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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Vocação universal à santidade

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Vocação universal à santidade

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03/11/2016 00:00 - Atualizado em 04/11/2016 11:06

Vocação universal à santidade 0

03/11/2016 00:00 - Atualizado em 04/11/2016 11:06

A Solenidade de todos os Santos, no Brasil, é celebrada no domingo seguinte ao dia 1 de novembro. Nela, o nosso coração e o nosso pensamento se voltam para muitos homens e mulheres que souberam viver uma profunda unidade com Deus.  É um dia em que recordamos não apenas os santos canonizados, (eles já têm a sua festa própria ao longo do ano), mas, sobretudo, os santos anônimos e desconhecidos. Abrange todos aqueles que foram justificados pela fé em Cristo. Recordamos aqueles que vivem para sempre diante de Deus.

O Mestre chama todos à santidade, sem distinção de idade, profissão, raça ou condição social. Não há seguidores de Cristo sem vocação cristã, sem uma chamada pessoal à santidade. Deus nos escolheu para sermos santos e imaculados na Sua presença, dirá São Paulo aos primeiros cristãos de Éfeso; e para conseguirmos esta meta, é necessário que nos empenhemos num esforço que se prolongará por todos os nossos dias aqui na Terra, procurando corresponder à graça que nos foi dada, de caminharmos em conversão.

Sobre esta doutrina do chamado universal à santidade nos diz o Concílio Vaticano II: “todos os cristãos, seja qual for sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor, cada um no seu caminho, à perfeição da santidade pela qual é perfeito o próprio Pai”. (Lumen Gentium, 11). Jesus convida todos os cristãos que estão absorvidos nas suas ocupações profissionais a encontrá-Lo precisamente nessas ocupações, realizando-as com perfeição humana e, ao mesmo tempo, com sentido sobrenatural: oferecendo-as a Deus, vivendo nelas a caridade e o espírito de sacrifício, elevando no meio delas o coração a Deus.

A santidade-amor crescente por Deus e pelos outros pode e deve ser adquirida através das coisas todos os dias, que se repetem muitas vezes numa aparente monotonia. Cristo pede a todos os homens, sem exceção, que sejam perfeitos como seu Pai celestial é perfeito. (Mt 5, 48). Para a grande maioria dos homens, ser santo significa santificar o seu próprio trabalho, santificar-se no trabalho e santificar os outros com o trabalho, e assim encontrar a Deus no caminho da vida.

Como leitura evangélica, temos o texto das bem-aventuranças (cf. Mt 5,1-12a), visando a ressaltar que a sua vivência total é o melhor caminho para se chegar à santidade. A prática das bem-aventuranças é a marca e o selo dos santos, descrita por Jesus para sublinhar a dinâmica da santidade.

Todos os santos sempre foram e são contemporaneamente, embora em medida diversa, pobres de espírito, mansos, aflitos, famintos e sequiosos de justiça, misericordiosos, puros de coração, artífices de paz e perseguidos pela causa do Evangelho. E assim devemos ser também nós. Além disso, na base desta página evangélica é evidente que a bem-aventurança cristã, como sinônimo de santidade, não está separada de um eventual sofrimento ou pelo menos de dificuldade.

Santos são os aflitos, que são impotentes diante de situações dramáticas, e não pretendem ter solução para tudo.  Há muitos que não entendem a razão dos sofrimentos e se revoltam contra Deus.  Jesus diz que os aflitos são felizes.  De fato, se souberem aceitar com resignação as provas que Deus envia, se souberem sofrer com ânimo as misérias e dificuldades da vida, a recompensa será a consolação de Deus.

Santos são os famintos e sedentos de justiça, que não pactuam com a maldade, nem se deixam levar pela lógica da dominação.  Deus mesmo haverá de realizar seu ideal e fazê-los contemplar o reino da justiça. Trata-se daquela justiça interior, que torna o homem agradável a Deus quando se esforça por cumprir sempre a vontade do Pai. O primeiro passo para conseguir a santidade é desejá-la.  Por isso, Jesus diz que são felizes os que têm fome e sede de justiça, isto é, aqueles que realmente desejam ser santos.  Mas é necessário que este desejo seja eficaz.  Isto é, que empreguemos os meios necessários para consegui-lo.

A santidade é acessível a todos porque Deus quer que todos os homens e mulheres sejam santos, isto é, participem da sua Vida e do seu Amor. O Pai deseja que, através da ação do Espírito Santo em nós, nos pareçamos cada vez mais com o seu Filho Jesus Cristo. Em resumo, a santidade é o desenvolvimento da nossa filiação divina: desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como Ele é”. (1Jo 3,2).


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Vocação universal à santidade

03/11/2016 00:00 - Atualizado em 04/11/2016 11:06

A Solenidade de todos os Santos, no Brasil, é celebrada no domingo seguinte ao dia 1 de novembro. Nela, o nosso coração e o nosso pensamento se voltam para muitos homens e mulheres que souberam viver uma profunda unidade com Deus.  É um dia em que recordamos não apenas os santos canonizados, (eles já têm a sua festa própria ao longo do ano), mas, sobretudo, os santos anônimos e desconhecidos. Abrange todos aqueles que foram justificados pela fé em Cristo. Recordamos aqueles que vivem para sempre diante de Deus.

O Mestre chama todos à santidade, sem distinção de idade, profissão, raça ou condição social. Não há seguidores de Cristo sem vocação cristã, sem uma chamada pessoal à santidade. Deus nos escolheu para sermos santos e imaculados na Sua presença, dirá São Paulo aos primeiros cristãos de Éfeso; e para conseguirmos esta meta, é necessário que nos empenhemos num esforço que se prolongará por todos os nossos dias aqui na Terra, procurando corresponder à graça que nos foi dada, de caminharmos em conversão.

Sobre esta doutrina do chamado universal à santidade nos diz o Concílio Vaticano II: “todos os cristãos, seja qual for sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor, cada um no seu caminho, à perfeição da santidade pela qual é perfeito o próprio Pai”. (Lumen Gentium, 11). Jesus convida todos os cristãos que estão absorvidos nas suas ocupações profissionais a encontrá-Lo precisamente nessas ocupações, realizando-as com perfeição humana e, ao mesmo tempo, com sentido sobrenatural: oferecendo-as a Deus, vivendo nelas a caridade e o espírito de sacrifício, elevando no meio delas o coração a Deus.

A santidade-amor crescente por Deus e pelos outros pode e deve ser adquirida através das coisas todos os dias, que se repetem muitas vezes numa aparente monotonia. Cristo pede a todos os homens, sem exceção, que sejam perfeitos como seu Pai celestial é perfeito. (Mt 5, 48). Para a grande maioria dos homens, ser santo significa santificar o seu próprio trabalho, santificar-se no trabalho e santificar os outros com o trabalho, e assim encontrar a Deus no caminho da vida.

Como leitura evangélica, temos o texto das bem-aventuranças (cf. Mt 5,1-12a), visando a ressaltar que a sua vivência total é o melhor caminho para se chegar à santidade. A prática das bem-aventuranças é a marca e o selo dos santos, descrita por Jesus para sublinhar a dinâmica da santidade.

Todos os santos sempre foram e são contemporaneamente, embora em medida diversa, pobres de espírito, mansos, aflitos, famintos e sequiosos de justiça, misericordiosos, puros de coração, artífices de paz e perseguidos pela causa do Evangelho. E assim devemos ser também nós. Além disso, na base desta página evangélica é evidente que a bem-aventurança cristã, como sinônimo de santidade, não está separada de um eventual sofrimento ou pelo menos de dificuldade.

Santos são os aflitos, que são impotentes diante de situações dramáticas, e não pretendem ter solução para tudo.  Há muitos que não entendem a razão dos sofrimentos e se revoltam contra Deus.  Jesus diz que os aflitos são felizes.  De fato, se souberem aceitar com resignação as provas que Deus envia, se souberem sofrer com ânimo as misérias e dificuldades da vida, a recompensa será a consolação de Deus.

Santos são os famintos e sedentos de justiça, que não pactuam com a maldade, nem se deixam levar pela lógica da dominação.  Deus mesmo haverá de realizar seu ideal e fazê-los contemplar o reino da justiça. Trata-se daquela justiça interior, que torna o homem agradável a Deus quando se esforça por cumprir sempre a vontade do Pai. O primeiro passo para conseguir a santidade é desejá-la.  Por isso, Jesus diz que são felizes os que têm fome e sede de justiça, isto é, aqueles que realmente desejam ser santos.  Mas é necessário que este desejo seja eficaz.  Isto é, que empreguemos os meios necessários para consegui-lo.

A santidade é acessível a todos porque Deus quer que todos os homens e mulheres sejam santos, isto é, participem da sua Vida e do seu Amor. O Pai deseja que, através da ação do Espírito Santo em nós, nos pareçamos cada vez mais com o seu Filho Jesus Cristo. Em resumo, a santidade é o desenvolvimento da nossa filiação divina: desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como Ele é”. (1Jo 3,2).


Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro