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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

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03/06/2016 17:09 - Atualizado em 03/06/2016 17:09

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03/06/2016 17:09 - Atualizado em 03/06/2016 17:09

No décimo domingo do tempo comum, a Igreja escuta o evangelho da ressurreição do filho da viúva de Naim. Embora, normalmente, a assembleia se deslumbre diante do milagre operado, sabemos que o intuito de tal narrativa bíblica é suscitar e aumentar nos novos discípulos de Jesus a fé pascal – Ele ressurgiu dos mortos, está vivo e tem a força de vivificar os nossos corpos mortais. A pergunta sobre o sentido da morte acha sua resposta no mistério da vitória de Cristo. Desta forma, a comunidade dos fiéis é chamada a responder ao Deus vivo e verdadeiro, crendo na ressurreição dos corpos e na eternidade bem-aventurada.

No texto do Novo Testamento podemos encontrar três relatos nos quais o Senhor aparece com o poder de vivificar os mortos: em Lc 7,11-17, a ressurreição do filho único da viúva de Naim; em Lc 8,40-42.49-56, a da filha de Jairo, chefe da sinagoga de Cafarnaum; e, em Jo 11, a de Lázaro, amigo de Jesus e irmão de Marta e Maria. Em outras passagens, ainda, conseguimos vislumbrar a fé dos cristãos da primeira hora na ressurreição dos mortos: “Irmãos, não queremos que ignoreis o que se refere aos mortos para não ficardes tristes como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou; assim também os que morreram em Jesus, Deus há de levá-los em sua companhia” (1Ts 4,13-14). Contudo, desde o início percebemos que muitos pregadores esvaziavam a boa-nova, negando precisamente o triunfo sobre a morte. Por causa disso, São Paulo afirma veementemente: “Pois, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, ilusória é a nossa fé. Se temos esperança em Cristo somente para esta vida, somos os mais dignos de compaixão de todos os homens” (1Cor 15,16-17.19)

Dito isto, é necessário voltarmos ao evangelho proclamado na liturgia da Palavra neste dia do Senhor. Duas procissões se encontram na porta da cidade: na primeira, temos Jesus, seus discípulos e uma grande multidão adentrando no lugar, e, na segunda, o cortejo no qual a viúva, o jovem defunto e os seus concidadãos saem para os rituais fúnebres. Nessa situação, “ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse: ‘Não chore!” (Lc 7,13). A ‘com-paixão’ – “sofrer com” – impulsionou o Cristo a manifestar, através de gestos humanos, o amor divino. Sua atitude de acolhimento da dor daquela mulher sinaliza a ação de Deus em direção a todos aqueles marcados pela experiência de perda e de luto.

Desta forma, aconteceu algo impensado: “Jesus disse: Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” (Lc 7,14). No Primeiro Testamento, Elias já tinha operado o milagre de reanimar o filho da viúva de Sarepta. Todavia, para que o menino recobrasse o sopro vital, o profeta rezou: “Senhor, meu Deus, faze, te rogo, que a alma deste menino volte às suas entranhas. O Senhor ouviu a voz de Elias: a alma do menino voltou a ele e ele recuperou a vida” (1Rs 17,21-22). Colocando esses episódios em paralelo, fica claro que, tanto na ressurreição vétero-testamentária quanto na neo-testamentária, a capacidade de dar a vida pertence unicamente a Deus. A diferença entre os dois prodígios é que, Elias é caracterizado como um intercessor – “meu Deus, faze, te rogo”, ao passo que Jesus é a fonte do poder vivificante – Jovem, eu te ordeno, levanta-te!

A narrativa lucana da ressurreição do filho único da viúva de Naim tem como escopo fazer com que os homens creiam na potência vivificante de Cristo. Vendo a sua atuação, as multidões poderiam acreditar no seu anúncio pascal e se encher de esperança em relação a vida futura. Mais do que nos reanimar, o Senhor Jesus quer partilhar conosco a sua condição de ressuscitado. O CIC nº 646 ensina que “A ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena, como no caso das ressurreições que Ele tinha realizado antes da Páscoa: a filha de Jairo, o jovem de Naim e Lázaro. Esses fatos eram acontecimentos milagrosos, mas as pessoas miraculadas reencontravam, pelo poder de Jesus, uma vida terrena normal: em dado momento, voltariam a morrer. A ressurreição de Cristo é essencialmente diferente. No seu corpo ressuscitado, Ele passa do estado de morte a uma outra vida, para além do tempo e do espaço. O corpo de Cristo é, na ressurreição, cheio do poder do Espírito Santo; participa da vida divina no estado da sua glória, de tal modo que São Paulo pode dizer de Cristo que Ele é o homem celeste”.


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03/06/2016 17:09 - Atualizado em 03/06/2016 17:09

No décimo domingo do tempo comum, a Igreja escuta o evangelho da ressurreição do filho da viúva de Naim. Embora, normalmente, a assembleia se deslumbre diante do milagre operado, sabemos que o intuito de tal narrativa bíblica é suscitar e aumentar nos novos discípulos de Jesus a fé pascal – Ele ressurgiu dos mortos, está vivo e tem a força de vivificar os nossos corpos mortais. A pergunta sobre o sentido da morte acha sua resposta no mistério da vitória de Cristo. Desta forma, a comunidade dos fiéis é chamada a responder ao Deus vivo e verdadeiro, crendo na ressurreição dos corpos e na eternidade bem-aventurada.

No texto do Novo Testamento podemos encontrar três relatos nos quais o Senhor aparece com o poder de vivificar os mortos: em Lc 7,11-17, a ressurreição do filho único da viúva de Naim; em Lc 8,40-42.49-56, a da filha de Jairo, chefe da sinagoga de Cafarnaum; e, em Jo 11, a de Lázaro, amigo de Jesus e irmão de Marta e Maria. Em outras passagens, ainda, conseguimos vislumbrar a fé dos cristãos da primeira hora na ressurreição dos mortos: “Irmãos, não queremos que ignoreis o que se refere aos mortos para não ficardes tristes como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou; assim também os que morreram em Jesus, Deus há de levá-los em sua companhia” (1Ts 4,13-14). Contudo, desde o início percebemos que muitos pregadores esvaziavam a boa-nova, negando precisamente o triunfo sobre a morte. Por causa disso, São Paulo afirma veementemente: “Pois, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, ilusória é a nossa fé. Se temos esperança em Cristo somente para esta vida, somos os mais dignos de compaixão de todos os homens” (1Cor 15,16-17.19)

Dito isto, é necessário voltarmos ao evangelho proclamado na liturgia da Palavra neste dia do Senhor. Duas procissões se encontram na porta da cidade: na primeira, temos Jesus, seus discípulos e uma grande multidão adentrando no lugar, e, na segunda, o cortejo no qual a viúva, o jovem defunto e os seus concidadãos saem para os rituais fúnebres. Nessa situação, “ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse: ‘Não chore!” (Lc 7,13). A ‘com-paixão’ – “sofrer com” – impulsionou o Cristo a manifestar, através de gestos humanos, o amor divino. Sua atitude de acolhimento da dor daquela mulher sinaliza a ação de Deus em direção a todos aqueles marcados pela experiência de perda e de luto.

Desta forma, aconteceu algo impensado: “Jesus disse: Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” (Lc 7,14). No Primeiro Testamento, Elias já tinha operado o milagre de reanimar o filho da viúva de Sarepta. Todavia, para que o menino recobrasse o sopro vital, o profeta rezou: “Senhor, meu Deus, faze, te rogo, que a alma deste menino volte às suas entranhas. O Senhor ouviu a voz de Elias: a alma do menino voltou a ele e ele recuperou a vida” (1Rs 17,21-22). Colocando esses episódios em paralelo, fica claro que, tanto na ressurreição vétero-testamentária quanto na neo-testamentária, a capacidade de dar a vida pertence unicamente a Deus. A diferença entre os dois prodígios é que, Elias é caracterizado como um intercessor – “meu Deus, faze, te rogo”, ao passo que Jesus é a fonte do poder vivificante – Jovem, eu te ordeno, levanta-te!

A narrativa lucana da ressurreição do filho único da viúva de Naim tem como escopo fazer com que os homens creiam na potência vivificante de Cristo. Vendo a sua atuação, as multidões poderiam acreditar no seu anúncio pascal e se encher de esperança em relação a vida futura. Mais do que nos reanimar, o Senhor Jesus quer partilhar conosco a sua condição de ressuscitado. O CIC nº 646 ensina que “A ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena, como no caso das ressurreições que Ele tinha realizado antes da Páscoa: a filha de Jairo, o jovem de Naim e Lázaro. Esses fatos eram acontecimentos milagrosos, mas as pessoas miraculadas reencontravam, pelo poder de Jesus, uma vida terrena normal: em dado momento, voltariam a morrer. A ressurreição de Cristo é essencialmente diferente. No seu corpo ressuscitado, Ele passa do estado de morte a uma outra vida, para além do tempo e do espaço. O corpo de Cristo é, na ressurreição, cheio do poder do Espírito Santo; participa da vida divina no estado da sua glória, de tal modo que São Paulo pode dizer de Cristo que Ele é o homem celeste”.


Padre Vitor Gino Finelon
Autor

Padre Vitor Gino Finelon

Professor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida