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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Nascemos para viver eternamente

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Nascemos para viver eternamente

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31/10/2016 00:00 - Atualizado em 01/11/2016 11:24

Nascemos para viver eternamente 0

31/10/2016 00:00 - Atualizado em 01/11/2016 11:24

No dia 02 de novembro, a Igreja convida-nos, de modo especial, a rezar e a oferecer sufrágios pelos fiéis defuntos do Purgatório. Com esses nossos irmãos, que “também participaram da fragilidade própria de todo o ser humano, sentimos o dever, que é ao mesmo tempo uma necessidade, do coração – de oferecer-lhes a ajuda afetuosa da nossa oração, a fim de que qualquer eventual resíduo de debilidade humana que ainda possa adiar o seu encontro feliz com Deus, seja definitivamente apagado”. (S. João Paulo II, no Cemitério em Madri, 02/11/1982 - http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/homilies/1982/documents/hf_jp-ii_hom_19821102_defunti-madrid.html, acessado pela última vez em 25 de outubro de 2016).

Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim ainda que esteja morto viverá”. (Jo 11, 24). Em outra passagem, Ele disse: “Todo aquele que crê em mim não morrerá para sempre”. (Jo 11, 26). Na verdade Jesus está dizendo que não nascemos para morrer. Mas morremos para viver. A morte, para os que têm fé, não interrompe a vida. “Não é passageira ilusão”. Não é a destruição da vida. Mas é o encontro com a plenitude da vida que está em Deus. Porquanto, Deus nos criou para a vida plena e não para a morte. Na verdade as pessoas que morrem na graça de Deus têm como destino final o encontro e a comunhão com a Trindade. Elas descansam para sempre na paz, na alegria, no convívio dos anjos, dos santos, na plena e eterna felicidade que só encontramos na comunhão com o Criador. Estes nós celebraremos no Dia de todos os Santos, solenidade transferida para o Domingo.

O que perpassa todos os textos bíblicos da comemoração dos Fiéis Defuntos é a esperança da vida que nasce da morte, a partir do mistério pascal de Cristo Jesus. Em Cristo Jesus abre-se uma nova perspectiva, onde a morte já não é mais o fim fatídico e desesperador, mas a passagem para uma realidade nova de plenitude de vida em Deus. Nascemos para viver eternamente, e uma vez que os nossos olhos se fecham aqui neste mundo, nós o abriremos para contemplar a Deus. (cfr. Testamento do Beato Paulo VI)

A fé no Cristo ressuscitado transforma a vida do cristão! A morte já não é mais o fim de todas as coisas. Ela é, antes, uma porta, uma passagem para uma realidade nova. O Cristo vivo garante a vida para sempre (cf.  Jó 19, 1.23-27; Rm 5, 5-11; Jo 6, 37-40). A morte será eliminada definitivamente em Cristo Jesus (cf. Is 25, 6-9; Rm 8, 14-23; Mt 25, 31-46). A Igreja vive a esperança da glória em Cristo Jesus (cf. Sb 3, 1-9; Ap 21, 1-7; Mt 5, 1-12).

A morte não é um salto no vazio, mas para os braços de Deus: é o encontro pessoal com Ele, para habitar com Ele no amor e na alegria da Sua amizade. O cristão autêntico não teme, por isso, a morte; pelo contrário: considerando que, enquanto vivemos na Terra “vivemos longe do Senhor”, repete São Paulo: “desejamos sair deste corpo para habitar com o Senhor”. (2Cor 5, 6.8). Não se trata de exaltar a morte, mas considerá-la como realmente é no projeto de Deus: o nascimento para a vida eterna.

Devemos, porém, lembrar que a vida eterna começa aqui e agora. Quem vive com Deus neste mundo viverá com Ele eternamente. Quem tem Cristo na sua vida, vai tê-Lo na outra vida. Quem vive no amor e na harmonia com seus irmãos, continuará na outra vida na plenitude do amor.  Quem vive uma vida reconciliada e pacificada com seus irmãos, também continuará na outra vida na perfeita reconciliação. Por isso, a hora de amar, de perdoar, de servir, de espalhar o bem é agora. Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje! Pois o amanhã pode não existir! No momento do encontro final com Deus, de nada vale o dinheiro, o sucesso, o prestígio, a beleza, a fama etc. Porque o que conta são nossas boas obras e a retidão do agir. Levaremos em nossa bagagem o bem que realizamos ao longo da vida, sobretudo para os mais pobres. Pois, assim nos diz a divina sentença: “Vinde, benditos do meu Pai, recebei por herança o reino preparado para vós desde a fundação do mundo. Pois tive com fome e me deste de comer. Tive sede e me deste de beber. Estive nu e me vestistes”. (Mt,25,34). Esta passagem bíblica nos revela que o critério para o nosso julgamento será o exercício do amor e da caridade para com o próximo, sobretudo os excluídos, que são os mais pobres dentre os pobres.

Portanto, para nós, cristãos, a morte, que no passado era como uma caverna escura, sem saída, tornou-se um túnel, cujo final é luminoso. Isto mesmo: Cristo arrombou as portas da morte! Ela tornou-se uma passagem, um caminho para a nossa Páscoa, nossa passagem deste mundo para o Pai: “Ainda que eu passe pelo vale da morte, nenhum mal temerei, porque está comigo”. Assim, no Dia de Finados é uma excelente data para rezar pelos nossos irmãos já falecidos, de visitar os túmulos de nossos entes queridos, de participarmos da Santa Missa, lucrando as indulgências concedidas para esta ocasião, mas também para pensarmos na nossa morte e na nossa vida, quando ainda temos tempo de conversão.

                
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Nascemos para viver eternamente

31/10/2016 00:00 - Atualizado em 01/11/2016 11:24

No dia 02 de novembro, a Igreja convida-nos, de modo especial, a rezar e a oferecer sufrágios pelos fiéis defuntos do Purgatório. Com esses nossos irmãos, que “também participaram da fragilidade própria de todo o ser humano, sentimos o dever, que é ao mesmo tempo uma necessidade, do coração – de oferecer-lhes a ajuda afetuosa da nossa oração, a fim de que qualquer eventual resíduo de debilidade humana que ainda possa adiar o seu encontro feliz com Deus, seja definitivamente apagado”. (S. João Paulo II, no Cemitério em Madri, 02/11/1982 - http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/homilies/1982/documents/hf_jp-ii_hom_19821102_defunti-madrid.html, acessado pela última vez em 25 de outubro de 2016).

Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim ainda que esteja morto viverá”. (Jo 11, 24). Em outra passagem, Ele disse: “Todo aquele que crê em mim não morrerá para sempre”. (Jo 11, 26). Na verdade Jesus está dizendo que não nascemos para morrer. Mas morremos para viver. A morte, para os que têm fé, não interrompe a vida. “Não é passageira ilusão”. Não é a destruição da vida. Mas é o encontro com a plenitude da vida que está em Deus. Porquanto, Deus nos criou para a vida plena e não para a morte. Na verdade as pessoas que morrem na graça de Deus têm como destino final o encontro e a comunhão com a Trindade. Elas descansam para sempre na paz, na alegria, no convívio dos anjos, dos santos, na plena e eterna felicidade que só encontramos na comunhão com o Criador. Estes nós celebraremos no Dia de todos os Santos, solenidade transferida para o Domingo.

O que perpassa todos os textos bíblicos da comemoração dos Fiéis Defuntos é a esperança da vida que nasce da morte, a partir do mistério pascal de Cristo Jesus. Em Cristo Jesus abre-se uma nova perspectiva, onde a morte já não é mais o fim fatídico e desesperador, mas a passagem para uma realidade nova de plenitude de vida em Deus. Nascemos para viver eternamente, e uma vez que os nossos olhos se fecham aqui neste mundo, nós o abriremos para contemplar a Deus. (cfr. Testamento do Beato Paulo VI)

A fé no Cristo ressuscitado transforma a vida do cristão! A morte já não é mais o fim de todas as coisas. Ela é, antes, uma porta, uma passagem para uma realidade nova. O Cristo vivo garante a vida para sempre (cf.  Jó 19, 1.23-27; Rm 5, 5-11; Jo 6, 37-40). A morte será eliminada definitivamente em Cristo Jesus (cf. Is 25, 6-9; Rm 8, 14-23; Mt 25, 31-46). A Igreja vive a esperança da glória em Cristo Jesus (cf. Sb 3, 1-9; Ap 21, 1-7; Mt 5, 1-12).

A morte não é um salto no vazio, mas para os braços de Deus: é o encontro pessoal com Ele, para habitar com Ele no amor e na alegria da Sua amizade. O cristão autêntico não teme, por isso, a morte; pelo contrário: considerando que, enquanto vivemos na Terra “vivemos longe do Senhor”, repete São Paulo: “desejamos sair deste corpo para habitar com o Senhor”. (2Cor 5, 6.8). Não se trata de exaltar a morte, mas considerá-la como realmente é no projeto de Deus: o nascimento para a vida eterna.

Devemos, porém, lembrar que a vida eterna começa aqui e agora. Quem vive com Deus neste mundo viverá com Ele eternamente. Quem tem Cristo na sua vida, vai tê-Lo na outra vida. Quem vive no amor e na harmonia com seus irmãos, continuará na outra vida na plenitude do amor.  Quem vive uma vida reconciliada e pacificada com seus irmãos, também continuará na outra vida na perfeita reconciliação. Por isso, a hora de amar, de perdoar, de servir, de espalhar o bem é agora. Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje! Pois o amanhã pode não existir! No momento do encontro final com Deus, de nada vale o dinheiro, o sucesso, o prestígio, a beleza, a fama etc. Porque o que conta são nossas boas obras e a retidão do agir. Levaremos em nossa bagagem o bem que realizamos ao longo da vida, sobretudo para os mais pobres. Pois, assim nos diz a divina sentença: “Vinde, benditos do meu Pai, recebei por herança o reino preparado para vós desde a fundação do mundo. Pois tive com fome e me deste de comer. Tive sede e me deste de beber. Estive nu e me vestistes”. (Mt,25,34). Esta passagem bíblica nos revela que o critério para o nosso julgamento será o exercício do amor e da caridade para com o próximo, sobretudo os excluídos, que são os mais pobres dentre os pobres.

Portanto, para nós, cristãos, a morte, que no passado era como uma caverna escura, sem saída, tornou-se um túnel, cujo final é luminoso. Isto mesmo: Cristo arrombou as portas da morte! Ela tornou-se uma passagem, um caminho para a nossa Páscoa, nossa passagem deste mundo para o Pai: “Ainda que eu passe pelo vale da morte, nenhum mal temerei, porque está comigo”. Assim, no Dia de Finados é uma excelente data para rezar pelos nossos irmãos já falecidos, de visitar os túmulos de nossos entes queridos, de participarmos da Santa Missa, lucrando as indulgências concedidas para esta ocasião, mas também para pensarmos na nossa morte e na nossa vida, quando ainda temos tempo de conversão.

                
Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro