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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

"Eu sou o Caminho"

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12/05/2017 18:31 - Atualizado em 12/05/2017 18:33

"Eu sou o Caminho" 0

12/05/2017 18:31 - Atualizado em 12/05/2017 18:33

Este tempo da Páscoa do Senhor que estamos vivendo, no dizer de Santo Atanásio, deve ser celebrando como se fosse “um único grande domingo”1, no qual mantemos acesa em nosso coração a chama da alegria pascal, tal qual permanece aceso em nossas Igrejas o círio pascal, abençoado na noite da Grande Vigília, sinal do Cristo Ressuscitado, luz do mundo, que permanece para sempre conosco.

A instituição dos ‘diáconos’

Neste tempo da Páscoa, acompanhamos a leitura dos Atos dos Apóstolos. Neste livro, São Lucas nos mostra como a Igreja nascente, a partir do Mistério da Páscoa e do seu coroamento no grande dia de Pentecostes, se expandiu, guiada pelo Espírito Santo.

No trecho lido hoje nos é narrada a instituição dos “sete diáconos”, embora os Atos dos Apóstolos não use esta nomenclatura.2 Lucas fala da eleição de sete homens de boa fama, repletos do Espírito Santo e de sabedoria, que passam a participar do múnus dos apóstolos, servindo primeiro às mesas e, depois, pregando com ardor o Evangelho de Cristo, como pode ser visto mais adiante, pelo menos com relação a Estêvão e Filipe.

O trecho lido hoje termina dizendo: ...a Palavra do Senhor se espalhava. O número dos discípulos crescia muito em Jerusalém, e grande multidão de sacerdotes judeus aceitava a fé (cf. At 6,7). A Palavra do Senhor se espalhava e o número dos discípulos crescia, porque o Ressuscitado estava agindo, na força do seu Espírito, através dos seus apóstolos. É o mistério da Igreja que cresce e se expande, conforme o Senhor havia prometido em Mt 13,31-32: um grão de mostarda que, ao ser lançado na terra, se torna uma grande árvore, e nela os pássaros vêm se abrigar.

Esses pássaros que vêm se abrigar à sombra da Igreja somos nós, cristãos de todas as partes do mundo que, com o salmista, proclamamos: “Reta é a Palavra do Senhor e tudo o que ele faz merece fé” (Cf. Sl 32,4). Sim, a Palavra do Senhor é reta, nos indica um caminho seguro por onde devemos seguir, e não falha nunca, mas se realiza sempre. Cristo nos prometeu a expansão da Igreja, sinal do seu Reino aqui na Terra, e os Atos dos Apóstolos nos mostra como desde o início, não pela força dos homens, mas de Deus mesmo, a Igreja seguiu crescendo e o Evangelho pouco a pouco foi encontrando acolhida no coração dos homens de boa vontade.

Cristo, fundamento da Igreja

Cristo é o fundamento da Igreja, a pedra rejeitada, mas que se tornou Pedra Angular. Na segunda leitura, o apóstolo Pedro chama a Igreja de “edifício espiritual”. Mas todo edifício deve ter uma base, um alicerce. Este alicerce deve ser firme para que o edifício se sustente.

O edifício espiritual da Igreja tem um fundamento: Cristo. Ele é a pedra angular. Foi rejeitado, foi morto, foi crucificado. Contudo, morrendo, destruiu a morte. Ressuscitou dos mortos, está vivo para sempre e tornou-Se a Pedra Angular que dá sustento a todo o edifício da Igreja. Sem Ele, ficamos reduzidos a escombros. A Igreja se mantém de pé, firme, justamente porque Cristo é o seu fundamento.

Cristo quis nos reunir a Ele. A segunda leitura de hoje termina afirmando que somos a “raça escolhida”, o “sacerdócio do Reino”, a “nação santa”, o “povo que ele conquistou”, um povo chamado das trevas para a sua luz maravilhosa.

A cada ano, por ocasião da celebração da vigília pascal, somos convidados a fazer um gesto ritual que significa justamente essa passagem das trevas para a luz de Cristo. Reunidos fora da Igreja acendemos um fogo novo. Nesse fogo se acende o círio pascal, sinal do Cristo, luz do mundo, que caminha à nossa frente. Pouco a pouco acendemos as velas, que nos simbolizam, e entramos passo a passo no Templo, símbolo da Jerusalém Celeste, que vai aos poucos se iluminando.

