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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

A Quaresma e a Transfiguração

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A Quaresma e a Transfiguração

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19/02/2016 14:54 - Atualizado em 19/02/2016 14:56

A Quaresma e a Transfiguração 0

19/02/2016 14:54 - Atualizado em 19/02/2016 14:56

No segundo domingo da Quaresma, a assembleia eucarística faz memória do evento da transfiguração de Jesus. A Igreja retoma essa página evangélica, nesse período, porque encontra uma analogia entre tal momento da vida do Senhor e a sua peregrinação para as alegrias pascais. Na sua via para sofrer a paixão e a morte em Jerusalém, Cristo revela sua glória aos seus três discípulos. A comunidade eclesial, no seu caminho quaresmal, em direção aos eventos da Semana Santa, contempla a glória de seu Senhor, o antegozo da sua Ressurreição. Assim, a assembleia se expressa no Prefácio da Transfiguração do Senhor: “Tendo predito aos discípulos a própria morte, Jesus lhes mostra, na montanha sagrada, todo o seu resplendor”. Aquela mesma luz, outrora comunicada aos seus três seguidores no monte, fulgura, no hoje, sobre todos na celebração da eucaristia e dos demais sacramentos.

No relato do Evangelho de São Lucas sobre a transfiguração de Cristo, encontramos um destaque dado ao tema da oração. O texto apresenta o motivo pelo qual o Senhor conduziu consigo os discípulos para o alto da montanha: “Jesus tomou Pedro, Tiago e João, e subiu a montanha para rezar” (Lc 3,28). A narrativa ainda afirma que a transfiguração ocorre durante o momento da prece: “Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante” (Lc 3,29). A sua oração, naquele dia, introduziu Pedro, Tiago e João no conhecimento da Trindade – a voz do Pai, a presença do Espírito Santo e a declaração da identidade de Jesus como Filho eleito – e no desvelamento do sentido da história salvífica – a figura de Moisés e de Elias como profecia da salvação a se cumprir no Mistério Pascal de Cristo.

Essa experiência de oração, vivida pelo Senhor e os discípulos no monte, continua a se realizar na comunidade de fé. “A liturgia é a ação do Cristo Todo” – nos testifica o parágrafo 1136 do Catecismo da Igreja Católica. Na celebração litúrgica, Jesus e os seus discípulos continuam se reunindo para a prece: “Realmente, nesta grandiosa obra, pela qual Deus é perfeitamente glorificado e os homens são santificados, Cristo sempre associa a si a Igreja, sua amadíssima esposa, que invoca seu Senhor, e por Ele presta culto ao Pai” (SC 7). Assim sendo, Ele, o cordeiro Pascal, por meio de sua intercessão pela humanidade, continua revelando a sua glória aos seus seguidores, desvelando-lhes a Trindade Santa, bem como os caminhos da história salvífica e associando-os mais estreitamente ao seu Mistério Pascal.

O mistério da Transfiguração de Jesus é a possibilidade da transfiguração da comunidade eclesial e dos fiéis. São Leão Magno nos ratifica isso nos seguintes termos: “dava-se um sólido fundamento à esperança da santa Igreja, de modo que todo o Corpo de Cristo pudesse conhecer a transfiguração com que ele também seria enriquecido, e os seus membros pudessem contar com a promessa da participação daquela glória que primeiro resplandecera na Cabeça”. Através da celebração litúrgica, os fiéis são iluminados, já nesta vida, pela glória do Senhor e podem, assim, afastados das obras das trevas, comunicar a claridade da Páscoa ao mundo.

Durante o tempo da Quaresma, os catecúmenos se preparam para receber os Sacramentos de Iniciação – Batismo, Crisma e Eucaristia. Por meio dessas preces litúrgicas, os novos fiéis são associados à oração de Cristo, abrindo-se para eles o mistério da vida do Deus Uno e Trino, integrando-os na história do povo de Deus e amalgamando-os ao Senhor vitorioso e resplandecente. Então, apresentar o mistério da Transfiguração de Jesus aos catecúmenos é fazê-los conhecer um pouco mais da graça dos sacramentos pascais. Já para os fiéis iniciados – batizados, crismados e eucaristizados –, contemplar o mistério da Transfiguração é tocar na obra divina em curso em suas vidas. Pois, paulatinamente, estão sendo transfigurados quando deixam as trevas do pecado e se lançam na luz da vida nova, na claridade da Ressurreição.

 

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A Quaresma e a Transfiguração

19/02/2016 14:54 - Atualizado em 19/02/2016 14:56

No segundo domingo da Quaresma, a assembleia eucarística faz memória do evento da transfiguração de Jesus. A Igreja retoma essa página evangélica, nesse período, porque encontra uma analogia entre tal momento da vida do Senhor e a sua peregrinação para as alegrias pascais. Na sua via para sofrer a paixão e a morte em Jerusalém, Cristo revela sua glória aos seus três discípulos. A comunidade eclesial, no seu caminho quaresmal, em direção aos eventos da Semana Santa, contempla a glória de seu Senhor, o antegozo da sua Ressurreição. Assim, a assembleia se expressa no Prefácio da Transfiguração do Senhor: “Tendo predito aos discípulos a própria morte, Jesus lhes mostra, na montanha sagrada, todo o seu resplendor”. Aquela mesma luz, outrora comunicada aos seus três seguidores no monte, fulgura, no hoje, sobre todos na celebração da eucaristia e dos demais sacramentos.

No relato do Evangelho de São Lucas sobre a transfiguração de Cristo, encontramos um destaque dado ao tema da oração. O texto apresenta o motivo pelo qual o Senhor conduziu consigo os discípulos para o alto da montanha: “Jesus tomou Pedro, Tiago e João, e subiu a montanha para rezar” (Lc 3,28). A narrativa ainda afirma que a transfiguração ocorre durante o momento da prece: “Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante” (Lc 3,29). A sua oração, naquele dia, introduziu Pedro, Tiago e João no conhecimento da Trindade – a voz do Pai, a presença do Espírito Santo e a declaração da identidade de Jesus como Filho eleito – e no desvelamento do sentido da história salvífica – a figura de Moisés e de Elias como profecia da salvação a se cumprir no Mistério Pascal de Cristo.

Essa experiência de oração, vivida pelo Senhor e os discípulos no monte, continua a se realizar na comunidade de fé. “A liturgia é a ação do Cristo Todo” – nos testifica o parágrafo 1136 do Catecismo da Igreja Católica. Na celebração litúrgica, Jesus e os seus discípulos continuam se reunindo para a prece: “Realmente, nesta grandiosa obra, pela qual Deus é perfeitamente glorificado e os homens são santificados, Cristo sempre associa a si a Igreja, sua amadíssima esposa, que invoca seu Senhor, e por Ele presta culto ao Pai” (SC 7). Assim sendo, Ele, o cordeiro Pascal, por meio de sua intercessão pela humanidade, continua revelando a sua glória aos seus seguidores, desvelando-lhes a Trindade Santa, bem como os caminhos da história salvífica e associando-os mais estreitamente ao seu Mistério Pascal.

O mistério da Transfiguração de Jesus é a possibilidade da transfiguração da comunidade eclesial e dos fiéis. São Leão Magno nos ratifica isso nos seguintes termos: “dava-se um sólido fundamento à esperança da santa Igreja, de modo que todo o Corpo de Cristo pudesse conhecer a transfiguração com que ele também seria enriquecido, e os seus membros pudessem contar com a promessa da participação daquela glória que primeiro resplandecera na Cabeça”. Através da celebração litúrgica, os fiéis são iluminados, já nesta vida, pela glória do Senhor e podem, assim, afastados das obras das trevas, comunicar a claridade da Páscoa ao mundo.

Durante o tempo da Quaresma, os catecúmenos se preparam para receber os Sacramentos de Iniciação – Batismo, Crisma e Eucaristia. Por meio dessas preces litúrgicas, os novos fiéis são associados à oração de Cristo, abrindo-se para eles o mistério da vida do Deus Uno e Trino, integrando-os na história do povo de Deus e amalgamando-os ao Senhor vitorioso e resplandecente. Então, apresentar o mistério da Transfiguração de Jesus aos catecúmenos é fazê-los conhecer um pouco mais da graça dos sacramentos pascais. Já para os fiéis iniciados – batizados, crismados e eucaristizados –, contemplar o mistério da Transfiguração é tocar na obra divina em curso em suas vidas. Pois, paulatinamente, estão sendo transfigurados quando deixam as trevas do pecado e se lançam na luz da vida nova, na claridade da Ressurreição.

 

Padre Vitor Gino Finelon
Autor

Padre Vitor Gino Finelon

Professor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida