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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

O que importa é amar a Deus

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O que importa é amar a Deus

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28/07/2017 00:00 - Atualizado em 28/07/2017 15:45

O que importa é amar a Deus 0

28/07/2017 00:00 - Atualizado em 28/07/2017 15:45

Deus é o “amparo daqueles que esperam n’Ele”: é o que nos diz a oração coleta de hoje. Sem o auxílio de Deus, ninguém é santo, nem forte. Ao reconhecermos isso pedimos ao Senhor que redobre de amor para conosco a fim de que, conduzidos por Ele, possamos usar de tal modo os “bens que passam” que possamos abraçar “os bens que não passam”.

E aqui entra toda a direção que a Palavra de Deus nos dá. Na primeira leitura, Salomão pede a Deus um “coração que escuta” para poder governar o povo. O desejo do rei é ter um coração sábio, para poder governar o povo de Deus. O rei não pede nada para si e, por isso, o seu pedido agradou a Deus. Salomão é como o salmista, que escolheu por sua herança “observar a palavra do Senhor”.

Essa visão para além dos bens desse mundo é a que nos é apresentada pelo Evangelho de hoje. Hoje terminamos de fazer a leitura das sete parábolas a respeito do Reino que Jesus conta para a multidão que está às margens do mar da Galiléia. Ouvimos hoje a parábola do tesouro escondido no campo, da pérola descoberta pelo mercador e da rede lançada ao mar.

Nas duas primeiras parábolas, o que nos importa é a atitude tanto de um como de outro personagem ao encontrar o tesouro e a pérola. Tomados de alegria pela descoberta de um tão grande tesouro, correm, vendem tudo o que possuem e compram: um, a pérola preciosa e, o outro, o lugar onde está escondido o tesouro a fim de obtê-lo. É uma tomada de atitude que Jesus exige de seus ouvintes.

O Reino dos Céus é esse tesouro e essa pérola. Estamos diante do grande tesouro. Isso alegra o nosso coração? Isso nos diz algo? Estamos dispostos a vender tudo para abraçar o Reino? Estamos dispostos a usar os bens que passam com sabedoria a fim de podermos abraçar os bens que não passam? Ou será que queremos Jesus só para que Ele nos dê os bens que passam?

Estamos, a cada domingo, diante da pérola preciosa que é o Reino que já se manifesta sacramentalmente na Igreja. E o que temos feito? O nosso coração é como o desse mercador da segunda parábola. Andamos a procura de algo, de uma pérola realmente preciosa. Talvez tenhamos encontrado tantas, mas não a que realmente queríamos... Hoje, o Senhor Jesus coloca diante dos nossos olhos a verdadeira pérola, o Reino, essa única riqueza capaz de saciar o desejo do nosso coração. Saiamos também com alegria a fim de vender nossos outros tesouros, para ficarmos com o único que realmente nos interessa: o Reino dos Céus e a sua justiça.

A parábola da rede lançada ao mar é muito semelhante à do trigo e do joio. A mensagem é a mesma. De um lado, a separação entre bons e maus posta para o fim dos tempos coloca um freio naqueles que querem se arvorar em juízes na comunidade cristã. A parábola nos mostra que este é o tempo da paciência de Deus, onde Ele está esperando que os homens se convertam. O juízo pertence ao próprio Deus e se dará no fim dos tempos. Por outro lado, falar dessa separação faz com que cada um tome consciência de que tipo de peixe tem sido. Porque o juízo virá e não podemos brincar com Deus, uma vez que Ele não brinca conosco. A sua misericórdia não exclui o dever que nós temos de procurar uma vida de conversão, a fim de sermos realmente seus “trigos”, bons peixes recolhidos nos “cestos” do seu Reino.

Mateus conclui esta perícope com a imagem do escriba cristão. Aquele que se tornou discípulo de Cristo, tendo sido outrora escriba, pode tirar agora do seu tesouro coisas novas e velhas, porque não perdeu o que possuía, mas o tesouro ganhou uma riqueza nova, uma vez que Cristo realiza as promessas da Antiga Aliança.

Depois de toda essa riqueza que o evangelho nos deu, recebemos ainda a pérola preciosa e o tesouro escondido da segunda leitura. O grande Apóstolo dos gentios nos diz: “Tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação”. Creiamos nessa Palavra. É a Palavra de Deus para nós hoje. Essa Palavra Deus a inspirou num coração profundamente provado pela angústia e pelo sofrimento.

Paulo nos diz na 2Cor 7,5 “(...) fomos afligidos de todas as maneiras; fora de nós, lutas; dentro de nós, temores.” Paulo é um homem forjado no sofrimento, mas mesmo assim afirma com convicção: “Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus”. Essa certeza enche o coração do Apóstolo e, por isso, ele afirma: “Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus”. Às vezes, em momentos de tribulação é impossível crer que os sofrimentos também possam contribuir para o nosso bem, mas contribuem. Deus não desejaria que fosse assim. Mas sendo assim por causa do pecado, Ele envia o seu Espírito, para que até dos sofrimentos e angústias possamos tirar um fruto e às vezes são os melhores frutos, talvez porque os busquemos com mais afinco.

Peçamos hoje ao Espírito Santo, que é profusamente derramado sobre nós cada vez que nos reunimos para celebrar a Divina Liturgia, que Ele mesmo renove em nós essa certeza de que tudo, tudo mesmo, contribui para o nosso bem, uma vez que somos aqueles que amamos a Deus, ainda que com nossos limites. Peçamos, também, a graça de sermos como esse mercador feliz e como esse grande homem que encontrou um tesouro no campo. Supliquemos, enfim, como Salomão: “dai-me, Senhor, um coração que escuta” a fim de que a Palavra semeada em nós de frutos e frutos que permaneçam.

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O que importa é amar a Deus

28/07/2017 00:00 - Atualizado em 28/07/2017 15:45

Deus é o “amparo daqueles que esperam n’Ele”: é o que nos diz a oração coleta de hoje. Sem o auxílio de Deus, ninguém é santo, nem forte. Ao reconhecermos isso pedimos ao Senhor que redobre de amor para conosco a fim de que, conduzidos por Ele, possamos usar de tal modo os “bens que passam” que possamos abraçar “os bens que não passam”.

E aqui entra toda a direção que a Palavra de Deus nos dá. Na primeira leitura, Salomão pede a Deus um “coração que escuta” para poder governar o povo. O desejo do rei é ter um coração sábio, para poder governar o povo de Deus. O rei não pede nada para si e, por isso, o seu pedido agradou a Deus. Salomão é como o salmista, que escolheu por sua herança “observar a palavra do Senhor”.

Essa visão para além dos bens desse mundo é a que nos é apresentada pelo Evangelho de hoje. Hoje terminamos de fazer a leitura das sete parábolas a respeito do Reino que Jesus conta para a multidão que está às margens do mar da Galiléia. Ouvimos hoje a parábola do tesouro escondido no campo, da pérola descoberta pelo mercador e da rede lançada ao mar.

Nas duas primeiras parábolas, o que nos importa é a atitude tanto de um como de outro personagem ao encontrar o tesouro e a pérola. Tomados de alegria pela descoberta de um tão grande tesouro, correm, vendem tudo o que possuem e compram: um, a pérola preciosa e, o outro, o lugar onde está escondido o tesouro a fim de obtê-lo. É uma tomada de atitude que Jesus exige de seus ouvintes.

O Reino dos Céus é esse tesouro e essa pérola. Estamos diante do grande tesouro. Isso alegra o nosso coração? Isso nos diz algo? Estamos dispostos a vender tudo para abraçar o Reino? Estamos dispostos a usar os bens que passam com sabedoria a fim de podermos abraçar os bens que não passam? Ou será que queremos Jesus só para que Ele nos dê os bens que passam?

Estamos, a cada domingo, diante da pérola preciosa que é o Reino que já se manifesta sacramentalmente na Igreja. E o que temos feito? O nosso coração é como o desse mercador da segunda parábola. Andamos a procura de algo, de uma pérola realmente preciosa. Talvez tenhamos encontrado tantas, mas não a que realmente queríamos... Hoje, o Senhor Jesus coloca diante dos nossos olhos a verdadeira pérola, o Reino, essa única riqueza capaz de saciar o desejo do nosso coração. Saiamos também com alegria a fim de vender nossos outros tesouros, para ficarmos com o único que realmente nos interessa: o Reino dos Céus e a sua justiça.

A parábola da rede lançada ao mar é muito semelhante à do trigo e do joio. A mensagem é a mesma. De um lado, a separação entre bons e maus posta para o fim dos tempos coloca um freio naqueles que querem se arvorar em juízes na comunidade cristã. A parábola nos mostra que este é o tempo da paciência de Deus, onde Ele está esperando que os homens se convertam. O juízo pertence ao próprio Deus e se dará no fim dos tempos. Por outro lado, falar dessa separação faz com que cada um tome consciência de que tipo de peixe tem sido. Porque o juízo virá e não podemos brincar com Deus, uma vez que Ele não brinca conosco. A sua misericórdia não exclui o dever que nós temos de procurar uma vida de conversão, a fim de sermos realmente seus “trigos”, bons peixes recolhidos nos “cestos” do seu Reino.

Mateus conclui esta perícope com a imagem do escriba cristão. Aquele que se tornou discípulo de Cristo, tendo sido outrora escriba, pode tirar agora do seu tesouro coisas novas e velhas, porque não perdeu o que possuía, mas o tesouro ganhou uma riqueza nova, uma vez que Cristo realiza as promessas da Antiga Aliança.

Depois de toda essa riqueza que o evangelho nos deu, recebemos ainda a pérola preciosa e o tesouro escondido da segunda leitura. O grande Apóstolo dos gentios nos diz: “Tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação”. Creiamos nessa Palavra. É a Palavra de Deus para nós hoje. Essa Palavra Deus a inspirou num coração profundamente provado pela angústia e pelo sofrimento.

Paulo nos diz na 2Cor 7,5 “(...) fomos afligidos de todas as maneiras; fora de nós, lutas; dentro de nós, temores.” Paulo é um homem forjado no sofrimento, mas mesmo assim afirma com convicção: “Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus”. Essa certeza enche o coração do Apóstolo e, por isso, ele afirma: “Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus”. Às vezes, em momentos de tribulação é impossível crer que os sofrimentos também possam contribuir para o nosso bem, mas contribuem. Deus não desejaria que fosse assim. Mas sendo assim por causa do pecado, Ele envia o seu Espírito, para que até dos sofrimentos e angústias possamos tirar um fruto e às vezes são os melhores frutos, talvez porque os busquemos com mais afinco.

Peçamos hoje ao Espírito Santo, que é profusamente derramado sobre nós cada vez que nos reunimos para celebrar a Divina Liturgia, que Ele mesmo renove em nós essa certeza de que tudo, tudo mesmo, contribui para o nosso bem, uma vez que somos aqueles que amamos a Deus, ainda que com nossos limites. Peçamos, também, a graça de sermos como esse mercador feliz e como esse grande homem que encontrou um tesouro no campo. Supliquemos, enfim, como Salomão: “dai-me, Senhor, um coração que escuta” a fim de que a Palavra semeada em nós de frutos e frutos que permaneçam.

Padre Fábio Siqueira
Autor

Padre Fábio Siqueira

Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida