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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

Oração dos filhos de Deus

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Oração dos filhos de Deus

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22/07/2016 09:57 - Atualizado em 22/07/2016 09:57

Oração dos filhos de Deus 0

22/07/2016 09:57 - Atualizado em 22/07/2016 09:57

A Igreja proclama, no décimo sétimo domingo do Tempo Comum e na liturgia da palavra da celebração eucarística, o texto de Lc 11,1-13. Nesta passagem, encontramos uma profunda catequese a respeito da oração cristã. No pensamento lucano, este tema é central: o Senhor é apresentado como o orante do Pai – “Jesus estava rezando num certo lugar” (Lc 11,1) – e o mestre da oração – “Quando rezardes, dizei” (Lc 11,2). Desta forma, nós, os novos seguidores de Cristo, aprendemos, pelo menos, três aspectos fundamentais para a nossa espiritualidade: o como, a motivação e a razão da prece. Para isso, podemos dividir a página evangélica, seguindo sua estrutura literário-teológica, assim: o Pai-Nosso (Lc 11,1-4), a parábola do amigo inconveniente (Lc 11,5-8) e a revelação da bondade de Deus (Lc 11,9-13).

A primeira parte da narrativa, dedicada ao modo de rezar, é introduzida por uma pergunta dos discípulos diante do testemunho de oração de Jesus: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos” (Lc 11,1). Este versículo possui uma densidade teológica muito forte, pois, além de mostrar uma admiração pela maneira d’Ele rezar, O identifica como mestre em oração. A grande novidade da sua prece é a de se dirigir a Deus como “Pai”. Apesar de acharmos tal apelativo no Primeiro Testamento (cf. Dt 32,6; Is 63,16; 64,7; Jr 3,4; Ml 1,6; 2,10), Ele propõe um sentido novo para o termo – era uma abertura de intimidade, de proximidade e de confiança nunca antes contemplada. Por conseguinte, os cinco pedidos, já presentes na prece de Israel, manifestam o que é urgente na vida de um cristão: o louvor, o dom do Reino, a subsistência, os relacionamentos e a santidade – tais petições são uma síntese de todo o Evangelho.

Na segunda seção do relato lucano, centrada na constância da súplica, lemos a parábola do amigo inoportuno. Esta narra a história de um homem que, acolhendo uma visita e não tendo o que oferecer-lhe, recorre, na madrugada, a um vizinho para que lhe empreste três pães. Este, mesmo contrariado em função da impertinência, entregaria o que for imprescindível para se livrar do incômodo. O livro de Lucas traz, ainda, uma outra parábola sobre esta temática da “necessidade de orar sempre, sem jamais esmorecer”, na qual se apresenta uma viúva desvalida que suplica pela intervenção de um juiz impiedoso (cf. Lc 18,1-8). Nas duas, o escritor se utiliza de um artifício literário interessante, visto que os personagens destinatários do pedido são qualificados como pessoas indispostas (o amigo e o juiz), contra quem a motivação, a insistência e a perseverança do pedinte (o que recebe o hóspede e a viúva) são as forças para alcançar o que se precisa.

Na terceira parte da passagem evangélica, na qual se desenvolve a questão da razão da oração, Jesus revela a face bondosa de seu Pai. Através de uma analogia entre a paternidade terrena, que perante as carências alimentícias de um filho provê algo bom, e a celeste, que na aguda condição de seus filhos adotivos concede o seu próprio Espírito. Não podemos confundir anseios de posse com as disposições paternas: a providência doa aos homens o Pneuma, com seus dons e seus frutos, a fim de transformar o coração pecador em oblação de amor. Ele – Senhor que nos possibilita chamar a Deus de Pai, pelo Ressuscitado – tem uma missão basilar na nossa oração: “o Espírito socorre nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir como convém, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rm 8,26). De fato, a eficácia de toda oração reside na bondade divina e na ação do Espírito.

Desta maneira, a catequese de São Lucas, no tocante a oração, prossegue formando a espiritualidade dos novos discípulos de Cristo. O modelo de toda a oração é sempre o Pai-Nosso, cujos pedidos nos revelam aquilo que é essencial. A perseverança é a característica do orante. E a vontade bondosa do Pai e a atuação do Espírito são as garantias da pujança da nossa súplica. Cabe à Igreja continuar e participar sempre da prece do Senhor Jesus, rezando ao Deus providente, na potência da Unção Divina, a fim de receber tudo aquilo que realmente é fundamental para sua existência, para o bem de seus membros e de toda a humanidade.

 

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Oração dos filhos de Deus

22/07/2016 09:57 - Atualizado em 22/07/2016 09:57

A Igreja proclama, no décimo sétimo domingo do Tempo Comum e na liturgia da palavra da celebração eucarística, o texto de Lc 11,1-13. Nesta passagem, encontramos uma profunda catequese a respeito da oração cristã. No pensamento lucano, este tema é central: o Senhor é apresentado como o orante do Pai – “Jesus estava rezando num certo lugar” (Lc 11,1) – e o mestre da oração – “Quando rezardes, dizei” (Lc 11,2). Desta forma, nós, os novos seguidores de Cristo, aprendemos, pelo menos, três aspectos fundamentais para a nossa espiritualidade: o como, a motivação e a razão da prece. Para isso, podemos dividir a página evangélica, seguindo sua estrutura literário-teológica, assim: o Pai-Nosso (Lc 11,1-4), a parábola do amigo inconveniente (Lc 11,5-8) e a revelação da bondade de Deus (Lc 11,9-13).

A primeira parte da narrativa, dedicada ao modo de rezar, é introduzida por uma pergunta dos discípulos diante do testemunho de oração de Jesus: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos” (Lc 11,1). Este versículo possui uma densidade teológica muito forte, pois, além de mostrar uma admiração pela maneira d’Ele rezar, O identifica como mestre em oração. A grande novidade da sua prece é a de se dirigir a Deus como “Pai”. Apesar de acharmos tal apelativo no Primeiro Testamento (cf. Dt 32,6; Is 63,16; 64,7; Jr 3,4; Ml 1,6; 2,10), Ele propõe um sentido novo para o termo – era uma abertura de intimidade, de proximidade e de confiança nunca antes contemplada. Por conseguinte, os cinco pedidos, já presentes na prece de Israel, manifestam o que é urgente na vida de um cristão: o louvor, o dom do Reino, a subsistência, os relacionamentos e a santidade – tais petições são uma síntese de todo o Evangelho.

Na segunda seção do relato lucano, centrada na constância da súplica, lemos a parábola do amigo inoportuno. Esta narra a história de um homem que, acolhendo uma visita e não tendo o que oferecer-lhe, recorre, na madrugada, a um vizinho para que lhe empreste três pães. Este, mesmo contrariado em função da impertinência, entregaria o que for imprescindível para se livrar do incômodo. O livro de Lucas traz, ainda, uma outra parábola sobre esta temática da “necessidade de orar sempre, sem jamais esmorecer”, na qual se apresenta uma viúva desvalida que suplica pela intervenção de um juiz impiedoso (cf. Lc 18,1-8). Nas duas, o escritor se utiliza de um artifício literário interessante, visto que os personagens destinatários do pedido são qualificados como pessoas indispostas (o amigo e o juiz), contra quem a motivação, a insistência e a perseverança do pedinte (o que recebe o hóspede e a viúva) são as forças para alcançar o que se precisa.

Na terceira parte da passagem evangélica, na qual se desenvolve a questão da razão da oração, Jesus revela a face bondosa de seu Pai. Através de uma analogia entre a paternidade terrena, que perante as carências alimentícias de um filho provê algo bom, e a celeste, que na aguda condição de seus filhos adotivos concede o seu próprio Espírito. Não podemos confundir anseios de posse com as disposições paternas: a providência doa aos homens o Pneuma, com seus dons e seus frutos, a fim de transformar o coração pecador em oblação de amor. Ele – Senhor que nos possibilita chamar a Deus de Pai, pelo Ressuscitado – tem uma missão basilar na nossa oração: “o Espírito socorre nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir como convém, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rm 8,26). De fato, a eficácia de toda oração reside na bondade divina e na ação do Espírito.

Desta maneira, a catequese de São Lucas, no tocante a oração, prossegue formando a espiritualidade dos novos discípulos de Cristo. O modelo de toda a oração é sempre o Pai-Nosso, cujos pedidos nos revelam aquilo que é essencial. A perseverança é a característica do orante. E a vontade bondosa do Pai e a atuação do Espírito são as garantias da pujança da nossa súplica. Cabe à Igreja continuar e participar sempre da prece do Senhor Jesus, rezando ao Deus providente, na potência da Unção Divina, a fim de receber tudo aquilo que realmente é fundamental para sua existência, para o bem de seus membros e de toda a humanidade.

 

Padre Vitor Gino Finelon
Autor

Padre Vitor Gino Finelon

Professor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida