Arquidiocese do Rio de Janeiro

34º 22º

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

A melhor parte

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do e-mail.
E-mail enviado com sucesso.

17 de Maio de 2024

A melhor parte

Se você encontrou erro neste texto ou nesta página, por favor preencha os campos abaixo. O link da página será enviado automaticamente a ArqRio.

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do erro.
Erro relatado com sucesso, obrigado.

15/07/2016 12:43 - Atualizado em 15/07/2016 12:43

A melhor parte 0

15/07/2016 12:43 - Atualizado em 15/07/2016 12:43

No 16º domingo do Tempo Comum, a Igreja proclama, na celebração eucarística, o Evangelho de Lc 10,38-42. O episódio da estada de Jesus na casa de Marta e Maria, durante sua viagem para Jerusalém, é próprio da tradição lucana, ainda que, em Jo 11–12, a família de Betânia seja introduzida no contexto da morte e ressurreição de Lázaro – irmão das duas e amigo do Senhor. A cena descrita na página bíblica tem como transfundo posicionar o lugar primordial da escuta da Palavra de Deus na vida dos discípulos de Cristo: a melhor parte.

Na narrativa de São Lucas, Jesus é acolhido, como peregrino, na casa de Marta. Enquanto esta se encontrava muito ocupada com afazeres domésticos, sua irmã se dedicava a permanecer aos pés de Jesus, ouvindo a sua Palavra. Então, a primeira faz uma queixa: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!” (Lc 10,40). A réplica foi: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”(Lc 10,41). Com isto, fica patente que a intenção do relato é a precedência da escuta da Palavra de Cristo diante de qualquer outra atividade: somente uma coisa é necessária!

A resposta de Jesus, na verdade, não está opondo o serviço (vida ativa) e a oração (vida contemplativa) como se a primeira fosse menos digna do que a segunda e, ainda, se quem se devotasse a primeira fosse um discípulo de segunda categoria. São Gregório Magno nos explica: “Observa que não se reprova a parte de Marta, mas se louva a de Maria. Nem se limita a dizer que Maria escolheu a boa parte, mas a parte melhor, para indicar que também a parte de Marta era boa. O Senhor está afirmando que o “amor ao próximo” possui sua fonte no “amor a Deus”. A disposição ao serviço não é criticada, mas redirecionada à sua fonte: a comunhão com Deus. A este respeito o Papa Bento XVI declarava: “a Igreja não vive de si mesma, mas do Evangelho; e do Evangelho tira, sem cessar, orientação para o seu caminho. Temos aqui uma advertência que cada cristão deve acolher e aplicar a si mesmo: só quem se coloca primeiro à escuta da Palavra é que pode depois tornar-se seu anunciador”.

A real contraposição parece estar centrada nas expressões “muitas coisas” e “uma coisa só necessária”. As preocupações e as agitações pelas tarefas do dia a dia levaram Marta a se afastar da escuta da Palavra. As advertências em relação a este perigo são inúmeras na Escritura: “Não busqueis o que comer ou beber; e não vos inquieteis! Pois são os gentios deste mundo que estão à procura de tudo isso: vosso Pai sabe que tendes necessidade de tudo isso” (Lc 12,29-31) e “Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados pela devassidão, pela embriaguez, pelas preocupações da vida e não se abata, repentinamente, sobre vós aquele dia”(Lc 21,34). Por outro lado, tantos são os imperativos para se voltar à Palavra de Deus: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem e põe a palavra de Deus em prática” (Lc 8,21) e “Felizes, antes, os que ouvem a Palavra de Deus e as põem em prática”(Lc 11,28).

Os cristãos, hoje, continuam sendo chamados a permanecer aos pés de Jesus, escutando as suas orientações. Todavia, a tentação de se dispersar por conta das inquietações da vida é um perigo constante. Obedientes ao Senhor, redirecionemos nosso caminho, tornando-nos ouvintes fiéis de suas palavras e praticantes zelosos de seu mandamento. Quanto às preocupações que nos assolam, entreguemos todas ao Pai providente: “Não vos inquieteis com nada, mas apresentai a Deus todas as vossas necessidades pela oração e pela súplica, em ação de graças. Então a paz de Deus, que excede toda a compreensão, guardará os vosso corações e pensamentos, em Cristo Jesus” (Fl 4,6-7).


Leia os comentários

Deixe seu comentário

Resposta ao comentário de:

Enviando...
Por favor, preencha os campos adequadamente.
Ocorreu um erro no envio do comentário.
Comentário enviado para aprovação.

A melhor parte

15/07/2016 12:43 - Atualizado em 15/07/2016 12:43

No 16º domingo do Tempo Comum, a Igreja proclama, na celebração eucarística, o Evangelho de Lc 10,38-42. O episódio da estada de Jesus na casa de Marta e Maria, durante sua viagem para Jerusalém, é próprio da tradição lucana, ainda que, em Jo 11–12, a família de Betânia seja introduzida no contexto da morte e ressurreição de Lázaro – irmão das duas e amigo do Senhor. A cena descrita na página bíblica tem como transfundo posicionar o lugar primordial da escuta da Palavra de Deus na vida dos discípulos de Cristo: a melhor parte.

Na narrativa de São Lucas, Jesus é acolhido, como peregrino, na casa de Marta. Enquanto esta se encontrava muito ocupada com afazeres domésticos, sua irmã se dedicava a permanecer aos pés de Jesus, ouvindo a sua Palavra. Então, a primeira faz uma queixa: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!” (Lc 10,40). A réplica foi: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”(Lc 10,41). Com isto, fica patente que a intenção do relato é a precedência da escuta da Palavra de Cristo diante de qualquer outra atividade: somente uma coisa é necessária!

A resposta de Jesus, na verdade, não está opondo o serviço (vida ativa) e a oração (vida contemplativa) como se a primeira fosse menos digna do que a segunda e, ainda, se quem se devotasse a primeira fosse um discípulo de segunda categoria. São Gregório Magno nos explica: “Observa que não se reprova a parte de Marta, mas se louva a de Maria. Nem se limita a dizer que Maria escolheu a boa parte, mas a parte melhor, para indicar que também a parte de Marta era boa. O Senhor está afirmando que o “amor ao próximo” possui sua fonte no “amor a Deus”. A disposição ao serviço não é criticada, mas redirecionada à sua fonte: a comunhão com Deus. A este respeito o Papa Bento XVI declarava: “a Igreja não vive de si mesma, mas do Evangelho; e do Evangelho tira, sem cessar, orientação para o seu caminho. Temos aqui uma advertência que cada cristão deve acolher e aplicar a si mesmo: só quem se coloca primeiro à escuta da Palavra é que pode depois tornar-se seu anunciador”.

A real contraposição parece estar centrada nas expressões “muitas coisas” e “uma coisa só necessária”. As preocupações e as agitações pelas tarefas do dia a dia levaram Marta a se afastar da escuta da Palavra. As advertências em relação a este perigo são inúmeras na Escritura: “Não busqueis o que comer ou beber; e não vos inquieteis! Pois são os gentios deste mundo que estão à procura de tudo isso: vosso Pai sabe que tendes necessidade de tudo isso” (Lc 12,29-31) e “Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados pela devassidão, pela embriaguez, pelas preocupações da vida e não se abata, repentinamente, sobre vós aquele dia”(Lc 21,34). Por outro lado, tantos são os imperativos para se voltar à Palavra de Deus: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem e põe a palavra de Deus em prática” (Lc 8,21) e “Felizes, antes, os que ouvem a Palavra de Deus e as põem em prática”(Lc 11,28).

Os cristãos, hoje, continuam sendo chamados a permanecer aos pés de Jesus, escutando as suas orientações. Todavia, a tentação de se dispersar por conta das inquietações da vida é um perigo constante. Obedientes ao Senhor, redirecionemos nosso caminho, tornando-nos ouvintes fiéis de suas palavras e praticantes zelosos de seu mandamento. Quanto às preocupações que nos assolam, entreguemos todas ao Pai providente: “Não vos inquieteis com nada, mas apresentai a Deus todas as vossas necessidades pela oração e pela súplica, em ação de graças. Então a paz de Deus, que excede toda a compreensão, guardará os vosso corações e pensamentos, em Cristo Jesus” (Fl 4,6-7).


Padre Vitor Gino Finelon
Autor

Padre Vitor Gino Finelon

Professor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida