02 de Fevereiro de 2025
Tudo o que você precisa saber sobre a Quaresma
Se você encontrou erro neste texto ou nesta página, por favor preencha os campos abaixo. O link da página será enviado automaticamente a ArqRio.
10/03/2017 14:23 - Atualizado em 10/03/2017 14:23
Tudo o que você precisa saber sobre a Quaresma 0
10/03/2017 14:23 - Atualizado em 10/03/2017 14:23
O que é a Quaresma e qual sua origem?
A Quaresma é o tempo do ano litúrgico que, segundo a Carta Apostólica do Papa Paulo VI, aprovando as normas universais para o ano litúrgico, intitulada “Mysterii Paschalis”, vai “desde a Quarta-Feira de Cinzas até a missa na Ceia do Senhor”.
A Quaresma já se encontra, ainda que de forma embrionária, no século II, na qual encontramos uma preparação para a grande celebração da Pascal Anual, marcada pela penitência e pelo jejum.
Todavia, somente no século IV é que encontramos já uma Quaresma mais organizada, muito semelhante na sua forma ao que temos hoje, e também marcada pelo jejum e pela penitência.
Qual foi, no início, a finalidade da Quaresma?
O Tríduo Pascal, na Igreja antiga, era marcado por duas grandes celebrações. Na Quinta-Feira Santa se fazia a “reconciliação dos penitentes”, para que estes pudessem celebrar a Páscoa do Senhor. Na Grande Vigília Pascal, por sua vez, se fazia a iniciação dos catecúmenos, ou seja, estes recebiam os três primeiros sacramentos, dados numa única celebração: o Batismo, a Confirmação (Crisma) e a Eucaristia.
Sendo assim, a Quaresma servia tanto de preparação imediata para os penitentes que haviam de ser absolvidos na Quinta-Feira Santa, quanto de preparação, também imediata, para os catecúmenos que, domingo a domingo, iam recebendo as unções e exorcismos, e assim, pouco a pouco, se preparando para a grande Noite Pascal na qual eles seriam iniciados nos sacramentos.
E hoje, qual o sentido da Quaresma para os fiéis?
A Quaresma é um tempo forte de conversão. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, no n. 1438, junto com todas as sextas-feiras do ano, nas quais fazemos memória da morte do Senhor, a Quaresma é um tempo forte de penitência e conversão.
É um tempo de renovação das próprias promessas batismais, o que será feito de modo solene na grande vigília pascal.
Com a reforma litúrgica e a recuperação do Ritual da Iniciação Cristã de Adultos, a Quaresma tornou-se, como na Igreja antiga, o tempo de preparação imediata dos catecúmenos para a iniciação nos sacramentos na grande Vigília Pascal.
Mas qual o sentido de fazermos penitência?
A palavra ‘penitência’ nem sempre ajuda muito. Ela traz em si o sentido de ‘pena, penalidade’. É claro que, dentro do Sacramento da Reconciliação, há uma “penitência” que deve ser cumprida. Ela tem valor medicinal. O objetivo dessa penitência é nos ajudar na purificação dos apegos que nos levaram ao ato de pecado.
A penitência na Quaresma deve ser um auxílio para o nosso caminho de “conversão”. A conversão consiste num “voltar-se para Deus”, atendendo ao convite que ressoou aos nossos ouvidos na Quarta-Feira de Cinzas, quando ouvimos na missa o texto de Jl 2,12: “voltai a mim de todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos...”. Esse “voltar-se” para Deus começa com um voltar-se para o próprio interior, a fim de poder enxergar, na luz do Espírito Santo, em que nos afastamos de Deus e quais os falsos caminhos que seguimos, a fim de reencontrarmos o verdadeiro caminho e nos reaproximarmos d’Ele.
A penitência não pode ser, então, apenas um conjunto de práticas vividas como uma espécie de “castigo”. A penitência precisa ser vivida como um “remédio” que vai nos ajudar no processo de restabelecimento de nossa saúde espiritual. Um exemplo prático seria o jejum. Não basta somente não comer. Devo fazer o jejum percebendo que tem em vista me ajudar a desenvolver a virtude do autodomínio, virtude essa que deve permanecer em mim mesmo depois de terminado o período quaresmal.
Quando e como é previsto fazer o jejum no tempo quaresmal?
A Igreja prevê um jejum obrigatório na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa. Nestes dias também é prevista a abstinência de carne, sendo os fiéis liberados para ingerir somente peixe. O jejum pode consistir na retirada de uma das refeições principais, almoço ou jantar.
Quem está obrigado ao jejum e a abstinência?
Segundo o Código de Direito Canônico, cânon 1252, “Estão obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem completado 14 anos de idade; estão obrigados à lei do jejum todos os maiores de idade até os 60 anos começados. Todavia, os pastores de almas e os pais cuidem que sejam formados para o genuíno sentido da penitência também os que não estão obrigados à lei do jejum e da abstinência, em razão da pouca idade.”
Qual o sentido das Cinzas no início da Quaresma?
As cinzas na Escritura lembram um gesto de penitência. Em Jn 3,8 se diz que o rei de Nínive sentou-se sobre a cinza, quando ouviu a pregação de Jonas exortando os ninivitas à conversão.
Na Quarta-Feira de Cinzas, as cinzas são impostas sobre a cabeça dos fiéis utilizando-se um dos dois seguintes versículos da Escritura: “Lembra-te que és pó, e ao pó hás de voltar” (cf. Gn 3,19) ou “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15b). Estes dois versículos lembram, de um lado, a caducidade e a fraqueza da vida humana. Por conta de sua fraqueza, o homem está sujeito ao pecado. Por isso, ele precisa continuamente de conversão, de voltar-se para Deus.
Seria o tempo de viver mais alguma prática além do jejum?
Sim. Na Quaresma somos exortamos a viver a oração, o jejum e a esmola. Além disso, em nossas comunidades, realizamos outras práticas como a oração da Via-Sacra e as celebrações penitenciais. É o tempo propício de nos aproximarmos, também, do Sacramento da Reconciliação. Além disso, podemos e devemos praticar as obras de misericórdia.
E quais são as obras de misericórdia?
As obras de misericórdia se dividem em: espirituais e corporais. As obras de misericórdia espirituais são:
Ensinar ao que não sabe;
Dar bons conselhos ao que necessita;
Corrigir ao que erra;
Perdoar as injúrias;
Consolar ao triste;
Sofrer com paciência as adversidades e fraquezas do próximo;
Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos
As obras de misericórdia corporais são:
Visitar ao enfermo;
Dar de comer ao faminto;
Dar de beber ao sedento;
Socorrer ao cativo;
Vestir ao desnudo;
Dar abrigo ao peregrino;
Enterrar a os mortos.
E a Palavra de Deus nesse tempo?
Os evangelhos dominicais são uma grande riqueza e fonte de inspiração para nossa leitura espiritual. Nesse ciclo A, que é o que estamos vivendo, têm um tom marcadamente batismal. No primeiro domingo ouvimos o relato da Tentação do Senhor no deserto, e neste segundo domingo ouviremos o relato da Transfiguração do Senhor. Estes dois evangelhos sempre nos acompanham no primeiro e no segundo da Quaresma, em cada ano segundo um dos três sinóticos.
A partir do terceiro domingo da Quaresma começamos a ouvir os evangelhos que possuem um tom marcadamente batismal, conforme dissemos acima. No terceiro domingo, o encontro de Jesus com a Samaritana – o tema da água viva, que é o Espírito Santo dado por Jesus aos fiéis. No quarto domingo, ouviremos a cura do cego de nascença – o tema da luz, que é o próprio Cristo, que ilumina, no Batismo, cada novo cristão com a luz da fé. Por fim, no quinto domingo, a ressurreição de Lázaro, o tema da vida nova que Cristo nos dá, já hoje, renovando-nos pelo Batismo e perdoando-nos no sacramento da Reconciliação. Vida nova esta que é sinal da vida futura e eterna que o Senhor já nos conquistou.
Fotos: Carlos Moioli
Tudo o que você precisa saber sobre a Quaresma
10/03/2017 14:23 - Atualizado em 10/03/2017 14:23
O que é a Quaresma e qual sua origem?
A Quaresma é o tempo do ano litúrgico que, segundo a Carta Apostólica do Papa Paulo VI, aprovando as normas universais para o ano litúrgico, intitulada “Mysterii Paschalis”, vai “desde a Quarta-Feira de Cinzas até a missa na Ceia do Senhor”.
A Quaresma já se encontra, ainda que de forma embrionária, no século II, na qual encontramos uma preparação para a grande celebração da Pascal Anual, marcada pela penitência e pelo jejum.
Todavia, somente no século IV é que encontramos já uma Quaresma mais organizada, muito semelhante na sua forma ao que temos hoje, e também marcada pelo jejum e pela penitência.
Qual foi, no início, a finalidade da Quaresma?
O Tríduo Pascal, na Igreja antiga, era marcado por duas grandes celebrações. Na Quinta-Feira Santa se fazia a “reconciliação dos penitentes”, para que estes pudessem celebrar a Páscoa do Senhor. Na Grande Vigília Pascal, por sua vez, se fazia a iniciação dos catecúmenos, ou seja, estes recebiam os três primeiros sacramentos, dados numa única celebração: o Batismo, a Confirmação (Crisma) e a Eucaristia.
Sendo assim, a Quaresma servia tanto de preparação imediata para os penitentes que haviam de ser absolvidos na Quinta-Feira Santa, quanto de preparação, também imediata, para os catecúmenos que, domingo a domingo, iam recebendo as unções e exorcismos, e assim, pouco a pouco, se preparando para a grande Noite Pascal na qual eles seriam iniciados nos sacramentos.
E hoje, qual o sentido da Quaresma para os fiéis?
A Quaresma é um tempo forte de conversão. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, no n. 1438, junto com todas as sextas-feiras do ano, nas quais fazemos memória da morte do Senhor, a Quaresma é um tempo forte de penitência e conversão.
É um tempo de renovação das próprias promessas batismais, o que será feito de modo solene na grande vigília pascal.
Com a reforma litúrgica e a recuperação do Ritual da Iniciação Cristã de Adultos, a Quaresma tornou-se, como na Igreja antiga, o tempo de preparação imediata dos catecúmenos para a iniciação nos sacramentos na grande Vigília Pascal.
Mas qual o sentido de fazermos penitência?
A palavra ‘penitência’ nem sempre ajuda muito. Ela traz em si o sentido de ‘pena, penalidade’. É claro que, dentro do Sacramento da Reconciliação, há uma “penitência” que deve ser cumprida. Ela tem valor medicinal. O objetivo dessa penitência é nos ajudar na purificação dos apegos que nos levaram ao ato de pecado.
A penitência na Quaresma deve ser um auxílio para o nosso caminho de “conversão”. A conversão consiste num “voltar-se para Deus”, atendendo ao convite que ressoou aos nossos ouvidos na Quarta-Feira de Cinzas, quando ouvimos na missa o texto de Jl 2,12: “voltai a mim de todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos...”. Esse “voltar-se” para Deus começa com um voltar-se para o próprio interior, a fim de poder enxergar, na luz do Espírito Santo, em que nos afastamos de Deus e quais os falsos caminhos que seguimos, a fim de reencontrarmos o verdadeiro caminho e nos reaproximarmos d’Ele.
A penitência não pode ser, então, apenas um conjunto de práticas vividas como uma espécie de “castigo”. A penitência precisa ser vivida como um “remédio” que vai nos ajudar no processo de restabelecimento de nossa saúde espiritual. Um exemplo prático seria o jejum. Não basta somente não comer. Devo fazer o jejum percebendo que tem em vista me ajudar a desenvolver a virtude do autodomínio, virtude essa que deve permanecer em mim mesmo depois de terminado o período quaresmal.
Quando e como é previsto fazer o jejum no tempo quaresmal?
A Igreja prevê um jejum obrigatório na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa. Nestes dias também é prevista a abstinência de carne, sendo os fiéis liberados para ingerir somente peixe. O jejum pode consistir na retirada de uma das refeições principais, almoço ou jantar.
Quem está obrigado ao jejum e a abstinência?
Segundo o Código de Direito Canônico, cânon 1252, “Estão obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem completado 14 anos de idade; estão obrigados à lei do jejum todos os maiores de idade até os 60 anos começados. Todavia, os pastores de almas e os pais cuidem que sejam formados para o genuíno sentido da penitência também os que não estão obrigados à lei do jejum e da abstinência, em razão da pouca idade.”
Qual o sentido das Cinzas no início da Quaresma?
As cinzas na Escritura lembram um gesto de penitência. Em Jn 3,8 se diz que o rei de Nínive sentou-se sobre a cinza, quando ouviu a pregação de Jonas exortando os ninivitas à conversão.
Na Quarta-Feira de Cinzas, as cinzas são impostas sobre a cabeça dos fiéis utilizando-se um dos dois seguintes versículos da Escritura: “Lembra-te que és pó, e ao pó hás de voltar” (cf. Gn 3,19) ou “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15b). Estes dois versículos lembram, de um lado, a caducidade e a fraqueza da vida humana. Por conta de sua fraqueza, o homem está sujeito ao pecado. Por isso, ele precisa continuamente de conversão, de voltar-se para Deus.
Seria o tempo de viver mais alguma prática além do jejum?
Sim. Na Quaresma somos exortamos a viver a oração, o jejum e a esmola. Além disso, em nossas comunidades, realizamos outras práticas como a oração da Via-Sacra e as celebrações penitenciais. É o tempo propício de nos aproximarmos, também, do Sacramento da Reconciliação. Além disso, podemos e devemos praticar as obras de misericórdia.
E quais são as obras de misericórdia?
As obras de misericórdia se dividem em: espirituais e corporais. As obras de misericórdia espirituais são:
Ensinar ao que não sabe;
Dar bons conselhos ao que necessita;
Corrigir ao que erra;
Perdoar as injúrias;
Consolar ao triste;
Sofrer com paciência as adversidades e fraquezas do próximo;
Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos
As obras de misericórdia corporais são:
Visitar ao enfermo;
Dar de comer ao faminto;
Dar de beber ao sedento;
Socorrer ao cativo;
Vestir ao desnudo;
Dar abrigo ao peregrino;
Enterrar a os mortos.
E a Palavra de Deus nesse tempo?
Os evangelhos dominicais são uma grande riqueza e fonte de inspiração para nossa leitura espiritual. Nesse ciclo A, que é o que estamos vivendo, têm um tom marcadamente batismal. No primeiro domingo ouvimos o relato da Tentação do Senhor no deserto, e neste segundo domingo ouviremos o relato da Transfiguração do Senhor. Estes dois evangelhos sempre nos acompanham no primeiro e no segundo da Quaresma, em cada ano segundo um dos três sinóticos.
A partir do terceiro domingo da Quaresma começamos a ouvir os evangelhos que possuem um tom marcadamente batismal, conforme dissemos acima. No terceiro domingo, o encontro de Jesus com a Samaritana – o tema da água viva, que é o Espírito Santo dado por Jesus aos fiéis. No quarto domingo, ouviremos a cura do cego de nascença – o tema da luz, que é o próprio Cristo, que ilumina, no Batismo, cada novo cristão com a luz da fé. Por fim, no quinto domingo, a ressurreição de Lázaro, o tema da vida nova que Cristo nos dá, já hoje, renovando-nos pelo Batismo e perdoando-nos no sacramento da Reconciliação. Vida nova esta que é sinal da vida futura e eterna que o Senhor já nos conquistou.
Fotos: Carlos Moioli
Deixe seu comentário
Resposta ao comentário de: