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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 10/05/2024

10 de Maio de 2024

Igreja e Páscoa

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20/04/2016 18:33 - Atualizado em 20/04/2016 19:27

Igreja e Páscoa 0

20/04/2016 18:33 - Atualizado em 20/04/2016 19:27

O Evangelho do quinto domingo de Páscoa (Jo 13, 31-35) refere-se ao momento em que, após ter anunciado a traição de Judas, Jesus fala da sua glorificação como uma realidade presente, vinculada à Sua Paixão: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele” (Jo 13, 31). Aceitando ser entregue à morte para a salvação dos homens, Jesus cumpre a missão que recebera do Pai e isto constitui o motivo preciso da Sua glorificação.

Jesus continuará no meio de seus discípulos pelo amor com que os amou e que lhes deixa como herança para que vivam nele e o realizem sempre nas suas relações mútuas. “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13, 34). O amor recíproco, ajustado ao amor do Mestre, ou melhor, nascido dele, garante, à comunidade cristã a presença de Jesus, da qual é autêntico sinal. Ao mesmo tempo, é o distintivo dos verdadeiros cristãos: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13, 35). Jesus dá a esse novo mandamento o caráter de identidade de seus seguidores. Deste modo, a vida da Igreja começou amparada numa força de coesão e de expansão totalmente nova e dotada de um poder extraordinário porque fundamentada, não no amor humano que é sempre frágil e falível, mas no amor divino: o amor de Cristo revivido nas mútuas relações dos que creem.

No Antigo Testamento o mandamento do amor já era conhecido; no Novo Testamento Jesus diz “o meu mandamento”. Com Jesus, este mandamento se torna possível. Agora é preciso ir além: amar a quem nos persegue, amar os inimigos, aqueles que não nos saúdam e não nos amam (Mt 5, 43-48).

Jesus viveu esse amor até as últimas consequências: até amar-nos assim com somos e a se identificar conosco diante do Pai, a nos perdoar e a morrer por nós. Amou-nos de verdade até o fim (Jo 13, 1), onde “fim” não indica somente até o fim da vida, mas também até o extremo limite do possível, a totalidade, o que ele proclamou na Cruz quando disse: “Tudo está consumado” (Jo 19,30).

Todo o tempo pascal a Igreja nos faz contemplar o Ressuscitado e o fruto da sua obra: o dom do Espírito, a nossa santificação, os sacramentos que nascem do seu lado aberto, a Igreja, sua Esposa, desposada no leito da cruz. Precisamente, é para a Igreja, comunidade nascida da morte e ressurreição de Cristo, que a Palavra de Deus orienta o nosso olhar.

Na primeira leitura da Missa deste quinto domingo Pascal (cf. At 15,1-2.22-29) Paulo e Barnabé vão animando as comunidades, “encorajando os discípulos a permaneceram firmes na fé”, pois “é preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus”. Assim caminha o Povo de Deus, Comunidade fundada por Cristo e vivificada pelo seu Espírito: entre as tribulações do mundo e as consolações de Deus. Muitas vezes, a Igreja enfrentará dificuldades por parte de seus inimigos externos – aqueles que a perseguem direta ou veladamente, aqueles que desejam o seu fim e, vendo-a com antipatia, trabalham para difamá-la.

A Igreja é totalmente renovada pela graça de Cristo, totalmente Esposa, numa eterna aliança de amor, realizada na Páscoa e consumada no fim dos tempos! “Esta é a morada de Deus entre os homens. Deus vai morar no meio deles. Eles serão seu povo, e o próprio Deus estará com eles”. - A Igreja é o “lugar”, o “espaço” onde o Reino acontece visivelmente: Deus, em Cristo, habita no nosso meio e será sempre “Deus-com-eles”, Deus-conosco, Emanuel! “Deus enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem choro, nem dor, nem morte, porque passou o que havia antes. Aquele que está sentado no trono disse: ‘Eis que eu faço novas todas as coisas” (cfr. Apc 21, 1-5).



Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ.
 
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Igreja e Páscoa

20/04/2016 18:33 - Atualizado em 20/04/2016 19:27

O Evangelho do quinto domingo de Páscoa (Jo 13, 31-35) refere-se ao momento em que, após ter anunciado a traição de Judas, Jesus fala da sua glorificação como uma realidade presente, vinculada à Sua Paixão: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele” (Jo 13, 31). Aceitando ser entregue à morte para a salvação dos homens, Jesus cumpre a missão que recebera do Pai e isto constitui o motivo preciso da Sua glorificação.

Jesus continuará no meio de seus discípulos pelo amor com que os amou e que lhes deixa como herança para que vivam nele e o realizem sempre nas suas relações mútuas. “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13, 34). O amor recíproco, ajustado ao amor do Mestre, ou melhor, nascido dele, garante, à comunidade cristã a presença de Jesus, da qual é autêntico sinal. Ao mesmo tempo, é o distintivo dos verdadeiros cristãos: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13, 35). Jesus dá a esse novo mandamento o caráter de identidade de seus seguidores. Deste modo, a vida da Igreja começou amparada numa força de coesão e de expansão totalmente nova e dotada de um poder extraordinário porque fundamentada, não no amor humano que é sempre frágil e falível, mas no amor divino: o amor de Cristo revivido nas mútuas relações dos que creem.

No Antigo Testamento o mandamento do amor já era conhecido; no Novo Testamento Jesus diz “o meu mandamento”. Com Jesus, este mandamento se torna possível. Agora é preciso ir além: amar a quem nos persegue, amar os inimigos, aqueles que não nos saúdam e não nos amam (Mt 5, 43-48).

Jesus viveu esse amor até as últimas consequências: até amar-nos assim com somos e a se identificar conosco diante do Pai, a nos perdoar e a morrer por nós. Amou-nos de verdade até o fim (Jo 13, 1), onde “fim” não indica somente até o fim da vida, mas também até o extremo limite do possível, a totalidade, o que ele proclamou na Cruz quando disse: “Tudo está consumado” (Jo 19,30).

Todo o tempo pascal a Igreja nos faz contemplar o Ressuscitado e o fruto da sua obra: o dom do Espírito, a nossa santificação, os sacramentos que nascem do seu lado aberto, a Igreja, sua Esposa, desposada no leito da cruz. Precisamente, é para a Igreja, comunidade nascida da morte e ressurreição de Cristo, que a Palavra de Deus orienta o nosso olhar.

Na primeira leitura da Missa deste quinto domingo Pascal (cf. At 15,1-2.22-29) Paulo e Barnabé vão animando as comunidades, “encorajando os discípulos a permaneceram firmes na fé”, pois “é preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus”. Assim caminha o Povo de Deus, Comunidade fundada por Cristo e vivificada pelo seu Espírito: entre as tribulações do mundo e as consolações de Deus. Muitas vezes, a Igreja enfrentará dificuldades por parte de seus inimigos externos – aqueles que a perseguem direta ou veladamente, aqueles que desejam o seu fim e, vendo-a com antipatia, trabalham para difamá-la.

A Igreja é totalmente renovada pela graça de Cristo, totalmente Esposa, numa eterna aliança de amor, realizada na Páscoa e consumada no fim dos tempos! “Esta é a morada de Deus entre os homens. Deus vai morar no meio deles. Eles serão seu povo, e o próprio Deus estará com eles”. - A Igreja é o “lugar”, o “espaço” onde o Reino acontece visivelmente: Deus, em Cristo, habita no nosso meio e será sempre “Deus-com-eles”, Deus-conosco, Emanuel! “Deus enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem choro, nem dor, nem morte, porque passou o que havia antes. Aquele que está sentado no trono disse: ‘Eis que eu faço novas todas as coisas” (cfr. Apc 21, 1-5).



Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ.
 
Cardeal Orani João Tempesta
Autor

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro