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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

Jesus e seus discípulos

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17/06/2016 13:52 - Atualizado em 17/06/2016 13:53

Jesus e seus discípulos 0

17/06/2016 13:52 - Atualizado em 17/06/2016 13:53

A celebração eucarística do 12º domingo do Tempo Comum apresenta a narrativa lucana da profissão de fé de Pedro, do primeiro anúncio da paixão do Senhor e da consequência direta do seguimento cristão (cf. Lc 9,18-24). Com efeito, os três evangelhos sinóticos transmitiram, cada um segundo seu interesse teológico, este trinômio: confissão de fé em Cristo – mistério pascal – discipulado (cf. Mt 16,13-28; Mc 8,27-38). Isso nos revela a importância capital destas passagens para a compreensão da identidade de Jesus e da dinâmica peculiar da vida dos seus seguidores. Na verdade, podemos encontrar duas indagações norteadoras e coligadas no texto: Quem é Jesus e quem são os seus discípulos?

A pergunta fundamental é feita pelo próprio Senhor em dois momentos: “Quem diz o povo que eu sou?” e “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Lc 9,18.20). A decorrente resposta é uma confissão insuficiente, pois apesar de reconhecê-Lo como um profeta, não alcança a sua verdadeira identidade (cf. Lc 9,19). De fato, nem a pregação de Elias e de João Batista ou os oráculos dos outros profetas possuem a densidade epifânica e salvífica do ministério de Jesus. A segunda resposta penetra no âmago da questão: “O Cristo de Deus” (Lc 9,20). Pedro afirma que aqu’Ele homem é o messias aguardado, o ungido enviado para inaugurar os tempos finais. As palavras petrinas indicam que a esperança soteriológica veterotestamentária realiza-se no Senhor.

A revelação de Jesus como o Ungido de Deus poderia gerar uma má compreensão por parte dos seus seguidores, das multidões e dos seus líderes. O título de ‘cristo’ encontrava-se confundido com expectativas de ordens sociais, políticas e culturais diferentes das apresentadas pelo Senhor. Por essa razão, Ele pediu aos discípulos que não contassem, ainda, quem realmente era (cf. Lc 9,21). Depois, o texto passa a desenvolver a concepção de Jesus sobre o messias (cf. Lc 9,22). A troca desse título pelo de ‘Filho do Homem’ sugere a ótica que deve ser projetada sobre a sua atuação (cf. Dn 7,13). Ademais, o conjunto de verbos pertencentes a explicação de seu messianismo é muito expressivo – sofrer, ser rejeitado, ser morto e ressuscitar. Tais ações ligam o Senhor com a figura do ‘servo sofredor’ presente na literatura bíblica (cf. Is 42,1-9; 49,1-7; 50,4-11; 52,13 – 53,12). Desta forma, Ele é o Ungido, não para se tornar uma autoridade civil de intenções nacionalistas, mas, sim, o enviado escatológico divino cuja missão é instaurar o Reino salvífico.

A outra pergunta presente no evangelho deste domingo aparece de forma implícita e versa sobre a identidade dos seguidores do Cristo. Para respondê-la se faz necessário ter bem claro quem é Jesus. Uma vez que Ele rejeitou o conteúdo nacionalista da concepção messiânica, os seus discípulos não podem esperar uma vida de facilidades. Por conseguinte, tendo se apresentado com os títulos de Filho do Homem e Servo obediente e vivido radicalmente como tal, seus adeptos partilharão do seu messianismo de cruz. Os verbos utilizados esclarecem bastante a respeito do discipulado cristão: seguir, renunciar, tomar a sua cruz, perder e salvar. Ir atrás do Mestre, no caminho da salvação, exige a renúncia de si mesmo e a tomada da cruz de cada dia. À primeira vista essas palavras são bem diferentes daquilo que gostaríamos de escutar. Todavia, a decisão de renunciar a si mesmo está ligada com vencer o egoísmo – causa do pecado e dos males –, e a de tomar a cruz significa estar disposto a enfrentar as oposições à vivência do mandamento do amor a Deus e ao próximo.

A identidade de Jesus precisa a natureza de seus discípulos. Ele, o Filho do Homem e o Servo obediente de Deus, foi capaz de entregar-Se totalmente – foi rejeitado, sofreu, morreu e ressuscitou – para que o amor divino fosse revelado e comunicado plenamente a todos. Nós somos chamados a trilhar o mesmo caminho, renunciando a nós mesmos, abraçando, com perseverança diária, a vontade do Pai e enfrentando todas as forças antagônicas. A esse respeito, São Basílio Magno nos confirma a relação de configuração entre o Senhor e os seus seguidores: “é, pois, necessário imitar a Cristo não somente nos exemplos de benignidade, humildade e paciência que nos demonstrou em sua vida, mas também no de sua própria morte”.

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Jesus e seus discípulos

17/06/2016 13:52 - Atualizado em 17/06/2016 13:53

A celebração eucarística do 12º domingo do Tempo Comum apresenta a narrativa lucana da profissão de fé de Pedro, do primeiro anúncio da paixão do Senhor e da consequência direta do seguimento cristão (cf. Lc 9,18-24). Com efeito, os três evangelhos sinóticos transmitiram, cada um segundo seu interesse teológico, este trinômio: confissão de fé em Cristo – mistério pascal – discipulado (cf. Mt 16,13-28; Mc 8,27-38). Isso nos revela a importância capital destas passagens para a compreensão da identidade de Jesus e da dinâmica peculiar da vida dos seus seguidores. Na verdade, podemos encontrar duas indagações norteadoras e coligadas no texto: Quem é Jesus e quem são os seus discípulos?

A pergunta fundamental é feita pelo próprio Senhor em dois momentos: “Quem diz o povo que eu sou?” e “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Lc 9,18.20). A decorrente resposta é uma confissão insuficiente, pois apesar de reconhecê-Lo como um profeta, não alcança a sua verdadeira identidade (cf. Lc 9,19). De fato, nem a pregação de Elias e de João Batista ou os oráculos dos outros profetas possuem a densidade epifânica e salvífica do ministério de Jesus. A segunda resposta penetra no âmago da questão: “O Cristo de Deus” (Lc 9,20). Pedro afirma que aqu’Ele homem é o messias aguardado, o ungido enviado para inaugurar os tempos finais. As palavras petrinas indicam que a esperança soteriológica veterotestamentária realiza-se no Senhor.

A revelação de Jesus como o Ungido de Deus poderia gerar uma má compreensão por parte dos seus seguidores, das multidões e dos seus líderes. O título de ‘cristo’ encontrava-se confundido com expectativas de ordens sociais, políticas e culturais diferentes das apresentadas pelo Senhor. Por essa razão, Ele pediu aos discípulos que não contassem, ainda, quem realmente era (cf. Lc 9,21). Depois, o texto passa a desenvolver a concepção de Jesus sobre o messias (cf. Lc 9,22). A troca desse título pelo de ‘Filho do Homem’ sugere a ótica que deve ser projetada sobre a sua atuação (cf. Dn 7,13). Ademais, o conjunto de verbos pertencentes a explicação de seu messianismo é muito expressivo – sofrer, ser rejeitado, ser morto e ressuscitar. Tais ações ligam o Senhor com a figura do ‘servo sofredor’ presente na literatura bíblica (cf. Is 42,1-9; 49,1-7; 50,4-11; 52,13 – 53,12). Desta forma, Ele é o Ungido, não para se tornar uma autoridade civil de intenções nacionalistas, mas, sim, o enviado escatológico divino cuja missão é instaurar o Reino salvífico.

A outra pergunta presente no evangelho deste domingo aparece de forma implícita e versa sobre a identidade dos seguidores do Cristo. Para respondê-la se faz necessário ter bem claro quem é Jesus. Uma vez que Ele rejeitou o conteúdo nacionalista da concepção messiânica, os seus discípulos não podem esperar uma vida de facilidades. Por conseguinte, tendo se apresentado com os títulos de Filho do Homem e Servo obediente e vivido radicalmente como tal, seus adeptos partilharão do seu messianismo de cruz. Os verbos utilizados esclarecem bastante a respeito do discipulado cristão: seguir, renunciar, tomar a sua cruz, perder e salvar. Ir atrás do Mestre, no caminho da salvação, exige a renúncia de si mesmo e a tomada da cruz de cada dia. À primeira vista essas palavras são bem diferentes daquilo que gostaríamos de escutar. Todavia, a decisão de renunciar a si mesmo está ligada com vencer o egoísmo – causa do pecado e dos males –, e a de tomar a cruz significa estar disposto a enfrentar as oposições à vivência do mandamento do amor a Deus e ao próximo.

A identidade de Jesus precisa a natureza de seus discípulos. Ele, o Filho do Homem e o Servo obediente de Deus, foi capaz de entregar-Se totalmente – foi rejeitado, sofreu, morreu e ressuscitou – para que o amor divino fosse revelado e comunicado plenamente a todos. Nós somos chamados a trilhar o mesmo caminho, renunciando a nós mesmos, abraçando, com perseverança diária, a vontade do Pai e enfrentando todas as forças antagônicas. A esse respeito, São Basílio Magno nos confirma a relação de configuração entre o Senhor e os seus seguidores: “é, pois, necessário imitar a Cristo não somente nos exemplos de benignidade, humildade e paciência que nos demonstrou em sua vida, mas também no de sua própria morte”.

Padre Vitor Gino Finelon
Autor

Padre Vitor Gino Finelon

Professor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida