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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 24/04/2024

24 de Abril de 2024

A Palavra de Deus na Bíblia (88): Interpretação e tradução da Bíblia

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24 de Abril de 2024

A Palavra de Deus na Bíblia (88): Interpretação e tradução da Bíblia

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24/03/2017 16:22 - Atualizado em 24/03/2017 16:23

A Palavra de Deus na Bíblia (88): Interpretação e tradução da Bíblia 0

24/03/2017 16:22 - Atualizado em 24/03/2017 16:23

Iniciamos neste artigo a discussão sobre o “uso da Bíblia”, em vista de concluirmos a leitura e discussão do documento “A Interpretação da Bíblia na Igreja” (1993). Serão quatro os usos indicados pelo documento: 1. Na liturgia; 2. A lectio divina; 3. No ministério pastoral; 4. No ecumenismo.

1. Na liturgia

Desde os primórdios da Igreja, a leitura das Escrituras fez parte integrante da liturgia cristã, por um lado herdeira da liturgia sinagogal. Hoje ainda é principalmente pela liturgia que os cristãos entram em contato com as Escrituras, particularmente durante a celebração eucarística do domingo1.

A Liturgia constitui de fato o espaço primordial da leitura e escuta proveitosas da Palavra, já que o espaço ‘celebrativo’ possui duas características fundamentais em relação às Escrituras.

Primeiro trata-se da escuta eclesial por excelência. A asembleia é a destinatária da Palavra de Cristo, como se lê no livro do Apocalipse 1,10: ‘Eu fui dominado pelo Espírito, no Dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta’. É o ato mais elevado da Igreja no centro da Eucaristia.

Segundo: na celebração, a Palavra de Deus é celebrada, e, portanto, atinge o grau mais eficaz de desempenho! O Verbo se faz Carne, em contato com a escuta atenta da comunidade cristã. Vejam o que se diz das Sagradas Escrituras na Constituição Dogmática “Dei Verbum” (21):

A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da Palavra de Deus, quer do Corpo de Cristo. Sempre as considerou, e continua a considerar, juntamente com a sagrada Tradição, como regra suprema da sua fé; elas, com efeito, inspiradas como são por Deus, e exaradas por escrito de uma vez para sempre, continuam a dar-nos imutavelmente a Palavra do próprio Deus, e fazem ouvir a voz do Espírito Santo através das palavras dos profetas e dos apóstolos. É preciso, pois, que toda a pregação eclesiástica, assim como a própria religião cristã, seja alimentada e regida pela Sagrada Escritura. Com efeito, nos livros sagrados, o Pai que está nos céus vem amorosamente ao encontro de Seus filhos, a conversar com eles; e é tão grande a força e a virtude da Palavra de Deus que se torna o apoio vigoroso da Igreja, solidez da fé para os filhos da Igreja, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual. Por isso se devem aplicar por excelência à Sagrada Escritura as palavras: “A Palavra de Deus é viva e eficaz” (Hebr. 4,12), “capaz de edificar e dar a herança a todos os santificados”!, (Act. 20,32; cfr. 1 Tess. 2,13)2.

Também a Constituição Conciliar sobre a Liturgia, denominada “Sacrossanctum Conclium” (24), expôs alguns elementos interessantes sobre estas relações: “O lugar da Sagrada Escritura”.

É enorme a importância da Sagrada Escritura na celebração da Liturgia. Porque é a ela que se vão buscar as leituras que se explicam na homilia e os salmos para cantar; com o seu espírito e da sua inspiração nasceram as preces, as orações e os hinos litúrgicos; dela tiram a sua capacidade de significação às ações e aos sinais. Para promover a reforma, o progresso e adaptação da sagrada Liturgia é necessário, por conseguinte, desenvolver aquele amor suave e vivo da Sagrada Escritura de que dá testemunho a venerável tradição dos ritos, tanto orientais como ocidentais3.

O Concílio estabelece aquilo que já estava disposto para renová-lo, e o princípio é simples e permanente em relação às Sagradas Escrituras na Liturgia: ‘desenvolver aquele amor suave e vivo da Sagrada Escritura’. Na Liturgia desenvolve-se uma forma mais intensa de amor à Palavra de Deus, solene e piedosamente proclamada, explicada e celebrada.

Em princípio, a liturgia, e especialmente a liturgia sacramental, na qual a celebração eucarística constitui o grau máximo, realiza a atualização mais perfeita dos textos bíblicos, pois ela situa a proclamação no meio da comunidade dos fiéis reunida em torno de Cristo, a fim de se aproximar de Deus. Cristo é então “presente em sua Palavra, pois é Ele mesmo quem fala quando as Santas Escrituras são lidas na igreja” (“Sacrosanctum Concilium”, 7). O texto escrito volta assim a ser palavra viv4.

A liturgia ativa, pela ação do Espírito, a Presença de Cristo Ressuscitado, possibilita que os dons da Páscoa atualizem no ouvintes de cada tempo os efeitos da Redenção.

Em princípio, a liturgia, e especialmente a liturgia sacramental, na qual a celebração eucarística constitui o grau máximo, realiza a atualização mais perfeita dos textos bíblicos, pois ela situa a proclamação no meio da comunidade dos fiéis reunida em torno de Cristo, a fim de se aproximar de Deus. Cristo é então “presente em sua Palavra, pois é Ele mesmo quem fala quando as Santas Escrituras são lidas na igreja” (“Sacrosanctum Concilium”, 7). O texto escrito volta assim a ser palavra viva5.

Referências:

1http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione

2http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651118_dei-verbum_po.htm

3http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19631204_sacrosanctum-concilium_po.html

4http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione

5http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione

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A Palavra de Deus na Bíblia (88): Interpretação e tradução da Bíblia

24/03/2017 16:22 - Atualizado em 24/03/2017 16:23

Iniciamos neste artigo a discussão sobre o “uso da Bíblia”, em vista de concluirmos a leitura e discussão do documento “A Interpretação da Bíblia na Igreja” (1993). Serão quatro os usos indicados pelo documento: 1. Na liturgia; 2. A lectio divina; 3. No ministério pastoral; 4. No ecumenismo.

1. Na liturgia

Desde os primórdios da Igreja, a leitura das Escrituras fez parte integrante da liturgia cristã, por um lado herdeira da liturgia sinagogal. Hoje ainda é principalmente pela liturgia que os cristãos entram em contato com as Escrituras, particularmente durante a celebração eucarística do domingo1.

A Liturgia constitui de fato o espaço primordial da leitura e escuta proveitosas da Palavra, já que o espaço ‘celebrativo’ possui duas características fundamentais em relação às Escrituras.

Primeiro trata-se da escuta eclesial por excelência. A asembleia é a destinatária da Palavra de Cristo, como se lê no livro do Apocalipse 1,10: ‘Eu fui dominado pelo Espírito, no Dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta’. É o ato mais elevado da Igreja no centro da Eucaristia.

Segundo: na celebração, a Palavra de Deus é celebrada, e, portanto, atinge o grau mais eficaz de desempenho! O Verbo se faz Carne, em contato com a escuta atenta da comunidade cristã. Vejam o que se diz das Sagradas Escrituras na Constituição Dogmática “Dei Verbum” (21):

A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da Palavra de Deus, quer do Corpo de Cristo. Sempre as considerou, e continua a considerar, juntamente com a sagrada Tradição, como regra suprema da sua fé; elas, com efeito, inspiradas como são por Deus, e exaradas por escrito de uma vez para sempre, continuam a dar-nos imutavelmente a Palavra do próprio Deus, e fazem ouvir a voz do Espírito Santo através das palavras dos profetas e dos apóstolos. É preciso, pois, que toda a pregação eclesiástica, assim como a própria religião cristã, seja alimentada e regida pela Sagrada Escritura. Com efeito, nos livros sagrados, o Pai que está nos céus vem amorosamente ao encontro de Seus filhos, a conversar com eles; e é tão grande a força e a virtude da Palavra de Deus que se torna o apoio vigoroso da Igreja, solidez da fé para os filhos da Igreja, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual. Por isso se devem aplicar por excelência à Sagrada Escritura as palavras: “A Palavra de Deus é viva e eficaz” (Hebr. 4,12), “capaz de edificar e dar a herança a todos os santificados”!, (Act. 20,32; cfr. 1 Tess. 2,13)2.

Também a Constituição Conciliar sobre a Liturgia, denominada “Sacrossanctum Conclium” (24), expôs alguns elementos interessantes sobre estas relações: “O lugar da Sagrada Escritura”.

É enorme a importância da Sagrada Escritura na celebração da Liturgia. Porque é a ela que se vão buscar as leituras que se explicam na homilia e os salmos para cantar; com o seu espírito e da sua inspiração nasceram as preces, as orações e os hinos litúrgicos; dela tiram a sua capacidade de significação às ações e aos sinais. Para promover a reforma, o progresso e adaptação da sagrada Liturgia é necessário, por conseguinte, desenvolver aquele amor suave e vivo da Sagrada Escritura de que dá testemunho a venerável tradição dos ritos, tanto orientais como ocidentais3.

O Concílio estabelece aquilo que já estava disposto para renová-lo, e o princípio é simples e permanente em relação às Sagradas Escrituras na Liturgia: ‘desenvolver aquele amor suave e vivo da Sagrada Escritura’. Na Liturgia desenvolve-se uma forma mais intensa de amor à Palavra de Deus, solene e piedosamente proclamada, explicada e celebrada.

Em princípio, a liturgia, e especialmente a liturgia sacramental, na qual a celebração eucarística constitui o grau máximo, realiza a atualização mais perfeita dos textos bíblicos, pois ela situa a proclamação no meio da comunidade dos fiéis reunida em torno de Cristo, a fim de se aproximar de Deus. Cristo é então “presente em sua Palavra, pois é Ele mesmo quem fala quando as Santas Escrituras são lidas na igreja” (“Sacrosanctum Concilium”, 7). O texto escrito volta assim a ser palavra viv4.

A liturgia ativa, pela ação do Espírito, a Presença de Cristo Ressuscitado, possibilita que os dons da Páscoa atualizem no ouvintes de cada tempo os efeitos da Redenção.

Em princípio, a liturgia, e especialmente a liturgia sacramental, na qual a celebração eucarística constitui o grau máximo, realiza a atualização mais perfeita dos textos bíblicos, pois ela situa a proclamação no meio da comunidade dos fiéis reunida em torno de Cristo, a fim de se aproximar de Deus. Cristo é então “presente em sua Palavra, pois é Ele mesmo quem fala quando as Santas Escrituras são lidas na igreja” (“Sacrosanctum Concilium”, 7). O texto escrito volta assim a ser palavra viva5.

Referências:

1http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione

2http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651118_dei-verbum_po.htm

3http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19631204_sacrosanctum-concilium_po.html

4http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione

5http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos
Autor

Padre Pedro Paulo Alves dos Santos

Doutor em Teologia Bíblica