Essa ação ritual constitui para nós um símbolo do que nos é afirmado hoje na segunda leitura. Cristo, luz do mundo, nos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa. No Batismo, fomos por Ele iluminados. Contudo, no decorrer da nossa vida, muitas vezes voltamos as nossas costas para a luz e decidimos caminhar, de novo, em meio às trevas. Cristo, contudo, não nos abandona. Ele nos chama de novo. E sempre deseja nos fazer sair das trevas do erro e da ignorância, a fim de que possamos participar cada vez mais plenamente da gloriosa liberdade dos filhos de Deus.

Cristo, único caminho

O Evangelho constitui o centro de toda a Liturgia da Palavra. Hoje ouvimos uma parte de Jo 14. Alguns autores costumam chamar o conjunto que vai de Jo 13,33 a 17,26 de “discursos de adeus”. O trecho lido hoje, 14,1-12, está dentro de um conjunto maior, que vai de 13,33 a 14,31. Logo depois da ceia, Jesus começa a falar para os seus a respeito da Sua partida iminente.

O trecho que nos é proposto hoje começa com uma Palavra de consolação de Jesus aos seus discípulos: “Não perturbe o vosso coração”. Diante da chegada da Sua “hora”, ou seja, do mistério da Sua paixão, Jesus quer mostrar aos discípulos a importância de se manter firme na fé e de crer que a Sua morte não terá a última Palavra, afinal a morte não tem mais a última Palavra. Cristo fala que vai, mas vai preparar um lugar para os Seus. Ele voltará, e levará consigo os que são d’Ele. Junto com sua partida, Cristo anuncia também sua vinda gloriosa.

O v. 4 introduz o tema do caminho: “...para onde eu vou, vós conheceis o caminho”. Tomé vai tomar a palavra para perguntar a Jesus sobre este tal “caminho”, e isso dará ocasião a Jesus de Se apresentar como “O caminho”, “A verdade” e “A vida” (v.6). Este versículo constitui como que o centro de todo o trecho evangélico proclamado neste domingo: não há acesso ao Pai, senão por meio do Filho, que abriu-nos esse mesmo acesso.

Nos versículos seguintes (7-11), Jesus se apresenta como “sacramento primordial do Pai”, no sentido de quem O vê, tem acesso ao Pai que é invisível. Neste trecho é Filipe quem toma a palavra. Ele quer que Jesus lhe mostre o Pai. Jesus vai afirmar que o Pai pode ser visto n’Ele, porque ele está no Pai e o Pai está n’Ele. Os discípulos devem crer por causa das obras, dos sinais que Jesus realiza, afinal eles têm em vista confirmar a Sua Palavra.

Cristo é o “sacramento primordial”, ou seja, quem O vê, verdadeiramente vê o Pai, porque Ele e o Pai são um. De Cristo, sacramento primordial e radical, brotam os outros sacramentos, que nos fazem participar nos diversos momentos da nossa existência do Mistério Pascal do mesmo Cristo. Assim como, olhando para o Cristo, os discípulos podiam ter acesso ao Pai, que é invisível, do mesmo modo, olhando, contemplando os sacramentos e recebendo-os, recebemos o próprio Cristo, participamos do mistério da Sua Páscoa, até que Ele venha.

O trecho do Evangelho deste domingo termina com um chamado à fé: quem crê em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai. A Igreja segue realizando ainda no mundo de hoje grandes sinais. Isso acontece como realização desse dito de Jesus. Ele foi para o Pai e voltará no fim dos tempos, mas Ele nunca deixou de “estar no meio de nós”. Coisas grandes a Igreja realiza, porque em seu meio está aquele que é grandioso, o superexaltado (Fl 2,6-11), Cristo Ressuscitado, vivo e glorioso, que age na Igreja e por meio da Igreja.

1 “Jam cum nobis id tempus sit futuri mundi symbolum, magnam dominicam celebrabimus, arrham hic futurae illius capientes.” Já que para nós este tempo vem a ser um símbolo do mundo futuro, o celebraremos como um grande domingo, sabendo que este (grande domingo) é penhor daquele outro futuro. (Santo Atanásio - Ep. I,10 – Ano 329 - PG 26,1366).

2 ROMER, Karl Josef. Minha alegria esteja em vós. São Paulo: Ed. Canção Nova, pp. 90-91.

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12/05/2017 18:31 - Atualizado em 12/05/2017 18:33

Este tempo da Páscoa do Senhor que estamos vivendo, no dizer de Santo Atanásio, deve ser celebrando como se fosse “um único grande domingo”1, no qual mantemos acesa em nosso coração a chama da alegria pascal, tal qual permanece aceso em nossas Igrejas o círio pascal, abençoado na noite da Grande Vigília, sinal do Cristo Ressuscitado, luz do mundo, que permanece para sempre conosco.

A instituição dos ‘diáconos’

Neste tempo da Páscoa, acompanhamos a leitura dos Atos dos Apóstolos. Neste livro, São Lucas nos mostra como a Igreja nascente, a partir do Mistério da Páscoa e do seu coroamento no grande dia de Pentecostes, se expandiu, guiada pelo Espírito Santo.

No trecho lido hoje nos é narrada a instituição dos “sete diáconos”, embora os Atos dos Apóstolos não use esta nomenclatura.2 Lucas fala da eleição de sete homens de boa fama, repletos do Espírito Santo e de sabedoria, que passam a participar do múnus dos apóstolos, servindo primeiro às mesas e, depois, pregando com ardor o Evangelho de Cristo, como pode ser visto mais adiante, pelo menos com relação a Estêvão e Filipe.

O trecho lido hoje termina dizendo: ...a Palavra do Senhor se espalhava. O número dos discípulos crescia muito em Jerusalém, e grande multidão de sacerdotes judeus aceitava a fé (cf. At 6,7). A Palavra do Senhor se espalhava e o número dos discípulos crescia, porque o Ressuscitado estava agindo, na força do seu Espírito, através dos seus apóstolos. É o mistério da Igreja que cresce e se expande, conforme o Senhor havia prometido em Mt 13,31-32: um grão de mostarda que, ao ser lançado na terra, se torna uma grande árvore, e nela os pássaros vêm se abrigar.

Esses pássaros que vêm se abrigar à sombra da Igreja somos nós, cristãos de todas as partes do mundo que, com o salmista, proclamamos: “Reta é a Palavra do Senhor e tudo o que ele faz merece fé” (Cf. Sl 32,4). Sim, a Palavra do Senhor é reta, nos indica um caminho seguro por onde devemos seguir, e não falha nunca, mas se realiza sempre. Cristo nos prometeu a expansão da Igreja, sinal do seu Reino aqui na Terra, e os Atos dos Apóstolos nos mostra como desde o início, não pela força dos homens, mas de Deus mesmo, a Igreja seguiu crescendo e o Evangelho pouco a pouco foi encontrando acolhida no coração dos homens de boa vontade.

Cristo, fundamento da Igreja

Cristo é o fundamento da Igreja, a pedra rejeitada, mas que se tornou Pedra Angular. Na segunda leitura, o apóstolo Pedro chama a Igreja de “edifício espiritual”. Mas todo edifício deve ter uma base, um alicerce. Este alicerce deve ser firme para que o edifício se sustente.

O edifício espiritual da Igreja tem um fundamento: Cristo. Ele é a pedra angular. Foi rejeitado, foi morto, foi crucificado. Contudo, morrendo, destruiu a morte. Ressuscitou dos mortos, está vivo para sempre e tornou-Se a Pedra Angular que dá sustento a todo o edifício da Igreja. Sem Ele, ficamos reduzidos a escombros. A Igreja se mantém de pé, firme, justamente porque Cristo é o seu fundamento.

Cristo quis nos reunir a Ele. A segunda leitura de hoje termina afirmando que somos a “raça escolhida”, o “sacerdócio do Reino”, a “nação santa”, o “povo que ele conquistou”, um povo chamado das trevas para a sua luz maravilhosa.

A cada ano, por ocasião da celebração da vigília pascal, somos convidados a fazer um gesto ritual que significa justamente essa passagem das trevas para a luz de Cristo. Reunidos fora da Igreja acendemos um fogo novo. Nesse fogo se acende o círio pascal, sinal do Cristo, luz do mundo, que caminha à nossa frente. Pouco a pouco acendemos as velas, que nos simbolizam, e entramos passo a passo no Templo, símbolo da Jerusalém Celeste, que vai aos poucos se iluminando.

Essa ação ritual constitui para nós um símbolo do que nos é afirmado hoje na segunda leitura. Cristo, luz do mundo, nos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa. No Batismo, fomos por Ele iluminados. Contudo, no decorrer da nossa vida, muitas vezes voltamos as nossas costas para a luz e decidimos caminhar, de novo, em meio às trevas. Cristo, contudo, não nos abandona. Ele nos chama de novo. E sempre deseja nos fazer sair das trevas do erro e da ignorância, a fim de que possamos participar cada vez mais plenamente da gloriosa liberdade dos filhos de Deus.

Cristo, único caminho

O Evangelho constitui o centro de toda a Liturgia da Palavra. Hoje ouvimos uma parte de Jo 14. Alguns autores costumam chamar o conjunto que vai de Jo 13,33 a 17,26 de “discursos de adeus”. O trecho lido hoje, 14,1-12, está dentro de um conjunto maior, que vai de 13,33 a 14,31. Logo depois da ceia, Jesus começa a falar para os seus a respeito da Sua partida iminente.

O trecho que nos é proposto hoje começa com uma Palavra de consolação de Jesus aos seus discípulos: “Não perturbe o vosso coração”. Diante da chegada da Sua “hora”, ou seja, do mistério da Sua paixão, Jesus quer mostrar aos discípulos a importância de se manter firme na fé e de crer que a Sua morte não terá a última Palavra, afinal a morte não tem mais a última Palavra. Cristo fala que vai, mas vai preparar um lugar para os Seus. Ele voltará, e levará consigo os que são d’Ele. Junto com sua partida, Cristo anuncia também sua vinda gloriosa.

O v. 4 introduz o tema do caminho: “...para onde eu vou, vós conheceis o caminho”. Tomé vai tomar a palavra para perguntar a Jesus sobre este tal “caminho”, e isso dará ocasião a Jesus de Se apresentar como “O caminho”, “A verdade” e “A vida” (v.6). Este versículo constitui como que o centro de todo o trecho evangélico proclamado neste domingo: não há acesso ao Pai, senão por meio do Filho, que abriu-nos esse mesmo acesso.

Nos versículos seguintes (7-11), Jesus se apresenta como “sacramento primordial do Pai”, no sentido de quem O vê, tem acesso ao Pai que é invisível. Neste trecho é Filipe quem toma a palavra. Ele quer que Jesus lhe mostre o Pai. Jesus vai afirmar que o Pai pode ser visto n’Ele, porque ele está no Pai e o Pai está n’Ele. Os discípulos devem crer por causa das obras, dos sinais que Jesus realiza, afinal eles têm em vista confirmar a Sua Palavra.

Cristo é o “sacramento primordial”, ou seja, quem O vê, verdadeiramente vê o Pai, porque Ele e o Pai são um. De Cristo, sacramento primordial e radical, brotam os outros sacramentos, que nos fazem participar nos diversos momentos da nossa existência do Mistério Pascal do mesmo Cristo. Assim como, olhando para o Cristo, os discípulos podiam ter acesso ao Pai, que é invisível, do mesmo modo, olhando, contemplando os sacramentos e recebendo-os, recebemos o próprio Cristo, participamos do mistério da Sua Páscoa, até que Ele venha.

O trecho do Evangelho deste domingo termina com um chamado à fé: quem crê em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai. A Igreja segue realizando ainda no mundo de hoje grandes sinais. Isso acontece como realização desse dito de Jesus. Ele foi para o Pai e voltará no fim dos tempos, mas Ele nunca deixou de “estar no meio de nós”. Coisas grandes a Igreja realiza, porque em seu meio está aquele que é grandioso, o superexaltado (Fl 2,6-11), Cristo Ressuscitado, vivo e glorioso, que age na Igreja e por meio da Igreja.

1 “Jam cum nobis id tempus sit futuri mundi symbolum, magnam dominicam celebrabimus, arrham hic futurae illius capientes.” Já que para nós este tempo vem a ser um símbolo do mundo futuro, o celebraremos como um grande domingo, sabendo que este (grande domingo) é penhor daquele outro futuro. (Santo Atanásio - Ep. I,10 – Ano 329 - PG 26,1366).

2 ROMER, Karl Josef. Minha alegria esteja em vós. São Paulo: Ed. Canção Nova, pp. 90-91.

Padre Fábio Siqueira
Autor

Padre Fábio Siqueira

Vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida