Arquidiocese do Rio de Janeiro

29º 22º

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Ordenação Episcopal Bispos Auxiliares para nossa Arquidiocese

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10 de Maio de 2024

Ordenação Episcopal Bispos Auxiliares para nossa Arquidiocese

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28/01/2017 00:00 - Atualizado em 30/01/2017 14:49

Ordenação Episcopal Bispos Auxiliares para nossa Arquidiocese 0

28/01/2017 00:00 - Atualizado em 30/01/2017 14:49

É um momento especial de nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, cujo amado padroeiro celebramos, com grande entusiasmo, há poucos dias, pois dois sacerdotes nossos, formados pelo nosso Seminário Arquidiocesano São José, ordenados pelo nosso amado predecessor, o sempre querido Cardeal Eugênio de Araújo Sales, são sagrados Bispos. É o terceiro grau do Sacramento da Ordem no serviço à Igreja. Hoje celebramos a memória de S. Tomás de Aquino, Presbítero e Doutor da Igreja.

Gostaria, portanto, de relembrar um pouco da vida de cada um, já – creio eu – bem conhecida de todos ou ao menos de grande parte do nosso povo, para depois apontar algumas linhas do Episcopado enquanto serviço ao Povo de Deus, conforme já nos indica o Evangelho (o maior é aquele que serve), como tem relembrado com certa frequência o Papa Francisco.

Monsenhor Joel Portella Amado

Monsenhor Joel Portella Amado pertence ao clero diocesano do Rio de Janeiro. Nascido em 2 de outubro de 1954, na cidade do Rio de Janeiro, teve a formação para o sacerdócio no Seminário Arquidiocesano São José. Foi ordenado presbítero em 12 de outubro de 1982 pela imposição das mãos de meu amado predecessor, Cardeal Eugênio de Araújo Sales. Desde a sua ordenação, foi pároco nas Paróquias Jesus Ressuscitado (1982-1991) e Nossa Senhora da Vitória (1991-2014). Até o dia de hoje é o pároco da Paróquia São Sebastião, Catedral Metropolitana. Tem exercido, ainda, outras funções em nível arquidiocesano, tais como: Vigário Forâneo, Membro do Conselho Presbiteral e do Colégio de Consultores, Coordenador de Pastoral e Vigário Geral. Foi membro do INP – Instituto Nacional de Pastoral (2008-2012) e membro de reflexão teológico-pastoral do CELAM (2014-2016). Membro do colendo Cabido Metropolitano e nomeado Capelão de Sua Santidade pelo Papa Bento XVI. É, ainda, membro da Academia Luso-Brasileira de Letras. Possui graduação em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1977); graduação em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1982); mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1987), e doutorado em Teologia pela mesma Universidade (1999). Tem larga e festejada experiência na área de Teologia, com ênfase em Antropologia Teológica e Teologia Pastoral, atuando principalmente nos seguintes temas: evangelização, inculturação, pastoral urbana, teologia e urbanização. Atualmente é professor no Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Foi nomeado Bispo Titular de “Carmeiano” e Auxiliar de nossa Arquidiocese.

Padre Paulo Alves Romão

O Padre Paulo Alves Romão, nascido a 6 de abril de 1964, em Barra do Jacaré, Diocese de Jacarezinho, Estado do Paraná, é também do clero arquidiocesano. Obteve o grau de bacharel em Filosofia na Faculdade Eclesiástica João Paulo II (1991-1992) e de bacharel em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro (1993-1997). Alcançou o grau de mestre (1997-1998) e de doutor em Teologia Sistemática Pastoral (2007-2012) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com a tese A estrutura sacramental na história salvífica: estudo comparado Edward Schillebeekx e Luigi Giussani. Foi ordenado sacerdote em 28 de junho de 1997 pela Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, na qual exerceu as seguintes funções: Diretor espiritual do Seminário Arquidiocesano São José (1997-1999); Professor do Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro; Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1998-2016); Responsável diocesano do Movimento Comunhão e Libertação (2001-2016); Diretor do Departamento de Ensino Religioso da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (2002-2016); Professor do Instituto Superior de Ciências Religiosas (2004-2005); Responsável pela Pastoral da Educação desta Arquidiocese (2009-2016); Pároco da Paróquia Bom Pastor (2011-2016) e Diretor espiritual do Seminário Propedêutico Rainha dos Apóstolos (2016). Foi nomeado Bispo Titular de “Calama” e Auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

A missão do Bispo

Lembramo-nos de uma antiquíssima tradição da Igreja, que diz estar ela congregada ou reunida em torno de seu Pastor, segundo Santo Inácio de Antioquia, no início do século II, ao escrever: “Sem o Bispo não é permitido nem batizar nem celebrar o ágape (Eucaristia). Tudo, porém, que ele aprovar seja agradável a Deus, para que tudo quanto se fizer, seja seguro e legítimo”. (Carta aos Esmirnenses, 8)

Cada um se torna Bispo em uma celebração onde devem estar presentes um Bispo como sagrante principal e outros co-sagrantes, demonstrando, assim, apoio e fraternidade colegial com o recém-sagrado (cf. cânon 1014).

A função do Bispo é ser, antes e acima de tudo, Pastor, aquele que cuida de suas ovelhas, especialmente as mais feridas e necessitadas em suas periferias existenciais. Ele não é o “homem de gabinete”, mas, sim, aquele que está no meio do seu povo dando exemplo do serviço, pois se é tido como o primeiro ou o maior, então deverá ser aquele que a todos serve (cf. Lc 22,27).

Aliás, o Papa Francisco voltou a lembrar, recentemente, no Jubileu dos Núncios Apostólicos, que eles (os Núncios) devem indicar Bispos com o seguinte perfil para os dias de hoje: “testemunhas do Ressuscitado e não portadores de currículos; Bispos orantes, familiarizados com as coisas do ‘alto’ e não esmagados pelo peso do ‘baixo’; Bispos capazes de entrar ‘com paciência’ na presença de Deus, de modo a possuir a liberdade de não atraiçoar o Querigma que lhes foi confiado; Bispos pastores e não príncipes e funcionários. Por favor”! (Discurso do Papa Francisco aos participantes do Encontro dos Núncios Apostólicos, de 17/09/16, www.vatican.va).

Ao Bispo não cabe apenas a preocupação “com os de dentro”, mas também com as ovelhas feridas e dispersas, especialmente para com aqueles que abandonaram os sacramentos, a participação na comunidade, a oração, a fé... Os fiéis de outros ritos ou os irmãos de outras confissões religiosas, promovendo o sadio ecumenismo, o interesse por buscar os não batizados, bem como ser um verdadeiro pai ao seu presbitério: é preciso ouvi-los e ampará-los, especialmente nos momentos mais difíceis de suas vidas (dificuldades pessoais, pastorais, crises diversas etc.), além de trabalhar na pesca das vocações sacerdotais, consagradas e leigas de que a Igreja tanto necessita.

Tem o Bispo diocesano e os auxiliares com ele – em profunda sintonia – a missão tríplice de: 1) evangelizar e defender a ortodoxia da fé; 2) santificar, trabalhando com redobrado ardor a fim de que os fiéis cresçam na graça divina, além do mais, de dar exemplo de uma vida santa, caridosa, humilde, simples, rezando pelo seu povo, e 3) como governante da Diocese cabe-lhe o poder executivo, legislativo e judiciário, a fim de que seja promovido o bem comum e os trabalhos pastorais necessários entre os seus, de acordo com a realidade na qual ele está inserido.

Recordo as palavras do Papa Francisco: “O povo percorre com dificuldade a planície do dia-a-dia, e precisa ser guiado por quem é capaz de ver as coisas do alto. Por isso, nunca devemos perder de vista as necessidades das Igrejas particulares às quais devemos providenciar. Não existe um Pastor standard para todas as Igrejas. Cristo conhece a singularidade do Pastor de que cada Igreja necessita para que responda às suas necessidades e a ajude a realizar as suas potencialidades. O nosso desafio é entrar na perspectiva de Cristo, tendo em consideração esta singularidade das Igrejas particulares”. (Discurso do Papa Francisco na Reunião da Congregação para os Bispos, 27/02/14, www.vatican.va).

Nós, Bispos, devemos ser testemunhas do Ressuscitado. “Quem é uma testemunha do Ressuscitado? É quem seguiu Jesus desde o início e é constituído com os Apóstolos testemunha da sua Ressurreição. Também para nós é este o critério unificador: o Bispo é aquele que sabe tornar atual tudo o que aconteceu a Jesus e, sobretudo, sabe, juntamente com a Igreja, fazer-se testemunha da sua Ressurreição. O Bispo é, antes de tudo, um mártir do Ressuscitado. Não uma testemunha isolada, mas juntamente com a Igreja. A sua vida e o seu ministério devem tornar credível a Ressurreição. Unindo-se a Cristo na cruz da verdadeira entrega de si, faz jorrar para a própria Igreja a vida que não morre. A coragem de morrer, a generosidade de oferecer a própria vida e de se consumir pelo rebanho estão inscritos no ‘DNA’ do episcopado. A renúncia e o sacrifício são conaturais com a missão episcopal. A renúncia e o sacrifício são congênitos à missão episcopal. O episcopado não é para si, mas para a Igreja, para a grei, sobretudo para aqueles que segundo o mundo são descartáveis” (idem).

Deve o Bispo ser o homem do anúncio, da oração e, o Pastor, aquele que não teme se sujar pelas ovelhas próximas ou perdidas. Aquele desejoso de gastar-se pelo Reino de Deus, que é a Igreja no meio do seu Povo, cheio de tantos desafios e dificuldades. Estamos, hoje, às voltas com a corrupção, desempregos, salários atrasados por conta de vários fatores a não poucas pessoas e, com isso, gente passando necessidades, caos na saúde, na educação, na falta de moradia, na segurança, enfim, são as periferias sociais e as existenciais (angústias, depressão, falta de fé etc.) que se encontram diante do Bispo e pedem dele uma palavra e uma ação.

Reina ainda a banalização da vida, nos contextos que o Papa João Paulo II chamou de “cultura da morte” e Francisco tem alcunhado de “cultura do descartável”. E aqui pensamos em todos os excluídos da vida sem culpa própria, como aqueles que no ventre materno se acham ameaçados de morte, com o aval do Estado, ou os doentes em fase terminal abandonados por falta de cuidados, às vezes em situações piores do que a de países em guerra declarada. Esta é um pouco da realidade que espera nossos novos auxiliares, mas, certamente, a graça de Deus nunca lhes faltará.

Não poderia deixar de lembrar que na Festa de São Paulo Apóstolo, há três dias celebrado, em que Ananias, homem piedoso e fiel à Lei, com boa reputação junto de todos os judeus que moravam em Damasco, disse a Paulo: “O Deus de nossos antepassados escolheu-te para conheceres a sua vontade, veres o Justo e ouvires a sua própria voz” (cf. At 22, 14).

Caros D. Joel e D. Paulo, escolhidos para, como bispos, fazerem a vontade de Deus: os senhores “serão a sua testemunha diante de todos os homens, daquilo que viste e ouvistes”! (cf. At 22,15).

Por fim, gostaria de pedir ao nosso querido Povo de Deus que acolha com alegria, entusiasmo e gratidão ao Senhor os nossos novos Bispos Auxiliares. Eles vêm nos ajudar a caminhar melhor.

Sejam bem-vindos! Nós os acolhemos como bons operários da vinha do Senhor nesta Igreja Particular do Rio de Janeiro!

 

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Ordenação Episcopal Bispos Auxiliares para nossa Arquidiocese

28/01/2017 00:00 - Atualizado em 30/01/2017 14:49

É um momento especial de nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, cujo amado padroeiro celebramos, com grande entusiasmo, há poucos dias, pois dois sacerdotes nossos, formados pelo nosso Seminário Arquidiocesano São José, ordenados pelo nosso amado predecessor, o sempre querido Cardeal Eugênio de Araújo Sales, são sagrados Bispos. É o terceiro grau do Sacramento da Ordem no serviço à Igreja. Hoje celebramos a memória de S. Tomás de Aquino, Presbítero e Doutor da Igreja.

Gostaria, portanto, de relembrar um pouco da vida de cada um, já – creio eu – bem conhecida de todos ou ao menos de grande parte do nosso povo, para depois apontar algumas linhas do Episcopado enquanto serviço ao Povo de Deus, conforme já nos indica o Evangelho (o maior é aquele que serve), como tem relembrado com certa frequência o Papa Francisco.

Monsenhor Joel Portella Amado

Monsenhor Joel Portella Amado pertence ao clero diocesano do Rio de Janeiro. Nascido em 2 de outubro de 1954, na cidade do Rio de Janeiro, teve a formação para o sacerdócio no Seminário Arquidiocesano São José. Foi ordenado presbítero em 12 de outubro de 1982 pela imposição das mãos de meu amado predecessor, Cardeal Eugênio de Araújo Sales. Desde a sua ordenação, foi pároco nas Paróquias Jesus Ressuscitado (1982-1991) e Nossa Senhora da Vitória (1991-2014). Até o dia de hoje é o pároco da Paróquia São Sebastião, Catedral Metropolitana. Tem exercido, ainda, outras funções em nível arquidiocesano, tais como: Vigário Forâneo, Membro do Conselho Presbiteral e do Colégio de Consultores, Coordenador de Pastoral e Vigário Geral. Foi membro do INP – Instituto Nacional de Pastoral (2008-2012) e membro de reflexão teológico-pastoral do CELAM (2014-2016). Membro do colendo Cabido Metropolitano e nomeado Capelão de Sua Santidade pelo Papa Bento XVI. É, ainda, membro da Academia Luso-Brasileira de Letras. Possui graduação em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1977); graduação em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1982); mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1987), e doutorado em Teologia pela mesma Universidade (1999). Tem larga e festejada experiência na área de Teologia, com ênfase em Antropologia Teológica e Teologia Pastoral, atuando principalmente nos seguintes temas: evangelização, inculturação, pastoral urbana, teologia e urbanização. Atualmente é professor no Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Foi nomeado Bispo Titular de “Carmeiano” e Auxiliar de nossa Arquidiocese.

Padre Paulo Alves Romão

O Padre Paulo Alves Romão, nascido a 6 de abril de 1964, em Barra do Jacaré, Diocese de Jacarezinho, Estado do Paraná, é também do clero arquidiocesano. Obteve o grau de bacharel em Filosofia na Faculdade Eclesiástica João Paulo II (1991-1992) e de bacharel em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro (1993-1997). Alcançou o grau de mestre (1997-1998) e de doutor em Teologia Sistemática Pastoral (2007-2012) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com a tese A estrutura sacramental na história salvífica: estudo comparado Edward Schillebeekx e Luigi Giussani. Foi ordenado sacerdote em 28 de junho de 1997 pela Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, na qual exerceu as seguintes funções: Diretor espiritual do Seminário Arquidiocesano São José (1997-1999); Professor do Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro; Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1998-2016); Responsável diocesano do Movimento Comunhão e Libertação (2001-2016); Diretor do Departamento de Ensino Religioso da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (2002-2016); Professor do Instituto Superior de Ciências Religiosas (2004-2005); Responsável pela Pastoral da Educação desta Arquidiocese (2009-2016); Pároco da Paróquia Bom Pastor (2011-2016) e Diretor espiritual do Seminário Propedêutico Rainha dos Apóstolos (2016). Foi nomeado Bispo Titular de “Calama” e Auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

A missão do Bispo

Lembramo-nos de uma antiquíssima tradição da Igreja, que diz estar ela congregada ou reunida em torno de seu Pastor, segundo Santo Inácio de Antioquia, no início do século II, ao escrever: “Sem o Bispo não é permitido nem batizar nem celebrar o ágape (Eucaristia). Tudo, porém, que ele aprovar seja agradável a Deus, para que tudo quanto se fizer, seja seguro e legítimo”. (Carta aos Esmirnenses, 8)

Cada um se torna Bispo em uma celebração onde devem estar presentes um Bispo como sagrante principal e outros co-sagrantes, demonstrando, assim, apoio e fraternidade colegial com o recém-sagrado (cf. cânon 1014).

A função do Bispo é ser, antes e acima de tudo, Pastor, aquele que cuida de suas ovelhas, especialmente as mais feridas e necessitadas em suas periferias existenciais. Ele não é o “homem de gabinete”, mas, sim, aquele que está no meio do seu povo dando exemplo do serviço, pois se é tido como o primeiro ou o maior, então deverá ser aquele que a todos serve (cf. Lc 22,27).

Aliás, o Papa Francisco voltou a lembrar, recentemente, no Jubileu dos Núncios Apostólicos, que eles (os Núncios) devem indicar Bispos com o seguinte perfil para os dias de hoje: “testemunhas do Ressuscitado e não portadores de currículos; Bispos orantes, familiarizados com as coisas do ‘alto’ e não esmagados pelo peso do ‘baixo’; Bispos capazes de entrar ‘com paciência’ na presença de Deus, de modo a possuir a liberdade de não atraiçoar o Querigma que lhes foi confiado; Bispos pastores e não príncipes e funcionários. Por favor”! (Discurso do Papa Francisco aos participantes do Encontro dos Núncios Apostólicos, de 17/09/16, www.vatican.va).

Ao Bispo não cabe apenas a preocupação “com os de dentro”, mas também com as ovelhas feridas e dispersas, especialmente para com aqueles que abandonaram os sacramentos, a participação na comunidade, a oração, a fé... Os fiéis de outros ritos ou os irmãos de outras confissões religiosas, promovendo o sadio ecumenismo, o interesse por buscar os não batizados, bem como ser um verdadeiro pai ao seu presbitério: é preciso ouvi-los e ampará-los, especialmente nos momentos mais difíceis de suas vidas (dificuldades pessoais, pastorais, crises diversas etc.), além de trabalhar na pesca das vocações sacerdotais, consagradas e leigas de que a Igreja tanto necessita.

Tem o Bispo diocesano e os auxiliares com ele – em profunda sintonia – a missão tríplice de: 1) evangelizar e defender a ortodoxia da fé; 2) santificar, trabalhando com redobrado ardor a fim de que os fiéis cresçam na graça divina, além do mais, de dar exemplo de uma vida santa, caridosa, humilde, simples, rezando pelo seu povo, e 3) como governante da Diocese cabe-lhe o poder executivo, legislativo e judiciário, a fim de que seja promovido o bem comum e os trabalhos pastorais necessários entre os seus, de acordo com a realidade na qual ele está inserido.

Recordo as palavras do Papa Francisco: “O povo percorre com dificuldade a planície do dia-a-dia, e precisa ser guiado por quem é capaz de ver as coisas do alto. Por isso, nunca devemos perder de vista as necessidades das Igrejas particulares às quais devemos providenciar. Não existe um Pastor standard para todas as Igrejas. Cristo conhece a singularidade do Pastor de que cada Igreja necessita para que responda às suas necessidades e a ajude a realizar as suas potencialidades. O nosso desafio é entrar na perspectiva de Cristo, tendo em consideração esta singularidade das Igrejas particulares”. (Discurso do Papa Francisco na Reunião da Congregação para os Bispos, 27/02/14, www.vatican.va).

Nós, Bispos, devemos ser testemunhas do Ressuscitado. “Quem é uma testemunha do Ressuscitado? É quem seguiu Jesus desde o início e é constituído com os Apóstolos testemunha da sua Ressurreição. Também para nós é este o critério unificador: o Bispo é aquele que sabe tornar atual tudo o que aconteceu a Jesus e, sobretudo, sabe, juntamente com a Igreja, fazer-se testemunha da sua Ressurreição. O Bispo é, antes de tudo, um mártir do Ressuscitado. Não uma testemunha isolada, mas juntamente com a Igreja. A sua vida e o seu ministério devem tornar credível a Ressurreição. Unindo-se a Cristo na cruz da verdadeira entrega de si, faz jorrar para a própria Igreja a vida que não morre. A coragem de morrer, a generosidade de oferecer a própria vida e de se consumir pelo rebanho estão inscritos no ‘DNA’ do episcopado. A renúncia e o sacrifício são conaturais com a missão episcopal. A renúncia e o sacrifício são congênitos à missão episcopal. O episcopado não é para si, mas para a Igreja, para a grei, sobretudo para aqueles que segundo o mundo são descartáveis” (idem).

Deve o Bispo ser o homem do anúncio, da oração e, o Pastor, aquele que não teme se sujar pelas ovelhas próximas ou perdidas. Aquele desejoso de gastar-se pelo Reino de Deus, que é a Igreja no meio do seu Povo, cheio de tantos desafios e dificuldades. Estamos, hoje, às voltas com a corrupção, desempregos, salários atrasados por conta de vários fatores a não poucas pessoas e, com isso, gente passando necessidades, caos na saúde, na educação, na falta de moradia, na segurança, enfim, são as periferias sociais e as existenciais (angústias, depressão, falta de fé etc.) que se encontram diante do Bispo e pedem dele uma palavra e uma ação.

Reina ainda a banalização da vida, nos contextos que o Papa João Paulo II chamou de “cultura da morte” e Francisco tem alcunhado de “cultura do descartável”. E aqui pensamos em todos os excluídos da vida sem culpa própria, como aqueles que no ventre materno se acham ameaçados de morte, com o aval do Estado, ou os doentes em fase terminal abandonados por falta de cuidados, às vezes em situações piores do que a de países em guerra declarada. Esta é um pouco da realidade que espera nossos novos auxiliares, mas, certamente, a graça de Deus nunca lhes faltará.

Não poderia deixar de lembrar que na Festa de São Paulo Apóstolo, há três dias celebrado, em que Ananias, homem piedoso e fiel à Lei, com boa reputação junto de todos os judeus que moravam em Damasco, disse a Paulo: “O Deus de nossos antepassados escolheu-te para conheceres a sua vontade, veres o Justo e ouvires a sua própria voz” (cf. At 22, 14).

Caros D. Joel e D. Paulo, escolhidos para, como bispos, fazerem a vontade de Deus: os senhores “serão a sua testemunha diante de todos os homens, daquilo que viste e ouvistes”! (cf. At 22,15).

Por fim, gostaria de pedir ao nosso querido Povo de Deus que acolha com alegria, entusiasmo e gratidão ao Senhor os nossos novos Bispos Auxiliares. Eles vêm nos ajudar a caminhar melhor.

Sejam bem-vindos! Nós os acolhemos como bons operários da vinha do Senhor nesta Igreja Particular do Rio de Janeiro!

 

Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro