Arquidiocese do Rio de Janeiro

29º 22º

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Rezemos o Santo Rosário pela paz no Rio de Janeiro

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Rezemos o Santo Rosário pela paz no Rio de Janeiro

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11/05/2017 00:00 - Atualizado em 12/05/2017 15:55

Rezemos o Santo Rosário pela paz no Rio de Janeiro 0

11/05/2017 00:00 - Atualizado em 12/05/2017 15:55

No Santo Rosário – a oração mariana mais recomendada pela Igreja ao longo dos séculos –, a piedade mostra-nos um resumo das principais verdades da fé cristã, através da consideração de cada um dos mistérios; a Santíssima Virgem ensina-nos a comtemplar a vida de seu Filho. Em alguns deles, Maria ocupa o primeiro lugar, em outros é Cristo quem atrai primeiro a nossa atenção. Maria fala-nos sempre do Senhor: da alegria do seu nascimento, da sua morte na Cruz, da sua Ressurreição e Ascensão gloriosa.

O Rosário é oração contemplativa e “com a consideração dos mistérios, a repetição do Pai-Nosso e da Ave-Maria, os louvores à Santíssima Trindade e a constante invocação à Mãe de Deus, é um contínuo ato de fé, de esperança e de amor, de adoração e reparação”.

Segundo a etimologia, o Rosário “é uma coroa de rosas, costume encantador que em todos os povos representa uma oferenda de amor e um símbolo de alegria” (Pio XII, Alucução de 16/10/1940). É o modo mais excelente de oração meditada, constituída à maneira de mística coroa em que a saudação angélica, a oração dominical e a doxologia à Augusta Trindade se entrelaçam com a consideração dos mais altos mistérios da nossa fé: nele, através de muitas cenas, a mente contempla o drama da Encarnação e da Redenção de Nosso Senhor”. (São João XXIII, Encíclica: Grata recordatio em 26/09/1959).

Nesta oração mariana, a oração vocal funde-se com a meditação dos mistérios cristãos, que é como que a alma do Rosário. É uma meditação pausada, que permite desenvolver a oração pessoal ao ritmo das palavras. “Introduzir-se como mais um personagem” nas cenas que se contemplam no Rosário ajuda a rezá-lo bem. Assim, viveremos a vida de Jesus, Maria e José.

Com a contemplação dos mistérios, vivifica-se a oração vocal – o Pai Nosso e as Ave-Marias –, e a vida interior se vê enriquecida pelo profundo conteúdo dessas cenas, que se tornam fonte de oração e contemplação ao longo do dia. Pouco a pouco identificamo-nos com os sentimentos de Cristo e passamos a viver num clima de intensa piedade: alegramo-nos com Cristo gozoso, celebramos a sua vida pública, sofremos com Cristo padecente, vivemos na esperança a glória de Cristo ressuscitado.

Podemos nos perguntar: como começou a oração do Rosário? O Rosário é uma oração cuja origem se perde nos tempos. Existem muitas obras e escritos que o remontam aos antigos monges do deserto, mas uma tradição recente nos fala da sistematização na época de São Domingos de Gusmão (1170-1221), que o adotou numa inspiração mariana quando ele se preparava para enfrentar a heresia albigense.

Parece não haver muitas dúvidas de que o Rosário ajudou a resolver um problema importante dos novos frades mendicantes. De fato, os Franciscanos e Dominicanos estavam a introduzir um novo estilo de vida religiosa no século XII, em alternativa aos antigos monges, sobretudo Beneditinos e Agostinhos. Estes, nos seus mosteiros, rezavam e cantavam todos os dias os 150 salmos do Saltério. Mas os mendicantes não o podiam fazer, não só por causa do seu estilo de vida, mas também porque em grande parte eram analfabetos. 

Nessa altura, a Ave Maria estava sendo organizada. Porém, desde o século IV se usava a saudação do arcanjo São Gabriel (Lc 1, 28) como forma de oração (início da Ave Maria), e no século VII ela aparece na liturgia da festa da Anunciação como antífona do Ofertório. No século XII, precisamente com o Rosário, juntam-se as duas saudações a Maria: a de São Gabriel e a de Santa Isabel (Lc 1, 42), tornando-se uma forma habitual de rezar. Em 1262, o Papa Urbano IV (papa de 1261-1264) acrescenta-lhes a palavra “Jesus” no fim, criando assim a primeira parte da nossa Ave-Maria.

No século XV se acrescenta a segunda parte de súplica, tirada de uma antífona medieval. Esta fórmula, que é a atual, torna-se oficial com o Papa Pio V (1566-1572). Grande reformador no espírito do Concílio de Trento (1545-1563), São Pio V é o responsável pela publicação do Catecismo, Missal e Breviário Romanos surgidos do Concílio, que renovam toda a vida da Igreja na época. Foi precisamente no Breviário Romano, em 1568, que aparece na oração oficial da Igreja a Ave-Maria. 

O contributo de São Pio V, um antigo dominicano, para a história do Rosário não fica por aqui. O grande reformador criou também um grande momento na época dos reinos cristãos da Europa. Os turcos otomanos, depois do cerco e queda de Constantinopla em 1453, o fim oficial da Idade Média, e das conquistas de Suleiman, o Magnífico (1494-1566, sultão desde 1520), estavam às portas da Europa. Dividida nas terríveis guerras entre católicos e protestantes, a velha Europa não estava em condições de resistir. O perigo era enorme. Além de apelar às nações católicas para defender o Ocidente cristão, o Papa estabeleceu que o Santo Rosário fosse rezado por todos os cristãos, pedindo a ajuda da Mãe de Deus nessa hora decisiva. Em resposta, houve um intenso movimento de oração por toda a Europa. Finalmente, a 7 de outubro de 1571 a frota ocidental, comandada por D. João de Áustria (1545-1578), teve uma retumbante vitória na batalha naval de Lepanto, ao largo da Grécia. Conta-se que nesse mesmo dia, em meio de uma reunião com os cardeais, o Papa levantou-se, abriu a janela e disse “Interrompamos o nosso trabalho; a nossa grande tarefa neste momento é a de agradecer a Deus pela vitória que Ele acabou de dar ao exército cristão”.

A ameaça fora vencida. O Papa sabia bem quem tinha ganhado a batalha. Para louvar a Vitoriosa, ele instituiu a festa litúrgica de ação de graças a Nossa Senhora das Vitórias no primeiro domingo de outubro. Hoje ainda se celebra essa festa, com o nome de Nossa Senhora do Rosário, no memorável dia de 7 de outubro. 

A história do Rosário não pode terminar sem referir um momento decisivo desta evolução. A escolha do Papa João Paulo II de celebrar o seu jubileu de prata pontifício com o Rosário, acrescentando-lhe os cinco mistérios luminosos, é um marco importante na devoção. Mas a ligação do Papa a esta oração não é de hoje, como ele mesmo diz na Carta: “Vinte e quatro anos atrás, no dia 29 de outubro de 1978, apenas duas semanas depois da minha eleição para a Sé de Pedro, quase numa confidência, assim me exprimia: O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade”.

Gostaria de pedir a todos que colocassem nas usas intenções do Santo Rosário: a paz no Rio de Janeiro.

“Nós, bispos do Estado do Rio de Janeiro, Regional Leste 1 da CNBB, escutamos, vimos e estamos juntos com o nosso povo, que sofre com as violências que têm ocorrido em nosso Estado. Diante deste quadro, nós convidamos a todos, e convocamos com veemência, para neste mês de Maio, mês de Maria, que também celebramos os 100 anos das aparições de Fátima, que rezem o terço nas casas, nas ruas, nas praças, nas Igrejas, em intenção da Paz. Pedimos que todas as comunidades se reúnam, realmente se organizem, para que este momento seja de oração pela Paz, como se pede em Fátima, assim como nós também pedimos que se rezem em todo o Estado”. (Cf. http://cnbbleste1.org.br/2017/05/bispos-do-regional-leste-1-rezam-pelo-estado-do-rio/, último acesso em 05 de maio de 2017.)

Com a oração tudo pode mudar! Acreditamos na força da oração. No dia 12 de Maio, fizemos nossa oração do rosário no Largo da Glória nessa intenção.

Quanta injustiça, desemprego, necessidades, violência, intolerâncias, vinganças, falta de caridade, de amor! Peçamos ao Senhor a graça e o dom da paz, para que sejamos construtores e mensageiros da paz. O mundo precisa de paz, o Brasil precisa de paz e o Rio de Janeiro precisa de paz. Por isso, que a Virgem Rainha da Paz nos ilumine! Nossa Rainha da Paz, rogai por nós! Que reine a paz em nossas fronteiras, em nossas casas, em nossas cidades. Assim seja. Amém!

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11/05/2017 00:00 - Atualizado em 12/05/2017 15:55

No Santo Rosário – a oração mariana mais recomendada pela Igreja ao longo dos séculos –, a piedade mostra-nos um resumo das principais verdades da fé cristã, através da consideração de cada um dos mistérios; a Santíssima Virgem ensina-nos a comtemplar a vida de seu Filho. Em alguns deles, Maria ocupa o primeiro lugar, em outros é Cristo quem atrai primeiro a nossa atenção. Maria fala-nos sempre do Senhor: da alegria do seu nascimento, da sua morte na Cruz, da sua Ressurreição e Ascensão gloriosa.

O Rosário é oração contemplativa e “com a consideração dos mistérios, a repetição do Pai-Nosso e da Ave-Maria, os louvores à Santíssima Trindade e a constante invocação à Mãe de Deus, é um contínuo ato de fé, de esperança e de amor, de adoração e reparação”.

Segundo a etimologia, o Rosário “é uma coroa de rosas, costume encantador que em todos os povos representa uma oferenda de amor e um símbolo de alegria” (Pio XII, Alucução de 16/10/1940). É o modo mais excelente de oração meditada, constituída à maneira de mística coroa em que a saudação angélica, a oração dominical e a doxologia à Augusta Trindade se entrelaçam com a consideração dos mais altos mistérios da nossa fé: nele, através de muitas cenas, a mente contempla o drama da Encarnação e da Redenção de Nosso Senhor”. (São João XXIII, Encíclica: Grata recordatio em 26/09/1959).

Nesta oração mariana, a oração vocal funde-se com a meditação dos mistérios cristãos, que é como que a alma do Rosário. É uma meditação pausada, que permite desenvolver a oração pessoal ao ritmo das palavras. “Introduzir-se como mais um personagem” nas cenas que se contemplam no Rosário ajuda a rezá-lo bem. Assim, viveremos a vida de Jesus, Maria e José.

Com a contemplação dos mistérios, vivifica-se a oração vocal – o Pai Nosso e as Ave-Marias –, e a vida interior se vê enriquecida pelo profundo conteúdo dessas cenas, que se tornam fonte de oração e contemplação ao longo do dia. Pouco a pouco identificamo-nos com os sentimentos de Cristo e passamos a viver num clima de intensa piedade: alegramo-nos com Cristo gozoso, celebramos a sua vida pública, sofremos com Cristo padecente, vivemos na esperança a glória de Cristo ressuscitado.

Podemos nos perguntar: como começou a oração do Rosário? O Rosário é uma oração cuja origem se perde nos tempos. Existem muitas obras e escritos que o remontam aos antigos monges do deserto, mas uma tradição recente nos fala da sistematização na época de São Domingos de Gusmão (1170-1221), que o adotou numa inspiração mariana quando ele se preparava para enfrentar a heresia albigense.

Parece não haver muitas dúvidas de que o Rosário ajudou a resolver um problema importante dos novos frades mendicantes. De fato, os Franciscanos e Dominicanos estavam a introduzir um novo estilo de vida religiosa no século XII, em alternativa aos antigos monges, sobretudo Beneditinos e Agostinhos. Estes, nos seus mosteiros, rezavam e cantavam todos os dias os 150 salmos do Saltério. Mas os mendicantes não o podiam fazer, não só por causa do seu estilo de vida, mas também porque em grande parte eram analfabetos. 

Nessa altura, a Ave Maria estava sendo organizada. Porém, desde o século IV se usava a saudação do arcanjo São Gabriel (Lc 1, 28) como forma de oração (início da Ave Maria), e no século VII ela aparece na liturgia da festa da Anunciação como antífona do Ofertório. No século XII, precisamente com o Rosário, juntam-se as duas saudações a Maria: a de São Gabriel e a de Santa Isabel (Lc 1, 42), tornando-se uma forma habitual de rezar. Em 1262, o Papa Urbano IV (papa de 1261-1264) acrescenta-lhes a palavra “Jesus” no fim, criando assim a primeira parte da nossa Ave-Maria.

No século XV se acrescenta a segunda parte de súplica, tirada de uma antífona medieval. Esta fórmula, que é a atual, torna-se oficial com o Papa Pio V (1566-1572). Grande reformador no espírito do Concílio de Trento (1545-1563), São Pio V é o responsável pela publicação do Catecismo, Missal e Breviário Romanos surgidos do Concílio, que renovam toda a vida da Igreja na época. Foi precisamente no Breviário Romano, em 1568, que aparece na oração oficial da Igreja a Ave-Maria. 

O contributo de São Pio V, um antigo dominicano, para a história do Rosário não fica por aqui. O grande reformador criou também um grande momento na época dos reinos cristãos da Europa. Os turcos otomanos, depois do cerco e queda de Constantinopla em 1453, o fim oficial da Idade Média, e das conquistas de Suleiman, o Magnífico (1494-1566, sultão desde 1520), estavam às portas da Europa. Dividida nas terríveis guerras entre católicos e protestantes, a velha Europa não estava em condições de resistir. O perigo era enorme. Além de apelar às nações católicas para defender o Ocidente cristão, o Papa estabeleceu que o Santo Rosário fosse rezado por todos os cristãos, pedindo a ajuda da Mãe de Deus nessa hora decisiva. Em resposta, houve um intenso movimento de oração por toda a Europa. Finalmente, a 7 de outubro de 1571 a frota ocidental, comandada por D. João de Áustria (1545-1578), teve uma retumbante vitória na batalha naval de Lepanto, ao largo da Grécia. Conta-se que nesse mesmo dia, em meio de uma reunião com os cardeais, o Papa levantou-se, abriu a janela e disse “Interrompamos o nosso trabalho; a nossa grande tarefa neste momento é a de agradecer a Deus pela vitória que Ele acabou de dar ao exército cristão”.

A ameaça fora vencida. O Papa sabia bem quem tinha ganhado a batalha. Para louvar a Vitoriosa, ele instituiu a festa litúrgica de ação de graças a Nossa Senhora das Vitórias no primeiro domingo de outubro. Hoje ainda se celebra essa festa, com o nome de Nossa Senhora do Rosário, no memorável dia de 7 de outubro. 

A história do Rosário não pode terminar sem referir um momento decisivo desta evolução. A escolha do Papa João Paulo II de celebrar o seu jubileu de prata pontifício com o Rosário, acrescentando-lhe os cinco mistérios luminosos, é um marco importante na devoção. Mas a ligação do Papa a esta oração não é de hoje, como ele mesmo diz na Carta: “Vinte e quatro anos atrás, no dia 29 de outubro de 1978, apenas duas semanas depois da minha eleição para a Sé de Pedro, quase numa confidência, assim me exprimia: O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade”.

Gostaria de pedir a todos que colocassem nas usas intenções do Santo Rosário: a paz no Rio de Janeiro.

“Nós, bispos do Estado do Rio de Janeiro, Regional Leste 1 da CNBB, escutamos, vimos e estamos juntos com o nosso povo, que sofre com as violências que têm ocorrido em nosso Estado. Diante deste quadro, nós convidamos a todos, e convocamos com veemência, para neste mês de Maio, mês de Maria, que também celebramos os 100 anos das aparições de Fátima, que rezem o terço nas casas, nas ruas, nas praças, nas Igrejas, em intenção da Paz. Pedimos que todas as comunidades se reúnam, realmente se organizem, para que este momento seja de oração pela Paz, como se pede em Fátima, assim como nós também pedimos que se rezem em todo o Estado”. (Cf. http://cnbbleste1.org.br/2017/05/bispos-do-regional-leste-1-rezam-pelo-estado-do-rio/, último acesso em 05 de maio de 2017.)

Com a oração tudo pode mudar! Acreditamos na força da oração. No dia 12 de Maio, fizemos nossa oração do rosário no Largo da Glória nessa intenção.

Quanta injustiça, desemprego, necessidades, violência, intolerâncias, vinganças, falta de caridade, de amor! Peçamos ao Senhor a graça e o dom da paz, para que sejamos construtores e mensageiros da paz. O mundo precisa de paz, o Brasil precisa de paz e o Rio de Janeiro precisa de paz. Por isso, que a Virgem Rainha da Paz nos ilumine! Nossa Rainha da Paz, rogai por nós! Que reine a paz em nossas fronteiras, em nossas casas, em nossas cidades. Assim seja. Amém!

Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro