Arquidiocese do Rio de Janeiro

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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

Mês da Bíblia: “Escutai-O!”

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Mês da Bíblia: “Escutai-O!”

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09/09/2016 15:16 - Atualizado em 09/09/2016 15:17

Mês da Bíblia: “Escutai-O!” 0

09/09/2016 15:16 - Atualizado em 09/09/2016 15:17

O Mês da Bíblia é uma iniciativa da Comissão Pastoral Bíblico-Catequética da CNBB a fim de incrementar a leitura, a oração e o estudo da Sagrada Escritura nas comunidades e na vida dos fiéis. Neste ano de 2016, tal comissão escolheu o tema: “Para que n´Ele nossos povos tenham vida” e o livro bíblico base – o do profeta Miquéias, retirando dele o lema: “Praticar a justiça, amar a misericórdia e caminhar com Deus” (cf. Mq 6,8). Contudo, sabemos que a espiritualidade bíblica não está apenas presente durante o nono mês do ano. Na verdade, procura-se formar os discípulos de Jesus Cristo para que possam viver da Palavra de Deus (cf. Mt 4,4). Neste sentido, queremos apresentar um dos temas centrais da relação Escritura-comunidade-fiel: a teologia da escuta.

A fé da Igreja está alicerçada na autocomunicação que Deus faz de si mesmo e de sua vontade aos homens: “Em virtude desta revelação, Deus invisível (Cl 1,15; 1Tim 1,17), na riqueza do seu amor, fala aos homens como amigos (Ex 33,11; Jo 15,14-15) e convive com eles (Br 3,38), para os convidar e admitir à comunhão com Ele” (DV 2). Assim, Deus é reconhecido como o “outro” que fala. Ora, tal voz divina precisa ser ouvida e acolhida pelos homens, a fim de que recebam a salvação. Por isso, o trabalho pastoral mais próprio da Igreja é fazer com que as pessoas se tornem ouvintes da Palavra: “O mundo inteiro, ouvindo, acredite na mensagem da salvação, acreditando espere, e esperando ame” – segundo Santo Agostinho.

No Primeiro Testamento, o tema da escuta da Palavra aparece repetidas vezes. A pregação profética (“Ouvi estas palavras que o Senhor falou” – Am 3,1), os escritos sapienciais (“Que o sábio escute e aumente a sua experiência” – Pr 1,6) e, ainda, a Lei (“Ouve, ó Israel” – Dt 6,4) posicionam ao israelita piedoso a necessidade de ouvir a voz divina. Tal comportamento não constituía uma mera ação passiva, mas colocava o homem na condição de interlocutor: chamado a dar uma resposta. Além disso, no saltério, encontramos uma outra realidade belíssima: o Deus que fala ao homem é, também, o Aquele que o escuta – “Esperei ansiosamente pelo Senhor: ele se inclinou e ouviu o meu grito” (Sl 40). Por conseguinte, o livro da oração oficial de Israel é preenchido pela fé no Senhor “audiente”. De fato, na experiência espiritual do povo da primeira aliança, “ouvir” é uma marca fundamental da sua vida de fé.

Tudo isto ganha uma profundidade maior e mais radical no testemunho de Jesus. Ele é, em primeiro lugar, o ouvinte do Pai: “O que digo, portanto, eu o digo como o Pai me disse” (Jo 12,50). Sua vida era de escuta, acolhimento e obediência à vontade daquele que o enviou (cf. Jo 4,34; 6,38). Depois, o próprio Pai afirma que: “Este é o meu filho amado, ouvi-o” (Mc 9,7). Voz que continua a anunciar as maravilhas da salvação no hoje: “Prestai atenção para não deixar de ouvir aquele que vos fala” (Hb 12,25). A Igreja vive da voz de seu Senhor e, assim, se torna imperativo, para todos os seus fiéis, uma escuta atenta e religiosa: “o que vimos e ouvimos, vo-lo anunciamos para que estejais também em comunhão conosco” (1Jo 1,3).

O Magistério da Igreja, em estreita relação com a teologia bíblica, identificou as Escrituras Sagradas como um dos lugares próprios para a escuta da voz do Ressuscitado. Por isso, o Papa Bento XVI, na Constituição Pós-conciliar “Verbum Domini afirma”: “A Igreja não vive de si mesma, mas do Evangelho; (...) só quem se coloca primeiro à escuta da Palavra é que pode depois tornar-se seu anunciador” (VD 51). Urge favorecer, neste nosso tempo, uma postura de escuta nos fiéis para que tenham a disposição certa para se aproximar do texto bíblico: “quer através da sagrada Liturgia, rica de palavras divinas, quer pela leitura espiritual, quer por outros meios que se vão espalhando tão louvavelmente por toda a parte, com a aprovação e estímulo dos pastores da Igreja” (DV 25).


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Mês da Bíblia: “Escutai-O!”

09/09/2016 15:16 - Atualizado em 09/09/2016 15:17

O Mês da Bíblia é uma iniciativa da Comissão Pastoral Bíblico-Catequética da CNBB a fim de incrementar a leitura, a oração e o estudo da Sagrada Escritura nas comunidades e na vida dos fiéis. Neste ano de 2016, tal comissão escolheu o tema: “Para que n´Ele nossos povos tenham vida” e o livro bíblico base – o do profeta Miquéias, retirando dele o lema: “Praticar a justiça, amar a misericórdia e caminhar com Deus” (cf. Mq 6,8). Contudo, sabemos que a espiritualidade bíblica não está apenas presente durante o nono mês do ano. Na verdade, procura-se formar os discípulos de Jesus Cristo para que possam viver da Palavra de Deus (cf. Mt 4,4). Neste sentido, queremos apresentar um dos temas centrais da relação Escritura-comunidade-fiel: a teologia da escuta.

A fé da Igreja está alicerçada na autocomunicação que Deus faz de si mesmo e de sua vontade aos homens: “Em virtude desta revelação, Deus invisível (Cl 1,15; 1Tim 1,17), na riqueza do seu amor, fala aos homens como amigos (Ex 33,11; Jo 15,14-15) e convive com eles (Br 3,38), para os convidar e admitir à comunhão com Ele” (DV 2). Assim, Deus é reconhecido como o “outro” que fala. Ora, tal voz divina precisa ser ouvida e acolhida pelos homens, a fim de que recebam a salvação. Por isso, o trabalho pastoral mais próprio da Igreja é fazer com que as pessoas se tornem ouvintes da Palavra: “O mundo inteiro, ouvindo, acredite na mensagem da salvação, acreditando espere, e esperando ame” – segundo Santo Agostinho.

No Primeiro Testamento, o tema da escuta da Palavra aparece repetidas vezes. A pregação profética (“Ouvi estas palavras que o Senhor falou” – Am 3,1), os escritos sapienciais (“Que o sábio escute e aumente a sua experiência” – Pr 1,6) e, ainda, a Lei (“Ouve, ó Israel” – Dt 6,4) posicionam ao israelita piedoso a necessidade de ouvir a voz divina. Tal comportamento não constituía uma mera ação passiva, mas colocava o homem na condição de interlocutor: chamado a dar uma resposta. Além disso, no saltério, encontramos uma outra realidade belíssima: o Deus que fala ao homem é, também, o Aquele que o escuta – “Esperei ansiosamente pelo Senhor: ele se inclinou e ouviu o meu grito” (Sl 40). Por conseguinte, o livro da oração oficial de Israel é preenchido pela fé no Senhor “audiente”. De fato, na experiência espiritual do povo da primeira aliança, “ouvir” é uma marca fundamental da sua vida de fé.

Tudo isto ganha uma profundidade maior e mais radical no testemunho de Jesus. Ele é, em primeiro lugar, o ouvinte do Pai: “O que digo, portanto, eu o digo como o Pai me disse” (Jo 12,50). Sua vida era de escuta, acolhimento e obediência à vontade daquele que o enviou (cf. Jo 4,34; 6,38). Depois, o próprio Pai afirma que: “Este é o meu filho amado, ouvi-o” (Mc 9,7). Voz que continua a anunciar as maravilhas da salvação no hoje: “Prestai atenção para não deixar de ouvir aquele que vos fala” (Hb 12,25). A Igreja vive da voz de seu Senhor e, assim, se torna imperativo, para todos os seus fiéis, uma escuta atenta e religiosa: “o que vimos e ouvimos, vo-lo anunciamos para que estejais também em comunhão conosco” (1Jo 1,3).

O Magistério da Igreja, em estreita relação com a teologia bíblica, identificou as Escrituras Sagradas como um dos lugares próprios para a escuta da voz do Ressuscitado. Por isso, o Papa Bento XVI, na Constituição Pós-conciliar “Verbum Domini afirma”: “A Igreja não vive de si mesma, mas do Evangelho; (...) só quem se coloca primeiro à escuta da Palavra é que pode depois tornar-se seu anunciador” (VD 51). Urge favorecer, neste nosso tempo, uma postura de escuta nos fiéis para que tenham a disposição certa para se aproximar do texto bíblico: “quer através da sagrada Liturgia, rica de palavras divinas, quer pela leitura espiritual, quer por outros meios que se vão espalhando tão louvavelmente por toda a parte, com a aprovação e estímulo dos pastores da Igreja” (DV 25).


Padre Vitor Gino Finelon
Autor

Padre Vitor Gino Finelon

Professor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida