02 de Fevereiro de 2025
Epifania
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06/01/2017 14:17 - Atualizado em 06/01/2017 14:17
Epifania 0
06/01/2017 14:17 - Atualizado em 06/01/2017 14:17
Neste domingo, a Igreja celebra a Solenidade da Epifania do Senhor. De origem grega, a palavra epifania carrega o sentido de ‘manifestação’. De fato, durante o tempo do Natal, os fiéis fazem memória da manifestação do Filho de Deus, na carne (seu nascimento), ao Povo de Israel (simbolizado pelos pastores) e aos demais povos (representados pelos reis magos). Desta forma, com a liturgia da epifania, se revela o cunho universal da ação salvadora de Deus Pai, através de Jesus Cristo, impulsionando, na força do Espírito Santo, o acolhimento das pessoas de diferentes povos, nações e culturas.
Para isto, a liturgia da palavra está composta das seguintes leituras da Escritura Sagrada: Is 60, 1-6 (a exaltação universal da glória do Senhor), Sl 71 (louvor ao reinado messiânico), Ef 3,2-6 (a revelação do mistério da admissão dos pagãos nas promessas do Povo de Israel formando assim a Igreja) e Mt 2,1-12 (a visita e a adoração dos reis magos estrangeiros ao menino Jesus). A ideia do reino universal de Deus, inaugurado na figura do Cristo-Rei, perpassa todo o conjunto dos textos de tal forma que a profecia de Isaías aparece cumprida na página evangélica e a sua consequência direta – a igreja – é aprofundada no texto paulino.
O evangelho da Solenidade da Epifania narra, em primeiro plano, a realidade da oposição ao plano salvífico de Deus. Assim como Moises recém-nascido sofreu o perigo de morte durante o período de escravidão no Egito, Jesus, também, é ameaçado, ainda bebê, pelo rei Herodes. O menino nascido em Belém terá uma missão maior do que aquele deixado nas margens do Nilo: seu alcance é universal e atingirá todos os povos da Terra. Fica patente a relação de oposição entre o escolhido de Deus para guiar o seu povo e os poderes sociais despóticos: “porque de ti sairá um chefe que vai ser o pastor de Israel, o meu povo” (Mt 2,6). Provavelmente, por detrás deste relato, está a comunidade de Mateus sofrendo perseguição por parte das autoridades civis de seu tempo. Ainda hoje tal perseguição religiosa existe e atua com força pungente, a fim de impedir o desenvolvimento do projeto de salvação de Deus.
Em segundo plano, a narrativa mateana introduz a figura dos magos vindos do Oriente para adorar e presentear o Rei recém-nascido. O oráculo de Isaías dizia que “levanta os olhos ao redor e vê todos que se reuniram e vieram a ti; teus filhos vêm chegando de longe com tuas filhas, carregadas nos braços. Ao vê-los, ficarás radiante, com o coração vibrando e batendo forte, pois com eles virão as riquezas de além-mar e mostrarão o poderio de suas nações” (Is 60,4-5). Na figura daqueles magos é possível ver as nações pagãs se aproximando do messias para reverenciá-lo e para oferta-lhe seus dons. É o início da abertura salvífica aos pagãos: tema que vai ganhando força na vida e no ministério de Jesus e, por conseguinte, vai plasmando a compreensão da Igreja sobre sua constituição e missão: “os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho” (Ef 3,6).
Estas duas perspectivas – a presença da perseguição religiosa e a abertura aos pagãos – são situações vivenciadas pelo Senhor, pela igreja nascente e por nós na sequela Christi. Jesus anunciou e efetivou a salvação a todos os homens e foi julgado e crucificado injustamente acusado de pretensões político-sociais. A igreja da primeira hora, por sua vez, foi compreendendo o nível de acolhimento ao qual ela era chamada a exercer diante dos novos fiéis advindos de culturas e religiões diferentes da sua matriz judaica, e sofreu perseguições das autoridades civis por anunciar o Evangelho. Atualmente, os discípulos continuam com a obra sempre nova de acolher as pessoas das mais diversas situações existenciais e conduzi-las ao Deus de amor e de misericórdia mesmo que, em numerosos casos, estejam em ambientes hostis e perigosos. Possa a celebração da Epifania fortalecer a comunidade eclesial no embate contra os interesses dissonantes ao mandamento do amor.
Epifania
06/01/2017 14:17 - Atualizado em 06/01/2017 14:17
Neste domingo, a Igreja celebra a Solenidade da Epifania do Senhor. De origem grega, a palavra epifania carrega o sentido de ‘manifestação’. De fato, durante o tempo do Natal, os fiéis fazem memória da manifestação do Filho de Deus, na carne (seu nascimento), ao Povo de Israel (simbolizado pelos pastores) e aos demais povos (representados pelos reis magos). Desta forma, com a liturgia da epifania, se revela o cunho universal da ação salvadora de Deus Pai, através de Jesus Cristo, impulsionando, na força do Espírito Santo, o acolhimento das pessoas de diferentes povos, nações e culturas.
Para isto, a liturgia da palavra está composta das seguintes leituras da Escritura Sagrada: Is 60, 1-6 (a exaltação universal da glória do Senhor), Sl 71 (louvor ao reinado messiânico), Ef 3,2-6 (a revelação do mistério da admissão dos pagãos nas promessas do Povo de Israel formando assim a Igreja) e Mt 2,1-12 (a visita e a adoração dos reis magos estrangeiros ao menino Jesus). A ideia do reino universal de Deus, inaugurado na figura do Cristo-Rei, perpassa todo o conjunto dos textos de tal forma que a profecia de Isaías aparece cumprida na página evangélica e a sua consequência direta – a igreja – é aprofundada no texto paulino.
O evangelho da Solenidade da Epifania narra, em primeiro plano, a realidade da oposição ao plano salvífico de Deus. Assim como Moises recém-nascido sofreu o perigo de morte durante o período de escravidão no Egito, Jesus, também, é ameaçado, ainda bebê, pelo rei Herodes. O menino nascido em Belém terá uma missão maior do que aquele deixado nas margens do Nilo: seu alcance é universal e atingirá todos os povos da Terra. Fica patente a relação de oposição entre o escolhido de Deus para guiar o seu povo e os poderes sociais despóticos: “porque de ti sairá um chefe que vai ser o pastor de Israel, o meu povo” (Mt 2,6). Provavelmente, por detrás deste relato, está a comunidade de Mateus sofrendo perseguição por parte das autoridades civis de seu tempo. Ainda hoje tal perseguição religiosa existe e atua com força pungente, a fim de impedir o desenvolvimento do projeto de salvação de Deus.
Em segundo plano, a narrativa mateana introduz a figura dos magos vindos do Oriente para adorar e presentear o Rei recém-nascido. O oráculo de Isaías dizia que “levanta os olhos ao redor e vê todos que se reuniram e vieram a ti; teus filhos vêm chegando de longe com tuas filhas, carregadas nos braços. Ao vê-los, ficarás radiante, com o coração vibrando e batendo forte, pois com eles virão as riquezas de além-mar e mostrarão o poderio de suas nações” (Is 60,4-5). Na figura daqueles magos é possível ver as nações pagãs se aproximando do messias para reverenciá-lo e para oferta-lhe seus dons. É o início da abertura salvífica aos pagãos: tema que vai ganhando força na vida e no ministério de Jesus e, por conseguinte, vai plasmando a compreensão da Igreja sobre sua constituição e missão: “os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho” (Ef 3,6).
Estas duas perspectivas – a presença da perseguição religiosa e a abertura aos pagãos – são situações vivenciadas pelo Senhor, pela igreja nascente e por nós na sequela Christi. Jesus anunciou e efetivou a salvação a todos os homens e foi julgado e crucificado injustamente acusado de pretensões político-sociais. A igreja da primeira hora, por sua vez, foi compreendendo o nível de acolhimento ao qual ela era chamada a exercer diante dos novos fiéis advindos de culturas e religiões diferentes da sua matriz judaica, e sofreu perseguições das autoridades civis por anunciar o Evangelho. Atualmente, os discípulos continuam com a obra sempre nova de acolher as pessoas das mais diversas situações existenciais e conduzi-las ao Deus de amor e de misericórdia mesmo que, em numerosos casos, estejam em ambientes hostis e perigosos. Possa a celebração da Epifania fortalecer a comunidade eclesial no embate contra os interesses dissonantes ao mandamento do amor.
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