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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 09/05/2024

09 de Maio de 2024

Papa Francisco na Festa dos Santos Inocentes

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Papa Francisco na Festa dos Santos Inocentes

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30/12/2016 00:00 - Atualizado em 06/01/2017 13:38

Papa Francisco na Festa dos Santos Inocentes 0

30/12/2016 00:00 - Atualizado em 06/01/2017 13:38

A Igreja recordou, no último dia 28 de dezembro, os Santos Inocentes Mártires, as crianças mortas pelo rei Herodes quando, após ouvir dos reis Magos que procuravam pelo “Rei dos Judeus”, buscou eliminar Jesus. Atualmente, inúmeras são as violências contra os menores em todo o mundo: abusos sexuais, exploração nas guerras, no trabalho, mortes por causa de transplantes de órgãos.

A violência bárbara de Herodes não consistiu somente na matança de inocentes inermes, mas também na execração de arrancá-los, ainda infantes, aos peitos amorosos de suas mães que, apavoradas, seguramente se esforçaram com a intrepidez própria dos desesperados por defendê-los e salvar. Os melhores artistas, ao longo dos séculos, pintaram em telas eloquentíssimas este terror. O Evangelista São Mateus conclui concisamente: “Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Em Ramá ouviu-se uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar os seus filhos; não quer consolação, porque já não existem”! (Mt 2, 17-18)

Muitos parecem pensar que nos dias de hoje não é possível que existam personagens sinistras como a de Herodes ou a de Hitler, pelo menos no que diz respeito a alguns âmbitos da realidade. Por outro lado, embora aceitem como uma evidência todo o progresso cultural, científico e tecnológico, não admitem como possível uma intensificação ou um aprofundamento do maquiavelismo, nem que este se possa refinar nos seus métodos.

Qualquer mulher que sabe que está grávida não pode deixar de conhecer que traz um filho no seu seioPara abortá-lo, normalmente inicia um processo mental de desumanização do filho, de modo a poder dar o passo. Por isso aconselham-se com os “trabalhadores dos abatedouros”, esperando a resposta que querem ouvir: isso não é bebê nenhum, não passa de um amontoado de células. Mas a verdade é que, segundo o testemunho de gente agora convertida, que antes trabalhou durante anos nesses centros de morte, quase sempre as primeiras palavras que a mãe que abortou diz, quando na sala de recobro, são: “Ah, meu Deus, acabei de matar o meu filho”! E apressa-se em arranjar uma desculpa para desaparecer dali o mais depressa possível.

A Festa dos Santos Inocentes é um convite a refletirmos sobre a situação atual desses milhões de “pequenos inocentes”: crianças vítimas do descaso, do aborto, da fome e da violência. Rezemos neste dia por elas e pelas nossas autoridades, para que se empenhem cada vez mais no cuidado e no amor às nossas crianças, pois delas é o Reino dos Céus! Por estes pequeninos, sobretudo, é que nós, cristãos, aspiramos a um mundo mais justo e solidário.

Por ocasião desta Festa, o Papa Francisco escreveu uma carta a todos nós Bispos do mundo inteiro. Eis alguns pontos refletidos pelo Papa Francisco: “Como pastores, fomos chamados para ajudar a fazer crescer esta alegria no meio do nosso povo. É-nos pedido que cuidemos desta alegria. Desejo, contigo, renovar o convite a que não nos deixemos roubar esta alegria, pois muitas vezes desiludidos – não sem razão – com a realidade, com a Igreja, ou mesmo desiludidos com nós próprios, sentimos a tentação de nos apegar a uma tristeza melosa, sem esperança, que se apodera dos corações”. (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 83). (Retirado do site: http://noticias.cancaonova.com/especiais/pontificado/francisco/carta-do-papa-bispos-na-festa-dos-santos-inocentes/ Último acesso em: 02/12/2017).

“A nosso malgrado, o Natal é acompanhado também pelo pranto. Os evangelistas não se permitiram mascarar a realidade para torná-la mais credível ou atraente; não se permitiram criar um fraseado «bonito», mas irreal; para eles, o Natal não era um refúgio imaginário onde esconder-se perante os desafios e injustiças do seu tempo. Ao contrário, anunciam-nos o nascimento do Filho de Deus envolvido também numa tragédia de dor. No-lo apresenta com grande crueza o evangelista Mateus, citando o profeta Jeremias: «Ouviu-se uma voz em Ramá, uma lamentação e um grande pranto; é Raquel que chora os seus filhos» (2, 18). É o gemido de dor das mães que choram a morte de seus filhos inocentes, causada pela tirania e desenfreada sede de poder de Herodes”. (Retirado do site: http://noticias.cancaonova.com/especiais/pontificado/francisco/carta-do-papa-bispos-na-festa-dos-santos-inocentes/ Último acesso em: 02/12/2017).

O Papa cita alguns pontos de “crianças que vivem em situações completamente deploráveis, quer seja pela fome, doença, pelo trabalho escravo e a prostituição”. No caso da Igreja, frisou Francisco: “Ouçamos o pranto e a lamentação destas crianças; ouçamos também o pranto e a lamentação da nossa Mãe Igreja, que chora não apenas pela dor provocada aos seus filhos mais pequeninos, mas também porque conhece o pecado de alguns dos seus membros: o sofrimento, a história e a dor dos menores que foram abusados sexualmente por sacerdotes. Pecado que nos cobre de vergonha. Pessoas que tinham à sua responsabilidade o cuidado destas crianças, destruíram a sua dignidade. Deploramos isso profundamente e pedimos perdão. Solidarizamo-nos com a dor das vítimas e, por nossa vez, choramos o pecado: o pecado que aconteceu, o pecado de omissão de assistência, o pecado de esconder e negar, o pecado de abuso de poder. Também a Igreja chora amargamente este pecado dos seus filhos e pede perdão. Hoje, recordando o dia dos Santos Inocentes, quero que renovemos o nosso empenho total para que tais atrocidades não voltem a acontecer entre nós. Revistamo-nos da coragem necessária para promover todos os meios necessários e proteger em tudo a vida das nossas crianças, para que tais crimes nunca mais se repitam. Assumamos, clara e lealmente, a determinação «tolerância zero» neste campo”. (Retirado do site: http://noticias.cancaonova.com/especiais/pontificado/francisco/carta-do-papa-bispos-na-festa-dos-santos-inocentes/ Último Acesso em: 02/12/2017).

Dessa maneira, ao escrever esta Carta, o Santo Padre quer que todos nós pastores tenhamos consciência, de que como São José protegeu o Menino Jesus, que saibamos zelar pelas nossas crianças, pois, “quem faz o bem a um destes meus pequeninos é a Mim que o faz”, disse Jesus. Possamos em nossas comunidades acolher, cuidar e dar um bom testemunho de fé as nossas crianças.


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Papa Francisco na Festa dos Santos Inocentes

30/12/2016 00:00 - Atualizado em 06/01/2017 13:38

A Igreja recordou, no último dia 28 de dezembro, os Santos Inocentes Mártires, as crianças mortas pelo rei Herodes quando, após ouvir dos reis Magos que procuravam pelo “Rei dos Judeus”, buscou eliminar Jesus. Atualmente, inúmeras são as violências contra os menores em todo o mundo: abusos sexuais, exploração nas guerras, no trabalho, mortes por causa de transplantes de órgãos.

A violência bárbara de Herodes não consistiu somente na matança de inocentes inermes, mas também na execração de arrancá-los, ainda infantes, aos peitos amorosos de suas mães que, apavoradas, seguramente se esforçaram com a intrepidez própria dos desesperados por defendê-los e salvar. Os melhores artistas, ao longo dos séculos, pintaram em telas eloquentíssimas este terror. O Evangelista São Mateus conclui concisamente: “Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Em Ramá ouviu-se uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar os seus filhos; não quer consolação, porque já não existem”! (Mt 2, 17-18)

Muitos parecem pensar que nos dias de hoje não é possível que existam personagens sinistras como a de Herodes ou a de Hitler, pelo menos no que diz respeito a alguns âmbitos da realidade. Por outro lado, embora aceitem como uma evidência todo o progresso cultural, científico e tecnológico, não admitem como possível uma intensificação ou um aprofundamento do maquiavelismo, nem que este se possa refinar nos seus métodos.

Qualquer mulher que sabe que está grávida não pode deixar de conhecer que traz um filho no seu seioPara abortá-lo, normalmente inicia um processo mental de desumanização do filho, de modo a poder dar o passo. Por isso aconselham-se com os “trabalhadores dos abatedouros”, esperando a resposta que querem ouvir: isso não é bebê nenhum, não passa de um amontoado de células. Mas a verdade é que, segundo o testemunho de gente agora convertida, que antes trabalhou durante anos nesses centros de morte, quase sempre as primeiras palavras que a mãe que abortou diz, quando na sala de recobro, são: “Ah, meu Deus, acabei de matar o meu filho”! E apressa-se em arranjar uma desculpa para desaparecer dali o mais depressa possível.

A Festa dos Santos Inocentes é um convite a refletirmos sobre a situação atual desses milhões de “pequenos inocentes”: crianças vítimas do descaso, do aborto, da fome e da violência. Rezemos neste dia por elas e pelas nossas autoridades, para que se empenhem cada vez mais no cuidado e no amor às nossas crianças, pois delas é o Reino dos Céus! Por estes pequeninos, sobretudo, é que nós, cristãos, aspiramos a um mundo mais justo e solidário.

Por ocasião desta Festa, o Papa Francisco escreveu uma carta a todos nós Bispos do mundo inteiro. Eis alguns pontos refletidos pelo Papa Francisco: “Como pastores, fomos chamados para ajudar a fazer crescer esta alegria no meio do nosso povo. É-nos pedido que cuidemos desta alegria. Desejo, contigo, renovar o convite a que não nos deixemos roubar esta alegria, pois muitas vezes desiludidos – não sem razão – com a realidade, com a Igreja, ou mesmo desiludidos com nós próprios, sentimos a tentação de nos apegar a uma tristeza melosa, sem esperança, que se apodera dos corações”. (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 83). (Retirado do site: http://noticias.cancaonova.com/especiais/pontificado/francisco/carta-do-papa-bispos-na-festa-dos-santos-inocentes/ Último acesso em: 02/12/2017).

“A nosso malgrado, o Natal é acompanhado também pelo pranto. Os evangelistas não se permitiram mascarar a realidade para torná-la mais credível ou atraente; não se permitiram criar um fraseado «bonito», mas irreal; para eles, o Natal não era um refúgio imaginário onde esconder-se perante os desafios e injustiças do seu tempo. Ao contrário, anunciam-nos o nascimento do Filho de Deus envolvido também numa tragédia de dor. No-lo apresenta com grande crueza o evangelista Mateus, citando o profeta Jeremias: «Ouviu-se uma voz em Ramá, uma lamentação e um grande pranto; é Raquel que chora os seus filhos» (2, 18). É o gemido de dor das mães que choram a morte de seus filhos inocentes, causada pela tirania e desenfreada sede de poder de Herodes”. (Retirado do site: http://noticias.cancaonova.com/especiais/pontificado/francisco/carta-do-papa-bispos-na-festa-dos-santos-inocentes/ Último acesso em: 02/12/2017).

O Papa cita alguns pontos de “crianças que vivem em situações completamente deploráveis, quer seja pela fome, doença, pelo trabalho escravo e a prostituição”. No caso da Igreja, frisou Francisco: “Ouçamos o pranto e a lamentação destas crianças; ouçamos também o pranto e a lamentação da nossa Mãe Igreja, que chora não apenas pela dor provocada aos seus filhos mais pequeninos, mas também porque conhece o pecado de alguns dos seus membros: o sofrimento, a história e a dor dos menores que foram abusados sexualmente por sacerdotes. Pecado que nos cobre de vergonha. Pessoas que tinham à sua responsabilidade o cuidado destas crianças, destruíram a sua dignidade. Deploramos isso profundamente e pedimos perdão. Solidarizamo-nos com a dor das vítimas e, por nossa vez, choramos o pecado: o pecado que aconteceu, o pecado de omissão de assistência, o pecado de esconder e negar, o pecado de abuso de poder. Também a Igreja chora amargamente este pecado dos seus filhos e pede perdão. Hoje, recordando o dia dos Santos Inocentes, quero que renovemos o nosso empenho total para que tais atrocidades não voltem a acontecer entre nós. Revistamo-nos da coragem necessária para promover todos os meios necessários e proteger em tudo a vida das nossas crianças, para que tais crimes nunca mais se repitam. Assumamos, clara e lealmente, a determinação «tolerância zero» neste campo”. (Retirado do site: http://noticias.cancaonova.com/especiais/pontificado/francisco/carta-do-papa-bispos-na-festa-dos-santos-inocentes/ Último Acesso em: 02/12/2017).

Dessa maneira, ao escrever esta Carta, o Santo Padre quer que todos nós pastores tenhamos consciência, de que como São José protegeu o Menino Jesus, que saibamos zelar pelas nossas crianças, pois, “quem faz o bem a um destes meus pequeninos é a Mim que o faz”, disse Jesus. Possamos em nossas comunidades acolher, cuidar e dar um bom testemunho de fé as nossas crianças.


Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro