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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

“A Dulía: veneração dos santos”

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“A Dulía: veneração dos santos”

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20/09/2013 15:33 - Atualizado em 23/09/2013 15:55

“A Dulía: veneração dos santos” 0

20/09/2013 15:33 - Atualizado em 23/09/2013 15:55

Quando a Igreja professa a fé na comunhão dos santos, ela afirma o respeito, a veneração e o culto prestado aos fiéis que viveram a partir da força do Mistério Pascal de Cristo. Este ponto de nossa doutrina precisa ser aprofundado, visto que, ainda, existem muitos mal entendidos a este respeito. Vejamos as razões pelas quais a Igreja encoraja a celebração da memória dos santos.

 

A admiração como sentimento humano

A primeira coisa que devemos entender é que qualquer homem nutre um sentimento de admiração por aquela pessoa que representa algo para ele. Alguém que pratique um esporte tem sempre um atleta profissional que serve de estímulo e exemplo. Ora, para o homem religioso não é diferente. Em qualquer religião, se o praticante leva a sério sua busca de crescimento interior, vai encontrar alguém que o estimule e o incentive. Desta maneira, a admiração de uma pessoa é algo humanamente necessário para o nosso desenvolvimento pessoal.

 

A admiração religiosa no Antigo Testamento

Esta realidade da valorização daqueles que são exemplos para nós, encontra amplo espaço nos textos do Antigo Testamento. O livro do Eclesiástico, por exemplo, do capítulo 44 até o 50, passa a elogiar os homens importantes da História da Salvação. Aqui encontramos um critério essencial para admiração religiosa: o elogio está em função da fidelidade e da obediência a Deus. Assim, diz o texto de Eclo 44,1: “Elogiemos os homens ilustres, nossos antepassados, em sua ordem de sucessão”. O judeu piedoso do século II admirava Henoc, Noé, Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, Aarão, Finéias, Josué, Caleb, os Juízes, Samuel, Natã, Davi, Salomão, Elias, Eliseu, Ezequias, Isaías, Josias, Zorobabel e Neemias. Estes homens eram exemplos concretos daquilo que o Povo de Israel queria ser em seu relacionamento com Deus.

 

A admiração religiosa no Novo Testamento

O Novo Testamento apresenta, em continuidade com o Antigo, a mesma relação de admiração religiosa. A carta aos Hebreus, no capítulo 11, se coloca na mesma esteira de Eclo 44 – 50. O texto vai elogiando a fé de cada um dos personagens bíblicos citados. Eles se tornam exemplo de vida para cada um dos cristãos, pois o texto diz assim, em Hb 12,1: “Portanto, também, nós com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo o fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto”.

Ademais, a admiração religiosa vai se enriquecida com a percepção da santidade como participação na vida divina. Isto porque “o ser santo” está condicionado em receber e em viver a partir do Espírito do Senhor. O cristão, por este Espírito, está unido ao Corpo de Cristo e, assim, participa da santidade dEle. Alguns cristãos vão corresponder a esta graça da união de tal forma que vão se tornando exemplos para aqueles que ainda estão na busca. O termo “santo” começa a se deslocar para qualificar aquelas pessoas que deram um verdadeiro testemunho de união com Cristo.

 

A admiração religiosa na Igreja

Todos nós sabemos que o Novo Testamento é testemunha da fé do primeiro século. Já durante este período, a Igreja sofria grande perseguição do Império Romano. Tal perseguição só findará definitivamente no século IV. Neste contexto, surgirá a primeira forma de culto aos santos. Aos mártires cabia toda a admiração de um cristão da Igreja Antiga. Eles tinham, a exemplo do Senhor, dado sua vida pelo anuncio do Evangelho. Eusébio de Cesaréia nos relata que os mártires eram invocados em favor dos pecadores. Tertuliano nos diz que os penitentes se ajoelhavam ante os “amigos de Deus”. No século III, já temos uma prática corrente da oração aos mártires e aos santos em favor dos pecadores.

 

Qual o culto prestado aos santos?

A Igreja sabe que existe uma diferença qualitativa entre o culto aos santos e o culto divino. Em português, a palavra “culto” pode ser entendida de forma unívoca, gerando uma séria confusão. Em grego, as palavras usadas eram dulía e latría. A primeira é um culto de veneração e de admiração que é prestado aos membros santos da Igreja. A segunda é o culto de adoração que é prestado unicamente a Deus, o Santo. Estas duas formas distintas não são opostas, pois venerar um santo é, no fundo, adorar a Deus. Pois, como visto, ser santo é corresponder com aquilo que Ele espera de nós.

 

Como a Igreja venera os santos hoje?

Ao longo destes dois mil anos de história, a Igreja foi sendo agraciada por Deus com filhos santos. A memória destes é celebrada em ligação com o Mistério Pascal de Cristo na Liturgia. Assim, procura-se na vida de um santo a ação salvadora de Deus em seu favor e a correspondência daquele a esta. Na piedade popular, várias formas de oração estão ligadas a veneração dos santos. Estas devem ser orientadas a manifestar a riqueza da celebração da Igreja no Ano Litúrgico com seus respectivos dias celebrativos, “pois as festas dos santos proclamam as grandes obras de Cristo nos seus servos”.

 

Para aprofundar...

Indicamos a leitura do CIC, nos nos 971, 1172, 1674-1676; da Sacrosanctum Concilium, parágrafos 13 e 111; e, da Lumen Gentium, parágrafos 66 e 67.

 

Pe.Vitor Gino Finelon

Vice-Diretor das Escolas de Fé e Catequese

 Mater Ecclesiae e Luz e Vida

 

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“A Dulía: veneração dos santos”

20/09/2013 15:33 - Atualizado em 23/09/2013 15:55

Quando a Igreja professa a fé na comunhão dos santos, ela afirma o respeito, a veneração e o culto prestado aos fiéis que viveram a partir da força do Mistério Pascal de Cristo. Este ponto de nossa doutrina precisa ser aprofundado, visto que, ainda, existem muitos mal entendidos a este respeito. Vejamos as razões pelas quais a Igreja encoraja a celebração da memória dos santos.

 

A admiração como sentimento humano

A primeira coisa que devemos entender é que qualquer homem nutre um sentimento de admiração por aquela pessoa que representa algo para ele. Alguém que pratique um esporte tem sempre um atleta profissional que serve de estímulo e exemplo. Ora, para o homem religioso não é diferente. Em qualquer religião, se o praticante leva a sério sua busca de crescimento interior, vai encontrar alguém que o estimule e o incentive. Desta maneira, a admiração de uma pessoa é algo humanamente necessário para o nosso desenvolvimento pessoal.

 

A admiração religiosa no Antigo Testamento

Esta realidade da valorização daqueles que são exemplos para nós, encontra amplo espaço nos textos do Antigo Testamento. O livro do Eclesiástico, por exemplo, do capítulo 44 até o 50, passa a elogiar os homens importantes da História da Salvação. Aqui encontramos um critério essencial para admiração religiosa: o elogio está em função da fidelidade e da obediência a Deus. Assim, diz o texto de Eclo 44,1: “Elogiemos os homens ilustres, nossos antepassados, em sua ordem de sucessão”. O judeu piedoso do século II admirava Henoc, Noé, Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, Aarão, Finéias, Josué, Caleb, os Juízes, Samuel, Natã, Davi, Salomão, Elias, Eliseu, Ezequias, Isaías, Josias, Zorobabel e Neemias. Estes homens eram exemplos concretos daquilo que o Povo de Israel queria ser em seu relacionamento com Deus.

 

A admiração religiosa no Novo Testamento

O Novo Testamento apresenta, em continuidade com o Antigo, a mesma relação de admiração religiosa. A carta aos Hebreus, no capítulo 11, se coloca na mesma esteira de Eclo 44 – 50. O texto vai elogiando a fé de cada um dos personagens bíblicos citados. Eles se tornam exemplo de vida para cada um dos cristãos, pois o texto diz assim, em Hb 12,1: “Portanto, também, nós com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo o fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto”.

Ademais, a admiração religiosa vai se enriquecida com a percepção da santidade como participação na vida divina. Isto porque “o ser santo” está condicionado em receber e em viver a partir do Espírito do Senhor. O cristão, por este Espírito, está unido ao Corpo de Cristo e, assim, participa da santidade dEle. Alguns cristãos vão corresponder a esta graça da união de tal forma que vão se tornando exemplos para aqueles que ainda estão na busca. O termo “santo” começa a se deslocar para qualificar aquelas pessoas que deram um verdadeiro testemunho de união com Cristo.

 

A admiração religiosa na Igreja

Todos nós sabemos que o Novo Testamento é testemunha da fé do primeiro século. Já durante este período, a Igreja sofria grande perseguição do Império Romano. Tal perseguição só findará definitivamente no século IV. Neste contexto, surgirá a primeira forma de culto aos santos. Aos mártires cabia toda a admiração de um cristão da Igreja Antiga. Eles tinham, a exemplo do Senhor, dado sua vida pelo anuncio do Evangelho. Eusébio de Cesaréia nos relata que os mártires eram invocados em favor dos pecadores. Tertuliano nos diz que os penitentes se ajoelhavam ante os “amigos de Deus”. No século III, já temos uma prática corrente da oração aos mártires e aos santos em favor dos pecadores.

 

Qual o culto prestado aos santos?

A Igreja sabe que existe uma diferença qualitativa entre o culto aos santos e o culto divino. Em português, a palavra “culto” pode ser entendida de forma unívoca, gerando uma séria confusão. Em grego, as palavras usadas eram dulía e latría. A primeira é um culto de veneração e de admiração que é prestado aos membros santos da Igreja. A segunda é o culto de adoração que é prestado unicamente a Deus, o Santo. Estas duas formas distintas não são opostas, pois venerar um santo é, no fundo, adorar a Deus. Pois, como visto, ser santo é corresponder com aquilo que Ele espera de nós.

 

Como a Igreja venera os santos hoje?

Ao longo destes dois mil anos de história, a Igreja foi sendo agraciada por Deus com filhos santos. A memória destes é celebrada em ligação com o Mistério Pascal de Cristo na Liturgia. Assim, procura-se na vida de um santo a ação salvadora de Deus em seu favor e a correspondência daquele a esta. Na piedade popular, várias formas de oração estão ligadas a veneração dos santos. Estas devem ser orientadas a manifestar a riqueza da celebração da Igreja no Ano Litúrgico com seus respectivos dias celebrativos, “pois as festas dos santos proclamam as grandes obras de Cristo nos seus servos”.

 

Para aprofundar...

Indicamos a leitura do CIC, nos nos 971, 1172, 1674-1676; da Sacrosanctum Concilium, parágrafos 13 e 111; e, da Lumen Gentium, parágrafos 66 e 67.

 

Pe.Vitor Gino Finelon

Vice-Diretor das Escolas de Fé e Catequese

 Mater Ecclesiae e Luz e Vida

 

Padre Vitor Gino Finelon
Autor

Padre Vitor Gino Finelon

Professor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida