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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

Frutos de conversão

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02/12/2016 12:17 - Atualizado em 02/12/2016 12:17

Frutos de conversão 0

02/12/2016 12:17 - Atualizado em 02/12/2016 12:17

A Igreja, na celebração do segundo domingo do Advento, continua sua preparação para a chegada de Jesus, com poder e glória, fazendo memória dos eventos da sua primeira vinda. De forma especial, o evangelho dominical apresenta a figura e a pregação de São João Batista, o profeta precursor (cf. Mt 3,1-12). Como o ministério do batista dispôs o coração dos israelitas para acolher “aquele que veio na carne”, assim o seu conteúdo pode, ainda mais fortemente, dirigir o coração dos homens para a Parusia: o retorno definitivo do Senhor para consumar o Reino de Deus.

Retirada do evangelho de São Mateus, a perícope deste domingo pode ser estruturada em três partes. Na primeira, temos uma apresentação de São João Batista (cf. Mt 3,1-6); na segunda, o conteúdo sintético da sua mensagem de conversão (cf. Mt 3,7-10) e, na última parte, um anúncio de Jesus Cristo (cf. Mt 3,11-12). A identidade e a missão do profeta perpassam, então, todo o relato. Esse texto procura incutir nos seus leitores/ouvintes as disposições necessárias para se viver em consonância com a vontade divina. Realmente, dentre as figuras bíblicas presentes no tempo do Advento, João Batista salta como modelo de vida e de santidade para a comunidade dos discípulos do Senhor.

Tratando da identidade do precursor, o autor do evangelho trabalha as suas informações com riqueza de detalhes. O ministério de João Batista é compreendido dentro do arco dos profetas vétero-testamentários, cuja missão é apontar o enviado escatológico de Deus. Para isso, ele é identificado com o mensageiro prometido pelo oráculo de Isaías (cf. Mt 3,3). O deserto da Judeia é o local escolhido para a sua atividade de pregador. A longa tradição bíblica entende o deserto como o lugar para o encontro com Deus – na perspectiva da experiência de Aliança do Êxodo – e, também, como o território para vencer os demônios – presença da força antissalvífica, antagônica ao plano de divino. O conteúdo central da sua mensagem é o arrependimento e a conversão dos pecados ratificado pelo rito do mergulho na água (cf. Mt 3,6). É, na verdade, uma continuação do apelo profético aos israelitas, a fim de convencê-los das consequências das suas más ações. As suas vestes e alimentação estão em paralelo com as do profeta Elias (cf. Mt 3,4). Ancorada na tradição do Primeiro Testamento, a apresentação de João Batista nos revela que o tempo da profecia está para se cumprir na pessoa e no ministério de Jesus Cristo.

Na narrativa de São Mateus, João Batista dirige, de maneira muito dura, sua palavra às autoridades religiosas: “Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? Produzi frutos que provem a vossa conversão” (Mt 3,7-8). Sua crítica, na verdade, versava sobre uma religiosidade superficial – de boca: “Não penseis que basta dizer: Abraão é nosso pai” (Mt 3,9) – sem se traduzir em ações concretas de conversão. Essas palavras duras, outrora dirigidas aos saduceus e fariseus, hoje, se voltam para a comunidade dos fiéis. Uma exortação pertinente, pois muitos se contentam em viver uma espiritualidade de boca: “sou filho de Deus”, “sou discípulo de Jesus” etc. Todavia, não existe esforço algum de conversão, de aliança com a vontade de Deus, com a caridade requerida no seguimento de Cristo.

O segundo domingo do Advento quer ser um remédio na vida de muitos cristãos. Através da dura crítica proferida por São João Batista aos fariseus e saduceus, a Igreja espera retirar do torpor os seus filhos acomodados numa fé meramente vivida com palavras e fórmulas e introduzi-los no culto espiritual: “apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto espiritual” (Rm 12,1). Possa o Senhor quando voltar encontrar um testemunho pungente de frutos de conversão na vida de seus seguidores.


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02/12/2016 12:17 - Atualizado em 02/12/2016 12:17

A Igreja, na celebração do segundo domingo do Advento, continua sua preparação para a chegada de Jesus, com poder e glória, fazendo memória dos eventos da sua primeira vinda. De forma especial, o evangelho dominical apresenta a figura e a pregação de São João Batista, o profeta precursor (cf. Mt 3,1-12). Como o ministério do batista dispôs o coração dos israelitas para acolher “aquele que veio na carne”, assim o seu conteúdo pode, ainda mais fortemente, dirigir o coração dos homens para a Parusia: o retorno definitivo do Senhor para consumar o Reino de Deus.

Retirada do evangelho de São Mateus, a perícope deste domingo pode ser estruturada em três partes. Na primeira, temos uma apresentação de São João Batista (cf. Mt 3,1-6); na segunda, o conteúdo sintético da sua mensagem de conversão (cf. Mt 3,7-10) e, na última parte, um anúncio de Jesus Cristo (cf. Mt 3,11-12). A identidade e a missão do profeta perpassam, então, todo o relato. Esse texto procura incutir nos seus leitores/ouvintes as disposições necessárias para se viver em consonância com a vontade divina. Realmente, dentre as figuras bíblicas presentes no tempo do Advento, João Batista salta como modelo de vida e de santidade para a comunidade dos discípulos do Senhor.

Tratando da identidade do precursor, o autor do evangelho trabalha as suas informações com riqueza de detalhes. O ministério de João Batista é compreendido dentro do arco dos profetas vétero-testamentários, cuja missão é apontar o enviado escatológico de Deus. Para isso, ele é identificado com o mensageiro prometido pelo oráculo de Isaías (cf. Mt 3,3). O deserto da Judeia é o local escolhido para a sua atividade de pregador. A longa tradição bíblica entende o deserto como o lugar para o encontro com Deus – na perspectiva da experiência de Aliança do Êxodo – e, também, como o território para vencer os demônios – presença da força antissalvífica, antagônica ao plano de divino. O conteúdo central da sua mensagem é o arrependimento e a conversão dos pecados ratificado pelo rito do mergulho na água (cf. Mt 3,6). É, na verdade, uma continuação do apelo profético aos israelitas, a fim de convencê-los das consequências das suas más ações. As suas vestes e alimentação estão em paralelo com as do profeta Elias (cf. Mt 3,4). Ancorada na tradição do Primeiro Testamento, a apresentação de João Batista nos revela que o tempo da profecia está para se cumprir na pessoa e no ministério de Jesus Cristo.

Na narrativa de São Mateus, João Batista dirige, de maneira muito dura, sua palavra às autoridades religiosas: “Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? Produzi frutos que provem a vossa conversão” (Mt 3,7-8). Sua crítica, na verdade, versava sobre uma religiosidade superficial – de boca: “Não penseis que basta dizer: Abraão é nosso pai” (Mt 3,9) – sem se traduzir em ações concretas de conversão. Essas palavras duras, outrora dirigidas aos saduceus e fariseus, hoje, se voltam para a comunidade dos fiéis. Uma exortação pertinente, pois muitos se contentam em viver uma espiritualidade de boca: “sou filho de Deus”, “sou discípulo de Jesus” etc. Todavia, não existe esforço algum de conversão, de aliança com a vontade de Deus, com a caridade requerida no seguimento de Cristo.

O segundo domingo do Advento quer ser um remédio na vida de muitos cristãos. Através da dura crítica proferida por São João Batista aos fariseus e saduceus, a Igreja espera retirar do torpor os seus filhos acomodados numa fé meramente vivida com palavras e fórmulas e introduzi-los no culto espiritual: “apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto espiritual” (Rm 12,1). Possa o Senhor quando voltar encontrar um testemunho pungente de frutos de conversão na vida de seus seguidores.


Padre Vitor Gino Finelon
Autor

Padre Vitor Gino Finelon

Professor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida