulos chegaram a pensar que era um fantasma, mas o próprio Senhor afastou o medo do coração deles dizendo: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” Pedro queria uma prova de que era o Senhor, e pediu-lhe para que Ele pudesse ir andando ao encontro do Senhor sobre as águas. Jesus lhe diz: “Vem!” E, confiando na Palavra de Cristo, Pedro caminhou sobre as águas. Mas, basta que uma pequena dúvida, um pequeno temor entrasse em seu coração para que começasse a afundar. Mas também aí o Senhor estava, e quando o apóstolo gritou por socorro – “Senhor, salva-me!” – , Cristo lhe estendeu a mão e lhe segurou, para que ele pudesse ser colocado novamente no barco. Jesus censurou a fraqueza da fé de Pedro. Finalmente, quando ambos entraram no barco, a tempestade se acalmou e todos fizeram a sua profissão de fé: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”

Caríssimos, temos diante dos nossos olhos uma imagem da Igreja. Mateus aproveitou esse episódio da vida de Jesus e dos seus discípulos a fim de transmitir à Igreja nascente um ensinamento. A Igreja navega no mar do mundo e é agitada por muitos ventos. Às vezes pensamos até mesmo que ela pode naufragar. Mas, quem está no leme da barca de Pedro é o próprio Cristo. É a presença do Senhor nesta barca que nos dá a certeza de que nela podemos velejar tranquilos, até o porto seguro que está nos céus. Aqui, dentro da barca de Pedro, embora sacudidos por ventos contrários, estamos protegidos, porque “aqu’Ele a quem os ventos e o mar obedecem” (cf. Mt 8,27; Lc 8,24) está conosco.

Podemos também tirar desse evangelho uma lição para a nossa vida. Enquanto velejamos no mar do mundo, sentimos muitas vezes a nossa vida ser sacudida por ventos contrários. Nesse sentido, a barca somos nós. Ficamos apavorados com tais ventos. Achamos que vamos naufragar. É no meio dessas tempestades que Cristo vem ao nosso encontro, caminhando muito tranquilo sobre as águas agitadas do mar da nossa vida. Também nós podemos como Pedro andar sobre as águas, se dermos ouvidos à voz do Senhor. Se confiarmos em sua Palavra, que nos diz também a nós “Vem!”, poderemos andar sobre as águas. Se, no meio do caminho, duvidarmos e sentirmos que estamos afundando, gritemos como Pedro: “Senhor, salva-me!” Ele sempre nos estenderá a mão e fará com que os ventos e o mar se acalmem. Devemos acolher em nossos corações o Cristo, a fim de que possamos velejar com segurança nos mares agitados do mundo. Devemos deixar que Ele esteja no leme da nossa vida e da nossa história, pois só assim encontraremos a paz que tanto buscamos. Devemos confiar na sua Palavra, a fim de que possamos até mesmo andar sobre as águas. Devemos confiar que suas mãos são firmes, e devemos segurar nelas, caso estejamos afundando. 

O Senhor está com a Sua Igreja; o Senhor está com cada um de nós. Ele é o nosso guarda, Aquele que nos protege, que nos traz a paz e que não permite que o nosso barco naufrague no meio das tempestades da nossa história. Ele é aqu’Ele que diz também a cada um de nós neste dia: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” É como se o Senhor estivesse dizendo: Não tenhais medo de mim, porque não sou um fantasma! Mas também é como se o Senhor dissesse: Não tenhais medo das tempestades e das ondas, porque sou eu, eu estou aqui para vos proteger e guardar! Coloquemos n’Ele toda a nossa confiança, e reconheçamos, como os passageiros dessa barca da qual nos fala o evangelho, que Ele é verdadeiramente o Filho de Deus, o nosso Salvador e Senhor pelos séculos dos séculos. Amém!

Padre Fábio Siqueira
Autor

Padre Fábio Siqueira

Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida