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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

Salvação e Eucaristia

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07/10/2016 11:29 - Atualizado em 07/10/2016 11:29

Salvação e Eucaristia 0

07/10/2016 11:29 - Atualizado em 07/10/2016 11:29

O vigésimo oitavo domingo do tempo comum possui como evangelho da celebração da missa a perícope de Lc 17,11-19. Este referido texto desenvolve a importância da ação de graças na vida daqueles que foram alcançados pela ação curativo-terapêutica de Cristo. Saber reconhecer e agradecer pelos inúmeros benefícios recebidos é a postura própria para os cristãos – sobre isto São Paulo nos deixou a sua compreensão: “Em tudo dai graças, pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito, em Cristo Jesus” (1Ts 5,18).

Os primeiros versículos do evangelho dominical introduzem o contexto no qual a ação se desenvolve: na sua trajetória para Jerusalém, Jesus, passando pelas regiões da Galileia e da Samaria, quando estava para entrar num povoado, é surpreendido por dez leprosos (vv. 11-12). Segue, então, a descrição do diálogo entre os personagens: os doentes, mantendo certa distância prevista, gritam pelo socorro do peregrino – “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” – e este, por sua vez, responde: Ide apresentar-vos aos sacerdotes” (vv. 13-14a). Depois disso, durante o seu percurso para receberem a confirmação sacerdotal, ocorre propriamente a cura daqueles homens (v. 14b). Na construção da narrativa, apenas um dos dez, se percebendo curado, retorna para glorificar a Deus em alta voz e atirar-se aos pés de Jesus, com o rosto em terra, para lhe agradecer. Neste momento, se revela a identidade pátria deste leproso: “era samaritano” (vv. 15-16). Por fim, tudo se conclui com uma Palavra de Cristo ao samaritano curado sobre a relação entre “dar glória a Deus” e a fé salvífica (vv. 17-19).

A lepra, na concepção antiga de Israel, era uma doença entendida como um castigo imposto pelo próprio Deus por conta dos pecados, fazendo com que os doentes se colocassem apartados de todo convívio religioso e social, habitando lugares desérticos e os arredores das cidades (cf. Lv 13,45-46). Esta é a razão dos dez leprosos da passagem deste domingo se encontrarem fora da cidade e de gritarem, afastados, por ajuda. Um ponto muito bonito é que a invocação feita por eles apela para a compaixão de Jesus. A fórmula “Senhor, mestre, tem compaixão de nós”, carrega o tema do amor misericordioso divino. Atendendo, então, ao pedido deles, o Senhor os remete diretamente, seguindo a Lei de Moisés, ao sacerdote para a sanção da cura(cf. Lv 13,16-17). Até aqui, podemos nos encontrar com a compaixão curativa de Cristo que, como templo e sacerdote, purifica e reabilita o pecador-doente à comunhão com Deus e com os homens.

O relato, contudo, aprofunda a mensagem trabalhando não só a identidade e a atuação de Jesus, mas a compreensão da verdadeira salvação. Todos os dez leprosos experimentaram a força curativa do Messias de Israel: “os leprosos são purificados” (Lc 7,22). Todavia, apesar da cura física e a consequente reabilitação religiosa e social, a ratificação da postura de fé só é encontrada em um caso: o samaritano. Existe uma ligação entre a salvação e a fé daquele homem, visto que a sua capacidade de reconhecer a ação misericordiosa divina em sua miséria e a disposição em agradecer são, na realidade, indícios do acolhimento da força salvadora de Deus. Desta forma, pedir a Jesus e alcançar o seu favor não fecha o ciclo da postura cristã: é necessário retornar para agradecer.

Toda vez que a comunidade de fé se reúne para celebrar a Eucaristia, sempre comporta uma dimensão de reconhecimento, de agradecimento e de ação de graças pelas ações misericordiosas de Deus em seu favor. Assim, confessamos nas anáforas eucarísticas: “Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação, dar-vos graças, sempre e em todo lugar”. A liturgia expressa a fé bíblica na necessidade de agradecer a Deus por tudo, em todo tempo e lugar como distinto da salvação cristã.


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07/10/2016 11:29 - Atualizado em 07/10/2016 11:29

O vigésimo oitavo domingo do tempo comum possui como evangelho da celebração da missa a perícope de Lc 17,11-19. Este referido texto desenvolve a importância da ação de graças na vida daqueles que foram alcançados pela ação curativo-terapêutica de Cristo. Saber reconhecer e agradecer pelos inúmeros benefícios recebidos é a postura própria para os cristãos – sobre isto São Paulo nos deixou a sua compreensão: “Em tudo dai graças, pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito, em Cristo Jesus” (1Ts 5,18).

Os primeiros versículos do evangelho dominical introduzem o contexto no qual a ação se desenvolve: na sua trajetória para Jerusalém, Jesus, passando pelas regiões da Galileia e da Samaria, quando estava para entrar num povoado, é surpreendido por dez leprosos (vv. 11-12). Segue, então, a descrição do diálogo entre os personagens: os doentes, mantendo certa distância prevista, gritam pelo socorro do peregrino – “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” – e este, por sua vez, responde: Ide apresentar-vos aos sacerdotes” (vv. 13-14a). Depois disso, durante o seu percurso para receberem a confirmação sacerdotal, ocorre propriamente a cura daqueles homens (v. 14b). Na construção da narrativa, apenas um dos dez, se percebendo curado, retorna para glorificar a Deus em alta voz e atirar-se aos pés de Jesus, com o rosto em terra, para lhe agradecer. Neste momento, se revela a identidade pátria deste leproso: “era samaritano” (vv. 15-16). Por fim, tudo se conclui com uma Palavra de Cristo ao samaritano curado sobre a relação entre “dar glória a Deus” e a fé salvífica (vv. 17-19).

A lepra, na concepção antiga de Israel, era uma doença entendida como um castigo imposto pelo próprio Deus por conta dos pecados, fazendo com que os doentes se colocassem apartados de todo convívio religioso e social, habitando lugares desérticos e os arredores das cidades (cf. Lv 13,45-46). Esta é a razão dos dez leprosos da passagem deste domingo se encontrarem fora da cidade e de gritarem, afastados, por ajuda. Um ponto muito bonito é que a invocação feita por eles apela para a compaixão de Jesus. A fórmula “Senhor, mestre, tem compaixão de nós”, carrega o tema do amor misericordioso divino. Atendendo, então, ao pedido deles, o Senhor os remete diretamente, seguindo a Lei de Moisés, ao sacerdote para a sanção da cura(cf. Lv 13,16-17). Até aqui, podemos nos encontrar com a compaixão curativa de Cristo que, como templo e sacerdote, purifica e reabilita o pecador-doente à comunhão com Deus e com os homens.

O relato, contudo, aprofunda a mensagem trabalhando não só a identidade e a atuação de Jesus, mas a compreensão da verdadeira salvação. Todos os dez leprosos experimentaram a força curativa do Messias de Israel: “os leprosos são purificados” (Lc 7,22). Todavia, apesar da cura física e a consequente reabilitação religiosa e social, a ratificação da postura de fé só é encontrada em um caso: o samaritano. Existe uma ligação entre a salvação e a fé daquele homem, visto que a sua capacidade de reconhecer a ação misericordiosa divina em sua miséria e a disposição em agradecer são, na realidade, indícios do acolhimento da força salvadora de Deus. Desta forma, pedir a Jesus e alcançar o seu favor não fecha o ciclo da postura cristã: é necessário retornar para agradecer.

Toda vez que a comunidade de fé se reúne para celebrar a Eucaristia, sempre comporta uma dimensão de reconhecimento, de agradecimento e de ação de graças pelas ações misericordiosas de Deus em seu favor. Assim, confessamos nas anáforas eucarísticas: “Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação, dar-vos graças, sempre e em todo lugar”. A liturgia expressa a fé bíblica na necessidade de agradecer a Deus por tudo, em todo tempo e lugar como distinto da salvação cristã.


Padre Vitor Gino Finelon
Autor

Padre Vitor Gino Finelon

Professor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida