02 de Fevereiro de 2025
O ‘sim’ de José
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16/12/2016 10:59 - Atualizado em 16/12/2016 10:59
O ‘sim’ de José 0
16/12/2016 10:59 - Atualizado em 16/12/2016 10:59
Celebrando a última semana do tempo do Advento, a Igreja, na eucaristia dominical, proclama e escuta a narrativa mateana da origem de Jesus (cf. Mt 1,18-24). Nela, como que uma antecipação do dia do Natal do Senhor, aparecem as figuras de Maria, de José, de Jesus e do anjo do Senhor. Desta forma, fazendo memória, no Espírito Santo, dos eventos salvíficos, que precederam a primeira vinda do Salvador feito homem, a comunidade eclesial espera se manter santa, purificada, sem mancha nem ruga, imaculada para a chegada do seu esposo, na Parusia (cf. Ef 5,27).
O texto do evangelho deste domingo pode ser estruturado em três partes: a situação da gravidez de Maria e a primeira posição de José (cf. Mt 1,18-19), a presença revelatória do anjo do Senhor, em sonho, a José (cf. Mt 1,20-23) e a obediência dele à vontade de Deus (cf. Mt 1,24). O autor do relato evangélico desenvolve a “conversão” de José “justo e bondoso” – ligado com a economia da Primeira Aliança – para um “obediente” – vinculado com o momento salvífico novo em função da vinda do Salvador. O pai adotivo de Jesus é proposto, nesta passagem, como a figura central de ligação com o Povo da Primeira Aliança.
A gravidez de Maria pela ação vivificante do Espírito Santo não é compreendida de imediato por seu noivo José. Por conta disso, ele resolveu abandoná-la sem reivindicar aquilo que prescrevia a lei mosaica, pois, como noivo, podia já denunciá-la por traição as promessas nupciais “Quando uma moça virgem, desposada, e um homem se deitarem, então, trareis ambos à porta da cidade, e os apedrejareis, até que morram; a moça, porquanto não gritou, e o homem, porquanto humilhou a mulher de seu próximo” (Dt 22,23-24). Nesta narrativa, José recebe o título de justo – posicionando sua conduta assertiva em consonância com a lei; todavia, sua fidelidade aos mandamentos não o faz um homem insensível, duro e vingativo: o fato de repudiá-la em segredo revela que, em seu coração, justiça e misericórdia caminham unidas.
Apesar de justo segundo os critérios da Primeira Aliança, isso não bastava para que José fosse ainda capaz de entender os planos de Deus e correspondê-los. Era necessária uma ação divina para colocá-lo participante do mistério grandioso da vinda do Filho de Deus na carne. Por isso, um anjo comunica a importância capital dele na vida daquele menino – “José, filho de Davi (...) Tu lhe porás o nome de Jesus” – e o sentido profundo da gravidez da Virgem Maria – “Ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará luz um filho”. O conteúdo do sonho permite que José aprofunde sua compreensão do tamanho da vocação a qual ele e sua noiva estavam sendo chamados – constituir a família do Filho de Deus.
O entendimento e a compreensão abrem espaço para a vivência. Desta forma, a passagem termina relatando que “quando acordou, José fez conforme o anjo lhe havia mandado, e aceitou sua esposa”. A conclusão nos apresenta um homem novo dentro dos planos de Deus, capaz de levar a cabo a missão de pai adotivo do menino Jesus. Desta forma, como Maria proferiu seu ‘sim’ para que o Filho de Deus se encarnasse, assim José também, através de um caminho de amadurecimento de fé, precisou dar seu ‘sim’ com o intuito de ligar Jesus às promessas vétero testamentárias da realeza da descendência de Davi.
Que a Igreja possa, neste quarto domingo do Advento e última semana de preparação para o santo Natal, conhecer a mensagem da encarnação anunciada pelo anjo, a fim de que cresça ainda mais a sua fé na manifestação do Filho de Deus em Jesus Cristo, saiba continuamente acolhê-lo com misericórdia em cada pessoa e aguarde atentamente o seu retorno, em poder e glória, no fim dos tempos.
O ‘sim’ de José
16/12/2016 10:59 - Atualizado em 16/12/2016 10:59
Celebrando a última semana do tempo do Advento, a Igreja, na eucaristia dominical, proclama e escuta a narrativa mateana da origem de Jesus (cf. Mt 1,18-24). Nela, como que uma antecipação do dia do Natal do Senhor, aparecem as figuras de Maria, de José, de Jesus e do anjo do Senhor. Desta forma, fazendo memória, no Espírito Santo, dos eventos salvíficos, que precederam a primeira vinda do Salvador feito homem, a comunidade eclesial espera se manter santa, purificada, sem mancha nem ruga, imaculada para a chegada do seu esposo, na Parusia (cf. Ef 5,27).
O texto do evangelho deste domingo pode ser estruturado em três partes: a situação da gravidez de Maria e a primeira posição de José (cf. Mt 1,18-19), a presença revelatória do anjo do Senhor, em sonho, a José (cf. Mt 1,20-23) e a obediência dele à vontade de Deus (cf. Mt 1,24). O autor do relato evangélico desenvolve a “conversão” de José “justo e bondoso” – ligado com a economia da Primeira Aliança – para um “obediente” – vinculado com o momento salvífico novo em função da vinda do Salvador. O pai adotivo de Jesus é proposto, nesta passagem, como a figura central de ligação com o Povo da Primeira Aliança.
A gravidez de Maria pela ação vivificante do Espírito Santo não é compreendida de imediato por seu noivo José. Por conta disso, ele resolveu abandoná-la sem reivindicar aquilo que prescrevia a lei mosaica, pois, como noivo, podia já denunciá-la por traição as promessas nupciais “Quando uma moça virgem, desposada, e um homem se deitarem, então, trareis ambos à porta da cidade, e os apedrejareis, até que morram; a moça, porquanto não gritou, e o homem, porquanto humilhou a mulher de seu próximo” (Dt 22,23-24). Nesta narrativa, José recebe o título de justo – posicionando sua conduta assertiva em consonância com a lei; todavia, sua fidelidade aos mandamentos não o faz um homem insensível, duro e vingativo: o fato de repudiá-la em segredo revela que, em seu coração, justiça e misericórdia caminham unidas.
Apesar de justo segundo os critérios da Primeira Aliança, isso não bastava para que José fosse ainda capaz de entender os planos de Deus e correspondê-los. Era necessária uma ação divina para colocá-lo participante do mistério grandioso da vinda do Filho de Deus na carne. Por isso, um anjo comunica a importância capital dele na vida daquele menino – “José, filho de Davi (...) Tu lhe porás o nome de Jesus” – e o sentido profundo da gravidez da Virgem Maria – “Ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará luz um filho”. O conteúdo do sonho permite que José aprofunde sua compreensão do tamanho da vocação a qual ele e sua noiva estavam sendo chamados – constituir a família do Filho de Deus.
O entendimento e a compreensão abrem espaço para a vivência. Desta forma, a passagem termina relatando que “quando acordou, José fez conforme o anjo lhe havia mandado, e aceitou sua esposa”. A conclusão nos apresenta um homem novo dentro dos planos de Deus, capaz de levar a cabo a missão de pai adotivo do menino Jesus. Desta forma, como Maria proferiu seu ‘sim’ para que o Filho de Deus se encarnasse, assim José também, através de um caminho de amadurecimento de fé, precisou dar seu ‘sim’ com o intuito de ligar Jesus às promessas vétero testamentárias da realeza da descendência de Davi.
Que a Igreja possa, neste quarto domingo do Advento e última semana de preparação para o santo Natal, conhecer a mensagem da encarnação anunciada pelo anjo, a fim de que cresça ainda mais a sua fé na manifestação do Filho de Deus em Jesus Cristo, saiba continuamente acolhê-lo com misericórdia em cada pessoa e aguarde atentamente o seu retorno, em poder e glória, no fim dos tempos.
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